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Entrevista PRISCILLA CARDENA                                        Camila Soares e Thais Telezzi




“Sempre há espaço”
A locutora santista revela o motivo de sua saída do MetroNight, afirma ainda se sentir
presente no programa e disposta a voltar definitivamente.




A
       radialista e ex apresentadora do
       programa MetroNight, Priscilla
       Cardena, começou sua carreira
       há 14 anos com participação
no programa Ritmo da Noite – Rádio
Serra do Mar. Cardena foi a primeira
voz feminina da emissora e nos conta
os preconceitos que enfrentou. Chegou
a ser cartucheira da Rádio comunitá-
ria Digital FM e também nos revela a
experiência na qual, durante três anos,
ser âncora do programa MetroNi-
ght – Rádio Metropolitana FM, e seu
afastamento. Priscilla afirma ainda se
sentir presente no programa: “Quem
sai não volta, e estou lá ainda”. A san-
tista continua recebendo elogios por
ter apresentado o programa durante os
últimos anos, e os ouvintes pedem sua
volta. Diz que na época foi um susto,
mas que já superou o afastamento. Ain-
da é envolvida com sua produção, mas
garante ficar a parte ao que acontece.
Pioneira no rádio, hoje a locutora é
folguista da Rádio Metropolitana FM
e disponibiliza o restante de seu tempo



                                           “
para cuidar mais de si mesmo e visi-
tar sua família que mora em Santos.          Hoje brinco que fora a
Você se descobriu locutora muito
                                              locução, seria aeromoça.
cedo. Não teve interesse por outra           Adoro avião. Adoro voar.
profissão? Não. Desde pequena
                                              Na verdade, nunca tive

                                                                                        ”
escutava o rádio, e pensava: “Quero
ser locutora!”. Eu conversava com          interesse por outra profissão
as locutoras ao lado da caixa de som.
Dizia: “Me deixa falar. Eu quero
falar!”. Hoje brinco que fora a locu-
ção, seria aeromoça. Adoro avião.
Adoro voar. Não viajo muito, mas
acho o máximo ter a oportunidade
de conhecer o mundo. Na verdade,
nunca tive interesse por outra profis-
são. Meu sonho sempre foi fazer o
que faço, e agradeço a Deus por ter
me proporcionado a realização.

                                                                           24 DE MAIO, 2011 01
Entrevista              PRISCILLA CARDENA




O que primeiro lhe interessa em sua
carreira? O espaço pra fazer meu
                                         “ Ainda amo muito
                                            o programa, no
                                              entanto, não
                                                                                porém, não sou baladeira. Enfim, fiz
                                                                                o teste, passei, onde permaneci os
trabalho. O salário é uma conse-                                                últimos três anos e com certeza, o
qüência. Não gosto de trabalhar              me sinto bem                       programa foi o melhor que aconte-
em uma Rádio que não me sinta
bem. Graças a Deus, hoje me sinto
                                            em ver pessoas                      ceu em minha vida profissional.

muito bem onde estou. Alias, nunca          que não gostam                      Qual foi o motivo de sua saída do
trabalhei em um lugar onde não gos-                                             MetroNight? É como um acordo.
tasse. Cheguei a trabalhar em Rádio          do MetroNight.                     Quem sai não volta, e estou lá ainda.
Gospel, que não é minha paixão,
mas foi muito bacana. Tudo é valido.
                                          Isso me incomoda.                     Foi muito marcante minha vida no
                                                                                programa, pois permaneci três anos.
A experiência me acrescentou muito            Eu defendo o                      As pioneiras foram Gigi Monteiro e
como pessoa e profissional.                                                     Dani Zanetti, ambas apresentaram o
                                             programa com                       programa por cinco anos, respecti-



                                                                         ”
Aos 16 anos, sua primeira participa-                                            vamente. O formato do Metronight
ção na Rádio Jovem Pan - Programa
                                            unhas e dentes                      precisava ser mudado, inovado, bem
Ritmo da noite. Como foi? Maravi-                                               como os de mais, de qualquer emis-
lhoso! Fiz com a Tatiana Fráguas –                                              sora. A decisão da minha “saída”
grande amiga até hoje. Eu era ouvin-                                            foram essas mudanças. Inovação na
te do programa, e ela me “conhecia”                                             programação. Nunca fui contra. Pri-
por isso. Gostava tanto, que até sabia                                          meiro sofri com o corte, porque amei
a vinheta de oferecimento. Certo dia     em contar as pessoas essa fase da      trabalhar no programa, mas depois
fiz no ar uma participação dizendo:      minha vida.                            superei bem. Ainda amo muito o
“Ritmo da Noite, oferecimento DJ                                                programa, no entanto, não me sinto
Sound, a única revista especializada     Você nasceu em Santos e hoje tra-      bem em ver pessoas que não gostam
em Dance Music no Brasil”. Adorei!       balha em São Paulo. O que te trouxe    do MetroNight. Isso me incomoda.
Não senti medo, sempre fui               a esta cidade? Eu havia recebido       Eu defendo o programa com unhas
muito falante. Tenho apenas que          diversos convites para trabalhar em    e dentes.
agradecer a Tati. Excelente pessoa,      São Paulo. Cheguei a gravar tes-
grande profissional.                     tes, pilotos, mas nunca aceitava vir   Você faz participações no MetroNight.
                                         quando dava certo. Alguns fatores      Quando isto ocorre? Esporadica-
Seu primeiro trabalho foi na Rádio       impediam minha vinda – problemas       mente. Normalmente quando há
Serra do Mar, onde foi a única locu-     particulares. Quando cheguei a São     transmissão simultânea. Quando pre-
tora. Houve preconceito? O maior         Paulo, algo de fato me trouxe. Esta-   cisam de mim, estou a disposição.
preconceito que enfrentei no início      va disposta a encarar uma fase nova    Adoro o bate bola no ar. A transmis-
da minha carreira foram as piadinhas     da minha vida. Na época, uma amiga     são masculina com a feminina dá
que sempre ouvia nos corredores          me disse que a Rádio Vida FM           um charme no ar. Acredito que seja
dos estúdios: “Ela é muito menina,       estava em busca de locutoras para      um diferencial.
muito nova”. O preconceito já era        um programa vespertino. Fiz o teste,
notável por eu ser a única voz femi-     passei, e permaneci dois anos. Logo    Você já chegou a trabalhar em mais
nina da Rádio. Devido o fato de ser      em seguida, fiquei sabendo que a       de uma rádio simultaneamente?
nova, fez tudo aumentar.                 Metropolitana FM estava procuran-      Como se prepara antes de entrar no
A maioria das pessoas me parabe-         do uma apresentadora para um pro-      ar? Sim. São 14 anos de rádio. Di-
nizam pela coragem e estão do meu        grama de balada. Achei bacana, fiz     versas vezes cobri falta de locutores,
lado até hoje. Confesso que todas        o teste sem pretensão de dar certo,    passando muitas horas no ar. Che-
as vezes que escutava essas frases,      pois não imaginava que o Metroni-      guei a fazer duas rádios ao mesmo
me entristecia. Porém, acredito que      ght tivesse algo a ver comigo. Nunca   tempo - jovem e popular, e até com
tudo na vida seja um aprendizado.        havia apresentado um programa de       TV junto! Para me preparar, durmo
Sinto orgulho pela determinação que      Rádio e não frequento baladas cons-    bem. Sempre me preocupo para não
sempre tive e não tenho vergonha         tantemente. Adoro um bom lugar,        beber gelado também, e um bom
02 24 DE MAIO, 2011
fonoaudiólogo sempre é bom. Entre-
tanto, amar o seu trabalho é a melhor
                                             “ O maior
                                           preconceito que
                                          enfrentei no inicio
                                                                                eclética e disposta a encarar novos
                                                                                desafios. Já apresentei programas
forma de preparo para exercê-lo.                                                românticos, de pagode, dance, etc.
                                          da minha carreira                     Espero alcançar 100% o objetivo
Quem você tem como referência                                                   proposto pelo programa e estar feliz
profissional?                            foram as piadinhas                     comigo mesmo em fazê-lo. Eu amo
Tatiana Fráguas. Excelente pessoa e
profissional. Ensinou-me muito do
                                             que sempre                         rádio. Pra mim o que vier, é
                                                                                bem vindo.
que sei. Só tenho a agradecer. Quem           ouvia nos
eu gosto, acho legal demonstrar.                                                Qual é o próximo passo em sua
Para um bom profissional sempre há         corredores dos                       carreira? Eu ainda não defini, acho.
espaço. Existe a oscilada ao decorrer
da carreira, mas faz parte. Cabe a
                                            estúdios: Ela é                     Estou numa fase onde tenho que
                                                                                fazer o que amo. Procuro aproveitar
cada um de nós aproveitar as oportu-        muito menina,                       o momento e realizar minhas tarefas



                                                                      ”
nidades, e dar o melhor de si                                                   da melhor maneira possível.
para cumpri-las.                              muito nova
                                                                                E Rádios AM? Nada contra, mas sem-
Já fez algo diferente a locução?                                                pre fui bem extrovertida. Minha fala
Não. Nunca trabalhei numa loja                                                  no rádio é mais animada. Gosto de
ou escritório, por exemplo. Sou                                                 alternar a locução com as músicas.
muito realizada com minha escolha                                               Ser mais expressiva, poder entrar em
profissional. Antes mesmo de entrar     Digital FM. Como foi exercer estes      contato direto com o ouvinte e sentir
no meio artístico, sabia que era esse   trabalhos? No começo foi mágico. A      a emoção dele em estar no ar durante
meu destino. Quando consegui meu        Rádio Digital foi uma radio comu-       determinado programa. Comparti-
primeiro contato com o Rádio, ape-      nitária, simples. Havia a casseteira,   lhar momentos com o ouvinte para
nas tive mais certeza do que queria.    onde era preciso voltar os comerciais   mim é maravilhoso.
Porém, sei fazer um bolo, doces,        em uma fita cassete. No começo foi
uma boa escova no cabelo...             difícil, porém, válido. É tudo passo    Qual sua relação com o trabalho?
                                        a passo. Hoje, trabalho numa rádio      Não sou antiprofissional. Nunca me
Em 2010 você recebeu o prêmio           bem equipada, de ultima geração.        preocupei com quanto ganharia, indo
DJ Sounds Awards por ser apre-          Faço a locução e operação.              atrás de contraproposta. Errado, pro-
sentadora do MetroNight. Houve          Apenas no MetroNight que fui            fissionalmente. Para mim, meu tra-
reconhecimento? Quem ganhou             apenas apresentadora.                   balho é amor, porque paixão acaba.
foi o programa, não eu. Estava a                                                Às vezes estava mal, com assuntos
frente do MetroNight, mas ele não       O que crê que seja o futuro do Rádio    para resolver, mas quando chego no
se faz sozinho. Temos uma equipe        FM? Por mais que falemos em con-        Estúdio, tudo muda. Sinto-me feliz,
maravilhosa, com: técnicos, produ-      corrências entre rádios, nosso maior    disposta e deixo os problemas para o
tores, diretor, etc. Família unida. O   inimigo é o Ipod. Principalmente        lado de fora da porta.
programa ter recebido o prêmio foi      devido ao público jovem, que tem
uma recompensa impagável. Inclusi-      acesso direto às músicas disponí-       Você, afinal, acredita em dom/desti-
ve, o troféu me foi dado pelas mãos     veis na internet. Então, creio que as   no? Acredito. Nada é por acaso. O
de um dos donos da rádio, e diretor     rádios tenham que investir bastante     amor pelo meu trabalho está ligado
do programa, Jayr Sanzone. O tenho      nas promoções e no diferencial de       ao dom. Rádio, você nasce ou não
guardado em casa, com o maior cari-     apresentação dos programas. Infe-       nasce para trabalhar nele.
nho. Este presente, sem dúvidas, foi    lizmente, a programação musical já      Ouvi do Jayr: “É Nato”. Meu amor
o mais marcante de minha carreira.      não é apenas suficiente.                pelo rádio é nato. Eu já cheguei a
                                                                                cair da cadeira do estúdio, machucar
Você já trabalhou como operadora        O que espera de um trabalho quan-       o braço e precisar engessá-lo. Ainda
de mesa de som na Rádio Serra do        do o aceita? Espero dar o melhor        sim amo meu trabalho. Meu destino
Mar, e como cartucheira na Rádio        de mim, e dou. Sou extremamente         é rádio!
                                                                                                 24 DE MAIO, 2011   03
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  • 1. Entrevista PRISCILLA CARDENA Camila Soares e Thais Telezzi “Sempre há espaço” A locutora santista revela o motivo de sua saída do MetroNight, afirma ainda se sentir presente no programa e disposta a voltar definitivamente. A radialista e ex apresentadora do programa MetroNight, Priscilla Cardena, começou sua carreira há 14 anos com participação no programa Ritmo da Noite – Rádio Serra do Mar. Cardena foi a primeira voz feminina da emissora e nos conta os preconceitos que enfrentou. Chegou a ser cartucheira da Rádio comunitá- ria Digital FM e também nos revela a experiência na qual, durante três anos, ser âncora do programa MetroNi- ght – Rádio Metropolitana FM, e seu afastamento. Priscilla afirma ainda se sentir presente no programa: “Quem sai não volta, e estou lá ainda”. A san- tista continua recebendo elogios por ter apresentado o programa durante os últimos anos, e os ouvintes pedem sua volta. Diz que na época foi um susto, mas que já superou o afastamento. Ain- da é envolvida com sua produção, mas garante ficar a parte ao que acontece. Pioneira no rádio, hoje a locutora é folguista da Rádio Metropolitana FM e disponibiliza o restante de seu tempo “ para cuidar mais de si mesmo e visi- tar sua família que mora em Santos. Hoje brinco que fora a Você se descobriu locutora muito locução, seria aeromoça. cedo. Não teve interesse por outra Adoro avião. Adoro voar. profissão? Não. Desde pequena Na verdade, nunca tive ” escutava o rádio, e pensava: “Quero ser locutora!”. Eu conversava com interesse por outra profissão as locutoras ao lado da caixa de som. Dizia: “Me deixa falar. Eu quero falar!”. Hoje brinco que fora a locu- ção, seria aeromoça. Adoro avião. Adoro voar. Não viajo muito, mas acho o máximo ter a oportunidade de conhecer o mundo. Na verdade, nunca tive interesse por outra profis- são. Meu sonho sempre foi fazer o que faço, e agradeço a Deus por ter me proporcionado a realização. 24 DE MAIO, 2011 01
  • 2. Entrevista PRISCILLA CARDENA O que primeiro lhe interessa em sua carreira? O espaço pra fazer meu “ Ainda amo muito o programa, no entanto, não porém, não sou baladeira. Enfim, fiz o teste, passei, onde permaneci os trabalho. O salário é uma conse- últimos três anos e com certeza, o qüência. Não gosto de trabalhar me sinto bem programa foi o melhor que aconte- em uma Rádio que não me sinta bem. Graças a Deus, hoje me sinto em ver pessoas ceu em minha vida profissional. muito bem onde estou. Alias, nunca que não gostam Qual foi o motivo de sua saída do trabalhei em um lugar onde não gos- MetroNight? É como um acordo. tasse. Cheguei a trabalhar em Rádio do MetroNight. Quem sai não volta, e estou lá ainda. Gospel, que não é minha paixão, mas foi muito bacana. Tudo é valido. Isso me incomoda. Foi muito marcante minha vida no programa, pois permaneci três anos. A experiência me acrescentou muito Eu defendo o As pioneiras foram Gigi Monteiro e como pessoa e profissional. Dani Zanetti, ambas apresentaram o programa com programa por cinco anos, respecti- ” Aos 16 anos, sua primeira participa- vamente. O formato do Metronight ção na Rádio Jovem Pan - Programa unhas e dentes precisava ser mudado, inovado, bem Ritmo da noite. Como foi? Maravi- como os de mais, de qualquer emis- lhoso! Fiz com a Tatiana Fráguas – sora. A decisão da minha “saída” grande amiga até hoje. Eu era ouvin- foram essas mudanças. Inovação na te do programa, e ela me “conhecia” programação. Nunca fui contra. Pri- por isso. Gostava tanto, que até sabia meiro sofri com o corte, porque amei a vinheta de oferecimento. Certo dia em contar as pessoas essa fase da trabalhar no programa, mas depois fiz no ar uma participação dizendo: minha vida. superei bem. Ainda amo muito o “Ritmo da Noite, oferecimento DJ programa, no entanto, não me sinto Sound, a única revista especializada Você nasceu em Santos e hoje tra- bem em ver pessoas que não gostam em Dance Music no Brasil”. Adorei! balha em São Paulo. O que te trouxe do MetroNight. Isso me incomoda. Não senti medo, sempre fui a esta cidade? Eu havia recebido Eu defendo o programa com unhas muito falante. Tenho apenas que diversos convites para trabalhar em e dentes. agradecer a Tati. Excelente pessoa, São Paulo. Cheguei a gravar tes- grande profissional. tes, pilotos, mas nunca aceitava vir Você faz participações no MetroNight. quando dava certo. Alguns fatores Quando isto ocorre? Esporadica- Seu primeiro trabalho foi na Rádio impediam minha vinda – problemas mente. Normalmente quando há Serra do Mar, onde foi a única locu- particulares. Quando cheguei a São transmissão simultânea. Quando pre- tora. Houve preconceito? O maior Paulo, algo de fato me trouxe. Esta- cisam de mim, estou a disposição. preconceito que enfrentei no início va disposta a encarar uma fase nova Adoro o bate bola no ar. A transmis- da minha carreira foram as piadinhas da minha vida. Na época, uma amiga são masculina com a feminina dá que sempre ouvia nos corredores me disse que a Rádio Vida FM um charme no ar. Acredito que seja dos estúdios: “Ela é muito menina, estava em busca de locutoras para um diferencial. muito nova”. O preconceito já era um programa vespertino. Fiz o teste, notável por eu ser a única voz femi- passei, e permaneci dois anos. Logo Você já chegou a trabalhar em mais nina da Rádio. Devido o fato de ser em seguida, fiquei sabendo que a de uma rádio simultaneamente? nova, fez tudo aumentar. Metropolitana FM estava procuran- Como se prepara antes de entrar no A maioria das pessoas me parabe- do uma apresentadora para um pro- ar? Sim. São 14 anos de rádio. Di- nizam pela coragem e estão do meu grama de balada. Achei bacana, fiz versas vezes cobri falta de locutores, lado até hoje. Confesso que todas o teste sem pretensão de dar certo, passando muitas horas no ar. Che- as vezes que escutava essas frases, pois não imaginava que o Metroni- guei a fazer duas rádios ao mesmo me entristecia. Porém, acredito que ght tivesse algo a ver comigo. Nunca tempo - jovem e popular, e até com tudo na vida seja um aprendizado. havia apresentado um programa de TV junto! Para me preparar, durmo Sinto orgulho pela determinação que Rádio e não frequento baladas cons- bem. Sempre me preocupo para não sempre tive e não tenho vergonha tantemente. Adoro um bom lugar, beber gelado também, e um bom 02 24 DE MAIO, 2011
  • 3. fonoaudiólogo sempre é bom. Entre- tanto, amar o seu trabalho é a melhor “ O maior preconceito que enfrentei no inicio eclética e disposta a encarar novos desafios. Já apresentei programas forma de preparo para exercê-lo. românticos, de pagode, dance, etc. da minha carreira Espero alcançar 100% o objetivo Quem você tem como referência proposto pelo programa e estar feliz profissional? foram as piadinhas comigo mesmo em fazê-lo. Eu amo Tatiana Fráguas. Excelente pessoa e profissional. Ensinou-me muito do que sempre rádio. Pra mim o que vier, é bem vindo. que sei. Só tenho a agradecer. Quem ouvia nos eu gosto, acho legal demonstrar. Qual é o próximo passo em sua Para um bom profissional sempre há corredores dos carreira? Eu ainda não defini, acho. espaço. Existe a oscilada ao decorrer da carreira, mas faz parte. Cabe a estúdios: Ela é Estou numa fase onde tenho que fazer o que amo. Procuro aproveitar cada um de nós aproveitar as oportu- muito menina, o momento e realizar minhas tarefas ” nidades, e dar o melhor de si da melhor maneira possível. para cumpri-las. muito nova E Rádios AM? Nada contra, mas sem- Já fez algo diferente a locução? pre fui bem extrovertida. Minha fala Não. Nunca trabalhei numa loja no rádio é mais animada. Gosto de ou escritório, por exemplo. Sou alternar a locução com as músicas. muito realizada com minha escolha Ser mais expressiva, poder entrar em profissional. Antes mesmo de entrar Digital FM. Como foi exercer estes contato direto com o ouvinte e sentir no meio artístico, sabia que era esse trabalhos? No começo foi mágico. A a emoção dele em estar no ar durante meu destino. Quando consegui meu Rádio Digital foi uma radio comu- determinado programa. Comparti- primeiro contato com o Rádio, ape- nitária, simples. Havia a casseteira, lhar momentos com o ouvinte para nas tive mais certeza do que queria. onde era preciso voltar os comerciais mim é maravilhoso. Porém, sei fazer um bolo, doces, em uma fita cassete. No começo foi uma boa escova no cabelo... difícil, porém, válido. É tudo passo Qual sua relação com o trabalho? a passo. Hoje, trabalho numa rádio Não sou antiprofissional. Nunca me Em 2010 você recebeu o prêmio bem equipada, de ultima geração. preocupei com quanto ganharia, indo DJ Sounds Awards por ser apre- Faço a locução e operação. atrás de contraproposta. Errado, pro- sentadora do MetroNight. Houve Apenas no MetroNight que fui fissionalmente. Para mim, meu tra- reconhecimento? Quem ganhou apenas apresentadora. balho é amor, porque paixão acaba. foi o programa, não eu. Estava a Às vezes estava mal, com assuntos frente do MetroNight, mas ele não O que crê que seja o futuro do Rádio para resolver, mas quando chego no se faz sozinho. Temos uma equipe FM? Por mais que falemos em con- Estúdio, tudo muda. Sinto-me feliz, maravilhosa, com: técnicos, produ- corrências entre rádios, nosso maior disposta e deixo os problemas para o tores, diretor, etc. Família unida. O inimigo é o Ipod. Principalmente lado de fora da porta. programa ter recebido o prêmio foi devido ao público jovem, que tem uma recompensa impagável. Inclusi- acesso direto às músicas disponí- Você, afinal, acredita em dom/desti- ve, o troféu me foi dado pelas mãos veis na internet. Então, creio que as no? Acredito. Nada é por acaso. O de um dos donos da rádio, e diretor rádios tenham que investir bastante amor pelo meu trabalho está ligado do programa, Jayr Sanzone. O tenho nas promoções e no diferencial de ao dom. Rádio, você nasce ou não guardado em casa, com o maior cari- apresentação dos programas. Infe- nasce para trabalhar nele. nho. Este presente, sem dúvidas, foi lizmente, a programação musical já Ouvi do Jayr: “É Nato”. Meu amor o mais marcante de minha carreira. não é apenas suficiente. pelo rádio é nato. Eu já cheguei a cair da cadeira do estúdio, machucar Você já trabalhou como operadora O que espera de um trabalho quan- o braço e precisar engessá-lo. Ainda de mesa de som na Rádio Serra do do o aceita? Espero dar o melhor sim amo meu trabalho. Meu destino Mar, e como cartucheira na Rádio de mim, e dou. Sou extremamente é rádio! 24 DE MAIO, 2011 03