2. INTRODUÇÃO
Ênfase na EJA como escolarização de jovens e adultos
trabalhadores e não na perspectiva de educação ao longo
da vida → EJA como questão de classe.
EJA como modalidade da educação básica que deve
garantir o direito constitucional de acesso à formação
escolar → escola pública como principal instância onde
tal direito deve ser exercido.
Três temas – escolarização de jovens e adultos
trabalhadores, políticas de currículo e EJA, as
especificidades de um currículo para a EJA – analisados
a partir de três aspectos: breve estado do tema, questões
para reflexão, desafios e perspectivas.
3. ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS TRABALHADORES
BREVE ESTADO DO TEMA:
Unidades escolares para crianças e adolescentes onde
jovens e adultos estudam.
Carga horária reduzida (total e diária).
Escolarização como possibilidade de novas oportunidades
de inserção no mundo do trabalho.
O trato marginal dado à escola de EJA pelas políticas
educacionais reflete o trato também marginal dado pela
sociedade ao seu público: a classe trabalhadora.
4.
Super oferta de iniciativas pontuais e fragmentadas de
alfabetização e de elevação da escolaridade levadas a
cabo por estados, municípios, ONGs, movimentos
sociais, empresas etc., todos com possibilidade de
financiamento por meio de programas federais
(Programa Brasil Alfabetizado, ProJovem e suas
modalidades etc.).
Esse quadro, contudo, não é acompanhado nem pela
ampliação do número de matrículas no primeiro
segmento do ensino fundamental da EJA, nem pela
superação da lógica compensatória, aligeirada e
utilitarista que ainda marca muitas ações para essa
modalidade da educação básica.
Alguns avanços do governo Lula no que concerne às
políticas de EJA, dentre os quais, por suas ações, trazer
essa modalidade para o centro do debate no âmbito da
educação brasileira.
5. QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
Até que ponto programas focais têm contribuído para a
consolidação do direito dos trabalhadores à
escolarização?
Que concepções de EJA, de currículo e de sociedade
predominam nas diferentes iniciativas pontuais de
elevação da escolaridade de jovens e adultos?
Essas políticas têm influenciado o currículo e a didática
das escolas de EJA (distribuição das disciplinas,
materiais didáticos etc.)? Como tem se dado essa
influência?
Como transformar tantos projetos e programas em uma
política pública de EJA que sobreviva aos governos e se
consolide como política de Estado?
6. DESAFIOS E PERSPECTIVAS:
Defesa da escolarização como meta a ser atingida para o
combate ao analfabetismo funcional, sem deixar de
manter, porém, a interlocução com as experiências
curriculares advindas da educação popular.
Luta para que o poder público tome para si a
responsabilidade sobre a educação básica de jovens e
adultos a partir da perspectiva de sua oferta como um
direito daqueles que a ela não tiveram acesso em outros
momentos de suas vidas.
Consolidação de uma política de ampliação da oferta de
educação básica para a EJA que valorize a escola pública
ao mesmo tempo em que lhe dê condições físicas e
intelectuais de pensar ações curriculares voltadas para as
características específicas do público atendido,
promovendo, desse modo, a qualidade de seu ensino.
7. POLÍTICAS DE CURRÍCULO E EJA
BREVE ESTADO DO TEMA:
Propostas curriculares como políticas de Estado para a
EJA: contradições e perspectivas do atual governo.
Continuidade, no governo Lula, de certas iniciativas do
governo FHC que dizem respeito às políticas curriculares
para a EJA (Proposta curricular de EJA para o EF,
ENCCEJA, PLANFOR, Fazendo Escola).
Opção por manter, de certa forma, a lógica que orienta a
perspectiva mercadológica do projeto neoliberal de
educação.
8.
Tal fato, junto a algumas ações implementadas
recentemente, resulta em contradições da política atual
que precisam ser examinadas para a compreensão do
cenário político-filosófico em que se encontra a produção
oficial de referenciais curriculares para a EJA:
o ENCCEJA e o currículo por competências;
o ProJovem com a ideia de protagonismo juvenil e
responsabilidade social;
os Cadernos de EJA com a perspectiva crítica de
currículo.
Avanços no que concerne à produção de materiais
didáticos (Cadernos de EJA) e material de apoio
pedagógico para professores (Trabalhando com a EJA
-1º Segmento do EF).
9. QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
De que forma os profissionais e pesquisadores da EJA
vêm percebendo as contradições presentes nas diferentes
propostas curriculares implementadas em tempos
recentes?
Qual o caminho para a implantação de uma política de
currículo que leve em conta as experiências e saberes
docentes ao mesmo tempo em que assegure as bases
conceituais de socialização da ciência na perspectiva
crítica de construção do conhecimento?
Como escapar da produção de um currículo nacional
como mecanismo de controle político do conhecimento?
10. DESAFIOS E PERSPECTIVAS:
Reconhecimento das políticas de currículo como campo
de conflitos que recontextualizam saberes e discursos
produzidos em diferentes contextos políticos (governos,
agências internacionais, tradição seletiva da escola,
comunidades disicplinares etc.) → luta por concepções
contra-hegemônicas.
Papel dos Fóruns de EJA como interlocutores na
discussão e proposição de políticas de currículo para a
EJA, tomando-os, no entanto, também como instâncias
onde diferentes interesses e concepções aportam.
Políticas de currículo são também ações curriculares nas
escolas → atuação nas contradições → reinterpretações e
recontextualizações dos documentos curriculares.
11. AS ESPECIFICIDADES DE UM CURRÍCULO
PARA A EJA
BREVE ESTADO DO TEMA:
Marcas curriculares da EJA: o saber da experiência do
aluno trabalhador e o mundo do trabalho.
Saber do aluno → transformação desse procedimento
metodológico em clichê em virtude do uso não
problematizador das opiniões e/ou saberes adquiridos na
experiência de vida dos alunos.
Em geral, ou são estimulados e em seguida
desconsiderados a favor do conhecimento escolar ou são
super valorizados sem nenhuma problematização → visão
filantrópica da EJA.
12.
Mundo do trabalho encarado como projetos de
empregabilidade e (re)qualificação para o trabalho.
Em currículos de tipo supletivo: conteúdos disciplinares
fragmentados e reduzidos com base na programação
estabelecida para crianças e adolescentes → ausência do
mundo adulto.
Tendência em algumas propostas curriculares recentes
(ENCCEJA, ProJovem, por exemplo) de organização
curricular por áreas do conhecimento: ciências humanas,
ciências da natureza → aglutinação de disciplinas sem
integração curricular.
13. QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
Como professores têm lidado com a questão do saber do
aluno trabalhador? Até que ponto as experiências de vida
têm influenciado a seleção e o tratamento de conteúdos
escolares?
Como enfrentar a visão hegemônica de escolarização
como preparação para o trabalho nos moldes da
acumulação flexível?
Ao mesmo tempo, de que forma fazer da escola de EJA
um espaço de reflexão acerca do mundo do trabalho e
suas transformações sem abandonar totalmente a
possibilidade de ações de geração de emprego e renda?
Qual o papel das disciplinas escolares na formulação de
currículos integrados e de projetos interdisciplinares?
14. DESAFIOS E PERSPECTIVAS:
Política de formação inicial e continuada de professores
que pense a especificidade da EJA e que possibilite a
superação da concepção fenomenológica no tratamento do
saber do aluno.
Enfrentamento da questão também em materiais didáticos
e de apoio ao professor.
Avançar na direção do trabalho como princípio educativo e
não na perspectiva da empregabilidade → contribuição dos
movimentos sociais emancipatórios e seus projetos
educativos (MST, algumas experiências do movimento
sindical etc.).
Contribuição das disciplinas → reelaboração e
recontextualização de seus objetos de estudo para a EJA.
15. INDICAÇÕES FINAIS
Ocupar espaços políticos e acadêmicos → necessidade de
grupos de pesquisa em EJA em diálogo com as
disciplinas escolares, por exemplo.
Necessidade de debates e trocas de experiências entre
professores e alunos → praticamente não há, além dos
Fóruns de EJA, encontros e seminários, tanto em âmbito
local quanto em âmbito nacional onde se possa ouvir as
angústias, desafios e conquistas dos educadores da EJA
→ pela instituição do Fala Professor da EJA!!!