1) Uma pesquisadora está desenvolvendo um inseticida biológico à base de fungos encapsulados para controlar pragas da cana-de-açúcar, como a broca e o bicudo, de forma mais sustentável que agrotóxicos.
2) Os fungos são protegidos em cápsulas para aumentar sua durabilidade no campo.
3) A nova técnica pode substituir o uso de agrotóxicos e atrair o interesse do agronegócio.
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Fungos encapsulados controlam pragas na cana
1. Diário Oficial Poder Executivo - Seção IIV – São Paulo, 126 (9) sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp)
investe num trabalho de obtenção de
inseticida biológico para eliminar e
controlar pragas da cana-de-açúcar,
como a broca (lagarta) e o bicudo-
da-cana-de-açúcar (besouro).
Pequenas Empresa (Pipe), da Fapesp, do
qual recebeu R$ 200 mil. “Após finalizar essa
etapa, pretendo pedir R$ 1 milhão para con-
cluir a pesquisa, se possível até maio, geran-
do um processo comercial e industrial para
a produção do inseticida biológico”, afirma.
Ela conta que trabalha com dois tipos de
fungos e os utiliza na fase em que são cha-
mados de conídios, quando já são “adultos” e
reprodutivos, prontos para atacar as pragas.
Essa etapa do fungo é posterior à primei-
ra, denominada de hifas. “No entanto, se a
gente usar o micro-organismo in natura, sem
proteção, ele vai morrer na lavoura em três
meses, principalmente por causa dos raios
ultravioleta do sol, temperaturas altas e oxi-
dação. Desse modo, o efeito contra as pragas
é muito reduzido, causando prejuízo ao pro-
dutor”, explica a pesquisadora.
Batista Filho, do Instituto Biológico,
vinculado à Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado, também ressal-
ta a importância de estabelecer métodos
para aumentar a vida dos fungos e faci-
litar o armazenamento do produto para
futuras utilizações nas lavouras, tornando
“o inseticida mais viável comercialmente”.
Melhorando as condições para produção
industrial das cápsulas, distribuição e arma-
zenamento em temperatura ambiente, sem
Pesquisadores testam nova geração
de inseticidas biológicos
gasto com energia, o agricultor pode usar o
agente natural a qualquer momento, inde-
pendentemente das condições ambientais.
Cápsula protetora – Para estender
a “data de validade” em até um ano e evi-
tar a morte súbita dos conídios, Inajá usa
o método de encapsulamento e os põe em
compartimentos microscópicos feitos de
polímeros naturais, extraídos do bagaço de
cana. Em cada cápsula cabe, por enquanto,
até dois micro-organismos, “mas queremos
guardar ainda mais no futuro”, diz.
Por serem microscópicas, as milhares
de “embalagens” com fungos dentro aca-
bam se tornando um pó, que, diluído em
água, pode ser pulverizado nas plantas. Ao
tomar contato com as lagartas e besouros
da cana, o produto libera os fungos que se
multiplicam e constroem colônias no inte-
rior das pragas, destruindo-as.
“Como se trata de controle biológico,
o inseticida feito de fungos não agride o
aplicador, o meio ambiente, o solo, os len-
çóis de água e tampouco deixa resíduos na
cultura tratada”, assegura Inajá. Ela diz ser
uma ótima alternativa aos agroquímicos
que combatem pragas, “infelizmente, ainda
muito utilizados no Brasil”. Segundo a pes-
quisadora, sua técnica é inédita no Brasil e
no exterior, pois o encapsulamento de fun-
gos engatinha nos laboratórios. Por enquan-
to, o controle biológico continua usando
micro-organismos in natura para combater
insetos que devoram as plantações.
A próxima etapa da pesquisa é definir
a viabilidade do produto para produção em
escala comercial. Os estudos vão estimar
técnicas agrícolas mais adequadas para a
aplicação em campo, bem como a verifi-
cação da ação sobre um maior número de
pragas e culturas. A invenção pode atrair
o interesse de indústrias do agronegócio,
principalmente as que produzem e vendem
inseticidas biológicos e sintéticos. Os estu-
dos contam também com ajuda técnica dos
professores João Batista Fernandes e Maria
de Fátima das Graças Fernandes da Silva,
da Universidade Federal de São Carlos.
Otávio Nunes
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Agência Fapesp
Fungos encapsulados
controlam lagartas e
besouros na cana-de-
-açúcar em substituição
aos produtos agroquímicos;
técnica aumenta a
durabilidade do recurso de
combate às pragas
A
Os estudos são realizados
pela engenheira agrônoma Inajá
Marchizeli Wenzel Rodrigues, que
conduz sua pesquisa nos laborató-
rios de uma empresa de produtos
biológicos em Holambra, região de
Campinas. Ela recebe apoio cientí-
fico do pesquisador e diretor-geral
do Instituto Biológico, Antonio
Batista Filho, e do professor da
Universidade Federal de São Carlos,
(UFSCar) Moacir Rossi Forim.
Inajá informa que está na pri-
meira fase de seus estudos, que
tem conclusão prevista para feve-
reiro próximo e é patrocinada pelo
programa Pesquisa Inovativa em
O Governo de São Paulo sancionou
nesta quinta-feira, 14, a Lei nº 1.209/2015
que determina, entre outros fatores, a
sucessão hereditária dos lotes dos assen-
tados e o termo de parceria agrícola. A
medida beneficia sete mil famílias instala-
das em 136 assentamentos rurais. O novo
texto atualiza a Lei nº 4.957/85, que tam-
bém dispõe sobre os planos públicos de
valorização e aproveitamento dos recursos
fundiários no Estado de São Paulo.
Com a nova lei, o assentado passa
a ter a concessão da terra (antes havia
a permissão para uso), que garante a
sucessão hereditária. Ou seja, os filhos
que moram no lote, e têm vocação para o
trabalho na terra, vão continuar no local
mesmo após a morte dos pais. Além disso,
tendo o título em mãos, o produtor terá
acesso ao crédito agrícola, primordial
para a produção. Das famílias consulta-
das durante a elaboração do projeto, 95%
pediram a garantia da sucessão hereditá-
ria para continuar investindo no lote.
Lei beneficia famílias em assentamentos rurais
Novas conquistas – Outro aspecto
inovador da lei, o termo de parceria agrícola,
possibilita ampliar e diversificar a capacidade
produtiva do lote. A norma atual determina
que somente o titular pode tirar a Declaração
deAptidãoaoPronaf(DAP)eacessarlinhasde
financiamentos fundamentais para o fomento
da agricultura familiar, como o Fundo de
Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) e
o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf), entre outros.
Alémdisso,apenasotitulartemdireitoaaces-
sar os programas de compras institucionais
de alimentos, como o Programa Paulista da
Agricultura de Interesse Social (PPAIS).
O novo texto estabelece, na parceria
agrícola, que um dos membros da família,
que resida no lote, pode tirar outra DAP e
acessar mais linhas de crédito ou os progra-
mas de compras institucionais.
A mudança proposta é pioneira no
Brasil e, além de fortalecer o vínculo à terra,
proporcionará maior capacidade de explora-
ção das unidades de produção, o que contri-
buirá para a fixação das famílias e dos jovens
no campo colaborando para a redução do
êxodo rural nos assentamentos do Estado,
que atualmente é de 4% (ante quase 30%
nos assentamentos federais) e permitirá
aumentar a renda dos assentados, hoje em
torno de três salários mínimos.
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Portal do Governo
O bicudo-da-cana-de-açúcar é um dos alvos do controle biológico
Nova lei – Outro membro da família residente no lote pode tirar DAP e acessar linha de crédito
FOTOS:ACERVOPESSOALAUGUSTOMELOFAJARDO
Inajá – Inseticida de fungos não agride o aplicador, meio ambiente, solo e lençóis de água
Técnica demonstra eficiência na eliminação e controle da broca
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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016 às 02:36:51.