A narrativa possibilita a criação de outra realidade através da linguagem e a fruição da experiência mágica de criá-la. A narrativa consiste em uma sequência de fatos envolvendo personagens, tempo, espaço e conflito. Os principais elementos da narrativa incluem o narrador, personagens, enredo, espaço e tempo.
2. A Narração e o narrador
A narrativa possibilita, por meio da
linguagem, a criação de outra realidade
e a fruição da experiência mágica de
criá-la.
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3. Narração
• A narração consiste em arranjar uma
sequência de fatos na qual os personagens se
movimentam num determinado espaço à
medida que o tempo passa;
• O texto narrativo é baseado na ação que
envolve personagens, tempo, espaço e
conflito.
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4. Elementos da narrativa
• Narrador;
• Personagens;
• Enredo:
É o conjunto de fatos ligados entre si que fundamentam a ação de um
texto narrativo.
• Espaço:
Espaço é o lugar em que a narrativa ocorre.
• Tempo:
Cronológico : os fatos são apresentados de acordo com a ordem dos
acontecimentos.
Psicológico: a maneira pela qual a passagem do tempo é vivenciada.
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5. Narrador
• Narrador Personagem: Participa da história, ou
seja, é uma personagem da história que ele
próprio está contando. É narrado em 1° pessoa;
• Narrador Observador: Não participa da história,
apenas conta um fato que assistiu. É narrado em
3° pessoa;
• Narrador Onisciente: Também é narrado em 3°
pessoa e sabe tudo o enredo e os personagens,
inclusive seus pensamentos.
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6. Quando, certa manhã, Gregor Samsa acordou de
sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama
metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava
deitado sobre suas coisas duras como couraça e, ao
levantar um pouco a cabeça, viu o seu ventre abaulado,
marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo do
qual a coberta, prestes a deslizar de vez, ainda mal se
sustinha. Suas numerosas pernas, lastimavelmente finas
em comparação com o volume do resto do corpo,
tremulavam desamparadas diante dos seus olhos. – O
que aconteceu comigo?, pensou.
(Franz Kafka, A metamorfose)
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7. De longe em longe, sento-me fatigado e escrevo
uma linha. Digo em voz baixa:
- Estraguei a minha vida, estraguei-a estupidamente.
Penso em Madalena com insistência. Se fosse
possível recomeçarmos [...]
Para ser franco, declaro que esses infelizes não me
inspiram simpatia. Lastimo a situação em que se acham,
reconheço ter contribuído para isso, mas não vou além.
Estamos tão separados!
(Graciliano Ramos, São Bernardo)
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8. Então, decorridos alguns dias de amargo pesar,
verificou-se uma transformação visível nos sintomas da
enfermidade mental de meu amigo. Suas maneiras
habituais haviam desaparecido. Suas ocupações ordinárias
foram negligenciadas ou esquecidas. Andava de um
aposento para outro com passos apressados, desiguais e
sem finalidade. A palidez de seu rosto adquirira, se
possível, um tom mais cadavérico – mas a luminosidade
dos seus olhos se dissipara por completo. Não se ouvia
mais, no tom de sua voz, certa aspereza ocasional, como
acontecia antes, e um trêmulo balbucio, como de extremo
terror, caracterizava agora, habitualmente, suas frases.
(Edgar Allan Poe, A queda da casa de Usher)
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9. Personagem e tipos de discurso
A criação de uma personagem implica dar a
ela vida, gestos, intenções e traços que a
tornem única. A fala constitui um recurso
primoroso para a expressividade e
construção psicológica das personagens.
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10. O que é um personagem?
Designa, no interior da prosa literária (conto,
novela ou romance) e do teatro, os seres fictícios
construídos à imagem e semelhança dos seres
humanos: se estes são pessoas reais, aqueles são
"pessoas" imaginárias, se os primeiros habitam o
mundo que nos cerca, os outros movem-se no
espaço arquitetado pela fantasia do prosado!
(Massaud Moisés. Dicionário de Termos Literários)
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11. Tipos de personagem
1. Planas (lineares)
Constituídas de uma única ideia ou qualidade; carecem
de profundidade. A personalidade delas é pobre,
repetitiva; são previsíveis quanto ao seu
comportamento, infensas à evolução. Jamais nos
surpreenderão durante ou ao final da narrativa.
2. Redondas
São complexas, bem acabadas interiormente, repelem
todo o intuito de simplificação. São também chamadas
de multiformes e nos surpreenderão porque evoluem
na narrativa.
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12. Tipos de personagem
• Principais e secundárias
A referência serve para designar que às principais cabe
sustentar, como eixo, todos os fatos inerentes à narrativa. Às
secundárias cabe dar suporte à continuidade da história,
intermediando as ações e girando ao redor das principais
como seres complementares.
a) Protagonistas
As que encabeçam as ações, sustentam o eixo narrativo. O
mesmo que principais. Leonardo (filho) em Memórias de um
Sargento de Milícias é bom exemplo disso.
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13. Tipos de personagem
b) Antagonistas
Designação atual para o antigo vilão. Cabe a elas impedir,
dificultar, atormentar a "vida" das personagens protagonistas.
c) Coadjuvantes
O mesmo que secundárias. Co-auxiliam no desenvolvimento
da história.
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14. Tipos de discurso
• Discurso direto:
É o registro integral da fala da personagem.
Ocorre, portanto, a reprodução exata do que
a personagem diz. Normalmente é
acompanhado por verbo de elocução, dois
pontos e travessão (linha seguinte). Mas
existem variantes dessa apresentação
convencional.
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15. ─ Eu vou jogar a areia naquele casal por causa
de que eles estão se abraçando e se beijando
muito ─ explicou o menininho, dando outra
fungada.
─ Pois é caro, disse, está um preço bem mais
razoável do que imaginei.
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16. ─ Pai...
─ Hmmmm?
─ Como é o feminino de sexo?
─ O quê?
─ O feminino de sexo.
─ Não tem.
─ Sexo não tem feminino?
─ Não.
[...]
─ Não devia ser “sexa”?
─ Não.
(Luis Fernando Veríssimo. Comédias para se ler na escola)
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17. Tipos de discurso
• Discurso indireto:
Ocorre quando narrador reproduz com suas
palavras a fala das personagens.
Entrei no gabinete, sentei na cadeira, o dentista
botou um guardanapo de papel no meu pescoço.
Abri a boca e disse que meu dente de trás estava
doendo muito. Ele olhou com um espelhinho e
perguntou como é que eu tinha deixado os meus
dentes ficarem naquele estado.
(Rubem Fonseca. Contos reunidos)
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18. Discurso direto Discurso indireto
1ª pessoa
Ela afirmou:
- Não vou à escola.
3ª pessoa
Ela afirmou que não iria à escola.
Presente do indicativo
A mãe retrucou:
- Fico preocupada com isso.
Pretérito imperfeito do indicativo
A mãe retrucou que ficava preocupada com aquilo.
Pretérito perfeito
A irmã lembrou:
- Você ainda não fez a prova.
Pretérito mais-que-perfeito
A irmã lembrou que ela ainda não fizera a prova.
Futuro do presente
Meu pai perguntou:
- Você participará do campeonato?
Futuro do pretérito
Meu pai perguntou se eu participaria do campeonato.
Imperativo
A mãe pediu:
- Vão as duas para a escola!
Pretérito imperfeito do subjuntivo
A mãe pediu que as duas fossem para a escola.
Adjuntos adverbiais:
Aqui, cá, aí
Maria explicou:
-Aqui é o meu lugar.
Ontem
Ele exclamou:
-Ontem foi um dia terrível!
Amanhã
O professor avisou:
- Amanhã aplicarei a prova.
Adjuntos adverbiais
Ali, lá
Maria explicou que ali era o seu lugar.
O dia anterior
Ele exclamou que o dia anterior fora terrível.
O dia seguinte
O professor avisou que no dia seguinte aplicaria nova
prova
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19. Tipos de discurso
• Discurso indireto livre:
Ocorre quando o narrador insere discretamente a fala
ou os pensamentos da personagem em sua fala.
Um pintassilgo veio voando, veio e pousou no arame
farpado da cerca. [...] Vendo o pintassilgo sentiu uma
súbita alegria, feito encontrasse um velho conhecido.
Assobiou remedando o passarinho, fez dueto com ele.
Passarinho era a melhor coisa do mundo. Pintassilgo
nem se fala.
(Autran Dourado. Ópera dos mortos)
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20. Quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?
Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
Noutro canto da cidade
Como eles disseram
Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse
- Tem uma festa legal e a gente quer se divertir
Festa estranha, com gente esquisita
- Eu não estou legal, não aguento mais birita
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
- É quase duas, eu vou me ferrar
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21. Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram seencontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo
Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
De Van Gogh e dos Mutantes
Do Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô
Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda estava
No esquema "escola, cinema, clube, televisão"
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22. E, mesmo com tudo diferente
Veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia
Como tinha de ser
Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro e artesanato e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar
E ela se formou no mesmo mês
Em que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa
Que nem feijão com arroz
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23. Construíram uma casa uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana e seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram
Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo
Tá de recuperação
E quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?
(Eduardo e Mônica – Legião Urbana)
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24. Questões do ENEM
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25. (Questão 114 – ENEM 2010)
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo,
jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na
cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário
mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria
Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior
escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado
pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o
matricula na escola pública, única que frequentou o autodidata Machado
de Assis.
Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto
citado constitui-se de:
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26. a) fatos ficcionais, relacionados com outros de caráter realista, relativos à
vida de um renomado escritor.
b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade
por seus trabalhos e vida cotidiana.
c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura
argumentativa, destacando como tema seus principais feitos.
d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade
histórica, ressaltando sua intimidade familiar em detrimento de seus feitos
públicos.
e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela
ordem tipológica da narração, com um estilo marcado por linguagem
objetiva.
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27. Proposta de redação
O que acontece no processo político e nas instituições quando mais
mulheres ocupam cargos públicos e eletivos? As mulheres “fazem
diferença” na política ao trazer para a vida pública experiências distintas e
uma outra perspectiva, as quais, somadas às dos homens, ampliam o
campo das temáticas tratadas na política, pelo simples fato de que
homens e mulheres diferem em suas prioridades.
(Lúcia Avelar. Mulheres na elite política brasileira)
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28. Proposta de redação
• A partir do fragmento anterior, construa uma personagem
feminina que assuma algum tipo de liderança (na sala de aula,
na associação de bairro, em uma banda de rock, na igreja, em
algum tipo de movimento sindical etc.). Faça, inicialmente,
uma lista de características (nome, idade, maneira de vestir,
hábitos, ocupações). Em seguida, crie uma narrativa em prosa
e com o foco narrativo em 3ª pessoa. Procure empregar os
tipos de discurso estudados. Lembre-se de que sua
personagem será resultado dos efeitos de linguagem que
você conseguir produzir.
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29. Vamos treinar!
Questões de vestibulares
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30. (ITA) Assinale a alternativa que melhor complete o seguinte trecho:
No plano expressivo, a força da ...... em ...... provém essencialmente de sua
capacidade de ...... o episódio, fazendo ...... da situação a personagem,
tornando-a viva para o ouvinte, à maneira de uma cena de teatro ...... o
narrador desempenha a mera função de indicador de falas.
a) narração - discurso indireto - enfatizar - ressurgir - onde;
b) narração - discurso onisciente - vivificar - demonstrar-se - donde;
c) narração - discurso direto - atualizar - emergir - em que;
d) narração - discurso indireto livre - humanizar - imergir - na qual;
e) dissertação - discurso direto e indireto - dinamizar - protagonizar - em que.
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31. (FATEC)
"Ela insistiu:
- Me dá esse papel aí.“
Na transposição da fala da personagem para o discurso indireto, a
alternativa correta é:
a) Ela insistiu que desse aquele papel aí.
b) Ela insistiu em que me desse aquele papel ali.
c) Ela insistiu em que me desse aquele papel aí.
d) Ela insistiu por que lhe desse este papel aí.
e) Ela insistiu em que lhe desse aquele papel ali.
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32. (ESAN) "Impossível dar cabo daquela praga. Estirou os olhos pela
campina, achou-se isolado. Sozinho num mundo coberto de penas, de
aves que iam comê-lo. Pensou na mulher e suspirou. Coitada de Sinhá
Vitória, novamente nos descampados, transportando o baú de folha.“
O narrador desse texto mistura-se de tal forma à personagem que dá a
impressão de que há diferença entre eles. A personagem fala misturada à
narração. Esse discurso é chamado:
a) discurso indireto livre
b) discurso direto
c) discurso indireto
d) discurso implícito
e) discurso explícito
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