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Rua Rubens Carlos de Jesus 111 Londrina - PR - Fone: (43) 9977-1553
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Dr José Marcelo de Oliveira Penteado
Médico do Trabalho. Especialista em Doenças Ocupacionais
Perito Judicial
Membro Titular da Associação Nacional de Medicina do Trabalho
Member of International Commission on Occupational Health
Membro da Sociedade Brasileira de Perícias Médicas
Consultor em Ergonomia LER/DORT
Analista Certificado de Occupational Repetitives Actions pela Escola OCRA Internacional
Síndrome do Túnel do Carpo CID: G56.0
Dr José Marcelo de Oliveira Penteado – Médico do Trabalho – ANAMT
http://www.doutorjosemarcelo.com.br
É a síndrome caracterizada pela compressão do nervo mediano em sua
passagem no canal ou túnel do carpo. Ocorre em até 15% da população
mundial, sendo mais freqüentes em mulheres que em homens. Existe ainda
muita discussão se a patologia poderia ou não ser de origem ocupacional.
Robert R. Slater Jr, in Carpal Tunnel Syndrome: Current Concepts, Journal
of South Orthopaedic Association, 8(3), 1999, relata que “...a etiologia
ocupacional e a teoria da sobrecarga funcional do punho, relacionada ao
trabalho, na Síndrome do Túnel do Carpo são altamente controversas.
Muitos autores relacionaram a síndrome com fatores ocupacionais e
trabalho manual pesado, porém, outras escolas científicas afirmam que a
Síndrome do Túnel do Carpo não é de etiologia ocupacional” e partilham
dessa ultima tese da ausência de origem
ocupacional os doutores Phalen e Nathan, os maiores estudiosos
da patologia. José Teutônio de Oliveira realizando uma revisão
crítica da literatura a respeito das controvérsias do diagnóstico da
STC e a relação com o trabalho descreve que a extensão em que
o trabalho contribui para o aparecimento e desenvolvimento da
síndrome é de grande interesse para prevenção mas a influência
dos fatores de trabalho no aparecimento da STC é controverso.
Alguns estudos concluem que há pouca evidência que sustente a
hipótese de que a STC é causada pelo trabalho enquanto outros
propõem que mais da metade dos casos é devida a fatores do
trabalho. Feito estas considerações podemos dizer que deve o
médico fazer não somente o diagnostico da patologia, mas posteriormente, antes de partir para
tratamentos mais agressivos ou prematuramente dizer que a doença é ocupacional, realizar toda a
investigação necessária para o diagnóstico da causa da doença. Infelizmente não é isso que
vemos na prática médica diária.
Causas não ocupacionais:
- Idiopática. É aquela que não se sabe a causa, ou é a afecção que tem causa desconhecida e da
qual se diz ser gerada por si mesma
- doenças endócrinas: diabetes, hipotireoidismo e acromegalia
- doenças do tecido conectivo: artrite reumatóide e lupus eritematoso sistêmico
- doenças inflamatórias: sarcoidose e amiloidose
- doenças infecciosas: tuberculose , artrite séptica do punho
- doenças genéticas: neuropatia hereditária com susceptibilidade a paralisias por pressão
- túnel do carpo pequeno congênito
- tumores: lipoma, cisto sinovial, neurofibroma, shwannoma
- trauma: fratura de Colles, hemorragia no punho (principalmente em usuários de anticoagulantes)
- medicamentos: uso crônico de corticosteróides ou de estrogênios
- insuficiência renal crônica
- gestação
- obesidade
- Menopausa
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Causas ocupacionais:
Deve-se avaliar se nas atividades laborais existem riscos ergonômicos. O médico deve
analisar também se a patologia é uni ou bilateral, e no caso de bilateral se existe risco ergonômico
para ambos os membros superiores. Geralmente patologias bilaterais sem risco bilateral são de
origem não ocupacional, na maioria das vezes de origem idiopática, obesidade, hipotireoidismo ou
hormonal. Temos identificado que os médicos, por questões financeiras, tem pedido
eletroneuromiografia unilateral(membro supostamente sintomático), o que, que tem ocasionado
erros diagnósticos e procedimentos cirúrgicos desnecessários, com presença de falsos-positivos
onde não ocorre melhora dos sintomas mesmos após tratamento cirúrgico, deixando claro que os
sintomas apresentados não se relacionavam com a doença.
Riscos ergonômicos (Dimers Jr -1986)
- manutenção de punho flexionado por longos períodos de tempo leva a compressão do
nervo mediano sobre o ligamento transverso do carpo
- flexão de articulações metacarpofalangeanas ao carregar peso fazem com que os
músculos lumbricais comprimam-se ao nível do túnel do carpo. No caso de extensão das mesmas
articulações ocorre compressão do nervo mediano distalmente(atividades como uso de pinça,
escrever, usar pequenas ferramentas)
-A vibração desenvolve proliferação endotelial dos vasos perineurais, resultando em
neuropatia isquêmica.
- Posição que exija flexão e extensão do punho(parafusar) levam a um aumento da
pressão ao nível do carpo
- O uso de ferramentas que envolvem golpes repetidos ou pressão direta na região
proximal ou medial da palma da mão levam a uma compressão do nervo mediano
- movimentos repetitivos que desenvolvem tenossinovite estabelecem uma relação direta
com STC.
Questões relativas à digitação
- Quando relaciona-se a digitação como causa da STC, não basta apenas o trabalho
comum em microcomputadores, que hoje faz parte de maioria das profissões. È necessária a
constatação de digitação intensiva em teclados (intensive keyboard use) acompanhada de falta de
pausas ou micro-pausas para recuperação tal como ocorre na função de digitadores profissionais.
Nesta última, a atividade de digitador implica em atividades repetitivas de digitar no teclado à sua
frente, utilizando ambas as mãos, digitando dados alfas numéricos contidos em documentos, não
há contato ou interação com clientes e a tarefa consiste em digitar continua e ininterruptamente,
sob exigência números de toques por minutos e sem demanda de raciocínio e analise intelectual.
Instrução Normativa INSS/DC 98/2003 (Atualização Clinica das LER/DORT)
QUADRO I
RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS ENTIDADES NOSOLÓGICAS
LESÕES CAUSAS OCUPACIONAIS EXEMPLOS
ALGUNS DIAGNÓSTICOS
DIFERENCIAIS
Síndrome do Túnel
do Carpo
Movimentos repetitivos de flexão,
mas também extensão com o
punho, principalmente se
acompanhados por realização de
força.
Digitar, fazer montagens
industriais, empacotar
Menopausa, trauma,
tendinite da gravidez
(particularmente se bilateral),
lipomas, artrite reumatóide,
diabetes, amiloidose, obesidade
neurofibromas, insuficiência renal,
lupus eritematoso, condrocalcinose
do punho
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Quadro Clínico
O quadro inicial caracteriza-se por queixas sensitivas: sensação de formigamento
(hipoestesia) na mão, à noite, dor e parestesia em área do nervo mediano (polegar, indicador,
médio e metade radial do anular), desconforto que pode irradiar-se até os ombros.
Exame Físico
Teste de Phalen positivo
Teste de Tinnel positivo
Diagnóstico
Eletroneuromiografia bilateral
Ultrassonografia de punhos(diagnóstico diferencial)
Radiografia de punhos (diagnóstico diferencial)
Tratamento
Tratamento da causa base no caso de patologias não ocupacionais
Afastamento do risco em casos de patologia com risco ocupacional
Cirúrgico no caso de não melhora após itens anteriores
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