O documento discute o uso racional da água e tecnologias de reuso, abordando: 1) A composição do consumo de água potável no uso residencial e iniciativas de racionalização; 2) A diferença entre águas cinzas e águas negras; 3) A importância e limitações do uso da água da chuva e do reuso das águas cinzas para racionalizar o consumo.
2. COMPOSIÇÃO DO CONSUMO DE
ÁGUA POTÁVEL NO USO RESIDENCIAL E
INICIATIVAS IMPORTANTES DE RACIONALIZAÇÃO
A conscientização pelo uso racional da água é recente assim como
o estudo de demanda de utilização da água em edificações.
No Brasil, a experiência tem mostrado que uma pessoa gasta por
dia entre 50 e 200 litros de água. Este consumo está distribuído entre a
utilização de chuveiros, torneiras, bacias, máquinas de lavar, entre
outros.
Para analisar o consumo de água de uma residência ou edificação,
uma excelente coleta de dados deve ser realizada, considerando pressão,
vazão, clima, população, freqüência de utilização, condições sócio-
econômicas, produtos instalados, vazamentos, etc.
3. COMPOSIÇÃO DO
CONSUMO DE
ÁGUA POTÁVEL
NO USO
RESIDENCIAL E
INICIATIVAS
IMPORTANTES DE
RACIONALIZAÇÃO
O consumo de água residencial inclui tanto o uso
interno quanto o uso externo a residências.
Estudos mostram que dentro de uma residência o maior
consumo de água concentra-se na descarga dos vasos
sanitários, na lavagem de roupas e nos banhos. Em média, 40%
do total de água consumida em uma residência são destinados
aos usos não potáveis.
A água destinada ao consumo humano pode ter dois
fins distintos:
• Potáveis – higiene pessoal, ingestão e preparação de
alimentos (usos de água com rigoroso padrão de
potabilidade, conforme estabelecido na legislação aplicável);
• Não potáveis – lavagem de roupas, carros, irrigação de
jardins, descarga de vasos sanitários, piscinas, calçadas,
entre outros.
(GONÇALVES, 2009)
4. CONSUMO DE ÁGUA EM EDIFICAÇÕES:
TIPO DE PRÉDIO UNIDADE CONSUMO (L/DIA)
SERVIÇO DOMÉSTICO
Apartamentos em geral Per capita 200 a 250
Residências Per capita 150
Residências populares e rurais Per capita 120 a 150
Alojamentos provisórios de obras Per capita 80
SERVIÇO PÚBLICO:
Edifícios comerciais e escritórios Per capita 50 a 80
Escolas Per capita 50
Hospitais Por leito 250
Hotéis Por hóspede 250 a 350
Restaurantes e similares Por refeição 25
Postos de serviços para automóvel Por veículo 150
Para a determinação do consumo total, também é necessário estimar o tempo médio de utilização de cada um dos
aparelhos envolvidos.
5. O CONSUMO DE ÁGUA DE CADA DISPOSITIVO (CONVENCIONAIS):
APARELHO TEMPO MÉDIO DE USO OU
DESCARGA
CONSUMO POR USO
Bacia sanitária 3 acionamentos/dia/pessoa 12 L/acionamento
Lavatório 3 acionamentos/dia/pessoa 10 L/minuto
Chuveiro 15 minutos/dia/pessoa 15 L/minuto
Torneira de uso em geral 5 min/dia/residência 10 L/ minuto
Máquina de lavar roupa 3 ciclos/semana/pessoa 210 L/ciclo
6. COMPOSIÇÃO DO
CONSUMO DE
ÁGUA POTÁVEL
NO USO
RESIDENCIAL E
INICIATIVAS
IMPORTANTES DE
RACIONALIZAÇÃO
COMPOSIÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA EM RESIDÊNCIAS:
7. USO RACIONAL DA ÁGUA E
TECNOLOGIAS DE REUSO
A escassez de água nos grandes centros urbanos, onde
a demanda cada vez maior tende a superar a oferta, vem sendo
motivo de aler ta.
Uma alternativa para a economia do insumo é o seu reuso
que vem sendo estimulado principalmente devido à lei de
recursos hídricos.
8. Entretanto, para que possa ser utilizada
deve-se levar em conta a questão da saúde
pública.
Existem padrões para reuso em alguns
países do mundo que fazem do reuso de água,
uma prática habitual. Entretanto, aqui no Brasil,
estas práticas são preliminares.
USO RACIONAL DA
ÁGUA E
TECNOLOGIAS
DE REUSO
No Brasil, diversos estudos mostram que 70%
da água potável vão para a agricultura, 20% para a
indústria e comércio, e 8% são utilizadas para o
consumo humano.
Fonte: Agência Brasil
9. Este trabalho propõe o aproveitamento
das águas cinzas provenientes de chuveiros e
pias de banheiros em descargas sanitárias.
Para a implantação de um sistema de
reuso das águas cinzas é necessário
além de um sistema duplo de distribuição de
água, também um tratamento adequado.
As análises químicas, físicas e biológicas
demonstraram que estas águas apesar de serem
menos contaminados que as águas negras
necessitam de tratamento para serem
reutilizadas com segurança.
USO RACIONAL DA
ÁGUA E
TECNOLOGIAS
DE REUSO
10. DIFERENÇAS ENTRE
ÁGUAS CINZAS E ÁGUAS NEGRAS
ÁGUA CINZA é qualquer água residual, ou seja, não-
industrial, a partir de processos domésticos como lavar
louça, roupa e tomar banho. A água cinza corresponde a 50 a 80%
de esgoto residencial, gerados a par tir de todas as casas
saneadas, exceto dos banheiros (água de banheiros são águas negras).
11. As águas cinzas são aquelas derivadas
dos chuveiros, lavatórios de banheiro,
banheiras, tanques, máquinas de lavar roupas
e lavagem de autos, sejam de uso doméstico
ou comercial.
(Alguns autores não consideram como
água cinza, mas sim como água negra a água
residuária de cozinhas, devido às elevadas
concentrações de matéria orgânica e de óleos e
gorduras nelas presentes.)
Estas águas podem, e devem ser
utilizadas, o que proporciona economia
financeira e de recursos naturais. DIFERENÇAS
ENTRE
ÁGUAS CINZAS E
ÁGUAS NEGRAS
12. É frequentemente reutilizada para
irrigação, de forma ilegal ou não. Em regiões
secas ou áreas atingidas por proibições de
mangueiras (restrições de irrigação), a água
cinza é levada informalmente por baldes.
No terceiro mundo, a reutilização de água
cinza é frequentemente não regulamentada e é
comum. Atualmente, a reciclagem dessa
água é mal compreendida comparada
com a eliminação.
A qualidade da água cinza vai depender
das diversas atividades domésticas realizadas,
sendo que os componentes presentes variam de
residência a residência, onde o estilo de vida,
costumes, instalações e a quantidade de
produtos químicos utilizados irão influenciar.
DIFERENÇAS
ENTRE
ÁGUAS CINZAS E
ÁGUAS NEGRAS
13. ÁGUA NEGRA se distingue da água cinza
pela quantidade e composição de produtos
químicos e contaminantes biológicos
(de fezes ou substâncias químicas tóxicas). Recebe
este nome pela sua aparência turva e de seu
status como inútil.
Possui resíduos de alimentos significativos ou em
altas concentrações de produtos
químicos tóxicos de limpeza doméstica,
etc. Podem ser consideradas "cinza escuro", ou águas
negras.
DIFERENÇAS
ENTRE
ÁGUAS CINZAS E
ÁGUAS NEGRAS
14. Água negra é o efluente proveniente dos
vasos sanitários, contendo basicamente fezes,
urina e papel higiênico, tendo em sua
composição grandes quantidades de matéria
fecal. Apresentam elevada carga
orgânica e presença de sólidos em
suspensão, em grande parte sedimentáveis,
em elevada quantidade.
(GONÇALVES, 2006).
A água negra proveniente dos vasos
sanitários representa uma fração de 20 a
30% do volume dos esgotos
domésticos. O volume de é bem menor que
o volume de água cinza produzido.
(GALBIATI, 2009).
DIFERENÇAS
ENTRE
ÁGUAS CINZAS E
ÁGUAS NEGRAS
15. As principais características das águas negras
estão descritas a seguir, segundo Gonçalves (2006):
• Elevada concentração de matéria orgânica e sólidos
em suspensão;
• O perfil de vazão apresenta características de grande
variação temporal;
• As características de consumo de água do aparelho
sanitário utilizado também influenciam nas
características do esgoto gerado, ou seja, menor
consumo de água implica na concentração maior dos
compostos presentes nas fezes e urina no efluente;
• A inclusão das águas originadas da pia da cozinha é
atualmente uma prática recomendada, tendo em vista a
presença de grande quantidade de sólidos em
suspensão e compostos graxos, óleos e gorduras de
origem animal e vegetal. DIFERENÇAS
ENTRE
ÁGUAS CINZAS E
ÁGUAS NEGRAS
16. Uma ampla variedade de tecnologias têm sido
utilizadas ou estão sendo desenvolvidas para o seu
tratamento, compreendendo sistemas naturais,
processos químicos, físicos, físico-químicos e
biológicos.
A água cinza tratada junto à fonte geradora
para uso no próprio local apresenta grandes
vantagens do ponto de vista energético ao evitar
longos transpor tes para condução a uma unidade de
tratamento para posterior retorno aos pontos de
consumo.
Por isso é interessante a possibilidade
de um sistema de tratamento de fácil
operação e manutenção, o qual o usuário
possa fazê-lo sem grandes dificuldades e custos.
DIFERENÇAS
ENTRE
ÁGUAS CINZAS E
ÁGUAS NEGRAS
17. COMO DEVE SER A PREPARAÇÃO PARA O REUSO
DAS ÁGUAS CINZAS?
A execução de um sistema de reuso das águas cinzas
deve seguir as seguintes etapas:
1) Projeto da rede de esgotos que deve conter,
obrigatoriamente, a separação das águas negras e cinzas;
2) Projeto do sistema de reuso prevendo os equipamentos e
materiais necessários para o aproveitamento em irrigação
subterrânea, irrigação superficial, vaso sanitário e/ou
lavagens. Prever também um sistema de bypass interligando
a rede de esgoto geral da residência;
3) Execução das redes de esgoto sanitário considerando a
separação prevista em projeto;
4) Execução do sistema de tratamento considerando a
qualidade da água e o uso final;
5) Execução do sistema de irrigação subterrâneo ou
superficial.
DIFERENÇAS
ENTRE
ÁGUAS CINZAS E
ÁGUAS NEGRAS
Em hidráulica, um bypass de uma linha de água seria um caminho alternativo por
onde se pode fazer fluir o líquido alternativamente a um caminho principal.
18. TAC - Tratador de Águas Cinzas
DIFERENÇAS
ENTRE
ÁGUAS CINZAS E
ÁGUAS NEGRAS
19. IMPORTÂNCIA E AS LIMITAÇÕES DO USO DA ÁGUA DE
CHUVA E DE REUSO DAS ÁGUAS CINZAS, NA PERSPECTIVA
DE RACIONALIZAÇÃO DO CONSUMO
Possibilita a maximização da eficiência na utilização dos
recursos hídricos, uma garantia na qualidade da água tratada; a
viabilização de um sistema "fechado", com descarte mínimo de
efluentes; além da redução expressiva de custos com água e
esgotamento sanitário.
O controle do processo de reuso de águas é fase de grande
impor tância, devendo começar pela obrigatoriedade de
separação das canalizações de água potável e água de reuso.
20. O reuso reduz a demanda sobre os
mananciais de água devido à substituição da água
potável por uma água de qualidade inferior. A
reutilização das águas cinzas trazem benefícios
tanto para os moradores, quanto para as estações
de tratamento de água.
A água da chuva é uma água suave que
pode ser utilizada de várias formas: durante a
lavagem de roupas, calçadas, automóveis ou
irrigação de hortas e jardins. Com isso ela é
capaz de compensar, substituindo com
vantagens, até 50% da água dos sistemas
públicos de abastecimento. Essas vantagens
serão significativas se consideradas sua
implantação em larga escala na cidade.
IMPORTÂNCIA E
AS LIMITAÇÕES DO
USO DA ÁGUA DE
CHUVA E DE
REUSO DAS
ÁGUAS CINZAS
21. Os sistemas de coleta e aproveitamento de águas
pluviais requerem cuidados gerais e características
construtivas que permitam a segurança do
abastecimento, a manutenção e qualidade da água.
Ressalta-se:
• Evitar a entrada de luz do sol no reservatório;
• Manter a tampa de inspeção fechada;
• Realizar a limpeza anual do reservatório;
• Assegurar que a água coletada seja utilizada somente
para fins não potáveis;
• Prever a conexão (sem possibilidade de contaminação)
de água potável com o reservatório de armazenamento,
assegurando o consumo por ocasião de estiagens
prolongadas;
• A qualidade da água deve ser submetida a um processo
de monitoramento.
IMPORTÂNCIA E
AS LIMITAÇÕES DO
USO DA ÁGUA DE
CHUVA E DE
REUSO DAS
ÁGUAS CINZAS
22. Guilherme M. de O. Francisco
Paula Aleksa Bianchi
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
PUC – Campinas 2012
Infraestrutura Urbana