Pesquisa do Instituto de Zootecnia de Sertãozinho identificou bovinos da raça nelore com maior eficiência alimentar, capazes de atingir o peso de abate com menor consumo de alimentos. O estudo avaliou 120 animais durante cinco anos e encontrou aqueles classificados como de baixo consumo alimentar residual, indicando melhor aproveitamento dos recursos nutricionais. A identificação desses bovinos pode melhorar a lucratividade dos produtores rurais ao reduzir custos com ração.
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Pesquisa identifica nelore com melhor eficiência alimentar
1. Diário Oficial Poder Executivo - Seção III – São Paulo, 126 (157) sábado, 20 de agosto de 2016IV – São Paulo, 126 (157)
Trabalho desenvolvido em
Sertãozinho mostra que
animais podem atingir
peso de abate com menor
consumo de alimentos
Pesquisa do IZ identifica nelore
com melhor eficiência alimentarom o objetivo de aumentar a produ-
tividade e reduzir custos com ali-
mentação de gado nelore, o Instituto
de Zootecnia (IZ), de Sertãozinho, na
região de Ribeirão Preto, desenvol-
veu estudo para avaliar e quantificar
as relações entre composição corpo-
ral, qualidade de carne e Consumo
Alimentar Residual (CAR) em ma-
chos jovens, os chamados tourinhos,
por meio de dieta de alta energia.
O CAR é o resultado da dife-
rença entre o consumo alimentar
observado de fato e o estimado
anteriormente. A pesquisa consi-
derou ainda o impacto econômico
e ambiental que a nutrição repre-
senta no sistema de produção e no
desempenho animal.
A pesquisa chamada Carcaça e
carne de tourinhos nelore perten-
centes a diferentes classes de consu-
mo alimentar residual fez parte da
dissertação do curso de mestrado da
zootecnista Heloisa de Almeida
Fidelis, sob orientação da pesquisa-
dora do IZ de Sertãozinho, Sarah
Figueiredo Martins Bonilha. O tra-
balho deverá ser publicado pela
revista Meat sciency, especializada
em carne. A pesquisa identificou e
selecionou animais em situações se-
melhantes de alimentação e manejo
no mesmo rebanho, que consumam
menor quantidade de alimento, sem
comprometimento das característi-
cas produtivas e de qualidade final
da carcaça.
Para medir o CAR, foram utilizados
bovinos com melhor aproveitamento do
alimento ou que utilizam menor quan-
tidade de comida para atingir peso de
abate. Após a observação, os animais são
classificados como de baixo, médio e de
alto CAR. Os tourinhos de baixo consumo
ou de consumo negativo são considera-
dos mais eficientes, uma vez que deman-
dam menor quantidade de alimentos em
comparação aos bovinos com CAR alto
ou simplesmente positivo.
Assim, a pesquisadora Sarah destaca
que identificar animais com maior eficiência
alimentar, utilizando o critério do CAR,
pode melhorar a lucratividade na cadeia
produtiva da carne bovina, embora a pes-
quisa não tenha sido direcionada para
aspectos econômicos, de lucro, mas produ-
tivos, de qualidade do produto e de eficiên-
cia alimentar. No entanto, o fato de os ani-
mais consumirem menos alimento acaba
gerando economia para o produtor.
Sarah explica que os tourinhos foram
submetidos a dieta dos sete meses até um
ano. No período, comiam o chamado ali-
mento volumoso (capins) e o concentrado
(milho, farelo de soja e minerais). Depois
desse estágio, os animais ficaram alguns
meses ociosos; em seguida, foram confina-
dos até o abate, com 22 meses de idade. A
pesquisa durou cinco anos e foram utiliza-
dos cerca de 120 tourinhos.
O método desenvolvido por Heloísa
e Sarah aumenta a produção, porque ofe-
rece ao mercado animais mais jovens e de
melhor qualidade, abrindo espaço para
novos ciclos de rebanhos nas propriedades
rurais. Outra novidade é a preocupação
com a questão ambiental. A pesquisa apon-
tou redução do uso de recursos naturais e
a menor produção de resíduos (esterco e
metano exalado pelo arroto do animal) por
unidade de carne produzida.
Contrafilé – A vantagem da meto-
dologia de alimentação que as duas pes-
quisadoras avaliaram foi a alta concentra-
ção de ácidos graxos oleicos na carne. Esta
substância é considerada a gordura “boa”,
“mais saudável para o consumo huma-
no”, assegura Sarah. Elas fizeram análises
da composição química do longissimus,
músculo lombar no qual fica o contrafi-
lé, para determinar colágenos e graxos.
Além disso, a amostra foi também levada
à panela, para verificar a maciez e a sucu-
lência da carne. Sarah revela que os testes
são sempre realizados com o contrafilé. “É
padrão internacional.”
Os cortes básicos da carcaça de bovi-
nos no mercado brasileiro são compostos
pelo dianteiro e traseiro, a parte mais
valiosa, onde ficam as coxas traseiras,
alcatra, filé mignon, etc. “Do ponto de
vista econômico, é preciso ter maior
rendimento do traseiro do animal, em
relação a outros cortes”, detalha Sarah. O
dianteiro é composto pelo acém, paleta e
algumas costelas.
Raça 100% – O rebanho bovino
brasileiro é formado, em sua maioria, por
nelore ou “anelorados”, que são animais
aparentados, mas sem registro de pureza
racial de 100%. Grande parte da produção
bovina ainda é feita no sistema extensivo,
em que os animais são criados em pastos
com pouca tecnologia. No entanto, expli-
ca Sarah, já existe um número considerá-
vel de pecuaristas que optam pelo sistema
intensivo em confinamento ou pelo confi-
namento na fase pouco anterior ao abate
dos animais ou na época das secas.
No ano passado, os números do Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) apontaram 5,6 bilhões de toneladas
de carne produzidas no Brasil, consideran-
do bovinos, aves e suínos. De acordo com
a empresa Scot Consultoria, especializada
no agronegócio paulista e brasileiro, o
País tem o maior rebanho de carne bovina
para ser consumida no planeta, com 208
milhões de cabeças, representando 20,1%
do rebanho no mundo.
Otávio Nunes
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Assessoria de Imprensa do Instituto de Zootecnia
Programa Recomeço inova no tratamento de dependentes
O técnico mecânico Cristiano, 25,
após 13 anos de abuso de álcool e drogas,
encontrou no judô uma forma de se rein-
tegrar à família e à sociedade. Ele é um
dos jovens que fazem tratamento na
Comunidade Terapêutica Renovar, em
Mairiporã, parceira do Programa Reco-
meço, do Governo do Estado de São Paulo,
desenvolvido pela Secretaria de Estado
de Desenvolvimento Social.
O Programa Recomeço oferece 1.335
vagas em 52 comunidades terapêuticas,
entre elas a Renovar, com foco na recupe-
ração e reinserção social de jovens depen-
dentes químicos. Foram investidos no
campo social mais de R$ 22 milhões,
incluindo os serviços intermediados pela
Federação Brasileira de Comunidades Te-
rapêuticas (FEBRACT), conveniada com
o Programa Recomeço.
Com a prática de esportes, como o judô,
o jovem aprende a ter mais disciplina, con-
centração e a valorizar o companheirismo
e a lealdade. Há seis meses, uma vez por
semana, mais de 20 jovens praticam essa
atividade como auxílio à recuperação, e,
como Cristiano, estão mostrando resultados
significativos no comportamento diário.
O mestredojudôdaRenovar,GilbertoTa-
deu de Freitas, afirma que os jovens têm res-
pondido de maneira positiva ao esporte. “No
judô aplicamos a disciplina, o respeito ao par-
ceiro, e isso auxilia no desenvolvimento integral
do ser humano, em especial, dos residentes
que estão em tratamento com transtornos de-
correntes do uso abusivo do álcool ou outras
substâncias psicoativas”, explica o instrutor.
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Portal do Governo do Estado
C FOTOS:ACERVOIZ
Contrafilé apresentou alta concentração de ácidos graxos oleicos, considerados gordura “boa”
Durante o estudo, que durou
cinco anos, foram utilizados
cerca de 120 tourinhos, os quais
ficaram confinados até o abate,
aos 22 meses de idade
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sábado, 20 de agosto de 2016 às 00:46:43.