Este documento discute a produção de cabras leiteiras no Brasil. Ele fornece informações sobre a importância da cabra para a alimentação, as raças leiteiras e mistas, o manejo dos animais, alimentação, instalações, doenças e melhoramento genético. O documento destaca a necessidade de melhorar a produtividade das raças nativas brasileiras através de cruzamentos com raças leiteiras mais produtivas.
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA
PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE
Adelmo Ferreira de Santana
Salvador – 2005
2. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 2
APRESENTAÇÃO
A caprinocultura leiteira vem se destacando como uma das
melhores e mais promissoras fontes de proteína animal para atender
as necessidades nutricionais das populações, em especial, nas áreas
semi-áridas do Nordeste brasileiro.
As técnicas de manejo têm sido desenvolvidas pelos
pesquisadores, visando uma reflexo social.
Este conjunto de recomendações técnicas para a produção de
caprinos leiteiros demonstra o esforço e o empenho dos
pesquisadores em aperfeiçoar e descrever técnicas de manejo,
reprodução, sanidade, nutrição e tecnologia de queijos e outros
subprodutos, visando a melhoria do nível de conhecimento técnicos
dos produtores.
Sendo atividade de fácil condução, a pecuária caprina leiteira
poderá torna-se uma fonte expressiva de divisas para o país, sendo
também uma forma econômica de suprir economicidade na produção
de alimentos, com conseqüente as necessidades nutricionais das
populações carentes.
Adelmo Ferreira de Santana
3. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 4
IMPORTÃNCIA DA CABRA 5
1. MANEJO DOS ANIMAIS 7
1.1 Escolha das matrizes e reprodutores 7
1.2 Uso das matrizes e reprodutores 8
1.3 Cuidados com os reprodutores 10
1.4 Cuidados com as gestantes 11
1.5 Cuidados com os recém-nascidos 12
2. MANEJO SANITÁRIO 13
2.1 Higiene das instalações 14
2.2 Separação dos animais jovens dos adultos 14
2.3 Vermifugação 14
2.4 Vacinação 15
2.5 Controle dos parasitos externos 15
2.6 Controle das diarréias 15
2.7 Isolamento dos animais doentes 15
3. MANEJO REPRODUTIVO 16
3.1 Puberdade 16
3.2 Ciclo estral 17
3.3 Monta ou cobertura 17
3.4 Gestação 18
3.5 .Parto 19
3.6 Lactação 20
4. MANEJO ALIMEMTAR 20
4.1 Hábito alimentar 21
4.2 Consumo de matéria seca 23
4.3 Distribuição de concentrados e volumosos 24
4.4 Emprego da uréia 26
4.5 Sistemas de criação 27
4.6 Aleitamento de cabritos e cabritas 29
4.7 Requisitos nutricionais 32
4.8 Alimentação por categoria 36
4.9 Tipos de alimentos 39
5. INSTALAÇÕES 41
5.1 Instalação de contenção 41
5.2 Instalação de apoio 44
6. RAÇAS INDICADAS 49
6.1 Raças leiteiras 49
6.2 Raças mistas 51
7. MELHORAMENTO 54
7.1 Seleção de reprodutores 54
7.2 Seleção de matrizes 54
7.3 Consangünidade 55
7.4 Seleção do rebanho 55
7.5 Métodos de seleção 56
7.6 Cruzamento 57
7.7 Mestiçagem 59
8. PRINCIPAIS DOENÇAS 59
8.1 Bacterioses 59
8.2 Viroses 61
8.3 Protozooses 62
8.4 Artropodoses 63
8.4 Verminose 64
8.5 Doenças metabólicas 65
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 66
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4. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 4
INTRODUÇÃO
A produção pecuária consiste em fatos básicos para o desenvolvimento do
setor primário nos países em via de desenvolvimento. O incremento desta produção
está intrinsecamente relacionado com a disponibilidade de tecnologias geradas pela
pesquisa.
A caprinocultura, dentro do contexto pecuário, poderá constituir-se numa fonte
alternativa de proteína para alimentação de populações carentes. Todavia, o aumento
da produtividade destes pequenos ruminantes depende das informações e do nível de
adoção de técnicas racionais de criação, destacando-se o manejo reprodutivo e a
inseminação artificial como método eficaz de promover, de forma mais rápida e global,
o melhoramento genético. A nutrição é o fator básico do processo produtivo já que a
alimentação do rebanho determinará o sucesso ou insucesso das demais técnicas de
manejo, principalmente o melhoramento genético.
Pouco adiantará a introdução de raças exóticas altamente produtivas em
condições impróprias de meio, pois elas entrarão em degenerescência genética com o
decorrer do tempo. A racionalização do pastoreio, mediante o emprego e seleção de
espécies forrageiras resistentes às adversidades climáticas e que se destaquem pela
aceitabilidade, teor protéico e produtividade, devem merecer grande importância no
processo criatório. Uma outra maneira de suprir a carência alimentar nas épocas
críticas é a conservação de forragens durante a época de abundância das mesmas,
utilizando-se a fenação. O feno de leguminosas nativas ou exóticas constitui-se uma
importante fonte alternativa de suplementação alimentar para manutenção e produção
de cabras.
As técnicas de sanidade, bem como o emprego de medidas profiláticas, tais
como: controle das endo e ectoparasitoses, vacinações, cuidados com as cabras
gestantes e recém-nascidos, possibilitarão ao rebanho uma significativa produtividade,
diminuindo, ainda, os riscos de perdas dos animais.
A exploração de um sistema de produção de caprinos com aptidão leiteira
deverá visar essencialmente melhores níveis produtivos das matrizes, objetivando,
assim, uma maior produção de leite.
Adelmo Ferreira de Santana
5. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 5
IMPORTÂNCIA DA CABRA
Aspectos gerais
O Brasil é um dos países que menos produz leite de cabra na América Latina
(FAO, 1976). Esta baixa produção deve-se, basicamente, à degeneração genética que
ocorreu nas raças Saanen, Parda e Alpina, introduzidas pelos portugueses após o
descobrimento e que por terem sido submetidas, no decorrer deste longo período, a
deficientes técnicas de manejo (nutrição, sanidade, reprodução e melhoramento
genético), geraram as raças nativas hoje existentes, respectivamente, Marota, Moxotó,
Canindé e Repartida de baixa produtividade, as quais não fornecem leite suficiente
para a alimentação da população do semi-árido, embora apresentem alta rusticidade e
são adaptáveis às condições climáticas do Nordeste.
Atualmente vem crescendo o interesse na exploração de caprinos com aptidões
de leite, devido à facilidade de condução do rebanho e da produtividade elevada de
algumas raças. No entanto, a atividade tem apresentado problemas relacionados aos
animais, pois as raças nativas, apesar de adaptadas ao ambiente, são pouco
produtivas, ocorrendo o contrário com as raças exóticas. Deste modo, para que haja
animais produtivos e adaptados às condições climáticas no Nordeste é necessário que
seja estabelecido um programa de melhoramento e de manejo com o objetivo de elevar
o potencial de produção de leite nas raças nativas existentes através de cruzamentos
com raças ou tipos locais com aptidão leiteira.
Valor alimentício do leite de cabra
O leite de cabra é considerado um alimento quase completo quando comparado
ao da vaca, da ovelha e da mulher (Tabela 1), sendo atualmente muito utilizado em
hospitais de pediatria e geriatria de países desenvolvidos. Como produto dietético,
sendo também ministrado no tratamento da arteriosclerose e até mesmo do câncer,
pois uma coenzima “Q”, nele presente, teria atividade anticancerígena..
A excelente digestibilidade do leite da cabra, em decorrência do pequeno
tamanho dos glóbulos de gordura, propicia um melhor aproveitamento do produto pelo
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6. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 6
organismo e, como os ácidos graxos, aparecem em maior proporção, seu consumo
favorece o controle de triglicerídeos na alimentação humana.
Com base no valor protéico do leite e da carne de caprinos, sabe-se que o
caprino leiteiro é muito mais eficiente na conversão de proteínas do que o de corte,
tendo sido observada uma eficiência 39 vezes maior na conversão de proteínas em
cabras para produção de leite em relação àquelas para produção de carne.
Comparações produtivas entre a cabra e a vaca em zonas áridas
Considerando-se uma vaca de 450 kg de peso vivo e 450 kg de peso vivo
de cabra ( 9 cabras de 50 kg ), a vaca produziria 2.560 kg de leite em um período de
lactação, enquanto que as cabras produziram 4.230 kg. Vale salientar, ainda, que nos
2.560 kg de leite de vaca existirão 84kg de proteínas, enquanto que nos 4.230 kg de
leite de cabra haverá 142 kg de proteínas.
A quantidade de alimentos e espaço requerido pelas nove cabras é o mesmo
requerido pela vaca. Seria importante ressaltar, no entanto, que a vaca não aceita
qualquer tipo de alimentação grosseira, ao passo que as cabras já não apresentam
tantas exigências neste aspecto.
Em caso de perda dos animais, lembre-se que a morte da vaca representará 100
% de perda do capital investido, enquanto que com a morte de uma cabra esta cifra
atingirá somente 12,5 %.
A vaca tem um período de gestação de nove meses, enquanto que na cabra
este período é de apenas cinco meses. Raramente a vaca irá produzir fetos duplos,
enquanto as cabras atingem normalmente 40 % de partos gemelares. Por ocasião da
parição, a vaca produzirá leite durante um determinado período de lactação,
geralmente de oito a nove meses e quando deixa de produzir, isto significará uma falta
total de leite para o produtor, enquanto que as nove cabras poderão ser manejadas de
forma que se consiga uma produção de leite homogênea durante todo o tempo.
1. MANEJO DOS ANIMAIS
O manejo correto dos animais é de grande importância em todo processo de
exploração produtiva do rebanho, tornando a atividade mais lucrativa e permanente.
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7. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 7
1.1 Escolha das matrizes e reprodutores
Deve-se considerar alguns aspectos, tais como: idade, características raciais,
integridade dos órgãos genitais e produção, pois são de fundamental importância do
ponto de vista produtivo.
Idade
Embora a cabrita possa entrar em puberdade aos seis meses de idade, ela
apenas deverá ser usada como reprodutora quando atingir um peso corporal
equivalente de 60 a 70 % do peso de uma fêmea adulta da mesma raça e pode
permanecer no plantel entre oito a nove anos.
O macho caprino é um animal precoce que pode atingir a maturidade sexual
entre seis a sete meses, o que significa que a partir dessa idade ele pode ser usado
como reprodutor, porém servindo a um pequeno número de cabras, pois, embora
sexualmente maduro, sua produção de sêmen é inferior à do bode adulto, sendo
considerado adulto ao atingir o peso, desenvolvimento corporal e produção
espermática, de acordo com a raça, que geralmente ocorre entre 18 a 24 meses de
idade.
Características raciais
Ao escolher as matrizes e os reprodutores, deve ser levado em consideração o
tipo racial da preferência de cada criador, produção de leite e adaptação do animal ao
meio ambiente.
Integridade dos órgãos genitais
Os órgãos genitais das fêmeas e dos machos são de importância vital durante
todo processo produtivo e reprodutivo. Na fêmea, a conformação e volume do úbere
indicam a capacidade de produção de leite, enquanto que o tamanho e posicionamento
das tetas traduz a facilidade oferecida para ordenha e acesso por parte das crias. A
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8. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 8
matriz deve apresentar úbere bem inserido, com apenas duas tetas e que não sejam
excessivamente grandes ou grossas.
No macho, a conformação e tamanho dos testículos indicam uma maior
produção espermática e ausência de defeitos genéticos. O reprodutor deve apresentar
testículos simétricos e presentes na bolsa escrotal, ausência de alterações penianas e
prepuciais bem como lesões escrotais.
Saúde
A fêmea não deve ter sido acometida por nenhuma doença infecciosa,
principalmente aquelas relacionadas com o aparelho reprodutivo e com a glândula
mamária.
O macho deve apresentar bolsa escrotal com simetria, sem lesões nos
testículos, pênis e prepúcio e membros locomotores perfeitos.
Produção
Sendo possível, é importante que ao adquirir ou escolher uma matriz seja
necessária uma avaliação da produção de leite da lactação anterior, no caso de cabras
adultas, e informações da produção leiteira das gerações ascendentes, em se tratando
de fêmeas jovens.
Quanto ao macho, as informações dos pais e avós são fundamentais quando
possível em animais jovens. No caso de reprodutores adultos é necessário que se faça
uma avaliação da produção de leite das filhas do reprodutor a ser adquirido.
1.2 Uso das matrizes e reprodutores
O tempo de permanência das matrizes no rebanho depende da capacidade de
produção de leite, da habilidade materna e gestação não problemática, enquanto que
o macho está relacionado com o interesse pela fêmea e capacidade de realizar a
monta.
Idade
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9. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 9
A cabra pode ser economicamente viável a sua exploração até os nove anos de
idade. Em relação ao reprodutor, idade de utilização não deve ultrapassar aos sete
anos, não no mesmo rebanho, sendo necessária a troca de reprodutores a cada dois
anos, para evitar problemas de consangüinidade.
Proporção macho/fêmea
No sistema de criação extensiva é necessário um reprodutor para cada 25
fêmeas, ao passo que no sistema intensivo esta proporção pode ser de um macho para
cada 50 fêmeas.
Vida útil
A vida útil ou período produtivo é considerado como a fase em que as matrizes
ou reprodutores apresentam uma produtividade econômica dentro do sistema
produtivo.
Descarte
O descarte corresponde à retirada dos animais com idade avançada ou que
foram acometidos por doenças que influenciam na produtividade.
1.3 Cuidados com os reprodutores
Para conseguir melhor desempenho e aproveitamento dos reprodutores é
necessário que se controle o número de saltos, alimentação e que sejam mantidos
separados da fêmeas.
Números de saltos diários
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10. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 10
Quando se trata de animais jovens, o número de saltos diários não devem
ultrapassar de seis a sete, enquanto que nos adultos este número pode ser entre 12 a
14 saltos por dia.
Alimentação
Fora da estação de cobertura o reprodutor deve receber uma alimentação de
mantença para que não haja perda de peso corporal. No período da estação de
cobertura deve ser oferecida uma alimentação energética, como por exemplo: milho
triturado. Vale salientar que reprodutores superalimentados tornam-se pesados,
podendo causar acidentes nas fêmeas durante a monta.
Separação do reprodutor das fêmeas
É conveniente manter sempre o reprodutor em local separado das fêmeas
gestantes para evitar acidentes, dos lactantes para que se obtenha um leite sem odor
característico do macho, das fêmeas jovens para evitar coberturas indesejáveis.
1.4 Cuidados com as gestantes
Dois meses antes da parição deve-se proceder à secagem do úbere para que
haja recuperação do organismo para a próxima lactação e formação do colostro para a
cria.
Formação de lotes
Para facilitar o manejo das cabras é necessário que se coloque as gestantes em
grupos homogêneos.
Maternidade
Duas semanas antes do parto as cabras gestantes devem ser separadas do
rebanho e colocadas em maternidade para facilitar o acompanhamento e intervenções
necessárias nesta fase.
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11. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 11
Proteção
As fêmeas no final da gestação devem ser mantidas isoladas das outras
categorias e de espécies diferentes, para evitar acidentes e prováveis abortos.
Alimentação
No terço final da gestação é importante fornecer uma alimentação de melhor
qualidade, pois as cabras diminuem a sua capacidade de ingestão devido ao aumento
do volume do útero que comprime o estômago, reforçando a necessidade de melhorar
a alimentação em termos quantitativos, visto que as exigências nutricionais são mais
elevadas, devido ao crescimento rápido e acentuado dos fetos.
1.5 Cuidados com os recém-nascidos
As fêmeas recém-nascidas serão as futuras matrizes, enquanto que os machos
serão utilizados como reprodutores ou para produção de carne, aumentando, assim, a
rentabilidade da exploração, o que vem justificar os cuidados com as crias jovens.
Colostro
Após o nascimento as crias deverão receber o colostro até as primeiras 12 horas
de vida para que haja a absorção dos anticorpos protetores contra doenças presentes
neste primeiro leite. Caso o aleitamento seja feito em balde as crias devem ser
separadas da mãe ao nascer, não se permitindo que mame. A cabra deve ser
ordenhada e o colostro fornecido à cria em mamadeira, passando-se posteriormente
para o balde.
Tratamento do umbigo
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12. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 12
O umbigo, após o nascimento, constitui uma porta de entrada para diversas
doenças. Logo depois do parto deve-se cortar o umbigo da cria, usando uma tesoura
desinfetada, deixando um pedaço de mais ou menos dois centímetros e queimar com
tintura de iodo. Este procedimento consiste em mergulhar o umbigo em vidro de boca
larga contendo tintura de iodo, favorecendo, assim, a desinfeção e a rápida
cicatrização.
Identificação
A identificação pode ser feita com brincos ou tatuagem nas orelhas e tem como
objetivo facilitar o controle zootécnico dos animais.
Descorna
Deve ser realizada a fogo com descornador próprio para caprino até o 10o dia
após o nascimento. A finalidade da descorna é para evitar acidentes entre os animais e
diminuir a área de instalação ocupada. As raças mochas dispensam esta operação
embora estejam sujeitas a problemas de hermafroditismo
Castração
Os machos que não se enquadram dentro dos padrões raciais e que não serão
usados como reprodutores deverão ser castrados 30 a 90 dias de idade. Pode ser
utilizado o método de castração com Burdizzo ou com anel de borracha de acordo com
a idade e tamanho dos testículos.
Desmama
Na exploração de caprino leiteiro, a desmama é realizada logo após o período
colostral ou até mesmo depois do nascimento, onde o colostro será oferecido em
mamadeira.
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13. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 13
2. . MANEJO SANITÁRIO
A importância da saúde do rebanho pode ser enfocada sob dois aspectos em
especial. O primeiro diz respeito às zoonoses, como por exemplo a Toxoplasmose. O
segundo aspecto se relaciona à produção, pois é preciso que os animais estejam
sadios para que possam expressar todo seu potencial genético e responder às técnicas
de manejo utilizadas, e neste caso, na espécie caprina, as doenças parasitárias
assumem especial destaque.
2.1 Higiene das instalações
A higiene das instalações é importante sob o ponto de vista sanitário, pois evita
a disseminação de doenças no rebanho. Não se aconselha lavar, mas apenas raspar e
varrer os dejetos diariamente. Convém-se prestar atenção para limpeza de
comedouros e bebedouros.
2.2 Separação dos animais jovens
Os animais jovens devem ser mantidos separados dos animais adultos,
considerando-se que os primeiros são mais sensíveis às doenças, enquanto os últimos
são mais resistentes, e pode ocorrer caso em que os adultos, aparentemente sadios,
funcionem como agentes disseminadores das doenças, como acontece com a
Eimeriose.
2.3 Vermifugação
A incidência de verminose é comum em caprinos. Os animais doentes ficam
fracos, apresentam diarréia, perdem o apetite e ficam com os pêlos arrepiados e sem
brilho. Os prejuízos observados são: diminuição de fertilidade, crescimento retardado,
queda da produção de leite e aumento da mortalidade, especialmente em animais
jovens.
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14. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 14
O controle das verminoses deverá ser feito através de vermifugação a cada três
meses, iniciando-se com cabritos aos 28 dias de nascidos. Para uma melhor eficiência
do controle recomenda-se, além de levantamentos parasitológicos através de exames
laboratoriais, também a prática de rotagem de pastagens e a troca do princípio ativo do
vermífugo a cada três aplicações, podendo ser usado os seguintes produtos com base
no princípio ativo:
a) Tiabendazole - 50mg/kg P.V. por via oral;
b) Tetramizole - Levamizole - 10mg/kg P.V. por via subcutânea;
c) Parbendazole - 15 a 25mg/kg P.V. por via oral;
d) Fenbendazole - 10mg/kg P.V. por via oral;
e) Albendazole - 10mg/kg P.V. por via oral.
2.4 Vacinação
Poucas são as doenças que acometem os caprinos que podem ser controladas
com o uso de vacinas, entre elas a Raiva, Linfadenite Caseosa e a Enterotoxemia são
as que merecem ser destacadas. A prevenção de raiva é através de vacina aplicada
anualmente, sendo usada no caso de ocorrência na região. A linfadenite deve ser
utilizada a cada seis meses, podendo ser vacinados animais a partir de dois meses de
idade. A vacina contra a enterotoxemia é usada anualmente.
2.5 Controle dos parasitos externos
No controle dos parasitos externos deve-se fazer inspeções freqüentes nos
animais para detectar casos de sarnas e piolhos. O controle é feito com pulverizações
e polverizações com sarnicidas e inseticidas. Em relação às miíases deve-se tratar
adequadamente as feridas. Depois de instalados deve-se retirar as luvas, limpar o local
e aplicar inseticidas, repelentes e cicatrizantes.
2.6 Controle das diarréias
Várias doenças que acometem os caprinos, principalmente os jovens, em
decorrência de práticas de manejo inadequadas, as quais podem ser citadas:
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15. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 15
Verminose, Eimeriose, Colibacilose e Salmonelose que podem ser controladas através
da melhoria dos manejo dos animais e higienização das instalações.
2.7 Isolamento dos animais doentes
Em caso de animais acometidos por doenças infecto-contagiosas deve-se fazer
o isolamento dos animais. Para isto é conveniente ter uma instalação apropriada para
colocar os animais doentes durante o processo de tratamento até a cura total dos
mesmos.
3. MANEJO REPRODUTIVO
O manejo reprodutivo do rebanho envolve a escolha dos reprodutores, o controle
de doenças que afetam a capacidade reprodutiva de machos e fêmeas, a alimentação
específica segundo a categoria animal (cabritos, cabras ou bodes), o sistema de
acasalamento adequado, o tipo de criação (extensivo ou intensivo), os cuidados com a
cria e com a cabra gestante além de técnicas avançadas como a sincronização do cio e
inseminação artificial.
3.1 Puberdade
Em termos fisiológicos é a idade em que os animais se tornam aptos para a
reprodução, ou seja, quando da primeira ovulação nas fêmeas e presença de
espermatozóides no ejaculado dos machos.
Em caprinos, a puberdade ocorre, aproximadamente, aos quatro meses, quando
machos e fêmeas atingem 40 a 50 % de seu peso adulto. Mas, em termos práticos,
nessa idade, não devem iniciar a vida reprodutiva, pois não têm desenvolvimento
corporal suficiente. Recomenda-se que o acasalamento seja iniciado quando os
animais atingirem 65 a 70 % do peso adulto para a raça. Essa idade é chamada
puberdade zootécnica e ocorre aos 7-8 meses, desde que os animais sejam criados de
forma satisfatória.
Fêmeas acasaladas tardiamente podem apresentar sensíveis reduções na
produção de leite, e, em alguns casos, chegam à esterilidade. Mais importante do que
esperar maior idade ou peso, para cobrir, é mantê-las sob níveis de nutrição
Adelmo Ferreira de Santana
16. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 16
adequados. No caso em estudo, o criador precisa conhecer bem as necessidades
nutricionais das cabritas, nos aspectos relacionados com o crescimento,
desenvolvimento do feto e, após a parição, os da própria lactação. A gestação,
normalmente, não afeta o crescimento das cabras jovens; pelo contrário, estimula seu
desenvolvimento mas a lactação é extremamente esgotante. Nessa fase, as cabras
precisam estar sob níveis de nutrição adequados. Assim, se o criador adota normas de
alimentação rigorosa, nenhum inconveniente existe ao se permitir a reprodução, na
época recomendada, evitando, inclusive, a presença de fêmeas ocasionais, por muito
tempo no rebanho e afetando também, a rentabilidade dos criatórios.
3.2 Ciclo estral
É o período compreendido entre dois cios, durante o qual ocorrem profundas
modificações hormonais atuando em todo o organismo, particularmente sobre o
aparelho genital e comportamento da fêmea. Caracteriza-se pela atividade cíclica dos
ovários, com duração normal de 20 a 21 dias, por ciclo, para a espécie caprina,
podendo variar de 15 a 40 dias. Divide-se nas seguintes fases:
- Proestro: período em que a cabra se mostra agitada, mas ainda não aceita a monta.
Antecede o cio e tem duração média de 24 horas;
- Cio ou estro: período em que a fêmea aceita o macho e se deixa montar. Tem
duração aproximada de 12 a 24 horas;
- Metaestro: segue-se ao cio, tendo início no momento em que a fêmea passa a
recusar a monta; nessa fase ocorre a ovulação, de 12 a 36 horas após o início do cio.
O final do metaestro corresponde à formação de um ou mais corpos lúteos nos ovários;
- Diestro: nessa fase a fêmea recusa a monta e corresponde ao período em que os
corpos lúteos permanecem funcionais, sendo a fase mais longa do ciclo estral (17 a 18
dias). Após esse período, os corpos lúteos normalmente regridem, os ovários sofrem
novo estímulo e se reinicia o ciclo com o proestro.
3.3 Monta ou cobertura
É importante para os produtores que fornecem o leite para consumo “in natura”,
ou para os que se dedicam à fabricação de produtos lácteos, manter um fluxo uniforme
do leite ao longo do ano. A não observância dessa premissa cria problemas na
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17. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 17
comercialização dos produtos, por irregularidade no sistema de abastecimento. Para
tanto, é necessária a presença constante de cabras recém - paridas durante todos os
meses do ano. Surge, daí, a necessidade de um rigoroso esquema de acasalamentos.
Nos sistemas de criação confinado e semi - confinado, que permite uma constante
vigilância sobre o rebanho, o problema é facilitado e possibilita o equacionamento do
assunto. Resta, ao criador, programar os acasalamentos, para que, a cada trimestre,
25 % das cabras, em média, estejam paridas, ou, no mínimo, 50 % em cada semestre.
É bem verdade que os cios podem não suceder com a regularidade desejada, mas é
possível, nas condições tropicais e com tipos e raças ajustados ao meio, obter-se uma
razoável distribuição dos partos ao longo do ano. Entretanto, é oportuno lembrar que a
maioria dos produtores de leite utiliza raças oriundas de clima frio e com ajustes
fisiológicos distintos das raças tropicais.
Quanto aos métodos de cobrição, em sistema intensivo ou semi - intensivo, deve
ser usado o da monta controlada ou o da inseminação artificial. No primeiro caso, os
bodes são mantidos separados das cabras e todas as cobrições, vigiadas, ou seja, na
presença de um responsável. Em ambos os métodos, observar a programação, a partir
do que foi discutido, nesta parte deste capítulo. Essa orientação tem duas vantagens: a
identificação correta da paternidade das crias e, concomitantemente, uma razoável
distribuição dos partos ao longo do ano. como o cio das cabras, em geral, tem duração
prolongada, é recomendável que o acasalamento, ou a inseminação artificial, seja
efetuado 12 a 24 horas após o seu aparecimento.
3.4 Gestação
Entende-se por gestação ou prenhez o período compreendido entre a
fecundação - formação do zigoto ou ovo - e a expulsão do feto. Nesse período, a cabra
apresenta sensíveis modificações de comportamento: ausência do cio e, por
conseguinte, total desinteresse pelo macho; torna-se tranqüila; engorda facilmente;
diminui a produção de leite, a partir da segunda metade da gestação; também, a partir
desse período, há crescimento do ventre; próximo ao parto, o úbere aumenta de
volume, as tetas de dilatam e a garupa apresenta-se descarnada e caída.
Em cabras a ovulação ocorre normalmente 12 a 36 horas após o início do cio ou
logo após o término deste, tendo o óvulo um período de vida médio de dez a 25 horas.
A cópula ocorre, normalmente, antes da ovulação, sendo o período de vida dos
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18. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 18
espermatozóides de aproximadamente 30 horas no útero. Parte do ejaculado
permanece na cérvix, onde, devido a condições favoráveis, tem maior sobrevida (até
três dias) e, continuamente, cai no útero, aumentando as chances de
fecundação. Os óvulos fertilizados (ovos) chegam ao útero três a cinco dias após o
início do cio. Nos três primeiros meses, a gestação depende da presença e
funcionamento de um ou mais corpos lúteos.
O período de gestação varia em número de dias, por interferência da raça,
idade, estado de nutrição e número de crias por parto. A revisão da literatura permite
mencionar, com alguma margem de segurança, que ela se processa entre os extremos
de 136 a 164 dias. As raças de maior porte e mais especializadas têm períodos de
gestação mais prolongados, enquanto as nativas e de porte reduzido têm o tempo de
prenhez abreviado. um dos autores consultados encontrou os seguintes períodos de
gestação para raças alienígenas e nativas, aqui no Brasil: Saanen, 152 dias;
Toggenburg, 151 dias; Anglonubiana, 146 dias; e, para cabras nacionais, 145 dias. A
idade também interfere no período de prenhez e as primíparas, normalmente, têm parto
antecipado em relação às secundíparas e pluríparas. O estado de nutrição é outra
variável a considerar, pois as cabras sob níveis deficientes de alimentação têm
períodos de gestação mais curtos. Igual comportamento sucede quando o número de
crias aumenta, ou seja, nos partos duplos ou triplos.
3.5 Parto
Terminado o período de gestação, dá-se o parto, que deve ser interpretado pelo
criador como um ato fisiológico normal e, portanto, deve se processar sem a sua ajuda.
A parição se inicia após uma a dez horas de contrações uterinas. A bolsa das águas
aparece um pouco antes ou juntamente com as patas dianteiras da cria. O parto é
rápido e num período máximo de três horas todas as crias devem estar nascidas. Após
o nascimento, a cabra – mãe faz a limpeza das mesmas as quais normalmente se
põem de pé, inclusive, buscando as tetas num período aproximado de 30 minutos. Até
duas horas depois do parto, dá-se a expulsão das placentas. Se o parto não se
processar no período previsto de três horas, após intenso trabalho uterino, a cérvix
começa a se fechar novamente e a dilatação manual não deve ser tentada, havendo
necessidade de interferência de um veterinário.
Adelmo Ferreira de Santana
19. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 19
3.6 Lactação
Durante a lactação, a alimentação deve ser oferecida individualmente, para que
as cabras sejam suplementadas segundo sua produção. Isso é feito durante a ordenha,
ou no cocho coletivo que disponha de divisórias.
O volumoso fornecido deve ser de boa qualidade diminuindo, assim, a quantidade de
concentrado, que não deve exceder 50 % da ração; o concentrado ingerido em
excesso diminui a ingestão de forrageiras, diminui a produção de leite e propicia a
formação de cálculo. Uma dieta total à base de 16 % de PB é suficiente para a
mantença de fêmeas de alta produção, e de 14 % de PB, para aqueles de baixa
produção. Além do volumoso eles devem receber 500 gramas de concentrado para a
mantença e 200 a 300 gramas por quilo de leite produzido. Devido à alta exigência de
cálculo e outros minerais, é aconselhável adicionar ao concentrado, 3 % de uma
mistura mineral completa.
4. MANEJO ALIMENTAR
A larga distribuição da cabra no mundo, ocupando, desde as áreas mais frias do
Himalaia até os desertos africanos, juntamente com a habilidade da espécie de
sobreviver em áreas inóspitas para outros animais, deu origem a mitos e crenças
populares que prejudicam o criatório caprino.
É crença difundida no Brasil de que a cabra seria ideal para o aproveitamento
de forragens grosseiras e áreas pobres, muitas vezes inaproveitáveis para bovinos e
ovinos. A criação se faz então em regime extensivo, sendo relegadas a segundo plano
práticas alimentares e de manejo, deixando que os animais sobrevivam e produzam
por si mesmos. Essa crença é, em parte, justificada pela maior eficiência digestiva da
cabra e seus hábitos alimentares, mas não em seus requisitos nutricionais, em alguns
aspectos superiores aos de outros ruminantes. Assim, não se justificam as péssimas
condições alimentares encontradas em diversos criatórios, pois, conseqüentemente, a
produção e produtividade obtidas são baixas, tornando a criação antieconômica. É
importante lembrar que rusticidade e elevada produtividade dificilmente andam juntas
em um mesmo animal.
Adelmo Ferreira de Santana
20. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 20
Esses aspectos se agravam com a introdução, no Brasil, de raças leiteiras
especializadas, mais exigentes e menos resistentes do que as nacionais, trazendo o
insucesso a vários criatórios. Essas raças, mesmo em confinamento total, têm
freqüentemente fracassado em conseqüência das alterações climáticas e alimentares a
que são submetidas, sem a observância de práticas corretas de manejo.
Salienta-se que a literatura é deficiente, no que se refere à alimentação de
caprinos. As condições e objetivos diversos da exploração, nas mais variadas regiões
do mundo, explicam os resultados diferentes, muitas vezes conflitantes, dos trabalhos
desenvolvidos por diversos autores. Mas a cabra, independente do meio ou objetivo do
criatório, possui características fisiológicas e nutricionais próprias, as quais servem de
base para se estabelecer um manejo alimentar condizente com um criatório econômico
e produtivo.
4.1 Hábito alimentar
O caprino tem hábitos alimentares bem diferentes das outras espécies de
ruminantes domésticos, sendo essa uma das principais razões de sua capacidade de
sobreviver e produzir em áreas de pobre cobertura vegetal. Devido à sua presença
nestas áreas, as cabras têm sido consideradas prejudiciais, contribuindo para a
destruição das pastagens e erosão do solo. Trabalhos recentes sobre utilização da
vegetação nativa e pastagens formadas provam que o caprino é apenas agente
complementar à destruição iniciada por outros animais domésticos ou mesmo pelo
homem, sendo de grande utilidade no combate às pragas arbustivas, pois a sua ação
aumenta e preserva a cobertura herbácea do solo.
A literatura revisada mostra a espécie como um animal altamente seletivo
quanto à escolha das forrageiras, preferindo as arbustivas e, destas, as folhas e brotos.
Este tipo de alimento constitui porção bem maior da dieta do caprino (60 %), quando
comparada à de bovinos e ovinos (10 %) mantidos em uma mesma pastagem. Assim,
as folhas caídas de árvores e as ramas de arbustos constituem, em certas épocas do
ano, a maior parte de sua dieta, chegando a 83 %. Considerando todo o ano,
constituem de 38 a 50 % de dieta, e em zonas semi-áridas, praticamente 100 %.
Através da fístula esofagiana, constatou-se que, tanto em pastejo leve quanto pesado,
as preferências são estacionais, dependendo da disponibilidade e estágio de
crescimento da forrageira. Em certas estações do ano, ervas e gramíneas chegam a
Adelmo Ferreira de Santana
21. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 21
constituir parte importante da alimentação. Em outras, principalmente no inverno e
início da primavera, os arbustos têm novamente a preferência. Mas, se a lotação é alta,
os últimos são consumidos em maior percentagem. As gramíneas mais consumidas
são as de porte alto. A grande agilidade deste pequeno ruminante, associada à
mobilidade acentuada de seu lábio superior, o que lhe permite alcançar áreas nas
plantas inacessíveis para outros animais, e selecionar as partes mais nutritivas da
forrageira.
Pelo visto, os caprinos têm preferência por uma dieta variada. em pastejo,
andam suas vezes mais que os bovinos e ovinos, escolhendo as espécies a serem
consumidas. Comparados com outros ruminantes, ingerem um maior número de
espécies vegetais, mostrando grande adaptação às variações na alimentação.
Todas essas características alimentares, benéficas em criatórios extensivos,
tornam-se empecilhos ao aproveitamento racional de pastagens formadas, pois, no
caso em apreço, os hábitos seletivos dos caprinos provocam grandes desperdícios nas
forrageiras. Em criatórios confinados, torna-se também difícil a sua adaptação a
monodietas que contrariam seus hábitos naturais de ingerir alimentos variados.
A maioria dos trabalhos comparativos da digestibilidade de uma mesma
forrageira, por caprinos, ovinos e bovinos, considera os primeiros mais eficientes em
alguns aspectos da digestão, principalmente com relação à fibra bruta. Esse aspecto se
torna evidente quando três forrageiras de alta, média e baixa qualidade são oferecidas
para as três espécies de ruminantes. Com uma forrageira de boa qualidade, pobre em
fibra bruta e rica em proteína, a digestibilidade da Matéria Seca ( MS ) é semelhante ou
ligeiramente superior para os bovinos. Já com as forrageiras de média e baixa
qualidade, ricas em fibra bruta e pobres em proteína, a cabra digere melhor a Matéria
Seca (MS), com maiores diferenças na digestibilidade da fibra e proteína bruta.
Essa maior eficiência da digestão torna os caprinos adaptados para o
aproveitamento das forragens e mais ricas em fibra como as dos trópicos, onde se
concentra a maior parte do rebanho mundial.
As causas da maior eficiência digestiva dos caprinos são as seguintes:
a) taxa de fermentação do rúmen - o líquido ruminal caprino é mais rico em bactérias
celulolíticas, sendo a fermentação e a produção de ácidos graxos ( AG ) maiores.
Assim, a fibra é digerida mais eficientemente;
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22. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 22
b) ciclo de ruminação - é mais longo nos caprinos do que nos bovinos e ovinos, sendo
realizado um maior número de mastigações. O alimento melhor triturado mistura-se
mais facilmente ao líquido ruminal, sendo assim digerido mais eficientemente;
c) taxa de movimento do alimento no trato gastrintestinal e permanência no rúmen - a
literatura revisada mostra resultados bastantes conflitantes quanto a este aspecto. Na
maioria dos trabalhos consultados, comparando com bovinos e ovinos, o alimento
permanece menos tempo no rúmen dos caprinos. Era de se esperar que a
digestibilidade, particularmente da fibra, fosse mais baixa nos caprinos. Mas a pequena
permanência no rúmen, associada à maior taxa de fermentação, promove uma rápida
digestão da forrageira, fazendo com que passe às partes posteriores do estômago,
possibilitando a ingestão de mais alimento. De acordo com suas características
fisiológicas, a dieta da cabra se constitui de um maior número de refeições diárias, com
menores quantidades;
d) natureza da dieta - é um dos fatores que mais influenciam a digestibilidade. Em
trabalhos realizados em confinamento, usando fenos das mesmas forrageiras ingeridas
em pastejo natural, os animais permaneceram com um balanço negativo de nitrogênio,
evidenciando deficiência nutricional (deficiência de proteína). Em condições naturais,
estas mesmas forrageiras são suficientes para atender aos requisitos de mantença e
produção dos caprinos. Os autores explicam estes resultados baseando-se nos hábitos
alimentares seletivos da cabra, que, em pastoreio, seleciona as partes de melhor valor
nutritivo das forragens. No confinamento, o fornecimento da forrageira picada não
possibilita ou prejudica a seleção, fazendo com que seja ingerida uma dieta de pior
qualidade.
4.2 Consumo de matéria seca
Para os trópicos, pode-se considerar um consumo de Matéria Seca na base de 3
a 5 % do peso vivo, conforme o estado fisiológico do animal (Devendra, 1978). Para
cálculos aproximados, usa-se para mantença um nível de 3 a 4 % do peso vivo e para
as oito últimas semanas de gestação, 2,2 a 2,8 % do peso vivo (SENGAR, 1980). Para
a lactação, os níveis variam muito com o estádio de produção, ficando entre 3 e 5 % do
peso vivo (MORAND-FEHR et al, 1981).
4.3 Distribuição de concentrados e volumosos
Adelmo Ferreira de Santana
23. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 23
Os programas de alimentação para cabras se baseiam no tipo e qualidade dos
volumosos disponíveis, que determinam a composição em nutrientes e as quantidades
de concentrados a serem oferecidas de acordo com as necessidades de mantença e
produção dos indivíduos.
Os volumosos, conforme sua composição em nutrientes, são classificados em
quatro tipos:
. tipo rico - pasto verde em crescimento, silagem ou feno muito bons com grande
percentagem de leguminosas (teor de PB acima de 14 % na MS). Com esse tipo de
volumoso, apenas cabras em lactação e cabritos em crescimento necessitam
suplementação concentrada;
. tipo médio - pasto maduro, silagem ou feno bons, com alguma leguminosa (teor de PB
de 10 a 14 % na MS). Apenas cabras em lactação, final de gestação e cabritos em
crescimento necessitam de suplementação concentrada;
. tipo pobre - pasto em início de maturação, silagem ou feno de gramíneas medíocres
(teor de PB de 5 a 10 % na MS). Esse tipo de volumoso exige suplementação
concentrada para todas as categorias animais;
. tipo muito pobre - pasto maduro, cana picada, silagem ou feno de baixa qualidade
(teor de PB inferior a 5 % na MS). A suplementação concentrada é necessária até para
manter o peso vivo das cabras. São requeridas grandes quantidades de concentrados,
para que haja produção de leite e, mesmo assim, as cabras grandes produtoras não
exprimem todo seu potencial genético de produção.
Infelizmente, a maioria das pastagens e forrageiras brasileiras se enquadram
nesse grupo, principalmente na época da seca.
Conforme o tipo de volumoso disponível, uma mistura de concentrado mais rica
ou mais pobre será fornecida aos animais.
TEOR DE PB DO CONCENTRADO (%)
TIPO DE VOLUMOSO
Rico 12 a 16
Médio 16 a 18
Pobre 18 a 22
Muito pobre 22 a 24
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24. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 24
Assim, para diminuir o custo de produção, as leguminosas para pastejo direto ou
oferecidas em cocho, como verde picado ou feno, são importantes atendendo-se,
dessa maneira, a preferência dos caprinos por uma dieta variada.
Das formas de conservação, a fenação deve se preferida à ensilagem, pois as
silagens, por seu alto teor de umidade, diminuem a ingestão de Matéria Seca,
reduzindo a produção de leite em até 15%. Caso seja oferecida aos animais, nunca
deverá constituir-se na única fonte de volumoso, sendo distribuída juntamente com
fenos, o que diminui seus efeitos prejudiciais. Não deve ser oferecida a cabritinhos.
Quanto às quantidades distribuídas, salienta-se que os volumosos devem estar sempre
à vontade. Uma boa maneira de controle é distribuir uma quantidade que possibilite a
sobra de 30 a 35 % do oferecido. Nunca oferecê-los finamente moídos e sim picados
em partículas maiores, possibilitando a seleção por parte dos animais.
Os concentrados preferivelmente não devem ultrapassar 30 % da Matéria Seca
total ingerida. isto só é conseguido quando o volumoso é do tipo rico ou médio. Com os
tipos pobre ou muito pobre, maiores percentagens de concentrados são requeridas
para atender as exigências nutricionais, não devendo ultrapassar 50 % da Matéria
Seca total ingerida.
Um bom esquema a ser adotado no manejo em confinamento é distribuir metade
dos volumosos pela manhã, limpar o cocho ao meio dia, oferecendo os concentrados
em seguida. Espera-se que os animais consumam o concentrado e distribui-se o
restante do volumoso. Em semiconfinamento, os caprinos devem ser soltos para os
pastos quando estes já estiverem mais secos pelo sol, visando, dessa maneira, o
controle da verminose. Quando os pastos amadurecem, torna-se necessária a
suplementação volumosa em cochos, assim que as cabras voltam de seu pastejo. Os
concentrados são distribuídos à tarde, fazendo com que os animais se condicionem a
voltar ao capril nesse horário. Em qualquer sistema de criação, uma mistura mineral
completa deve ficar durante todo o tempo à disposição dos animais.
4.4 Emprego da uréia
Pode ser utilizada para caprinos adultos e constituir até 30 % do nitrogênio total
da dieta. Em percentagens maiores, corre-se o risco de intoxicar os animais. Em
termos práticos, a uréia deve constituir até 1 % da Matéria Seca total da dieta ou 3 %
da mistura de concentrado.
Adelmo Ferreira de Santana
25. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 25
Para que possam aproveitar a uréia, os caprinos devem ser gradativamente
adaptados à sua ingestão.
1ª semana - 0,5 % no concentrado 4ª semana - 2,0 % no concentrado
2ª semana - 1,0 % no concentrado 5ª semana - 2,5 % no concentrado
3ª semana - 1,5 % no concentrado 6ª semana - 3,0 % no concentrado
Obs.: A introdução brusca do nitrogênio não protéico na alimentação leva à intoxicação
e muitas vezes à morte dos animais. Em casos de intoxicação, suspender o uso da
uréia, aplicando por via oral soluções ácidas, como ácido acético (vinagre comercial),
nos animais afetados.
Segundo trabalhos experimentais, cabras em lactação, ingerindo uma dieta em
torno de 15 % de PB, uma contendo fontes de nitrogênio, exclusivamente protéicas, e
outra onde a uréia constituía 25 % do nitrogênio total, produziram quantidades
semelhantes de leite (Chenost & Bousque, 1974). assim, não se pode descartar a uréia
como uma fonte barata de proteína (equivalente protéico), reduzindo-se os custos de
produção.
Outras maneiras de fornecimento da uréia são em misturas com o melaço e o
sal. No primeiro caso, a uréia deve entrar na proporção de 5 % da mistura, diferindo
das soluções tradicionais para bovinos, que contêm 10 % de uréia. Salienta-se que os
caprinos ficam com o corpo sujo pela mistura, podendo ocorrer queda de pêlos nos
locais atingidos. no segundo caso, misturado ao sal, somente se obtêm bons
resultados quando existe uma fonte disponível de carboidratos facilmente solúveis,
como os do milho, melaço ou da raspa de mandioca.
4.5 Sistemas de criação
São três os sistemas de criação: extensivo; intensivo ou confinado e semi-
intensivo ou semiconfinado.
Sistema extensivo
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26. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 26
Consiste na criação a pasto, com baixa lotação, onde a alimentação é obtida
exclusivamente no pastoreio direto, onde os animais ficam expostos às variações de
disponibilidade de alimentos.
Neste sistema, a produtividade é baixa, a taxa de mortalidade é alta, devida à
alimentação irregular, e um controle sanitário eficiente torna-se difícil. Embora a maior
parte do rebanho brasileiro seja criado desta maneira, esta modalidade não se adapta
a cabras leiteiras, pois a baixa produção do leite não justifica a comercialização.
Sistema intensivo
Nesse sistema os animais permanecem confinados durante todo o tempo.
Utilizam-se pequenas áreas, apenas o suficiente para construção do cabril, solários,
capineiras, área de beneficiamento de leite e depósito de alimentos. Os investimentos
iniciais, embora inferiores aos do semiconfinado, pela não-utilização de piquetes -
cercas, ainda são elevados pela necessidade da construção de um cabril que ofereça
excelente condições de acomodação.
Comparando-se os três sistemas, o confinado apresenta o custo de produção
mais elevado, já que toda alimentação é fornecida em cochos, aumentando a mão-de-
obra. Assim, com este esquema, um criatório somente se torna economicamente viável
se sua receita for elevada, possível apenas com raças altamente produtivas,
especializadas para a produção leiteira, que se adaptam muito bem ao confinamento.
Uma grande vantagem desse sistema é proporcionar um melhor controle no
fornecimento de alimento, para atender às variações nos requisitos nutricionais de
acordo com a produção ou estado fisiológico dos animais. Evita-se também o
desperdício de forrageiras. Quanto ao aspecto sanitário, o controle de doenças,
principalmente a verminose, torna-se mais eficiente, dependendo do tipo de instalação
utilizada.
Sistema misto ou semi - intensivo
Neste sistema, os animais obtêm parte da alimentação no pastoreio direto e o
restante em cochos. Os caprinos passam o período da noite e parte do dia em
instalações onde recebem alimentação suplementar, fazendo com que fiquem menos
sujeitos às influências do clima na produção de forragens.
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27. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 27
Os investimentos iniciais são menores do que sistema anterior, sendo
indispensável um cabril que ofereça boas condições de acomodação e a divisão da
pastagem em piquetes que possibilitem a rotação, para melhor aproveitamento das
forrageiras disponíveis e controle de verminose, tendo em vista uma maior lotação
animal. A construção de cercas provoca um grande aumento no custo dos
investimentos iniciais. Este é o inconveniente do sistema pois, para conter os caprinos,
são necessários no mínimo nove fios de arame ou a instalação de piquetes a partir de
tela. Com a alimentação mais regular, esse sistema se adapta muito bem à produção
leiteira, principalmente quando a raça escolhida é mais resistente. As raças mais
indicadas para a criação semi - intensiva são originárias de climas tropicais, como a
Anglonubiana. Animais puros, de raças originárias de climas temperados, também
podem ser criados semi-confinados, principalmente nas áreas mais frias do país. Em
regiões mais quentes, o criador deve dar preferência aos cruzamentos dessas raças
com cabras nacionais, aumentando a resistência dos produtos.
4.6 Aleitamento de cabritos e cabritas.
Os diversos esquemas de aleitamento são discutidos a seguir, devendo o criador
escolher aquele que mais lhe convier. Seja qual for o esquema adotado, um
concentrado com 12 a 18 % de PB e uma mistura mineral completa devem ser
colocados à disposição dos animais a partir dos três dias de idade, assim como um
volumoso do tipo rico, de preferência feno de leguminosa, a partir de oito dias. Cabritos
criados em confinamento, que não recebem sol diretamente, devem receber a vitamina
D, por via intramuscular.
Colostro
Para prevenção de futuras doenças, é importante assegurar a ingestão do
colostro nas seis primeiras horas de vida, possibilitando a absorção de anticorpos pelo
cabrito, que ocorre mais intensamente neste período inicial. Em caso de morte da
matriz. logo após o parto, o colostro proveniente de outras cabras ou substitutivos
poderão ser utilizados: a) colostro fresco - nem sempre há outras fêmeas recém-
paridas no criatório, mas esta é a maneira mais eficiente de suprir a cria; b) colostro
congelado - fêmeas com grande produção de colostro podem fornecer excesso para
Adelmo Ferreira de Santana
28. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 28
congelamento e uso posterior. No momento de ser administrado, é descongelado e
aquecido à temperatura de 37o C. Fornecer 500 ml por dia divididos em quatro a cinco
aleitamentos, durante os cinco primeiros dias. Caso não se disponha de quantidades
suficientes, fornecer o colostro apenas no primeiro dia; c) substitutos - uma mistura de
soro sangüíneo e leite constitui um bom sucedâneo para o colostro. Pode-se utilizá-lo
fresco ou congelado.
Soro fresco - coletar 600 ml de sangue de uma cabra adulta, deixar coagular à
temperatura ambiente por duas horas e separar o coágulo. Obtém-se assim
aproximadamente 299 ml de soro, que são misturados a 300 ml de leite. fornecendo-se
a mistura ao cabrito no esquema para o colostro. a temperatura deve ser de 35 a
37o C.
Soro congelado - o sangue pode ser obtido de uma cabra adulta abatida. Após a
coagulação por duas horas à temperatura ambiente, colocar na geladeira por 12 horas.
Retirar o coágulo e acrescentar, a cada litro de soro, 10 ml de merthiolate. Conservar
em geladeira ou congelar. Na hora de administrar, descongelar e aquecer a 35 - 37ºC,
misturando e distribuindo como o soro fresco.
Idade à Desmama
Fisiologicamente seria possível a desmama a partir de três semanas, quando
normalmente o caprino já está ruminando. Na prática, a desmama precoce é feita a
partir de cinco semanas para as raças européias, tomando-se como base a época em
que os cabritos têm o dobro do peso que tiveram ao nascer. Para raças menos
precoces, pode-se tomar o mesmo parâmetro de peso, para determinação da idade à
desmama.
A desmama precoce causa inicialmente um menos desenvolvimento, quando
comparada à desmama tardia (três meses), mas se os animais estão comendo
quantidades adequadas de concentrados e volumosos, geralmente alcançarão o peso
normal na puberdade. Para animais de alto valor, aconselha-se a desmama tardia, o
que lhes garante realmente um desenvolvimento normal.
Outro aspecto importante a ser observado é a relação cálcio e fósforo na ração.
A urolitíase (cálculo urinário) aparece em machos, mesmo lactantes, que estejam
consumindo rações não balanceadas. Uma boa prevenção é fornecer uma mistura que
contenha cálcio e fósforo dentro de uma relação 2:1 ou 1,5:1.
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29. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 29
Esquemas de Aleitamento
1) Aleitamento natural - é a maneira mais prática de aleitamento, mas não a
mais econômica, devido aos altos preços do leite de cabra.
Durante os cinco primeiros dias, a cabra e a cria permanecem juntas, mas isoladas do
restante do rebanho. Após este tempo, o cabrito é apartado, sendo levado à mães duas
ou três vezes ao dia, apenas para o aleitamento. Em alguns criatórios, o cabrito é
deixado com a mãe após a ordenha da manhã, sendo apartado à tarde. Este
procedimento, embora retarde o consumo de concentrados e volumosos pelos cabritos,
exige menos mão-de-obra, sendo muitas vezes o único esquema possível.
2) Aleitamento artificial - neste sistema o cabrito é separado da mãe desde o
primeiro dia, recebendo o colostro e leite primeiramente em mamadeira ou caixa de
aleitamento e depois no balde. Esta técnica, embora possibilite o uso de sucedâneos
mais baratos que o leite de cabra, pode trazer diversos problemas sanitários e também
aumenta a mão-de-obra.
Os recipientes ou mamadeiras utilizadas devem ser rigorosamente limpos todos
os dias. Pelo menos no primeiro mês, oferecer o leite ou sucedâneo aquecido a 35 –
37o C, passando-se gradativamente a oferecê-los à temperatura ambiente no segundo
mês. Tomando-se estas providências evitam-se surtos de diarréia.
Leite de vaca - é mais indicado do que o leite de soja para substituir o leite de cabra.
Pode ser utilizado a partir de seis dias, em mistura gradual com leite de cabra.
6 o ao 8 odia - 1 parte de leite de vaca / 2 partes leite de cabra
9 o ao 11o dia - mistura em partes iguais
12 o dia - leite de vaca puro
4.7 Requisitos nutricionais
Mantença
As necessidades de energia para mantença variam de 125 a 163 kcal de energia
digestível (ED) por kg de peso metabólico (SENGAR, 1980). Para cabras criadas em
Adelmo Ferreira de Santana
30. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 30
sistemas semi-intensivo, os requerimentos são 33 % mais elevados, em decorrência da
maior atividade (LINDAHL, 1974).
Quanto aos requisitos protéicos, são necessários 3,13 a 3,83 g de proteína
digestível (PD) (SENGAR, 1980) ou 5,7 g de proteína bruta (PB) (BROWN, 1980) por
kg de peso metabólico.
Crescimento
A taxa de crescimento dos caprinos segue uma curva normal típica de cada
raça, variando com o clima e região. Na porção inicial da curva, antes do seu ponto de
inflexão, o ganho de peso é mais fácil, sendo necessárias menores quantidades de
proteína e energia por kg ganho. Após o ponto de inflexão, a conversão piora
progressivamente, não se conseguindo acelerar o ganho de peso através da melhoria
da ração.
Gestação
As exigências de energia aumentam nas oito últimas semanas de gestação.
Nesse período, as necessidades são de 221,79 kcal de ED/kg de peso metabólico.
Verificar o ganho de peso durante a gestação para o reajuste periódico de requisito
(SENGAR, 1980).
Com os requisitos energéticos, as exigências de proteína aumentam nesta fase,
sendo necessários 5,55 g de PD/kg de peso metabólico para atender a mantença e
gestação (Sengar, 1980). Em proteína bruta, adicionar aos requisitos de mantença 30 g
e mais 20 g por kg de peso ganho (Brown, 1980).
Produção de leite
Para a mantença de cabras em lactação, são necessárias a 98 kcal de ED/kg de
peso metabólico e 1.520 kcal de ED/kg de leite produzido, corrigido para 4 % de
gordura (SENGAR, 1980).
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31. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 31
Vitaminas e minerais
As deficiências de minerais e vitaminas podem ter conseqüências graves em
cabras altas produtoras. Para dar uma noção das necessidades de minerais, pode-se
observar que uma cabra produzindo 600 kg de leite por ano excreta mais do dobro das
matérias minerais contidas em seu corpo. Aquelas que produzem 1.200 kg por ano
excretam, pelo leite, nos primeiros 50 dias de lactação, uma quantidade de minerais
equivalente à contida em seu esqueleto. Assim, os riscos de deficiência, principalmente
de Ca e P, são sérios, devendo a alimentação ser ajustada aos requisitos de produção
.
A carência de microelementos também traz conseqüências, sendo a cabra mais
sensível que outros ruminantes . Os sintomas de deficiência mineral são encontrados
no capítulo referente à sanidade do rebanho.
Água
A ingestão de água varia com a temperatura ambiente e os níveis de produção.
Para os trópicos estima-se em 4,0 - 4,5 por kg de MS ingerida (DEVENDRA, 1978). Em
temperaturas médias de 12 a 18o C, cabras secas ingerem 2 kg/kg de MS e; quando
em lactação, 3,5 a 3,8 por kg de MS (MORAND-FEHR et al. 1981).
É importante que a água seja oferecida à vontade, pois a restrição causa
diminuição no consumo de MS e na produção de leite. Deve ser potável e
preferivelmente “morna”, pois a temperatura tem grande influência no consumo.
4.8 Alimentação por categoria
Cabritos em crescimento
Nesta fase, a partir do quarto mês, os concentrados são fornecidos em
quantidades restritas. É importante oferecer volumosos tipo rico ou médio, para que os
animais atinjam mais cedo o peso mínimo para reprodução. Uma mistura de
concentrados com 14 a 16 % de PB, fornecida nas quantidades de 300 a 400 g/dia. É
suficiente para cobrir requisitos de mantença e crescimento. Quando o volumoso é de
pior qualidade, concentrados com maiores teores de PB são requeridos.
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32. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 32
Uma mistura mineral completa, disponível sem restrições, complementa os requisitos
de cálcio, fósforo e demais elementos.
Recomenda-se ajustar a relação cálcio/fósforo da ração para 2:1 ou 1,5:1 como
prevenção à urolitíase. No confinamento, quando os animais não têm acesso a
solários, administrar vitamina D por via parenteral.
Cabras no final de gestação
Nas últimas oito semanas que antecedem o parto, as cabras reduzem em torno
de 20 % a ingestão de Matéria Seca, devido ao aumento de volume do útero, que
comprime o rúmen. Neste período, exigências nutricionais são mais elevadas, já que
atendem aos requisitos da mãe e do feto em formação. Se os nutrientes não são
suficientes, a concorrência entre mãe e feto poderá levar ao aborto. Geralmente 500 a
600 g de concentrado com 20 a 24 % de PB são suficientes para atender aos
requisitos, juntamente com volumosos de boa qualidade e uma mistura mineral.
Nesta fase, é recomendável verificar os níveis de vitamina A da dieta. No
período de seca, quando as forragens verdes - principal fonte de vitamina A - são
escassas, não é raro o aborto por sua deficiência. A via mais eficiente de
suplementação é a parenteral.
Cabras em lactação
Para fêmeas de alta produção, uma dieta total à base de 16 % de PB atende aos
requisitos conjuntos de mantença e produção. Para cabras de baixa produção, sem
potencial genético, teores de 14 % de PB são suficientes. os concentrados devem ser
compostos de maneira que, juntamente com os volumosos, dêem uma dieta final com
estes teores, sendo fornecidos nas quantidades de 500 g para a mantença e 200 a 300
g/kg de leite produzido. Assim, quando o volumoso é do tipo rico ou médio,
concentrados com 16 a 20 % de PB são suficientes para atender aos requisitos. Já
com os tipos pobre ou muito pobre, os concentrados devem ter de 22 a 24 % de PB.
Existem outros fatores limitantes a serem observados na formulação da dieta. Deve-se
verificar sempre se os níveis de energia, cálcio e fósforo atendem aos requisitos,
principalmente de cabras altas produtoras. Mesmo tendo à disposição uma mistura
mineral, os altos requisitos de produção não são cobertos, pois as cabras não
Adelmo Ferreira de Santana
33. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 33
conseguem ingeri-las em quantidades suficientes. É recomendável incorporar ao
concentrado 3 % de uma mistura mineral completa ou 1,5 % de ortofosfato bicálcico ou
farinha de ossos calcinada e 1,5 % de sal traço mineralizado. Caso os volumosos
contenham teores baixos de cálcio, incorporar também aos concentrados 1 % de
calcário ou farinha de ostras.
Durante a lactação, é importante que a alimentação seja oferecida
individualmente, para que as cabras sejam suplementadas segundo sua produção.
Deve-se fornecer concentrados durante a ordenha, ou fora deste período, quando o
cocho coletivo disponha de canzis para contenção dos animais.
Alimentação dos reprodutores
Devido à alta incidência de cálculos urinários em machos, faz-se necessário o
balanceamento da dieta total, para que contenha cálcio e fósforo nas proporções
2,0:1,0 ou 1,5:1. Para animais adultos (idade acima de dois anos), concentrados com
16 a 18 % de PB oferecidos nas quantidades de 500 a 700 g/dia, juntamente com
volumosos de média qualidade, atendem aos requisitos de mantença. Durante a
estação de monta, principalmente se o bode servir a um número excessivo de cabras,
estas quantidades podem ser aumentadas. O que não se deve permitir é o desgaste
excessivo do reprodutor ou sua engorda, pois ambos prejudicam o desempenho
sexual.
Suplementação mineral
Diversos fatores dificultam a suplementação mineral dos caprinos. Dentre eles,
as poucas pesquisas referentes ao assunto e a inexistência no mercado de misturas
comerciais prontas.
A melhor mistura mineral para um criatório é aquela baseada na análise do solo,
forrageiras e água da região. Quando for impossível fazer estas análises, as misturas
comerciais para bovinos podem ser utilizadas, dando-se preferência às que contenham
níveis altos de ortofosfato bicálcico ou farinha de ossos (acima de 40 % na mistura
final) e que sejam fabricadas por firmas idôneas. Para a escolha, verificar os requisitos
de cabras leiteiras, citados na Tabela 7. Caprinos adultos ingerem aproximadamente
15 g de uma mistura mineral completa por dia.
Adelmo Ferreira de Santana
34. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 34
Embora os minerais que compõem a mistura devem estar de acordo com a
composição das forrageiras, dá-se a seguir uma fórmula, esclarecendo que não é
adequada para todas as regiões do Brasil. Existem diversos sinergismos e
antagonismos entre elementos, como o cobre e molibdênio, magnésio e cálcio, a serem
considerados.
Mistura mineral
Ortofosfato bicálcico....................................................50,000
Sulfato de cobre............................................................ 0,300
Sulfato de cobalto......................................................... 0,050
Sulfato de zinco............................................................ 0,120
Iodato de potássio......................................................... 0,015
Cloreto de sódio...........................................................49,515
4.9 Tipos de alimentos
Conforme já citado neste capítulo, a cabra tem preferência por forrageiras de
porte alto, que estejam à altura de sua cabeça, ingerindo principalmente as de folhas
largas, como leguminosas e arbustos. Embora tenha preferência, a cabra se adapta
facilmente a vários tipos de alimentos, ingerindo um número muito maior de espécies
forrageiras quando comparada a outros ruminantes domésticos. Assim, em pastagens
bem formadas, sua dieta pode se compor em grande parte de gramíneas.
Na formação de pastagens, os hábitos alimentares dos caprinos devem ser
levados em consideração. Seja qual for a forrageira escolhida para plantio,
leguminosas nativas, rasteiras ou arbustivas, podem ser preservadas juntamente com
outros arbustos e plantas herbáceas. Para decidir sobre a preservação ou erradicação
de determinada espécie, deve-se observar os caprinos em pastoreio, verificando se é
por ele ingerida ou recusada.
Para a escolha da forrageira, as condições climáticas e do solo de cada região
devem ser apreciadas pelo criador. Numerosas gramíneas e leguminosas são bem
aceitas pelos caprinos, cada uma delas com vantagens e desvantagens.
Gramíneas
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35. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 35
Capim-elefante (Penisetum purpureum Schum)
As variedades Napier e Camerum vêm sendo usadas em piquetes para
pastoreio direto. Apenas suas folhas são ingeridas pelos caprinos, sendo necessário o
corte periódico dos talos. Para bom aproveitamento, manejar os piquetes de maneira
que sua altura se mantenha em torno de 80 cm. Apresentam vantagens no controle de
verminose quando comparadas a gramíneas de porte baixo, mais sujeitas à
contaminação pelas fezes.
Gramínea de porte baixo ou médio
Estão sendo utilizadas, com destaque, o Brachiaria decumbens, Setaria anceps
(var. Kazungula), Cenchrus ciliaris (capim buffel), Hyparrhenia ruffa (capim-jaraguá),
Mellinis minutiflora (capim-gordura), entre outros.
Leguminosas
A consorciação com leguminosas rasteiras ou arbustivas é de grande utilidade
para melhorar o valor nutritivo das pastagens. Podem ser citados a Leucaena
leucocephala (leucaena), Glycine wightii (soja perene e variedades), Galactia striata,
Centrosema pubescens (centrosema), Cajanus cajan (feijão-guandu) e a Prosopis
juliflora (algarobeira).
O uso das pastagens mistas é particularmente aconselhável para caprinos que
mostrem menores produtividades e até distúrbios reprodutivos, quando recebem por
muito tempo uma única espécie de forrageira como volumoso. A caatinga do Nordeste,
constituída basicamente por árvores e arbusto, vem sendo usada a longo tempo.
Devido à preferência da espécie por vegetação arbustiva, esta pastagem seria ideal
para o caprino se não fosse a variação estacional na produtividade; o semeio de
gramíneas nativas e exóticas tem sido praticado, visando aumentar a capacidade de
suporte da caatinga. Mais pesquisas são necessárias para se determinar os reais
efeitos destas técnicas.
5. INSTALAÇÕES
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36. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 36
Desde o início da exploração dos animais domésticos, o homem sentiu a
necessidade de utilizar meios que facilitassem as operações de manejo e, ao mesmo
tempo, propiciassem conforto e segurança aos mesmos. Daí surgiu a idéia de edificar
instalações as quais, aos poucos, foram-se adequando às exigências de cada tipo de
função desempenhada.
5.1 Instalações de contenção
Cercas
Pode representar cerca de 10 % do custo total da exploração caprina, uma vez
que exige uma grande quantidade de material (arame, madeira, grampo etc.), bem
como mão-de-obra para sua preparação e manutenção. A cerca desempenha funções
importantíssimas na criação, como por exemplo:
- divisão e manejo das pastagens;
- isolamento dos animais (doentes, recém-nascidos, recém adquiridos, gestantes etc.)
- separação dos animais (jovens e adultos);
- alimentação diferencial, de acordo com a categoria ou estado fisiológico dos animais
(gestantes, lactantes, em aleitamento, desmame, engorda, parto etc.);
- proteção dos animais (evitando perdas por evasão, roubo etc.);
- proteção das pastagens novas (evitando degradação das mesmas e permitindo sua
recuperação);
- restrição à promiscuidade entre os animais, evitando focos de infestação.
Condições importantes da cerca: atingir o propósito a que se destina; ter longa
duração; reduzir mão-de-obra e seu custo de manutenção.
Tipos de cercas:
- arame farpado - com 9 fios e estaca de metro em metro;
- madeira: - vara; pau a pique; cama e tesoura;
- pedra;
- elétrica;
- cerca viva;
- mista;
- tela.
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37. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 37
Altura mínima: 1,5 m
Aprisco
A natureza e o tipo de instalação dependem do fim que se tenha em vista na
exploração, e do sistema de produção adotado. Assim, no sistema extensivo, há uma
necessidade mínima de instalações. Já o sistema semi-extensivo ou misto requer mais
instalações e, no intensivo, a exigência de instalações e equipamentos é a maior de
todas, face ao seu grau de sofisticação técnica.
Nas criações extensivas do Nordeste do Brasil, há um tipo de instalação
bastante conhecido, o chiqueiro, que consiste em uma pequena área, com ou sem
sombras, cercada de pau-a-pique.
Os chiqueiros são usados mais como proteção contra predadores. Suas condições
higiênicas são precárias e eles se destinam a animais produtores de pele e carne. Já
nos sistemas mistos e intensivo de exploração do Nordeste, adotam-se os apriscos,
que podem ser:
a) de chão batido - constituídos por uma área aberta, cercada de madeira, com uma
parte coberta de telhas, palha etc.;
b) de pino suspenso - formado por ripado de madeira, a uma altura de 80 cm do solo,
2
separações entre si de 1 cm e com área de 1,0 a 1,5 m por animal.
Maternidade
A maternidade é composta de baias especiais num mesmo galpão, ou em
galpões separadas para cabras em adiantado estado de gestação. Essas
acomodações podem ser individual ou coletivas. Também podem existir maternidades
coletivas, com divisões móveis, para serem utilizadas quando necessário. A
maternidade tem grande importância na assistência ao parto, na garantia de condições
higiênicas para o recém-nascido e na própria preservação da cria contra predadores.
Na falta da maternidade, pode ser usado o chamado piquete maternidade, que consiste
em uma pequena área desmatada, plantada com capim de pisoteio, onde as matrizes
poderão realizar seus partos. Nas baias-maternidade, deve existir uma área coberta de
2
1,5 a 2,0 m por animal, com um pé direito de 2,5 m de altura..
Cabriteiro
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38. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 38
É um local destinado ao alojamento das crias, situado no interior do galpão e
protegido contra vento, umidade, sol e chuva. O cabriteiro precisa ter as melhores
condições higiênicas possíveis. O piso pode ser construído de ripado; é possível
também utilizar cama de capim seco, palha ou areia grossa, para evitar a umidade, a
qual deve ser removida semanalmente.
Brete
O brete é uma instalação muito útil a execução de certas práticas com os
animais, principalmente aquelas relacionadas com vacinação, vermifugação, marcação,
pesagem etc. Permite um trabalho rápido, eficiente, evitando acidentes e “stress” dos
animais. Deve ser localizado na intercomunicação entre 2 currais de manejo; na
entrada, deve ser construída uma seringa (forma de funil) para facilitar a chegada dos
animais no brete. Na saída do brete, pode ser localizada uma balança, protegida por
uma coberta. O tamanho do brete varia de acordo com o número de animais do
rebanho
5.2 Instalações de apoio
Comedouros
Os comedouros são utilizados para administração de ração balanceada e outros
concentrados, bem como capim picado.
Podem ser de vários tipos, modelos e tamanhos, adequando-se às necessidades e ao
número dos animais.
A sua distribuição se dá nas instalações ou no campo, podendo ser fixos ou
móveis. nas instalações do lado de fora, para evitar desperdício e contaminação por
fezes e urina; além do mais isso facilita o abastecimento.
Os comedouros são construídos, em geral, de madeira (tábua, bambu etc.).
Bebedouros
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39. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 39
A distribuição da água poderá ser feita através de bebedouros localizados na
parte externa das baias, para evitar contaminação com urina ou fezes, facilitar a
limpeza e evitar umidade nas instalações.
Os bebedouros podem ser dos tipos:
-baldes plásticos ou de metal (limpeza trabalhosa ou pouco funcional);
-bebedouros automáticos (sistema de válvula acionado pelo focinho dos animais,
permitindo a saída da água);
-bebedouros de nível constante (vasos comunicantes), que apresentam a vantagem de
serem funcionais, de fácil execução e limpeza e de baixo custo;
-cochos de alvenaria ou tanques com caneletas laterais.
Saleiros
Os saleiros exercem um papel importante na mineralização dos animais. Por
isso, devem ser colocados nas clareiras da mata, em local plano e de fácil acesso, para
criações extensivas, e nos centros de manejo ou piquetes, para os sistemas de criação
intensivo e misto.
Para a mineralização, constroem-se cochos de madeira com 50 cm de
comprimento por 15 cm de altura e 20 cm de largura, suspensos do chão a 40 cm, e
protegidos do sol e chuva por uma coberta de telha, palha ou outro material disponível
na região.
Os saleiros devem ser distribuídos em todas as áreas de pastejo dos animais.
Em geral, evitando-se que fiquem próximos das aguadas, como também o uso de
material corrosivo na sua construção. Nos saleiros rústicos, tem-se lançado mão de
pneus velhos.
Plataforma de ordenha
Pode ser: - individual; - coletiva.
A plataforma individual é mais usada onde o número de animais a serem
ordenhados seja inferior a 20. Nela, o ordenhador trabalha sentado, a cabra é contida
por um canzil e recebe concentrado durante a ordenha. Acima de 20 cabras em
lactação, recomenda-se o uso de plataformas coletivas, que podem ser construídas de
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40. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 40
madeira (ripado) ou cimento, sendo que o segundo tipo é de mais fácil limpeza. As
plataformas coletivas podem ser construídas em linha reta, em ângulo, em paralelo ou
em forma de U. Em qualquer dos casos, devem ser considerados: a) uma largura de 60
cm; b) um comprimento, para cada animal, de 1,0 m; e c) uma altura do solo de 80cm,
com rampa de subida e descida. O comprimento varia em função do número de
animais a serem ordenhados. O material para a construção de qualquer tipo de
plataforma deve ser resistente e deve facilitar a higiene das instalações após a
ordenha.
As sala de ordenha podem ser dos tipos: em túnel; em forma de espinha de
peixe E em sistema rotativo.
As salas de ordenha em túnel são fáceis de se utilizar por até 2 ordenhadores.
Aquelas construídas em forma de espinha facilitam a colocação da máquina e
favorecem a vigilância do ordenhador, sendo recomendadas para rebanhos médios, de
30 a 80 animais.
O sistema rotativo é rápido e eficiente, porém a operação torna-se cara; sua
utilização é recomendada para rebanhos grandes, acima de 80 animais.
Quanto à capacidade, as salas de ordenha podem ser:
. pequenas - destinadas a ordenha simultânea de 4 a 5 cabras;
. médias - com capacidade para ordenhar 10 a 25 cabras simultaneamente;
. grandes - oferecendo condições de ordenha acima de 25 cabras simultaneamente.
O uso de máquinas só se justifica quando se possui rebanho acima de 40
animais. Cada cabra requer cerca de 2 a 2,5 minutos para ser ordenhada e,
dependendo de sua produção, poderá ser ordenhada 2 vezes por dia. O local das
edificações das salas de ordenha é de fundamental importância. Deve ser tranqüilo,
sem odores ativos, portanto, distante dos reprodutores, e com bastante água para
higienização.
Anexo para manipulação do leite
A sala de ordenha apresenta uma série de vantagens:
. permite a obtenção de leite mais higiênico;
. proporciona maior conforto às cabras;
. facilita a ordenha e oferece melhores condições de trabalho ao ordenhador;
. apresenta menor custo de construção em relação a um estábulo;
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41. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 41
. redução de mão-de-obra, tempo de ordenha e prejuízos resultantes das variações do
nível profissional dos manejadores que, freqüentemente, entram e saem da
exploração.
Mas a sala de ordenha apresenta também seus inconvenientes:
. custo adicional com instalações e equipamentos;
. exigências de movimentações mais freqüentes dos animais
Depósito
É o local destinado ao armazenamento de material, ração equipamentos etc.
Local para preparar ração
Área onde se instala o picador e o triturador de ração
Fonte de água
A cabra gosta de água limpa e, por essa razão o melhor para o seu
abastecimento seria a água corrente, proveniente de córregos ou conduzida em valas
ou calhas de cimento ou madeira, simplesmente bebedouros de qualquer tipo. Quando
não existe essa condição, pode-se sanar essa falta por meio de poços de onde a água
retirada, por meio de bomba e/ou moinho (catavento) para bebedouros. As fontes de
abastecimento d’água podem ser : açudes, barreiros, cacimbas, rios, córregos e
nascentes.
Baias para reprodutores
As baias para reprodutores devem ser construídas o mais distante possível das
cabras em lactação, para evitar que o leite fique impregnado com o cheiro ou odor
hicino do reprodutor.
2
Nessas baias, deve existir uma área coberta de, no mínimo, 3m , com cocho de
forragem, concentrado, sal mineral e água em anexo, faz-se um curral plano,
descoberto, destinado ao exercício, à realização das coberturas e à exposição dos
animais ao sol.
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42. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 42
Local para isolamento
A enfermaria é uma dependência essencial de um estábulo bem organizado.
Tem por objetivo recolher os animais doentes ou suspeitos de portarem alguma doença
contagiosa. O seu tamanho varia com a dimensão do rebanho, porém ela deverá
conter dependências individuais que abriguem pelo menos 5 % do efetivo total.
Preferencialmente, esses locais individuais devem ter uma área de 4 a 5m2, incluindo
abrigo e área de exercício.
Pedilúvio
Os pelúvios são pequenos quadrados de alvenaria ou concreto, feitos
geralmente na entrada das instalações, que contém solução desinfetante, com o
objetivo de promover a desinfecção dos cascos dos animais. Eles se revestem de
grande importância na prevenção de frieiras ou podermatite dos caprinos. Geralmente
são usados nos pedilúvios o cal virgem 40 % iodophor de 100 a 200 mg/l, formol a 5 %
etc. As soluções devem ser trocadas semelhantemente, e as dimensões ideais são: 1m
de comprimento, por 10 cm de profundidade, e largura correspondente à da porteira.
Solários
Quando o sistema de criação usado é o intensivo (confinado), é aconselhável o
uso do solário, que consiste em uma área aberta, anexa ao aprisco, e cuja finalidade é
permitir que os animais recebem sol algumas horas do dia e se exercitam. Cabras que
não tomam sol nem realizam exercícios normalmente têm problemas de “stress”,
traduzindo em anemia, raquitismo e diminuição da fertilidade.
Esterqueira
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43. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 43
A esterqueira tem por objetivo armazenar os excrementos e detritos retirados
das instalações, os quais serão guardados nas melhores condições possíveis, para que
fiquem bem curtidos e sirvam como bom adubo orgânico. Com esse tipo de instalação,
escondem-se sujeiras, evita-se a proliferação de moscas e curte-se o material,
diminuindo os riscos de contaminação da água e dos alimentos, e melhorando suas
características como adubo. Pode ser de vários tamanhos, tipos e materiais. Cada
cabra produz em média 600 kg de esterco por ano.
6. RAÇAS INDICADAS
6.1 Raças leiteiras
Saanen
Cabeça - Média cônica, alongada e fina bem proporcionada e descarnada. No
macho, barba longa e na fêmea pequeno focinho grande e largo. Perfil sub-côncavo ou
retilíneo. Orelhas pequenas ou médias e eretas. Chifrudo ou mocho. Olhos grandes e
castanhos - claros.
Pescoço - Nos machos, forte bem implantado. Proporcional ao corpo. Nas
fêmeas delgado e harmonioso. Com ou sem brincos.
Corpo - Bem conformado, longo e profundo saliente e amplo, bem largo no
macho. Linha dorso lombar retilínea. Tórax amplo e profundo, costelas bem arqueadas
e grande perímetro do tórax. Ventre amplo, profundo e de boa capacidade. Ancas bem
separadas. Garupa longa e larga, suavemente inclinada.
Membros - Fortes, bem proporcionados e bem aprumados. Cascos fortes,
amarelo claro e alongados.
Órgãos genitais - Testículos normalmente desenvolvidos e móveis. Bolsa
escrotal tamanho de médio, pele solta e flexível. Vulva rosada e normalmente
desenvolvida.
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44. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 44
Glândula mamária - Com úbere globoso, volumoso, bem inserido, livre de
carnosidade e simétrico. Veias mamárias longas, grossas e tortuosas. Tetas simétricas
apontando para baixo e um pouco para frente.
Pelagem - Branca, pelos curtos, finos, podendo ser um pouco mais longos na
linha dorso lombar e na partes baixa do corpo.
Aptidão - Leiteira.
Toggenburg
Cabeça - Média, cônica e alongada, fronte larga, notadamente nos machos, com
barba bem desenvolvida nos machos e pequena nas fêmeas. Perfil sub-côncavo.
Orelhas pequenas ou médias, levantadas e dirigidas para frente. Com chifres ou
mochos. Olhos grandes castanhos claros e brilhantes.
Pescoço - Nos machos, fortes bem implantado. Proporcional ao corpo. Na
fêmea delgado e harmonioso, com ou sem brinco.
Corpo - Bem conformado, longo e profundo. Peito largo, regulamente saliente e
amplo. Linha dorso lombar retilínea. Tórax profundo e largo, amplo e com costelas
bem arqueadas. Ventre amplo, profundo e de boa capacidade. Ancas bem separadas.
Garupa longa, larga e suavemente inclinada.
Membros - Fortes de comprimento médios e bem aprumados e proporcionais
ao corpo.
Orgãos genitais - Testículos normalmente desenvolvidos e móveis. Bolsa
escrotal de tamanho médio, pele solta e flexível. Vulva normalmente desemvolvida e
de cor rósea.
Aparelho mamário - Úbere simétrico, bem desenvolvido, sem carnosidade, bem
inserido, veias mamárias volumosas, bem desenvolvidas e tortuosas. Tetas simétricas,
tamanho médio ligeramente voltados para fora e para frente.
Pelagem - Cor acinzentada, variando do claro ao escuro, com duas faixas
brancas, contínuas nas fêmeas que partindo da orelha e passando próximo aos olhos
vão terminar ao lado da boca. Ponta do focinho e das bodas das orelhas brancas. Parte
distral dos membros branca. Sendo que, na face interna, esta mancha continua até a
inserção com o tronco. Triângulo branco na inserção da cauda. Nos machos, pelos
longos ou curtos. Nas fêmeas pelos macios finos e brilhantes.
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45. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 45
Alpina
Cabeça - Média, cônica, alongada e fina, testa bem proporcionada e
descarnada. No macho barba longa e na fêmea ausente ou pouco desenvolvida.
Focinho longo e largo. Perfil sub-côncavo. Com chifres ou mochos. Olhos grandes,
claros, amarelo- pardo ou castanho-pardo. Orelhas finas, retas, estreitas, de tamanhos
médios, saindo para os lados e para cima, conchas auriculares alongadas e bem
formadas.
Pescoço - Nos machos forte e bem implantado.
Corpo - Bem conformado, longo e profundo. Peito saliente e amplo, bem largo
nos machos. Linha dorso lombar retílinea. Torax profundo e costelas bem arqueadas.
Ancas bem separadas. Garupa longa e suavemente inclinada. Ventre amplo e bem
conformado.
Membro - Bem conformados, forte e bem separados. Cascos pretos e fortes.
Orgaõs genitais - Testiculos desenvolvidos, bem conformados e movediços.
Bolsa escrotal. Tamanho médio, pele solta e flexível. Vulva bem conformada, com
lábios delicados e de coloração rósea.
Aparelho mamário- Úbere volumoso, bem inserido, livre de carnosidades e
simetricos. Veias mamárias longas, grossas e tortuosas. Tetas de tamanho médio,
bem distintas, apontando para baixo e ligeiramente para frente.
Pelagem - Castanho - parda, apresentando listas preta da nuca até garupa,
ventre preto ou creme, chanfro a parte distral dos membros pretos ou creme, com listas
pretas. Pelagem preta uniforme. Pelagem castanho - parda, com manchas brancas
(malhada). Pelagem repartida: a parte anterior do corpo castanho – claro. Pelagem:
Repartida com a cabeça, pescoço, membros e parte ventral do corpo castanhos, dorso,
lombo e francos castanhos-escuros ou pretos; parda, preta, malhada e suas
combinações, pelos curtos e lisos.
Aptidão - Leiteira
6.2 Raças mistas
Anglonubiana
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46. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 46
Cabeça - Bem conformada, proporcional ao corpo. Perfil convexo. Orelhas
implantação alta, médias, longas espalmadas, pendentes, dirigidas para fora e voltadas
para frente nas extremidades ultrapassando a ponta do focinho até 3cm. Mocho ou
chifrudo quando for de origem canadense. Olhos vivos, grandes e brilhantes.
Pescoço - Bem implantado, musculoso, médio ou sem barbela nos machos.
delicado, bem levantado nas fêmeas.
Corpo - Longo, profundo e bem conformado. Peito amplo, musculoso e
profundo. Linha dorso lombar retilínea e larga. Tórax profundo costelas bem
arqueadas. Ventre amplo, profundo e de boa capacidade. Ancas bem separadas.
Garupa longa, larga, suavemente inclinada.
Membros - Fortes, bem aprumados. Cascos fortes, coloração de acordo com a
pelagem.
Órgãos genitais - Testículos normalmente desenvolvidos, médios e móveis.
Bolsa escrotal normalmente desenvolvida, pele solta e flexível. Vulva normalmente
desenvolvida, pele solta e desenvolvida.
Aparelho mamário - Úbere volumoso, macio e bem inserido. Tetas simétricas,
dirigidos ligeiramente para frente.
Pelagem - Qualquer pelagem, pelos curtos e brilhantes. Pele solta e média,
predominantemente a cor escura. Mucosas predominantemente escura.
Aptidão - Carne e leite
Defeitos desclassificatórios - Cabeça grande, perfil reto ou côncavo, orelhas
pequenas ou excessivamente longas, pescoço fino nos machos, corpo estreito e
curto, garupa curta e acentuadamente inclinada e pelos longos.
Mambrina
Cabeça - Grande, forte e larga. Perfil sub-convexo e ultra convexo. Orelhas
longas, largas e pendentes, ultrapassando o focinho e espalmadas, apresentando uma
curva para dentro e para fora nas extremidades. Chifres nos machos: largos, saindo
para os lados e espalmado para cima e para trás. Nas fêmeas: espalmado e para trás.
Olhos cinzentos ou pretos.
Pescoço - Nos machos: músculos, bem implantado, com ou sem barbela. Nas
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47. PRODUÇÃO DE CABRA DE LEITE 47
fêmeas: delicado
Corpo - Bem conformado, longo e profundo. profundo. Peito largo e musculoso.
Linha dorso lombar retilínea, larga e longa. Tórax profundo e bem conformado, costelas
bem arqueadas.
Ventre amplo, profundo e de boa capacidade. Ancas bem separadas. Garupa longa,
larga e suavemente
Membros - Medianos, fortes e aprumados. Cascos fortes,coloração de acordo
com a pelagem.
Órgãos genitais - Testículos normalmente desenvolvidos. Bolsa escrotal
normalmente desenvolvida, pele solta e flexível. Vulva normalmente desenvolvida
Aparelho mamário - Úbere bem conformado e macio, volumoso e globular.
Tetas simétricas e proporcionais ao úbere.
Pelagem - Qualquer pelagem. menos a pelagem da raça toggenburg. Pele
flexível, média, predominando a cor escura. Mucosas escuras.
Aptidão - Leite, carne e pele.
Defeitos desclassificatórios - Cabeça pequena, perfil côncavo, orelhas que
não ultrapassam o focinho estreitas e dobradas, mocho, pescoço fino nos machos,
corpo estrreito e curto, peito estreito, garupa inclinada, estreita e pelagem
característica da raça toggenburg e mucosas despigmentadas.
Jamnapari
Cabeça - Pequena, com fronte estreita, curta descarnada, convexa. Perfil ultra
convexo. Orelhas bem compridas, implantação baixa, pendente e dobradas ao meio
longitudinalmente em sua principal extensão, sobrepostas a partir do ponto de
inserção. Na sua extremidade, dirigindo-se ligeiramente para fora, para cima e para
trás. Vistas lateralmente descrevem um semi - círculo em direção caudal. Chifres nos
machos: médios, chatos, fortes e saindo para trás, para fora e para baixo. Fêmeas:
mais levantados e delicados. Olhos vivos e castanhos.
Pescoço - Proporcional ao corpo, médio com barbela nos machos bem
implantado no tronco. Nas fêmeas, um pouco mais fino e delicado.
Corpo - Comprido e bem conformado. Peito nos machos: médio, musculoso,
de pelos finos e compridos. Fêmea: mais delicado. Linha dorso lombar reta, tendo o
Adelmo Ferreira de Santana