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A linguagem de programação Erlang


       Paulo Ferreira paf(a)dei.isep.ipp.pt
          Jornadas Científicas do ISEP
               9 de Maio de 2001
Como ensinar programação concorrente e
                distribuída?


• Alunos sem experiência de trabalho com processos (1º ano de funcionamento
  da licenciatura).
• Ausência de sistemas paralelos.
• Inexistência de verbas.
• Foco na robustez e elegância e não na “performance absoluta”.
• Objectivo: Levar os alunos a pensar de uma forma clara e correcta.
O que é o Erlang?


• Uma linguagem funcional, de uso geral, com suporte incorporado para
  concorrência, distribuição e tolerância a falhas.
• OTP (Open Telecom Platform) é uma plataforma de desenvolvimento de
  sistemas de telecomunicações.
• É constituída por um sistema “runtime”, um conjunto de componentes escritos
  principalmente em Erlang, e um conjunto de princípios de design de
  programas.
• Normalmente é usado o conjunto.
O que é uma linguagem funcional?


• Não se mudam os valores das variáveis.
• As funções não possuem “efeitos laterais”.
• Exemplo de efeito lateral: variáveis globais.
• Sem efeitos laterais: puramente funcional.
• Sem efeitos laterais: É mais fácil analizar um programa do ponto de vista
  matemático.
• Sem efeitos laterais: Cada função pode ser analizada independentemente do
  ambiente.
• O Erlang não é uma linguagem puramente funcional (I/O e comunicação).
Funções como “caixas negras”




• Para um determinado valor de entrada, a saída é sempre a mesma.
• Podemos “esquecer” o seu interior.
• Temos os “software ICs”, componentes modulares que são independentes entre
  si.
História do Erlang


•   Pesquisa nos laboratórios Ericsson
•   Que linguagem usar para desenvolver fácilmente sistemas robustos e fiáveis?
•   Experiências com várias linguagens
•   Desenvolvimento interno do Erlang
•   1987 -Erlang Primitivo
•   1998 - Lançamento em Open Source
Exemplo de programa


     -module(mathlib).
     -export([factorial/1]).


     factorial(1)->1;
     factorial(N)->N*factorial(N-1).


• Chamada da função: mathlib:factorial(5)


• É uma linguagem declarativa, com influência do Prolog na sintaxe, mas não
  existe mecanismo de backtracking.
• O facto de ser declarativa confere-lhe uma grande expressividade.
• Não existe declaração do tipo de dados, e a gestão de memória é automática.
Tipos de dados


•   Números: Inteiros e Floats
•   Àtomos
•   Tuplos
•   Listas
•   Pids (Process Ids)
•   Ports (canais de comunicação com programas escritos noutras linguagens)
•   Referências (objectos únicos ao nível de vários nós)
•   Binários (para manipulação de pacotes ou outros conjuntos de bits)
Mais exemplos


    area({quadrado,Lado})->Lado*Lado;
    area({rectangulo,Lado1,Lado2})->Lado1*Lado2;
    area(X)->{nao_sei_fazer_area,X}.


• O mecanismo de “pattern matching” ajuda à clareza do programa e podemos
  “etiquetar”os tuplos com átomos, para que tudo fique mais claro.


    sort([Pivot|T]) ->
        sort([ X || X <- T, X < Pivot])
        ++ [Pivot]
        ++ sort([ X || X <- T, X >= Pivot]);
    sort([]) -> [].
Mais um exemplo


-define(PROTO1,22).
-define(PROTO2,33).
-define(PROTO3,1256).
%%   Tratar um pacote segundo o protocolo certo


tratar(<<?PROTO1:8,Lixo:24,Chicha/binary>>)->func1(Chicha);
tratar(<<?PROTO2:8,Lixo:32,Chicha/binary>>)->func2(Chicha);
tratar(<<?PROTO3:16,Chicha/binary>>)->func3(Chicha);
tratar(X)->protocolo_nao_reconhecido(X).
Processos e mensagens


    Pid=spawn(m,f,[Arg1,Arg2])


    Pid ! Mensagem


    receive
          Mensagem1 -> acção1;
          Mensagem2 -> acção2;
          after Timeout -> acção_timeout
    end


• A comunicação é feita através de mensagens, cujo envio tem sempre sucesso.
Exemplo de um servidor


start() -> spawn( m, init, [...]).


init(...) -><initialization>,
   loop(...).
loop(...) ->     receive
           stop -> true;
           Pattern1 -> <actions>, loop(...);
           ...
           PatternN -><actions>, loop(...)
       end.
Mais facilidades para processos


• Mensagens de “aviso” quando um processo “ligado” termina.
• Todas as excepções são locais.
• Isto permite a constituição de uma hierarquia de processos para uma maior
  robustez.
• Processos podem ser registados com um “nome” sendo acedidos através do
  nome.
• “Upgrade” do código sem parar o processo.
Distribuição


• Arrancar os nós de forma correcta.
     Pid=spawn(nó,m,f,[Arg1,Arg2])


• A partir daí tudo funciona exactamente na mesma.
“Last call optimization”


    servidor(…)->recebe_mensagem(…),
             trata_mensagem(…),
             servidor(…).
• Temos uma função recursiva que se chama a si própria.
• Como existe “LCO” a função corre num espaço constante.
• Isto é verdadeiro para funções que terminam com uma chamada a si próprias,
  sem cálculos pendentes.
Bibliotecas e interfaces existentes (exemplos)


•   Compilador, kernel e biblioteca standard
•   Handler para eventos e alarmes, SNMP, medidor de avaliação.
•   ASN1, interfaces de baixo nível para C e Java, Servidor Web e cliente Ftp.
•   Chamada a objectos COM em windows, SSL e criptografia.
•   Base de dados Mnesia (tempo real) e interface ODBC.
•   Serviços CORBA e compilador IDL.
•   Ferramentas de debugging e monitorização.
Exemplos prático de uso:


•   Switch ATM AXD301 10-160 Gbits.
•   ANx-DSL nó de acesso ADSL
•   Mobility Server
•   1º Demo de GPRS
•   Eddieware
•   Bluetail - Web Prioritizer + Mail Robustifier (21 meses, 25 empregados, $152M
    USD)
Características validadas na prática


•   Grande número de processos por nó - 4000 no AXD301).
•   “Soft RealTime” - Custo das chamadas.
•   Sistemas distribuídos- A versão de 40 Gbits do AXD301 tem 72 processadores.
•   Comunicação com hardware - Interfaces standard para C e device drivers,
•   Sistemas grandes: AXD301 Rel3.2 tem 1M linhas de Erlang.
•   Funcionalidade complexa: AXD301 protoc. ITU + ATM Forum.
•   Operação contínua: Mobility Server (1994) com 400 produtos.
•   Manutenção do software: Upgrades sem parar o sistema.
•   Requisitos de qualidade e fiabilidade: GPRS 99.995% de disponibilidade.
•   Tolerância a falhas de hardware e software: falhando um dos processadores do
    GPRS apenas baixa a capacidade do sistema.
Sumário da experiência


• Trauma inicial: “Para quê?”
• “Ah, é parecido com prolog!”
• Passagem da programação imperativa a funcional, pode “bloquear” alunos que
  encaram o Erlang como mais uma “linguagem normal”.
• Realização de trabalho prático ajuda na compreensão da linguagem.
• No final, reacção positiva por parte dos alunos.
• Ajuda recebida dos docentes envolvidos.
• Trabalho de projecto sobre o Eddie.
• Usado na disciplina de AISC
Trabalho futuro em OC


•   Trabalhos práticos mais complexos.
•   Uso mais aprofundado das facilidades do OTP.
•   Uso e implementação de protocolos de comunicação mais elaborados.
•   Interface com outras linguagens.
Preconceitos iniciais dos alunos


•   “Se isso não é usado para que é que serve?”
•   “Para que é que temos de aprender outra linguagem?”
•   “Uma linguagem não chega para todos os tipos de programas?”
•   “Se no meu emprego trabalho na linguagem X, de que é que me serve isso?”
Afinal o que é programar?


• Resolver problemas decompondo-os em problemas mais simples.
• Paradigmas da programação fornecem maneiras de estruturar a
  “fragmentação” dos problemas.
• As linguagens são uma forma de “explicitar” os conceitos que possuímos.
• Se o conceito não existir na linguagem teremos problemas em o expresssar.
Vantagens das Linguagens Funcionais


• Se as funções não possuem efeitos laterais então podem ser analisadas de uma
  forma independente do contexto.
• Torna-se mais fácil a decomposição do problema/programa em funções.
• Torna-se mais fácil a reutilização de código.
• Torna-se mais fácil (ou possível) a análise formal do programa.
• Torna-se mais fácil a utilização de funções como parâmetros de outras funções.
Porque é que não são mais usadas?


• A indústria não tem tempo para ser criativa, e a academia não é flexivel devido
  a restrições várias.
• Trauma das teorias matemáticas normalmente associadas às linguagens
  funcionais.
• Carga semântica extremamente forte de algumas linguagens funcionais.
• Vistas mais como assunto de pesquisa do que como ferramentas práticas.
• Falta de “ferramentas CASE”.
• O debate sobre linguagens de programação assume muitas vezes contornos de
  “fanatismo religioso” onde se defende o que se conhece, contra a incerteza do
  que não se conhece.
Problemas do mundo académico


•   Conservadorismo.
•   Psicose de “seguir as linguagens que a indústria quer”.
•   A indústria na realidade não quer pessoas que saibam a linguagem X.
•   A indústria quer pessoas que saibam programar, o que é algo muito diferente.
•   A indústria deseja pessoas que digam: “Esta linguagem não presta, existe uma
    muito melhor, que nos pode fazer ganhar muito mais dinheiro.”
Problemas da indústria


• Decisões estratégicas ao nível da tecnologia realizadas com o completo
  desconhecimento dos problemas em causa.
• Escolha de candidatos a empregos baseada no número de palavras-chave que
  aparece no curriculum.
• Medo da diferença.
Conclusões


• As linguagens funcionais podem ser ensinadas/aprendidas fácilmente,
  simplificando a escrita e compreensão de algoritmos avançados de
  manipulação de dados.
• É recomendável que no curso seja dada uma maior visibilidade e utilização às
  linguagens funcionais.
• Cada vez mais os programas são constítuídos por um grande número de
  processos que interagem entre si, e os paradigmas tradicionais de programação
  têm problemas de adaptação a estes novos modelos computacionais, enquanto
  que linguagens como o Erlang se adaptam de uma forma notável.

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Introdução à linguagem Erlang para programação concorrente e distribuída

  • 1. A linguagem de programação Erlang Paulo Ferreira paf(a)dei.isep.ipp.pt Jornadas Científicas do ISEP 9 de Maio de 2001
  • 2. Como ensinar programação concorrente e distribuída? • Alunos sem experiência de trabalho com processos (1º ano de funcionamento da licenciatura). • Ausência de sistemas paralelos. • Inexistência de verbas. • Foco na robustez e elegância e não na “performance absoluta”. • Objectivo: Levar os alunos a pensar de uma forma clara e correcta.
  • 3. O que é o Erlang? • Uma linguagem funcional, de uso geral, com suporte incorporado para concorrência, distribuição e tolerância a falhas. • OTP (Open Telecom Platform) é uma plataforma de desenvolvimento de sistemas de telecomunicações. • É constituída por um sistema “runtime”, um conjunto de componentes escritos principalmente em Erlang, e um conjunto de princípios de design de programas. • Normalmente é usado o conjunto.
  • 4. O que é uma linguagem funcional? • Não se mudam os valores das variáveis. • As funções não possuem “efeitos laterais”. • Exemplo de efeito lateral: variáveis globais. • Sem efeitos laterais: puramente funcional. • Sem efeitos laterais: É mais fácil analizar um programa do ponto de vista matemático. • Sem efeitos laterais: Cada função pode ser analizada independentemente do ambiente. • O Erlang não é uma linguagem puramente funcional (I/O e comunicação).
  • 5. Funções como “caixas negras” • Para um determinado valor de entrada, a saída é sempre a mesma. • Podemos “esquecer” o seu interior. • Temos os “software ICs”, componentes modulares que são independentes entre si.
  • 6. História do Erlang • Pesquisa nos laboratórios Ericsson • Que linguagem usar para desenvolver fácilmente sistemas robustos e fiáveis? • Experiências com várias linguagens • Desenvolvimento interno do Erlang • 1987 -Erlang Primitivo • 1998 - Lançamento em Open Source
  • 7. Exemplo de programa -module(mathlib). -export([factorial/1]). factorial(1)->1; factorial(N)->N*factorial(N-1). • Chamada da função: mathlib:factorial(5) • É uma linguagem declarativa, com influência do Prolog na sintaxe, mas não existe mecanismo de backtracking. • O facto de ser declarativa confere-lhe uma grande expressividade. • Não existe declaração do tipo de dados, e a gestão de memória é automática.
  • 8. Tipos de dados • Números: Inteiros e Floats • Àtomos • Tuplos • Listas • Pids (Process Ids) • Ports (canais de comunicação com programas escritos noutras linguagens) • Referências (objectos únicos ao nível de vários nós) • Binários (para manipulação de pacotes ou outros conjuntos de bits)
  • 9. Mais exemplos area({quadrado,Lado})->Lado*Lado; area({rectangulo,Lado1,Lado2})->Lado1*Lado2; area(X)->{nao_sei_fazer_area,X}. • O mecanismo de “pattern matching” ajuda à clareza do programa e podemos “etiquetar”os tuplos com átomos, para que tudo fique mais claro. sort([Pivot|T]) -> sort([ X || X <- T, X < Pivot]) ++ [Pivot] ++ sort([ X || X <- T, X >= Pivot]); sort([]) -> [].
  • 10. Mais um exemplo -define(PROTO1,22). -define(PROTO2,33). -define(PROTO3,1256). %% Tratar um pacote segundo o protocolo certo tratar(<<?PROTO1:8,Lixo:24,Chicha/binary>>)->func1(Chicha); tratar(<<?PROTO2:8,Lixo:32,Chicha/binary>>)->func2(Chicha); tratar(<<?PROTO3:16,Chicha/binary>>)->func3(Chicha); tratar(X)->protocolo_nao_reconhecido(X).
  • 11. Processos e mensagens Pid=spawn(m,f,[Arg1,Arg2]) Pid ! Mensagem receive Mensagem1 -> acção1; Mensagem2 -> acção2; after Timeout -> acção_timeout end • A comunicação é feita através de mensagens, cujo envio tem sempre sucesso.
  • 12. Exemplo de um servidor start() -> spawn( m, init, [...]). init(...) -><initialization>, loop(...). loop(...) -> receive stop -> true; Pattern1 -> <actions>, loop(...); ... PatternN -><actions>, loop(...) end.
  • 13. Mais facilidades para processos • Mensagens de “aviso” quando um processo “ligado” termina. • Todas as excepções são locais. • Isto permite a constituição de uma hierarquia de processos para uma maior robustez. • Processos podem ser registados com um “nome” sendo acedidos através do nome. • “Upgrade” do código sem parar o processo.
  • 14. Distribuição • Arrancar os nós de forma correcta. Pid=spawn(nó,m,f,[Arg1,Arg2]) • A partir daí tudo funciona exactamente na mesma.
  • 15. “Last call optimization” servidor(…)->recebe_mensagem(…), trata_mensagem(…), servidor(…). • Temos uma função recursiva que se chama a si própria. • Como existe “LCO” a função corre num espaço constante. • Isto é verdadeiro para funções que terminam com uma chamada a si próprias, sem cálculos pendentes.
  • 16. Bibliotecas e interfaces existentes (exemplos) • Compilador, kernel e biblioteca standard • Handler para eventos e alarmes, SNMP, medidor de avaliação. • ASN1, interfaces de baixo nível para C e Java, Servidor Web e cliente Ftp. • Chamada a objectos COM em windows, SSL e criptografia. • Base de dados Mnesia (tempo real) e interface ODBC. • Serviços CORBA e compilador IDL. • Ferramentas de debugging e monitorização.
  • 17. Exemplos prático de uso: • Switch ATM AXD301 10-160 Gbits. • ANx-DSL nó de acesso ADSL • Mobility Server • 1º Demo de GPRS • Eddieware • Bluetail - Web Prioritizer + Mail Robustifier (21 meses, 25 empregados, $152M USD)
  • 18. Características validadas na prática • Grande número de processos por nó - 4000 no AXD301). • “Soft RealTime” - Custo das chamadas. • Sistemas distribuídos- A versão de 40 Gbits do AXD301 tem 72 processadores. • Comunicação com hardware - Interfaces standard para C e device drivers, • Sistemas grandes: AXD301 Rel3.2 tem 1M linhas de Erlang. • Funcionalidade complexa: AXD301 protoc. ITU + ATM Forum. • Operação contínua: Mobility Server (1994) com 400 produtos. • Manutenção do software: Upgrades sem parar o sistema. • Requisitos de qualidade e fiabilidade: GPRS 99.995% de disponibilidade. • Tolerância a falhas de hardware e software: falhando um dos processadores do GPRS apenas baixa a capacidade do sistema.
  • 19. Sumário da experiência • Trauma inicial: “Para quê?” • “Ah, é parecido com prolog!” • Passagem da programação imperativa a funcional, pode “bloquear” alunos que encaram o Erlang como mais uma “linguagem normal”. • Realização de trabalho prático ajuda na compreensão da linguagem. • No final, reacção positiva por parte dos alunos. • Ajuda recebida dos docentes envolvidos. • Trabalho de projecto sobre o Eddie. • Usado na disciplina de AISC
  • 20. Trabalho futuro em OC • Trabalhos práticos mais complexos. • Uso mais aprofundado das facilidades do OTP. • Uso e implementação de protocolos de comunicação mais elaborados. • Interface com outras linguagens.
  • 21. Preconceitos iniciais dos alunos • “Se isso não é usado para que é que serve?” • “Para que é que temos de aprender outra linguagem?” • “Uma linguagem não chega para todos os tipos de programas?” • “Se no meu emprego trabalho na linguagem X, de que é que me serve isso?”
  • 22. Afinal o que é programar? • Resolver problemas decompondo-os em problemas mais simples. • Paradigmas da programação fornecem maneiras de estruturar a “fragmentação” dos problemas. • As linguagens são uma forma de “explicitar” os conceitos que possuímos. • Se o conceito não existir na linguagem teremos problemas em o expresssar.
  • 23. Vantagens das Linguagens Funcionais • Se as funções não possuem efeitos laterais então podem ser analisadas de uma forma independente do contexto. • Torna-se mais fácil a decomposição do problema/programa em funções. • Torna-se mais fácil a reutilização de código. • Torna-se mais fácil (ou possível) a análise formal do programa. • Torna-se mais fácil a utilização de funções como parâmetros de outras funções.
  • 24. Porque é que não são mais usadas? • A indústria não tem tempo para ser criativa, e a academia não é flexivel devido a restrições várias. • Trauma das teorias matemáticas normalmente associadas às linguagens funcionais. • Carga semântica extremamente forte de algumas linguagens funcionais. • Vistas mais como assunto de pesquisa do que como ferramentas práticas. • Falta de “ferramentas CASE”. • O debate sobre linguagens de programação assume muitas vezes contornos de “fanatismo religioso” onde se defende o que se conhece, contra a incerteza do que não se conhece.
  • 25. Problemas do mundo académico • Conservadorismo. • Psicose de “seguir as linguagens que a indústria quer”. • A indústria na realidade não quer pessoas que saibam a linguagem X. • A indústria quer pessoas que saibam programar, o que é algo muito diferente. • A indústria deseja pessoas que digam: “Esta linguagem não presta, existe uma muito melhor, que nos pode fazer ganhar muito mais dinheiro.”
  • 26. Problemas da indústria • Decisões estratégicas ao nível da tecnologia realizadas com o completo desconhecimento dos problemas em causa. • Escolha de candidatos a empregos baseada no número de palavras-chave que aparece no curriculum. • Medo da diferença.
  • 27. Conclusões • As linguagens funcionais podem ser ensinadas/aprendidas fácilmente, simplificando a escrita e compreensão de algoritmos avançados de manipulação de dados. • É recomendável que no curso seja dada uma maior visibilidade e utilização às linguagens funcionais. • Cada vez mais os programas são constítuídos por um grande número de processos que interagem entre si, e os paradigmas tradicionais de programação têm problemas de adaptação a estes novos modelos computacionais, enquanto que linguagens como o Erlang se adaptam de uma forma notável.