O documento discute os cinco elementos visuais da linguagem visual: linha, superfície, volume, luz e cor. Ele descreve como cada elemento configura o espaço de maneiras diferentes e como eles podem ser transformados uns nos outros durante o processo criativo do artista. A luz é definida pelo contraste entre claro e escuro e como este contraste pode criar efeitos de avanço e recuo no espaço através de valores graduados de intensidade.
1. Viviane Marques
Elementos Visuais
OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. São Paulo, Ática, 1979.
2. Elemento Visual
• A Linguagem Visual se expressa através de cinco elementos:
– a linha,
– a superfície,
– o volume,
– a luz,
– a cor.
• Os elementos visuais não tem significados preestabelecidos:
– nada representam,
– nada descrevem,
– nada assinalam,
– não são símbolos de nada, não definem nada;
– nada antes de entrarem em um contexto formal.
• Importante - os elementos visuais tem identidades expressivas diferentes.
• Ao participar de uma composição cada elemento visual configura o espaço de um modo
diferente.
• As dimensões espaciais , articuladas por cada elemento, na organização de um espaço é
que caracterizam os elementos visuais.
3. Linha
• Configura um espaço linear, de uma única dimensão.
• Através dela apreendemos um espaço direcional.
• Existem possibilidades de se modular o movimento da linha.
• Introduz movimento direcional, intervalos ou contrastes de direção,
• Reduz o movimento; quanto maiores os contrastes menor a velocidade e maior o
peso visual e vice-versa.
• O movimento visual se dá no espaço e no tempo.
• O clima expressivo da linha se configura pelo espaço e pelo tempo.
• Introduzindo pausas e modulando as velocidades das linhas, modula-se o fluir do
tempo.
• O espaço linear sempre será frágil e de pouca substância, sempre será um espaço
unidimensional;
• É importante notar que as linhas nascem da abstração, pois não há linhas
corpóreas no espaço natural.
8. Superfície
• Percebemos as dimensões da altura e largura.
• As linhas estão presas a área que contornam.
• Quando uma dimensão prevalecer visualmente, o movimento será impulsionado
na direção dominante.
• As duas dimensões estabilizam o espaço e o imobilizam.
• Se não forem introduzidos novos elementos dinâmicos , de movimento, o espaço
aparece idealizado.
• As linhas perdem sua independência e sua mobilidade, sendo assim a superfície
um caráter mais estático do que dinâmico.
• Na superfície o movimento terá que ser introduzido por outros fatores visuais.
• Ao se acumularem várias formas, com margens sinuosas, tamanhos e posições
diferentes, temos o movimento visual.
• Superfície fechada: as margens nos permite inferir uma estrutura interna, com
centro e eixos.
• Superfície aberta: área interna nos permite perceber uma faixa externa.
• As superfícies fechadas são reguladas pela margem e as abertas pela articulação
da área interior.
20. Superfície
• Outro fator importante na superfície é a superposição , a percepção de planos
sobrepostos.
• A superposição sempre nos faz perceber o espaço profundo.
• A superposição só ocorre com superfícies mais ou menos fechadas.
• Agrupadas em seqüências rítmicas, as superposições criam campos de energia que
se expandem e se contraem.(Cubismo)
• Na superposição, o espaço é dinâmico.
22. Georges Braque, O Português, 1911
Óleo sobre Tela
Kunstmuseum, Basle
23. Elementos Visuais
• Enquanto a linha e a superfície ainda se inserem no plano pictórico, os elementos
restantes, volume, luz e cor, ultrapassam a estrutura bidimensional.
• Volume, luz e cor são considerados elementos mais dinâmicos.
• O espaço que poderá ser estruturado por eles ultrapassará sempre, em dimensões
a base do plano.
24. Volume
• Com linhas diagonais interligadas às horizontais e verticais, o contexto espacial
adquire profundidade.
• Quando vistas em conjunto horizontais e verticais, as diagonais introduzem a
dimensão da profundidade.
• Planos relacionados em diagonal, superposições, profundidade e o cheio/vazio:
são as qualidades espaciais que podem ser formuladas mediante o volume.
• Em configurações de volume sempre reencontramos os elementos linha e
superfície, mas nos seus aspectos dinâmicos, diagonalidade da linha e a
superposição da superfície.
• Qualquer volume representa um conjunto de planos em superposições diagonais.
25. Leonardo da Vinci, Anunciação, 1472-75
Têmpera sobre madeira - 98x217cm
Galleria Degli Uffizi, Florença, Itália
26. São Gregório de Nissa,
Afresco
Catedral de Santa Sofia, Kiev
27. Volume
• Configurando volumes, as próprias linhas e superfícies passam a desempenhar novas
funções.
• Sem perder suas funções anteriores, as linhas individuais assinalam agora limites
comuns entre áreas vizinhas, unindo-as ao mesmo tempo que a separam, e indicando
em que lugar, precisamente, ocorre uma mudança de direção nas várias faces que
compõem a figura do volume.
• Também as superfícies terão novas funções; como áreas separadas, embora vizinhas,
cada qual atuando como um plano bidimensional, as superfícies se conjugam , sempre
no sentido diagonal, para formar um espaço tridimensional.
• O espaço característico do volume é o da profundidade, mas a noção da profundidade é
sempre visual, virtual.
• Na representação do volume, a profundidade é inserida pela ação de diagonais, junto a
planos verticais ou horizontais.
• Os dados visuais nos são apresentados em conjunto à nossa percepção,integrando-se e
qualificando-se reciprocamente, de tal modo que nenhuma das três dimensões pode
ser apreendida sem as outras.
• O espaço configurado dos volumes induz também a sua densidade, quanto mais
subdivisões e maior número de facetas percebidas, maior a noção de substância física
densa.
28. Volume
• Na configuração de volumes, e conseqüentemente de um espaço que é
caracterizado como tridimensional, também os aspectos da escala e magnitudes
serão integrados ao esquema da percepção.
• Na representação de volumes, a magnitude indicará unicamente relações espaciais
de proximidade ou distância.
• Em função da obliqüidade, o contexto espacial se dinamiza, e articula um
afastamento ou proximidade.
• No volume, a cada espaço sólido externo sentimos corresponder um espaço
equivalente interno.
• Como qualificação espacial própria do volume (não existindo em outro elemento
visual) as correspondências de cheio/vazio irão caracterizar o desdobramento
formal do elemento volume.
• O Volume deve ser reconhecido pela diagonalidade das interligações, pela
profundidade do espaço (profundidade tridimensional) e pela densidade (na visão
do cheio/vazio).
43. Elementos Visuais
• A elaboração formal envolve problemas mais complexos, como o processo de
transformação nos elementos visuais.
• Cada elemento pode ser transformado em outro, isto é, pode ser visto como
componente de outro elemento (exceção luz em cor ou cor em luz).
• Os elementos podem ser agrupados para comporem outros elementos.
• A escolha do elemento, ou talvez dos vários elementos com que o artista vai
trabalhar, assim como o caminho em que os elementos são desdobrados e
transformados, corresponde às intenções do artista, mesmo que a nível não-
consciente.
44. Giotto di Bondone, Encontro de Joaquim e Ana no Portal de Ouro, 1304-06
Afresco, 200 x 185 cm
Cappella Scrovegni (Arena Chapel), Padua
45. Giotto di Bondone, A deposição, 1304-06
Afresco, 200 x 185 cm
Cappella Scrovegni (Arena Chapel), Padua
46. Paolo Ucello
A batalha de San Romano,1438-40
Tempera, 181.6 x 320 cm National Gallery, Londres
47. Paolo Ucello
A batalha de San Romano,1438-40
Tempera, 181.6 x 320 cm National Gallery, Londres
48. Pierro Della Francesca - A Flagelação –1469, 58.4 x 81.5 cm;
Galleria Nazionale delle Marche, Palácio Ducal de Urbino
49. Pierro Della Francesca, O Milagre da Cruz
Afresco, 356 x 747 cm
Igreja de São Francisco, Arezzo
50. Pierro Della Francesca, O Milagre da Cruz
Afresco, 356 x 747 cm
Igreja de São Francisco, Arezzo
51. Pierro Della Francesca, O Milagre da Cruz
Afresco, 356 x 747 cm
Igreja de São Francisco, Arezzo
52. Luz
• Luz: Contraste entre o claro e o escuro.
• O artista aproveita os efeitos de iluminação natural ou artificial , fazendo-
os coincidir com as distribuições de manchas claras e escuras na imagem,
destacando então, nos objetos apresentados, certos planos iluminados ou
sombras projetadas.
• O contraste de claro/escuro pode existir independentemente de um foco
de luz.
• Para que o elemento luz se torne expressivo, é preciso ter todo o
movimento visual desdobrar-se através de valores claros e escuros.
• Naturalmente os contraste não precisam ser distribuídos de maneira igual,
há maneiras de se graduar suas intensidades e também os tamanhos, no
que chamamos de graduação de intensidade.
• Através do contraste claro/escuro , a luz articula uma vibração no espaço.
• O claro avança no espaço e o escuro recua.
• Quanto mais intenso o contraste, mais visível o efeito da vibração.
53. Luz
• O claro, referido aos escuros, vai avançar, e o escuro, referido aos claros,
vai recuar.
• Quanto mais consistente for a elaboração de valores contrastantes,
através de graduações de intensidades, variações e inversões, tanto mais
nítido se torna o efeito vibratório de um avanço/recuo simultâneo.
• O claro, referido visualmente ao escuro e avançando, se irradia e se
expande, referido ao claro, o escuro recua e se contrai.
• O artista ao elaborar formalmente o contraste de claro/escuro, sabendo
que pequenas áreas claras podem ser contrastadas a áreas escuras
relativamente maiores e ainda assim, avançar e irradiar-se, o artista
procura equilibrá-las, graduando proporcionalmente o tamanho das
partes claras e escuras que a cada vez irão propor a unidade de contraste.
• Procura também graduar as intensidades, o sem-número de combinações
possíveis, desde o muito claro ao muito escuro.
54.
55. Luz
• Em cada etapa o artista trabalhará comparando os detalhes com o
conjunto que se forma, e novamente o conjunto com os detalhes.
• Na indução de deslocamentos simultâneos de avanço/recuo e
expansão/contração, que se farão possíveis em todas as partes do quadro,
os tamanhos e também as intensidades se tornarão relativas.
• Embora, em cada contraste, os componentes claros e escuros apareçam
intimamente interligados, pois só reunidos tornam-se expressivos, eles
não perdem seu caráter individual, nem tampouco seu significado original.
• Ao claro e ao escuro atribuímos significados diversos.
• Vemos a claridade como afirmação da vida, do ser e do fazer, calor das
qualidades éticas do bem e da verdade.
• Inversamente, a escuridão não é tida apenas como ausência da claridade,
mas como sua negação, como um contra-princípio ativo, o não-ser, o mal,
o desaparecimento, a destruição, a morte.
• No contraste claro-escuro existem portanto certas qualificações, que irão
definir a gama expressiva do elemento luz.
56. Leonardo da Vinci , A Virgem das Rochas, 1492-1508
National Gallery, Londres, Inglaterra
57. Luz
• O fenômeno do avanço/recuo simultâneo e na expansão-contração que o
acompanha, a vibração torna visível um espaço de profundidade.
• Diferente dos volumes, a profundidade não mais se apresenta tridimensional,
em vez disso vemos o tempo formulado como ritmo.
• A forma do espaço caracterizada por ritmos de simultâneos avanços-recuos é
alta dinâmica
• Em qualquer dos elementos visuais, dinâmicos ou estáticos, nas configurações
de cor, superfície e até mesmo da linha, surge sempre uma figura espacial de
maior ou menor substância, isto não acontece com a luz, que parece consistir
de pura energia.
• Não podemos precisar a duração do tempo neste movimento pulsante.
• Um maior grau de claridade corresponde a um nível maior de aproximação,
assim como um escuro mais profundo corresponde a um afastamento maior
• A pulsação se aprofunda e se acelera entre os pólos de avanço e recuo.
• A crescente velocidade ocorre dentro do contraste.
• O elemento luz vai articular ritmos em profundidade espacial.
• Todo contraste representa uma parada obrigatória
58. Luz
• A combinação de profundidade-tempo, que é característica para o
elemento luz, coloca-se inteiramente fora das dimensões do plano
pictórico (altura-largura).
• O elemento luz, não só pode como deve ser, necessariamente, composto
por outros elementos.
• Contraste claro-escuro podem entrar em linhas, superfícies ou volumes,
ou ainda tonalidades de cor.
• Embora transformando-se, os elementos originais não perdem suas
funções e qualificações espaciais.
• O fenômeno da luminosidade pelo seu simbolismo e alta expressividade tem para
nós significados especiais, tais como o amor, a verdade, a consciência que
formulados em termos de qualidade de luz são, claro, lúcido, transparente.
• A presença do elemento luz é significativa para o conteúdo expressivo das obras
de um artista.
59. Rembrandt, A Festa de Baltasar, 1630-35
Òleo sobre Tela, 167 x 209 cm
National Gallery, London
60. Rembrandt, A Ronda noturna, 1642
Òleo sobre Tela, 359 x 438 cm.
Rijksmuseum. Amsterdam
61. Rembrandt, A Ronda noturna, 1642
Òleo sobre Tela, 359 x 438 cm.
Rijksmuseum. Amsterdam
62. Rembrandt, A Ronda noturna, 1642
Òleo sobre Tela, 359 x 438 cm.
Rijksmuseum. Amsterdam
63. Rembrandt, A Noiva Judia, 1665
Òleo sobre Tela, 121.5 x 166.5 cm
Rijksmuseum, Amsterdam
64. Rembrandt, A Noiva Judia, 1665
Òleo sobre Tela, 121.5 x 166.5 cm
Rijksmuseum, Amsterdam