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IMPECABILIDADE DA HUMANIDADE DE CRISTO
Texto articulado pelo pastor e professor: Wanderson Wendel Noronha Lô
O tema sobre a impecabilidade de Cristo, tem sido discutido desde o período dos pais da igreja.
Desse modo, a estratégia da minha análise se vale a partir de uma perspectiva diacrônica das
principais conclusões no âmbito tanto da teologia histórica como da teologia sistemática.
Devido a complexidade do tema, terei que recorrer a alguns teólogos como: Strong, Berkhof,
Gary Crampton, Gordon Clark, John Murray, Wayne Grudem, Franklin Ferreira e Alan Mayatt.
SOBRE A NATUREZA DE JESUS
Antes qualquer coisa, é imprescindível abordar primeiramente sobre a natureza de Jesus.
Quanto a isso, Gary Crampton (2008) lembra que essa tentativa aparece fortemente já no quinto
século com o Nestorianismo que dividiu Cristo em “duas pessoas separadas”, sendo condenado
no Concílio de Éfeso (431 d.C.).
Em um outro extremo, os Eutiquianos do quinto século, afirmaram que após a encarnação havia
somente uma natureza em Cristo. Essa natureza não era nem completamente humana, nem
completamente divina.
Segundo eles, essa união produziu uma mistura das duas naturezas numa terceira natureza
misturada, uma “tertium quid”. Essa visão, que é também conhecida como monofisitismo (“uma
natureza”). Quanto a isso, esse ensino também foi condenada agora no Concílio de Caldedônia
(451 d.C.).
Frente ao entendimento desses dois concílios, sobre a visão bíblica da unidade da Pessoa de
Cristo, tanto a Confissão de Westminster (8:2), quanto a nossa declaração de fé (das assembleias
de Deus – CGADB, p. 51), seguem esse mesmo entendimento quando defendem que:
Cristo tem “as duas naturezas, inteiras, perfeitas e distintas — a divindade e a humanidade —
foram inseparavelmente unidas em uma só Pessoa , sem conversão, composição ou confusão;
essa Pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém, um só Cristo, o único Mediador
entre Deus e o homem”.
Gary Crampton, ainda esclarece que dentro da teologia, a união da natureza divina e humana de
Jesus Cristo fundida em uma única Pessoa, é conhecida como: “União Hipostática”.
CONFLITOS HERMENÊUTICOS: LOUIS BERKHOF.
Diferentemente do que foi exposto até aqui, o entendimento de Berkhof, é que na encarnação,
Deus não se transformou numa pessoa humana, mas, simplesmente assumiu “uma natureza
humana”, a qual não se desenvolveu numa personalidade humana, mas se tornou pessoal na
Pessoa do Filho.
A Pessoa única divina, que possuía uma natureza divina desde a eternidade, agora assumiu uma
natureza humana e tem agora duas naturezas”.
Quanto a isso, Strong está de acordo com Berkhof. Ele conclui que a Pessoa única divina
“assumiu uma natureza humana impessoal”. Em outras palavras, ele não se uniu com uma pessoa
humana, mas com uma natureza humana “sem personalidade”.
QUESTIONAMENTOS A BERKHOF
Diante do posicionamento de Berkhof, Gary Crampton chama atenção que a dificuldade aqui, é
que se Jesus Cristo tem duas naturezas completas, uma plenamente divina e outra plenamente
humana, e, todavia, ele é uma Pessoa divina indivisa, pergunta-se: como essa Pessoa pode ser
genuinamente humana?
Isto é, se Jesus Cristo é, como ensinado em Hebreus 2:17, e afirmado pela declaração do credo
de Calcedônia, “em todas as coisas semelhante a nós”, como ele não é uma pessoa humana?
Se ele, como em Calcedônia apropriadamente afirma, tomou sobre si uma natureza humana de
forma que, “segundo a humanidade”, ele é “em todas as coisas semelhante a nós”, então ele tinha
um corpo humano e uma alma humana.
Nesse contexto, questiona-se ainda: Não é ele então uma pessoa humana? Afinal, a Bíblia
repetidamente reivindica que “ele não é apenas uma natureza humana”, ele é “O HOMEM
CRISTO JESUS” ( 1 Timóteo 2:5).
ABORDAGEM DE GORDON CLARK
No último livro que ele escreveu, The Incarnation, Gordon Clark tentou decifrar esse enigma,
explicando que “o erro fatal” nessa questão, é a ausência de definições. Ou seja, como o credo
de Calcedôcia, e como os outros, definem o termo “pessoa”? Como o termo “natureza” é
definida?
Aqui reside a dificuldade. Aparentemente, quando os teólogos primitivos estavam formulando a
doutrina da encarnação, os termos usados foram de certa forma ambíguos.
Mas devemos nos guardar contra qualquer alegada solução que não forneça a humanidade plena
de Jesus Cristo. E falar da humanidade de Cristo como uma natureza humana impessoal (se é
que existe tal coisa), que se torna pessoal na encarnação, não resolve o problema.
Além do mais, se a natureza se torna pessoal na Pessoa do Filho, então ela é uma pessoa humana.
O Dr. Clark faz algumas perguntas muito relevantes:
1)“Se Jesus não era uma pessoa humana, quem ou o que sofreu na cruz?
2)A Segunda Pessoa [da Trindade] não poderia ter sofrido, pois a divindade é impassional...
Se então a Segunda Pessoa não podia sofrer, poderia uma natureza [humana impessoal] sofrer?”.
Clark continua: “Pelo contrário, somente... uma pessoa pode sofrer”. Além do mais, ele pondera,
visto que a Bíblia nos ensina que Cristo possuía uma consciência humana, mente e coração, e
vontade, como ele pode não ser uma pessoa?”.
A salvação dos eleitos é realizada “pela morte de uma [natureza humana] impessoal?”.
Não, diz Clark, “aquele que morreu sobre a cruz foi um homem, ele tinha ou era uma alma, ele
era um ser humano, uma Pessoa”.
JOHN MURRAY E WAYNE GRUDEM
Diante desses desafios, John Murray, um advogado da visão de Calcedônia, viu, todavia, as
dificuldades com as “definições”. Ele escreve:
Talvez ao termo “Pessoa” possa ser dado uma conotação em nosso contexto moderno, e aplicado
à natureza humana de Cristo, sem chocar através disso a unidade de sua Pessoa divina-humana.
Em outras palavras, o termo “natureza” pode ser muito abstrato para expressar tudo o que
pertence à sua humanidade e o termo “Pessoa” é necessário para expressar a humanidade que é
verdadeira e apropriadamente sua.
Nessa direção, o entendimento de Crampton está de acordo com Clark e Murray sobre esse ponto.
Parece melhor, se vamos reter a linguagem clássica sobre esse assunto (isto é, Pessoa e natureza),
dizer com a Confissão de Westminster (8:2) que Jesus possui “ duas naturezas, inteiras, perfeitas
e distintas — a divindade e a humanidade”, isto é, que ele é totalmente Deus e totalmente homem.
Não há nada impessoal sobre a natureza divina ou humana. É importante apontar também que no
tempo da encarnação, a natureza divina de Jesus Cristo, sendo imutável, não poderia e não passou
por nenhuma mudança. Sendo assim, Jesus foi em tudo tentado, mas sem pecado (cf. Hb 4:15).
O que nos leva a pergunta: - Era possível a pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, pecar?
Grudem defende fortemente que Jesus Cristo jamais pecou e que as tentações foram todas reais
conforme Lucas 4.2. Grudem esclarece se cremos na Bíblia, precisamos insistir que Cristo foi
“tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 1.15).
Diante do exposto, alguém poderia perguntar: Isso não torna as tentações irreais?
RESPOSTA DE FRANKLIN FERREIRA E ALAN MAYATT
Podemos argumentar que a pessoa que resiste à tentação conhece todo o poder da tentação. A
impecabilidade de Cristo “aponta para uma tentação muito mais intensa, não menos intensa”.
Alguém que cede à tentação não sente todo o seu poder, pois cede enquanto a tentação ainda não
chegou à sua força total, não chegou ao seu extremo. Somente o homem que não cede a uma
tentação, “no que diz respeito àquela tentação em particular, é impecável, e conhece aquela
tentação em toda sua extensão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma pessoa que não peca pode ser considerado humano? Finalizo minha abordagem seguindo o
entendimento de Millard Ericskson em que destaca: “se dissermos não, estamos sustentando que
o pecado faz parte da essência da natureza humana”. Indo um pouco além, “tal concepção deve
ser considerada uma heresia por qualquer pessoa que creia que a humanidade foi criada por Deus,
já que Deus seria então a causa do pecado, o criador de uma natureza essencialmente má”.
Desse modo, segundo as Escrituras, o pecado não faz parte da essência da natureza humana.
Erickson chama atenção que a pergunta correta deveria ser: somos tão humanos quanto Jesus?
“Pois o tipo de natureza humana que cada um de nós possui não é a natureza humana pura.
A verdadeira humanidade criada por Deus foi, no nosso caso, corrompida e danificada.
No fim, só houve três seres humanos puros: Adão e Eva, antes da queda — e Jesus”. Após a
queda, os seres humanos não passam de versões corrompidas da humanidade.
Portanto, nesse contexto, Jesus não é apenas tão humano quanto nós; ele é mais humano. Nossa
humanidade não é um padrão pelo qual possamos medir a dele.
Sua humanidade, verdadeira e não adulterada, é o padrão pelo qual nós seremos medidos”.
REFERÊNCIAS
BERKHOF, Louis. Manual of Christian Doctrine (Grand Rapids: Eerdmans, 1987)
CLARK, Gordon H. The Incarnation (Trinity Foundation, 1988).
CRAMPTON, W. Gary. Cristo, o Mediador: Uma Análise da Cristologia de
Westminster. Monergismo, 2018.
ERICHSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática, tradução de Lucy
Yamakami, São Paulo, Vida Nova, 1977).
FERREIRA, Franklin. MYATT Alan. Teolo-gia Sis-temática, 1ª ed. São Paulo: Vida
Nova, 2007. p. 523. (grifos meus)
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática, 1ª ed. São Paulo: Edições Vida Nova, 1999.
p. 443-444.
MORRIS, Thomas V. The Logic of God Incarnate (London: Cornell University Press,
1986), 102-103.
MURRAY, John. Collected Writings of John Murray (Edinburgh: Banner of Truth
Trust, 1977), II:138.
STRONG, Auustus H. Systematic Theology , three volumes in one (Valley Forge:
Judson Press, 1907, 1985), II:692-693.

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A impecabilidade de cristo

  • 1. IMPECABILIDADE DA HUMANIDADE DE CRISTO Texto articulado pelo pastor e professor: Wanderson Wendel Noronha Lô O tema sobre a impecabilidade de Cristo, tem sido discutido desde o período dos pais da igreja. Desse modo, a estratégia da minha análise se vale a partir de uma perspectiva diacrônica das principais conclusões no âmbito tanto da teologia histórica como da teologia sistemática. Devido a complexidade do tema, terei que recorrer a alguns teólogos como: Strong, Berkhof, Gary Crampton, Gordon Clark, John Murray, Wayne Grudem, Franklin Ferreira e Alan Mayatt. SOBRE A NATUREZA DE JESUS Antes qualquer coisa, é imprescindível abordar primeiramente sobre a natureza de Jesus. Quanto a isso, Gary Crampton (2008) lembra que essa tentativa aparece fortemente já no quinto século com o Nestorianismo que dividiu Cristo em “duas pessoas separadas”, sendo condenado no Concílio de Éfeso (431 d.C.). Em um outro extremo, os Eutiquianos do quinto século, afirmaram que após a encarnação havia somente uma natureza em Cristo. Essa natureza não era nem completamente humana, nem completamente divina. Segundo eles, essa união produziu uma mistura das duas naturezas numa terceira natureza misturada, uma “tertium quid”. Essa visão, que é também conhecida como monofisitismo (“uma natureza”). Quanto a isso, esse ensino também foi condenada agora no Concílio de Caldedônia (451 d.C.). Frente ao entendimento desses dois concílios, sobre a visão bíblica da unidade da Pessoa de Cristo, tanto a Confissão de Westminster (8:2), quanto a nossa declaração de fé (das assembleias de Deus – CGADB, p. 51), seguem esse mesmo entendimento quando defendem que: Cristo tem “as duas naturezas, inteiras, perfeitas e distintas — a divindade e a humanidade — foram inseparavelmente unidas em uma só Pessoa , sem conversão, composição ou confusão; essa Pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém, um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem”. Gary Crampton, ainda esclarece que dentro da teologia, a união da natureza divina e humana de Jesus Cristo fundida em uma única Pessoa, é conhecida como: “União Hipostática”. CONFLITOS HERMENÊUTICOS: LOUIS BERKHOF. Diferentemente do que foi exposto até aqui, o entendimento de Berkhof, é que na encarnação, Deus não se transformou numa pessoa humana, mas, simplesmente assumiu “uma natureza humana”, a qual não se desenvolveu numa personalidade humana, mas se tornou pessoal na Pessoa do Filho. A Pessoa única divina, que possuía uma natureza divina desde a eternidade, agora assumiu uma natureza humana e tem agora duas naturezas”.
  • 2. Quanto a isso, Strong está de acordo com Berkhof. Ele conclui que a Pessoa única divina “assumiu uma natureza humana impessoal”. Em outras palavras, ele não se uniu com uma pessoa humana, mas com uma natureza humana “sem personalidade”. QUESTIONAMENTOS A BERKHOF Diante do posicionamento de Berkhof, Gary Crampton chama atenção que a dificuldade aqui, é que se Jesus Cristo tem duas naturezas completas, uma plenamente divina e outra plenamente humana, e, todavia, ele é uma Pessoa divina indivisa, pergunta-se: como essa Pessoa pode ser genuinamente humana? Isto é, se Jesus Cristo é, como ensinado em Hebreus 2:17, e afirmado pela declaração do credo de Calcedônia, “em todas as coisas semelhante a nós”, como ele não é uma pessoa humana? Se ele, como em Calcedônia apropriadamente afirma, tomou sobre si uma natureza humana de forma que, “segundo a humanidade”, ele é “em todas as coisas semelhante a nós”, então ele tinha um corpo humano e uma alma humana. Nesse contexto, questiona-se ainda: Não é ele então uma pessoa humana? Afinal, a Bíblia repetidamente reivindica que “ele não é apenas uma natureza humana”, ele é “O HOMEM CRISTO JESUS” ( 1 Timóteo 2:5). ABORDAGEM DE GORDON CLARK No último livro que ele escreveu, The Incarnation, Gordon Clark tentou decifrar esse enigma, explicando que “o erro fatal” nessa questão, é a ausência de definições. Ou seja, como o credo de Calcedôcia, e como os outros, definem o termo “pessoa”? Como o termo “natureza” é definida? Aqui reside a dificuldade. Aparentemente, quando os teólogos primitivos estavam formulando a doutrina da encarnação, os termos usados foram de certa forma ambíguos. Mas devemos nos guardar contra qualquer alegada solução que não forneça a humanidade plena de Jesus Cristo. E falar da humanidade de Cristo como uma natureza humana impessoal (se é que existe tal coisa), que se torna pessoal na encarnação, não resolve o problema. Além do mais, se a natureza se torna pessoal na Pessoa do Filho, então ela é uma pessoa humana. O Dr. Clark faz algumas perguntas muito relevantes: 1)“Se Jesus não era uma pessoa humana, quem ou o que sofreu na cruz? 2)A Segunda Pessoa [da Trindade] não poderia ter sofrido, pois a divindade é impassional... Se então a Segunda Pessoa não podia sofrer, poderia uma natureza [humana impessoal] sofrer?”. Clark continua: “Pelo contrário, somente... uma pessoa pode sofrer”. Além do mais, ele pondera, visto que a Bíblia nos ensina que Cristo possuía uma consciência humana, mente e coração, e vontade, como ele pode não ser uma pessoa?”. A salvação dos eleitos é realizada “pela morte de uma [natureza humana] impessoal?”.
  • 3. Não, diz Clark, “aquele que morreu sobre a cruz foi um homem, ele tinha ou era uma alma, ele era um ser humano, uma Pessoa”. JOHN MURRAY E WAYNE GRUDEM Diante desses desafios, John Murray, um advogado da visão de Calcedônia, viu, todavia, as dificuldades com as “definições”. Ele escreve: Talvez ao termo “Pessoa” possa ser dado uma conotação em nosso contexto moderno, e aplicado à natureza humana de Cristo, sem chocar através disso a unidade de sua Pessoa divina-humana. Em outras palavras, o termo “natureza” pode ser muito abstrato para expressar tudo o que pertence à sua humanidade e o termo “Pessoa” é necessário para expressar a humanidade que é verdadeira e apropriadamente sua. Nessa direção, o entendimento de Crampton está de acordo com Clark e Murray sobre esse ponto. Parece melhor, se vamos reter a linguagem clássica sobre esse assunto (isto é, Pessoa e natureza), dizer com a Confissão de Westminster (8:2) que Jesus possui “ duas naturezas, inteiras, perfeitas e distintas — a divindade e a humanidade”, isto é, que ele é totalmente Deus e totalmente homem. Não há nada impessoal sobre a natureza divina ou humana. É importante apontar também que no tempo da encarnação, a natureza divina de Jesus Cristo, sendo imutável, não poderia e não passou por nenhuma mudança. Sendo assim, Jesus foi em tudo tentado, mas sem pecado (cf. Hb 4:15). O que nos leva a pergunta: - Era possível a pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, pecar? Grudem defende fortemente que Jesus Cristo jamais pecou e que as tentações foram todas reais conforme Lucas 4.2. Grudem esclarece se cremos na Bíblia, precisamos insistir que Cristo foi “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 1.15). Diante do exposto, alguém poderia perguntar: Isso não torna as tentações irreais? RESPOSTA DE FRANKLIN FERREIRA E ALAN MAYATT Podemos argumentar que a pessoa que resiste à tentação conhece todo o poder da tentação. A impecabilidade de Cristo “aponta para uma tentação muito mais intensa, não menos intensa”. Alguém que cede à tentação não sente todo o seu poder, pois cede enquanto a tentação ainda não chegou à sua força total, não chegou ao seu extremo. Somente o homem que não cede a uma tentação, “no que diz respeito àquela tentação em particular, é impecável, e conhece aquela tentação em toda sua extensão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma pessoa que não peca pode ser considerado humano? Finalizo minha abordagem seguindo o entendimento de Millard Ericskson em que destaca: “se dissermos não, estamos sustentando que
  • 4. o pecado faz parte da essência da natureza humana”. Indo um pouco além, “tal concepção deve ser considerada uma heresia por qualquer pessoa que creia que a humanidade foi criada por Deus, já que Deus seria então a causa do pecado, o criador de uma natureza essencialmente má”. Desse modo, segundo as Escrituras, o pecado não faz parte da essência da natureza humana. Erickson chama atenção que a pergunta correta deveria ser: somos tão humanos quanto Jesus? “Pois o tipo de natureza humana que cada um de nós possui não é a natureza humana pura. A verdadeira humanidade criada por Deus foi, no nosso caso, corrompida e danificada. No fim, só houve três seres humanos puros: Adão e Eva, antes da queda — e Jesus”. Após a queda, os seres humanos não passam de versões corrompidas da humanidade. Portanto, nesse contexto, Jesus não é apenas tão humano quanto nós; ele é mais humano. Nossa humanidade não é um padrão pelo qual possamos medir a dele. Sua humanidade, verdadeira e não adulterada, é o padrão pelo qual nós seremos medidos”. REFERÊNCIAS BERKHOF, Louis. Manual of Christian Doctrine (Grand Rapids: Eerdmans, 1987) CLARK, Gordon H. The Incarnation (Trinity Foundation, 1988). CRAMPTON, W. Gary. Cristo, o Mediador: Uma Análise da Cristologia de Westminster. Monergismo, 2018. ERICHSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática, tradução de Lucy Yamakami, São Paulo, Vida Nova, 1977). FERREIRA, Franklin. MYATT Alan. Teolo-gia Sis-temática, 1ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2007. p. 523. (grifos meus) GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática, 1ª ed. São Paulo: Edições Vida Nova, 1999. p. 443-444. MORRIS, Thomas V. The Logic of God Incarnate (London: Cornell University Press, 1986), 102-103. MURRAY, John. Collected Writings of John Murray (Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1977), II:138. STRONG, Auustus H. Systematic Theology , three volumes in one (Valley Forge: Judson Press, 1907, 1985), II:692-693.