Hierarquização e epidemiologia das doenças bucais:
Saúde bucal no mundo
Levantamentos nacionais de Saúde Bucal
Produção social de doença e de doença bucal
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Hierarquização e epidemiologia das doenças bucais
1. Faculdade de Odontologia
Disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva II
Hierarquização e
Epidemiologia das
Doenças Bucais
Professora Me. Adélia Delfina da Motta Silva Correia
Campo Grande, 22 de setembro de 2014
2. Contextualização das Doenças Bucais
no Mundo
As doenças bucais de maior prevalência continuam sendo a cárie
dentária, doença periodontal e câncer de boca. Em muito países em
desenvolvimento o acesso aos serviços de saúde bucal é limitado e
dentes geralmente não são tratados ou são extraídos devido a dor ou
desconforto.
Infelizmente no mundo, a perda de dentes ainda é vista por muitas
pessoas como uma consequência natural do envelhecimento. Enquanto
em alguns países industrializados existe uma tendência positiva de
redução da perda dentária em adultos no últimos anos, a proporção de
adultos edêntulos acima de 65 anos de idade ainda é alta. Nos EUA 26%
dessa população já perdeu algum dente, na Finlândia 41 e no Reino Unido
46 . Segundo o último levantamento epidemiológico de saúde bucal
realizado no Brasil em 2010, nossos idosos já perderam em média 25
dentes.
3.
4. Contextualização das Doenças Bucais
no Mundo
As ações prioritárias para a melhoria das condições de saúde bucal são, conforme
recomendado pela WHO:
Uso efetivo de Fluoretos
Dieta e nutrição saudáveis
Controle do Tabaco
Saúde bucal para jovens e crianças através de escolas promotoras de saúde
Melhoria na saúde bucal entre os idosos
Saúde bucal, saúde geral e qualidade de vida
Sistemas de saúde bucal
HIV/AIDS e saúde bucal Sistemas de informação em saúde bucal, evidências em prol
de políticas de saúde bucal e formulação de metas
Pesquisa em prol da saúde bucal
Petersen, 2008
5. Contextualização das Doenças Bucais
no Mundo
Bases políticas para Programas de Saúde Bucal
Saúde bucal é integral e essencial à saúde geral
Saúde bucal é um fator determinante para a
qualidade de vida
Saúde bucal - saúde geral
Cuidados próprios de saúde bucal reduzem
mortalidade prematura
Qual é o peso da doença oral?
O peso das doenças orais e fatores de risco
comuns
Vigilância em saúde bucal e metas
WHO, 2003
12. Contextualização das Doenças Bucais
no Mundo
Doenças bucais: um problema de saúde para a Europa
Doenças orais, incluindo a cárie dentária e doenças periodontais,
estão entre os mais importantes encargos globais de saúde,
afetando a maioria das crianças em idade escolar e adultos ao
redor do mundo.
Apesar de uma melhoria na prevalência de cárie dentária em
crianças e adultos jovens na Europa Ocidental e um declínio no
percentual de pessoas sem dentes naturais, cáries continuam a ser
um grande problema, especialmente na Europa Oriental e em
grupos socioeconomicamente desfavorecidos em todos os países
membros da União Europeia.
Apenas 41% dos europeus ainda afirmam ter todos os seus dentes
originais.
No Reino Unido, quase um em cada quatro adultos ainda não
escova os dentes duas vezes por dia e um terço das pessoas ainda
só escova os dentes uma vez por dia, ou menos.
The State of Oral health in Europe (2012)
13. Contextualização das Doenças Bucais
no Mundo
Doenças bucais: um problema de saúde para a Europa
O câncer de boca é o quinto tipo de câncer mais importante para os homens
na Europa.
Na Hungria, 3.800 novos casos são diagnosticados a cada ano, com cerca de
1.700 mortes associadas. Em comparação, quase 6.000 novos casos de câncer
de boca são diagnosticados no Reino Unido a cada ano e mais de 1.800
pessoas morrem de câncer de boca por ano no UK.
Se a Alemanha é feita como um exemplo, cerca de uma em cada cinco
pessoas sofre de periodontite, de acordo com a OMS. Devido às insuficiências
da epidemiologia periodontal, está longe de ser claro se a saúde periodontal
da população europeia está a melhorar. No entanto, é claro que o número de
diabéticos está aumentando e que mais pessoas estão retendo seus dentes em
sua velhice. Esses grupos estão em maior risco de destruição periodontal.
Existem profundas disparidades de saúde bucal entre os países da UE,
relacionadas ao nível socioeconômico, idade, sexo ou estado geral de saúde,
tal como reconhecido pelo Parlamento Europeu na sua resolução sobre
Desigualdades em Saúde (2010). A utilização de serviços odontológicos é
consideravelmente maior entre os grupos de alta renda em relação aos grupos
de baixa renda.
The State of Oral health in Europe (2012)
14. Contextualização das Doenças Bucais
no Mundo
O custo das doenças orais na Europa
A Doença Oral é a quarta doença mais dispendiosa de tratar.
Atendimento odontológico curativo tradicional é um ônus
econômico significativo para muitos países industrializados, onde 5-
10% das despesas de saúde pública relaciona-se com a saúde
bucal.
Em toda a UE, a prestação de cuidados de saúde oral foi estimada
em valor superior a 54 mil milhões de euros por ano em 2000 e o
número tem aumentado substancialmente desde então.
Só na Alemanha, 18,000,000,000 € são gastos anualmente em
serviços odontológicos pela sistema seguro de saúde de
estatutários, além de passar ainda por outras fontes.
O custo de manutenção de dentes, especialmente para adultos, na
segunda metade de suas vidas, que frequentemente têm dentes
muito restaurados, é elevado. Neste contexto, a evolução
demográfica representa um desafio para a saúde oral.
The State of Oral health in Europe (2012)
15. Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
1º Levantamento de abrangência nacional teve seus resultados divulgados
em 1988, organizado pela Divisão Nacional de Saúde Bucal (DNSB) do
Ministério da Saúde, sob o comando do Dr. Vitor Gomes Pinto.
Foi realizado em1986, com base nas seguintes justificativas:
1. “o reconhecimento de que, somente com dados fidedignos tornar-se-ia
possível o desenvolvimento de ações preventivas, educativas e curativas com
a necessária amplitude no país”
2. “a evidência de que a demanda por serviços odontológicos é limitada (...)”
3. “a possibilidade cada vez mais próxima e concreta de implementação de um
programa nacional de saúde pública em odontologia, para o qual esses
subsídios são essenciais”
Oliveira,2006
16. Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
Em suma, de uma maneira ou de outra, se
falava, concretamente – provavelmente pela primeira
vez em caráter nacional – no estabelecimento de um
modelo de atenção à saúde bucal de base
epidemiológica. Neste sentido, o levantamento de 1986
pode ser considerado um marco no desenvolvimento
da epidemiologia em saúde bucal no país, a despeito
de suas limitações(...).
Oliveira, 2006
17. Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
Levantamento de 1986
6 até12 anos – 15.480 exames em escolas
15 a 19 anos
35 a 44 anos exames domiciliares
50 a 59 anos
Avaliação de cárie e doença periodontal
Somente em zona urbana de 16 capitais
Oliveira,2006
27. Metas Estabelecidas para 2010
OMS/FDI, Suécia, 1993
METAS
ANO
IDADE
12 ANOS 18 ANOS 35-44
ANOS
65-74
ANOS
2010
CPO-D <1 100% P=O
90% com 20
ou+ dentes;
até 2%
desdentados
Até 5%
desdentados
Fonte: BRASIL, 2001.
28. Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
Levantamento de 1993
☻3 a 14 anos
☻ Realizado pelo Serviço Social da Indústria (SESI)
☻ Financiamento Ministério da Saúde e Kolynos do
Brasil
☻ Amostra “enviesada” – escolas do SESI na amostra
☻ Coordenado por Dr. Vitor Gomes Pinto
☻ 110.640 crianças em 114 cidades de 22 unidades
federadas
☻ 52.190 de escolas públicas e 58.450 de escolas do
SESI SESI, 1993
29. Levantamento de 1993
SESI, 1993
Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
30. Levantamento de 1993
SESI, 1993
Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
31. Levantamento de 1993
SESI, 1993
Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
32. Estudos Epidemiológicos Nacionais
Levantamento de 1996
Doenças Bucais no Brasil
☻Realizado pela Coordenação de Saúde Bucal do
Ministério da Saúde (COSAB), em 2 etapas, sendo que a
segunda não aconteceu
☻ 6 a 12 anos
☻ CRO, ABO, SES
☻ Escolas públicas e privadas
☻ Sofreu várias críticas
Oliveira,2006
34. Levantamento de 1996
Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
Oliveira,2006
35. Levantamento de 1996
Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
Oliveira,2006
36. Levantamento de 1996
Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
Oliveira,2006
37.
38.
39.
40. O declínio da cárie dentária na população infantil está ocorrendo de forma desigual na população
brasileira.
Em relação à população infantil, tanto na dentição decídua quanto na permanente são notáveis as
diferenças na distribuição do ataque de cárie. Essas diferenças foram observadas tanto na experiência
global (CPO- D/ceo-d) quanto na análise por componentes. As crianças do Norte e Nordeste do País
apresentaram os maiores números de dentes cariados não tratados. Essas diferenças são ainda mais
marcantes na análise por porte municipal e entre os adolescentes. O ataque de cárie e o número de
dentes perdidos entre adultos e idosos são profundamente elevados.
A identificação de bolsa periodontal durante o exame indica agravamento das condições do órgão de
suporte dentário relacionadas à presença e/ou risco de infecção periodontal. Região da boca excluída do
exame reflete incapacidade funcional gerada por mobilidade e/ou perda do órgão dental. Cerca de 10%
dos adultos brasileiros possuíam bolsa periodontal em uma ou mais regiões da boca. Praticamente a
mesma proporção de adultos apresentou pelo menos um sextante da boca excluído, sendo que esse
problema atinge mais da metade dos idosos.
A perda dentária precoce é grave. A necessidade de algum tipo de prótese começa a surgir a partir da
faixa etária de 15 a 19 anos de idade.
O edentulismo continua sendo um grave problema em nosso País, especialmente entre os idosos.
Disparidades relacionadas ao acesso a serviços também foram identificadas.
BRASIL, 2004
47. Entre quem necessita
estão os que não
usam e precisam usar
e os que já usam e
precisam trocar.
Brasil, 2011
48. O primeiro inquérito nacional, realizado em 16 capitais em 1986, mostrou um CPO aos 12 anos de 6,7, ou seja,
aproximadamente 7 dentes afetados pela doença, sendo a maioria destes ainda sem tratamento. Em 2003 foi realizado o
primeiro inquérito de saúde bucal que incluiu, além de todas as 27 capitais, os municípios do interior das cinco regiões,
pesquisa que ficou conhecida como Projeto SBBrasil 2003. Naquele estudo, o CPO aos 12 anos foi igual a 2,78 e, nesta
pesquisa de 2010, o CPO aos 12 anos ficou em 2,07, correspondendo a uma redução de 26,2% em 7 anos. Considerando o
componente do CPO relativo especificamente aos dentes não tratados (cariados), a redução foi de mesma magnitude (de
1,62 para 1,21).
Entre os adolescentes de 15 a 19 anos, a média de dentes afetados foi de 4,25, mais que o dobro do número médio
encontrado aos 12 anos. Esta evolução do CPO entre a infância e a adolescência tem sido um achado comum em outros
estudos no Brasil e no mundo. Comparando-se com 2003, contudo, a redução no componente “cariado” foi de 35% (de
2,60 dentes em 2003 para 1,70 em 2010).
No que diz respeito aos adultos e idosos, em geral a redução no ataque de cárie é menos significativa, tendo em conta o
caráter cumulativo das sequelas da doença. Entre os idosos de 65 a 74 anos, por exemplo, o CPO praticamente não se
alterou, ficando em 27,5 em 2010, enquanto que, em 2003, a média era de 27,8, com a maioria correspondendo ao
componente “extraído”. Entretanto, analisando os resultados para o grupo de 35 a 44 anos, observa-se que o CPO caiu de
20,1 para 16,7 – um declínio de 17%. Mais importante: observa-se que os componentes “cariado” e “perdido” caíram mais
acentuadamente enquanto que o componente “obturado” cresceu em termos relativos. Sinteticamente, o componente
“perdido” cai de 13,23 para 7,48 enquanto que o componente “obturado” cresce de 4,22 para 7,33 (um aumento de
73,7%). Em linhas gerais, isso significa que a população adulta de 35 a 44 anos, ao longo dos últimos sete anos, está tendo
um menor ataque de cárie e está, também, tendo um maior acesso a serviços odontológicos para restaurações dentárias.
Esta é uma importantíssima inversão de tendência registrada no país: os procedimentos mutiladores, representados pelas
extrações de dentes, cedendo espaço aos tratamentos restauradores.
49. Ainda com relação à cárie dentária, cabe destaque às importantes diferenças regionais. Comparando-se
as regiões naturais, são expressivas as diferenças nas médias do CPO aos 12 anos: o Norte (com 3,16) e o
Nordeste (com 2,63) e também o Centro-Oeste (com 2,63) têm situação pior que as regiões Sudeste (1,72) e
Sul (2,06). Os valores extremos (Norte e Sudeste) mostram uma diferença de cerca de 84%. Além disso, no
Nordeste a proporção de dentes restaurados em relação ao CPO total é menor que no Sudeste, indicando
que o maior ataque da doença combina-se com menor acesso aos serviços odontológicos.
Comparativamente ao observado em 2003, esse padrão de diferenças regionais se manteve.
Cabe ressaltar, também, que atenção especial deve ser dada à dentição decídua, pois o ataque de cárie
em crianças de cinco anos foi, em média, de 2,43 dentes. Desses, menos de 20% estavam tratados no
momento em que os exames epidemiológicos foram realizados. Em 2003 a média nessa idade era de 2,8
dentes afetados – uma redução, portanto, de apenas 13,9% em 7 anos. Além disso, a proporção de dentes
não tratados se manteve no mesmo patamar de 80%.
Em termos internacionais, úteis para comparações, o último estudo sobre carga de doença bucal no
mundo foi realizado pela OMS em 2004. Na ocasião, o CPO médio mundial aos 12 anos (dados ponderados
de 188 países) foi de 1,6. Na região correspondente às Américas, a média ficou em 2,8 e, na Europa, em 1,6.
As regiões responsáveis pela baixa média mundial são a África e o Sudeste Asiático, que apresentam valores
médios baixos, geralmente explicados pelo baixo consumo de açúcares.
50. Comparando-se o Brasil com países de mesmo grau de desenvolvimento na Europa e na América, a média
brasileira se situa em um valor intermediário. Dentro da América do Sul, apenas a Venezuela apresenta
média de CPO aos 12 anos semelhante à brasileira (2,1). Os demais países possuem médias mais altas,
como a Argentina (3,4), Colômbia (2,3), Paraguai (2,8), Bolívia (4,7) e Peru (3,7).
Os resultados do Projeto SB Brasil 2010 indicam que, segundo a classificação adotada pela OMS, o Brasil saiu
de uma condição de média prevalência de cárie em 2003 (CPO entre 2,7 e 4,4), para uma condição de
baixa prevalência em 2010 (CPO entre 1,2 e 2,6).
No que diz respeito às condições periodontais, avaliadas pelo Índice Periodontal Comunitário (CPI), em
termos populacionais, estes problemas aumentam, de modo geral, com a idade. Os resultados do Projeto SB
Brasil 2010 indicam que o percentual de indivíduos sem nenhum problema periodontal foi de 63% para a
idade de 12 anos, 50,9% para a faixa de 15 a 19 anos, 17,8% para os adultos de 35 a 44 anos e somente 1,8%
nos idosos de 65 a 74 anos.
A presença de cálculo e sangramento é mais comum aos 12 anos e entre os adolescentes. As formas mais
graves da doença periodontal aparecem de modo mais significativo nos adultos (35 a 44 anos), em que se
observa uma prevalência de 19,4%. Nos idosos, os problemas gengivais têm pequena expressão em termos
populacionais, em decorrência do reduzido número de dentes presentes.
51. Quanto às diferenças regionais, cabe menção ao percentual de adolescentes sem problemas
gengivais, que varia de 30,8% na região Norte a 56,8% na região Sudeste.
Com relação ao edentulismo, avaliado pela necessidade de prótese dentária, é importante
destacar que, no Projeto SB Brasil 2010, as necessidades de próteses dentárias foram estimadas
com a finalidade de proporcionar subsídios para o planejamento dos serviços de atenção
secundária de caráter reabilitador. As próteses dentárias referidas foram a parcial e a total e
buscou-se verificar se a necessidade ocorria em um ou nos dois maxilares.
Entre os adolescentes, 13,7% necessitam próteses parciais em um maxilar (10,3%) ou nos dois
maxilares (3,4%). Não houve registro para necessidade de próteses totais. Em 2003, 27% dos
adolescentes necessitavam algum tipo de prótese. Assim, constata-se importante redução de
52% nas necessidades de prótese entre adolescentes.
Para os adultos, a necessidade de algum tipo de prótese ocorre em 68,8% dos casos, sendo que
a maioria (41,3%) é relativa à prótese parcial em um maxilar. Em 1,3% dos casos, há necessidade
de prótese total em pelo menos um maxilar. Importante destacar que este percentual em 2003
era de 4,4%, portanto a redução corresponde a 70%.
52. Em idosos de 65 a 74 anos, 23,9% necessitam de prótese total em pelo menos um maxilar e 15,4%
necessitam de prótese total dupla, ou seja, nos dois maxilares. Estes números estão muito próximos
dos encontrados em 2003.
Os problemas de oclusão dentária, como mordida aberta, mordida cruzada, apinhamentos e
desalinhamentos dentários, sobremordidas e protrusões, dentre outros, foram avaliados em
crianças de 12 anos e em adolescentes (15 a 19 anos). Aos 12 anos, 38,8% apresentam problemas
de oclusão. Em 19,9% dessas crianças, os problemas se expressam na forma mais branda. Mas
19,0% têm oclusopatia severa ou muito severa, sendo estas as condições que requerem
tratamento mais imediato, constituindo-se em prioridade em termos de Saúde Pública.
Outros agravos e condições importantes foram também avaliados nesta pesquisa, sendo que em
alguns casos, por conta do ineditismo da mensuração do agravo (como foi o caso do traumatismo
dentário), não são possíveis, neste momento, estabelecer comparações com dados anteriores. De
todo modo, estes dados são muito importantes para estabelecer uma linha base que servirá como
instrumento de planejamento das ações no momento atual e também para projetar metas futuras.
64. Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
Dados do INCA
☻ O câncer de cavidade oral é considerado um problema de saúde pública em todo o
mundo. A última estimativa mundial apontou que ocorreriam cerca de 300 mil casos novos e
145 mil óbitos, para o ano de 2012, por câncer de boca e lábio (C00-08). Desses, cerca de 80%
ocorreram em países em desenvolvimento. As mais altas taxas de incidência foram observadas
em populações da Melanésia, do Centro-Sul Asiático, da Europa Oriental, Central e Ocidental,
da África e da América Central.
☻ Os principais fatores de risco para o câncer da cavidade oral são: tabagismo, etilismo,
infecções por HPV, principalmente pelo tipo 16, e exposição à radiação UVA solar (câncer de
lábio). Contudo, entre tais fatores, destacam-se o tabagismo e o etilismo. Estudos mostram um
risco muito maior de desenvolver câncer na cavidade oral em indivíduos tabagistas e etilistas
do que na população em geral, evidenciando a existência de uma sinergia entre o tabagismo
e o etilismo. Ressaltam ainda um aumento no risco de acordo com o tempo que a pessoa fuma,
com o número de cigarros fumados por dia e com a frequência de ingestão de bebidas
alcoólicas.
☻ A dieta também parece exercer um papel importante na prevenção desse tipo de câncer.
Alguns estudos de base hospitalar reportam que o aumento da ingestão de frutas e vegetais
contribui para a diminuição do risco de desenvolver essa neoplasia.
BRASIL, 2014
65. Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
Dados do INCA
☻ As taxas de incidência para câncer de cavidade oral relacionado à infecção pelo HPV,
como amígdala, base da língua e orofaringe, vêm aumentando entre a população de adultos
jovens em ambos os sexos. Parte desse aumento pode ser em razão de mudanças no
comportamento sexual.
☻ Apesar disso, as taxas de mortalidade por câncer da cavidade oral apresentam um
declínio na maioria das populações masculinas. Contudo, em mulheres, esse comportamento
ainda não pode ser observado, porque o início do uso do tabaco por elas foi posterior ao dos
homens.
☻ A melhor forma de diminuir a incidência dessa doença é controlar os fatores de risco que
conhecidamente favorecem seu desenvolvimento. Para reduzir a mortalidade, é necessário
que haja diagnóstico precoce feito por meio do exame clínico dos tecidos da boca, realizado
obrigatoriamente por um profissional de saúde capacitado, com o qual será possível identificar
tanto lesões potencialmente malignas quanto o câncer em estágios iniciais, possibilitando um
tratamento menos agressivo e o aumento da sobrevida. O autoexame não deve ser
preconizado como método preventivo com o risco de mascarar lesões e retardar o diagnóstico
do tumor.
BRASIL, 2014
66. Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
Estimativas do INCA para o Brasil em 2014
BRASIL, 2014
67. Estudos Epidemiológicos Nacionais
Estimativas do INCA
Doenças Bucais no Brasil
☻Estimam-se, para o Brasil, no ano de 2014, 11.280 casos novos de câncer
da cavidade oral em homens e 4.010 em mulheres. Tais valores correspondem
a um risco estimado de 1,54 casos novos a cada 100 mil homens e 3,92 a
cada 100 mil mulheres.
☻ Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer da cavidade
oral em homens é o quarto mais frequente nas regiões Sudeste (15,48/ 100
mil) e Nordeste (7,16/100 mil). Na região Centro-Oeste, é o quinto (8,18/ 100
mil). Nas regiões Sul (15,21/ 10mil) e Norte (3,21/ 100 mil), o sexto.
☻ Para as mulheres, é o nono mais frequente nas regiões Sudeste (4,88/ 100
mil) e Nordeste (3,72/ 100 mil). Na região Norte (1,60/ 100 mil), ocupa a 11ª
posição. Na região Centro-Oeste (3,30/ 100 mil), é o 12º mais frequente e, na
região Sul 3,09/ 100 mil), o 15º.
BRASIL, 2014
68. Doenças Bucais no Brasil
Estudos Epidemiológicos Nacionais
Estimativas do INCA para Mato Grosso do Sul
e Campo Grande, 2014
BRASIL, 2014
69.
70. Relações das Doenças Bucais com a Realidade
Socioeconômica no Brasil –
Produção Social de Doenças
Diagrama de Influência em Camadas de Dahlgren e Whitehead
Fonte: Comissão de Determinantes de Saúde (2005)
71. Relações das Doenças Bucais com a Realidade
Socioeconômica no Brasil –
Produção Social de Doenças
Barros, 2007
72. Relações das Doenças Bucais com a Realidade
Socioeconômica no Brasil –
Produção Social de Doenças
BASTOS et al., 2007
73. Relações das Doenças Bucais com a Realidade
Socioeconômica no Brasil –
Produção Social de Doenças
Pitts et al., 2011
74. Relações das Doenças Bucais com a
Realidade Socioeconômica no Brasil –
Produção Social de Doenças
Tem sido sugerido que os determinantes sociais da saúde (ou seja , formação educacional,
status econômico, as condições de vida ,estilos de vida e ambiente de trabalho) são em
grande parte responsáveis pela desigualdades na saúde oral e periodontal em todo o
mundo (Petersen et al., 2005 ; Petersen; Kwan , 2010).
Entre as três mais comuns doenças bucais ( cárie dentária, doença periodontal e câncer
oral), a doença periodontal apresenta a associação mais forte com os determinantes sociais,
econômicos e as variáveis de risco comportamentais (Hobdell et al. , 2003).
Estes determinantes podem afetar uma gama de efeitos na saúde oral , como aumentar a
exposição a fatores de risco e dificultar o acesso e utilização de serviços de saúde bucal.
Portanto, intervenções que modificam o ambiente socioeconômico e capazes de melhorar o
controle dos fatores de risco são estratégias importantes para a promoção da saúde bucal
na comunidade.
Além disso, essas intervenções precisam ser integradas com os esforços globais na prevenção
de doenças crônicas e promoção da saúde geral ( Petersen e Kwan , 2010; Marmot e Bell,
2011).
Jin et al., 2011
75. Relações das Doenças Bucais com a Realidade
Socioeconômica no Brasil –
Produção Social de Doenças
Giannobile; Joskow, 2012