O documento descreve os principais eventos da Revolução Americana, incluindo as causas de descontentamento das colônias com a Grã-Bretanha, como as Leis do Selo e do Chá, a Declaração de Independência em 1776, e a vitória americana na batalha de Saratoga que levou à aliança com a França.
2. REVOLUÇÃO AMERICANA
A Guerra da Independência dos Estados Unidos, também conhecida como Guerra da Revolução Americana
ou ainda Revolução Americana de 1776. Dá-se o nome de revolução americana à luta das colónias
estabelecidas na América do Norte, para se tornar independentes da Grã-Bretanha. Vitoriosas, as colónias
passaram a constituir uma república independente, estabelecida com base em princípios democráticos
que, pela primeira vez, ganhavam forma estatal.
Iniciada em 1607, a emigração inglesa para a América do Norte deu origem à formação de colónias, que
em 1732 já eram 13. Entre as causas que concorreram para a guerra de independência (de 1775 a 1781)
figura o abandono em que estas se encontravam. Os colonos tinham, por isso, que resolver sozinhos seus
problemas, o que lhes dava uma posição de autonomia em relação ao governo metropolitano. Além disso,
os ingleses não estavam bem a par das condições das colónias e, preocupados com os próprios problemas,
não lhes dedicavam muita atenção. Aumentava a importância económica das colónias, sobretudo depois
que a Grã-Bretanha, vitoriosa na guerra contra a França, acrescentou às suas possessões americanas todo
o Canadá e as terras situadas entre os montes Apalaches e o rio Mississippi.
Após o conflito, encontrando-se em difícil situação económico-financeira, a Grã-Bretanha decidiu exigir
das colónias a observância da Lei de Navegação (Navigation Act), que limitava grande parte do intercâmbio
comercial destas exclusivamente à metrópole. Reprimia-se também o contrabando. Além disso, a Lei do
Açúcar (Sugar Act), de 1764, que regulamentava o comércio do açúcar, aumentava o descontentamento
dos colonos. E os que especulavam com a terra foram atingidos em seus interesses pelo decreto que
proibia a colonização de áreas situadas além dos montes Apalaches.
3. Diante da necessidade de manter dez mil soldados ingleses para a defesa das colónias, o Parlamento aprovou
em 1765 a Lei do Selo (Stamp Act), que estabelecia várias taxas a serem pagas por documentos legais e
oficiais, através dos quais os colonos iriam cobrir as despesas de manutenção das tropas britânicas. A reação
foi tamanha que o Parlamento teve de tornar sem efeito o decreto no ano seguinte. Mas aprovou, em
seguida, o Declaratory Act, em que afirmava ter "pleno poder e autoridade" para legislar sobre as colónias.
4. TRATADO DE PARIS
Tratado de Paris foi um tratado assinado a 10 de Fevereiro de 1763 entre o Grã-Bretanha, França, Portugal e
Espanha e que pôs fim à Guerra dos Sete Anos.
O tratado gerou grandes trocas de territórios coloniais entre as potências europeias, em especial na América
do Norte e Caraíbas: a Grã-Bretanha obtém da França o Canadá, Nova Escócia, São Vicente, Dominica, Tobago,
Granada e Minorca;1 a França recupera Guadalupe, Santa Lúcia e Gore, as suas colónias na Índia (embora sem
o direito de nelas construir fortificações) e obtém garantias sobre os seus direitos de pesca na Terra Nova; a
Espanha recebe da França a Luisiana, troca a Flórida por Havana e recupera Manila e as Filipinas.
5. ATRITOS E DESVANTAGENS
A Guerra dos sete anos, terminada com vitória da Inglaterra sobre a França (Tratado de Paris, 1763), deixou a
nação vencedora na posse de ricos territórios no continente americano, já colonizados, sendo reconhecido o
seu direito de expandir o seu domínio em direção ao interior do continente.
Esta possibilidade agradou aos colonos, que prontamente se prepararam para explorar e aproveitar novas
terras, mas, para sua grande surpresa, o governo de Londres, por recear desencadear guerras com as nações
índias, determinou que nenhuma nova exploração ou colonização de territórios pudesse ser feita sem a
assinatura de tratados com os índios.
Foi esta a primeira fonte de conflito entre os colonos e a Coroa inglesa.
Mas, pouco depois, surgiram novos atritos.
Procurando restaurar o equilíbrio financeiro, o exercito apertava com o pacto colonial com vários atos.
Em 1750 fora proibida a fundição de ferro nas colónias. Em 1754 proibiram-se a fabricação de tecido e o
contrabando. Apesar de vencer a Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra impôs novas medidas restritivas às treze
colónias.
Em 1765 foi aprovado um decreto regulamentando a obrigação de abrigar e sustentar tropas inglesas em solo
americano (prática que pesava muito sobre as finanças coloniais).
Foram ainda criadas a Lei do Selo que acrescentou um imposto de selo sobre jornais, documentos legais e
oficiais etc.,
E os Atos de Townshend, que procuravam limitar e mesmo impedir que os americanos continuassem suas
relações comerciais com outras regiões que não a Inglaterra.
6. MASSACRE DE BOSTON
Em 1767, um novo decreto, o Townshend Act, tornou ainda mais tensas as relações entre a metrópole e as
colónias.
Esse decreto estabelecia impostos sobre o chá, o chumbo, o papel e o vidro, importados pelas possessões
americanas. O dinheiro assim obtido destinar-se-ia a pagar os funcionários britânicos das colónias.
Estes eram muito mal vistos, pela maneira como agiam: apreendiam mercadorias de comerciantes honestos e,
muitas vezes, praticavam contrabando.
A reação dos colonos recrudesceu. Os comerciantes negaram-se a importar mercadorias britânicas, e o líder
revolucionário Samuel Adams levantou a população de Massachusetts.
Em 5 Março de 1770 ocorreu o chamado massacre de Boston.
Dois regimentos britânicos que tinham sido enviados para conter os radicais daquela cidade entraram em
choque com uma multidão, matando várias pessoas. As notícias espalharam-se por todas as demais colónias, e
novamente o Parlamento britânico foi obrigado a recuar e anulou, meses mais tarde, o Townshend Act.
7. CONSEQUÊNCIAS
Pela primeira vez na história da expansão europeia, uma colónia tornava-se independente dos países meio por
um ato revolucionário.
E fazia-o não só proclamando ao mundo, no documento histórico aprovado no 4 de Julho, o direito à
independência e à livre escolha de cada povo e de cada pessoa ("o direito à vida, à liberdade e à procura da
felicidade“), mas ainda construindo uma federação de estados dotados de uma grande autonomia e aprovando
uma constituição política (a primeira da História mundial) onde se consignavam os direitos individuais dos
cidadãos, se definiam os limites dos poderes dos diversos estados e do governo federal, e se estabelecia um
sistema de equilíbrio entre os poderes legislativo, judiciário e executivo de modo a impedir a supremacia de
qualquer deles, além de outras disposições inovadoras.
O sucesso norte-americano foi descrito como tendo influenciado a Revolução Francesa e as revoluções na
Europa e América do Sul.
Neste contexto, as treze colónias começaram a ter seguidos e crescentes conflitos com o exército, pois devido
aos enormes gastos com a guerra, o exército inicia uma maior exploração sobre essas áreas.
As colónias finalmente desencadeariam o desejo e a declaração de independência, em 4 de Julho de 1776, e a
Guerra de independência dos Estados Unidos.
A guerra teria fim em 1783, quando a independência dos Estados Unidos foi reconhecida pelo Reino Unido no
Tratado de Paris de 1783.
Apesar da estrutura social ter permanecido inalterada, a Guerra da Independência dos Estados Unidos é
chamada de revolução por ter instituído, na Constituição de uma república federal, a soberania da nação, e
divisão tripartida dos poderes. Além disso, influenciou as revoluções liberais que aconteceriam na Europa,
como a Revolução Francesa.
8. CRISE DO CHÁ
Após três anos de relativa paz, em 1773 foi aprovada a Lei do Chá (Tea Act), com o objectivo de ajudar a
Companhia das Índias Orientais a vender seus excedentes de chá nas colónias. Além do elevado preço do
produto, os compradores ainda teriam de pagar impostos, e o lucro de sua comercialização reverteria, em
grande parte, em favor dos agentes da companhia.
Em represália, os navios que transportavam chá para as colónias deixaram de ser descarregados, e tiveram de
regressar à metrópole. Foi novamente em Boston que os acontecimentos assumiram carácter mais grave. No
dia 16 de Dezembro de 1773, vários colonos disfarçados de índios atacaram três navios no porto e jogaram ao
mar toda sua carga de chá. Esse incidente, conhecido como Boston Tea Party, foi o estopim da revolução.
A Grã-Bretanha viu-se então diante de duas alternativas: ceder mais uma vez ou adoptar severas medidas de
repressão. Decidindo por estas últimas, votou o que os colonos denominaram Leis Intoleráveis (Intolerable
Acts), a mais enérgica das quais determinava o fechamento do porto de Boston até que os proprietários do chá
fossem indemnizados.
Os colonos uniram-se para enfrentar a metrópole e, em 1774, realizou-se em Filadélfia o I Congresso
Continental, com a presença de delegados de todas as colónias, à excepção da Geórgia. Foi aprovada, então, a
Declaração de Direitos e Agravos (Declaration of Rights and Grievances), que exigia a revogação das Intolerable
Acts. O congresso tentou entrar em acordo com o governo inglês, mas fracassou.
Com o assentimento do rei Jorge III, o governo decidiu reforçar as tropas britânicas nas colônias, a fim de
garantir o cumprimento das decisões parlamentares.
9. LUTA ARMADA
Em Abril de 1775, o general Thomas Gage, comandante das tropas britânicas em Boston, decidiu prender dois
dos principais líderes americanos, Samuel Adams e John Hancock, e apoderar-se do material bélico reunido
pelos colonos em Concord. Em Lexington, as forças de Gage entraram em choque com grupos armados e,
depois de uma troca de tiros, os britânicos seguiram para Concord, onde destruíram a munição ali existente. De
volta a Boston, enfrentaram novamente os colonos e foram por eles dispersados. Era o início da revolução
americana.
O II Congresso Continental, reunido em Filadélfia, designou George Washington para comandar as forças dos
colonos. Ainda havia esperanças de que a coroa fizesse concessões para evitar a separação. Mas por toda parte
a autoridade real entrava em colapso: vários governadores refugiaram-se a bordo de navios ingleses e voltaram
para Londres; outros foram aprisionados. A situação tornava-se de fato inconciliável: a saída era a submissão
total ou a independência. A pregação libertadora encontrou um vigoroso apóstolo em Thomas Paine, cujo
panfleto Common Sense (1776; O bom senso) atacava o princípio mesmo da monarquia hereditária, afirmando
que um só homem honesto vale mais para a sociedade "do que todos os bandidos coroados que já existiram".
George Washington assumiu o comando das tropas que cercavam Boston, e treinou-as com rigor durante 1775.
Nesse mesmo ano, no Canadá, o general Richard Montgomery, comandando as tropas americanas, ocupou
Montreal e seguiu para Quebec. O ataque a esta última cidade fracassou, e Montgomery foi morto. A retirada
dos americanos foi desastrosa, e os britânicos passaram então à ofensiva. No ano seguinte (1776), Washington
cercou Dorchester Heights, acima de Boston, o que levou o inimigo a abandonar a cidade sem luta, deixando
armas e munições. As tropas desalojadas seguiram para Halifax, e Washington concentrou suas forças em Nova
York, à espera da ofensiva britânica.
10. DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA
Depois de um ano de debates, em 4 de Julho de 1776 o Congresso aprovou finalmente a Declaração de
Independência, redigida por Thomas Jefferson, John Adams e Benjamin Franklin. Esse documento de
importância histórica universal inspirou-se nas ideias avançadas de pensadores franceses e ingleses. Diz a
declaração em seu preâmbulo:
"Consideramos evidentes por si mesmas as seguintes verdades: todos os homens foram criados iguais e
dotados por seu criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais a vida, a liberdade e a busca da
felicidade; para assegurar esses direitos, constituem-se entre os homens governos cujos poderes decorrem do
consentimento dos governados; sempre que uma forma de governo se torna destrutiva desse fim, o povo tem
o direito de aboli-la e de estabelecer um novo governo...“
Mais concretamente, a declaração estipulava o direito das colônias a se tornarem "estados livres e
independentes", desligados de qualquer compromisso de obediência à coroa da Grã-Bretanha, com a qual
ficava rompida toda união política.
Em agosto do mesmo ano, Howe atacou Nova York, onde se travaram violentas batalhas. As tropas de
Washington tiveram, no entanto, de bater em retirada, atravessando Nova Jersey, até Delaware. No ano
seguinte, os britânicos ameaçaram Filadélfia. Washington tentou defender a cidade mas foi batido, e
novamente derrotado em Germantown, Pensilvânia. Paralelamente, o general britânico John Burgoyne invadiu
as colônias do Canadá. Retomou Ticonderoga e Crown Point, mas perdeu a batalha de Saratoga. Decisiva para
os americanos, essa vitória ajudou Benjamin Franklin a conseguir o auxílio da França. Logo depois, a Espanha
entrou na guerra contra a Grã-Bretanha. Na guerra naval destacou-se John Paul Jones. No comando do Bon
Homme Richard, bateu-se contra o navio britânico Serapis, episódio que constituiu a maior batalha naval da
guerra.
11. CAPITULAÇÃO DOS BRITÂNICOS
Em 1778, a luta estendeu-se para o sul. Henry Clinton, o novo comandante das tropas britânicas, tomou a
Geórgia e dois anos depois apoderou-se de Charleston, Carolina do Sul, aprisionando o exército de cinco mil
homens do general Benjamin Lincoln. Os ingleses controlavam quase todo o sul, mas tinham de enfrentar
frequentes ataques de guerrilheiros americanos. As forças da metrópole tentaram uma ofensiva contra a
Carolina do Norte, mas foram derrotadas em King's Mountain.
Daniel Morgan venceu tropas britânicas em Cowpens, (1781), mas o marquês de Cornwallis derrotou o general
Nathanael Greene, comandante das tropas americanas no sul, em Guilford Court House. Cornwallis seguiu para
a Virgínia em perseguição de uma tropa de colonos sob o comando do marquês de Lafayette e tomou
Yorktown, concentrando aí seus contingentes militares. George Washington, à frente de um exército de 16 mil
homens, atacou o inimigo por terra, enquanto o almirante francês François de Grasse lhe dava cobertura naval.
Ao final de várias semanas de lutas, Cornwallis rendeu-se com todos os seus efectivos. A guerra estava
praticamente terminada.
Em Março de 1782, o chefe do governo inglês Lord North, renunciou. A paz de Versalhes foi ratificada
formalmente em 3 de Setembro de 1783, com o reconhecimento da independência dos Estados Unidos da
América. Nesse mesmo ano, a Grã-Bretanha cedeu a península da Flórida à coroa espanhola, sem, no
entanto, delimitar as fronteiras, fato que motivaria intensas disputas territoriais no sul dos Estados Unidos
durante muitos anos.