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Responsabilidade Social e o Marketing:
Conjuntura atual e a pandemia da Covid-19
Francisco Rolo
Maria Alexandra Coelho
Ulisses Pereira
Vinícius Caixeta
18 de Dezembro de 2020
Mestrado em Gestão e Curadoria da Informação
Marketing e Comunicação de Informação
Universidade NOVA de Lisboa
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Information Management School
Índice
I. Introdução.................................................................................................................................. 1
II. Consumidores............................................................................................................................ 2
III. Tendências................................................................................................................................ 4
IV. Competências........................................................................................................................... 6
V. Responsabilidade Social e Marketing ....................................................................................... 9
1. 16/10/2020........................................................................................................................ 10
2. 23/10/2020........................................................................................................................ 12
3. 06/11/2020........................................................................................................................ 14
4. 13/11/2020........................................................................................................................ 15
5. 20/11/2020........................................................................................................................ 16
VI. Conclusão............................................................................................................................... 18
VII. Referências............................................................................................................................ 21
1
I. Introdução
Ao longo deste trabalho, elaborado no contexto da Unidade Curricular de Marketing e
Comunicação de Informação do Mestrado em Gestão e Curadoria da Informação, pretendemos
analisar, de forma geral e com base em literatura proposta pela docente, as várias vertentes do
Marketing, nomeadamente a evolução e transformação dos consumidores e tendências do
marketing, assim como a emergência de mais e mais elaboradas competências dos futuros
profissionais da área.
Como se poderá notar, todos estes temas se encontram interligados, sendo que a ordem
pela qual são apresentados não é aleatória. Os consumidores, enquanto definidores da procura,
definem e influenciam também as tendências do mercado, das empresas, e, assim do marketing,
fatores esses que vão determinar o método e a forma de trabalho dos profissionais da área, ou
seja, das competências necessárias. Desta forma, julgamos conseguir elaborar uma imagem do
panorama em que inserimos o nosso foco: a Responsabilidade Social e o Marketing.
Assim, no primeiro capítulo, são apresentadas as formas como a conjuntura pode alterar
o comportamento e preferências dos consumidores. Há um especial foco na existência de crises
e como a alteração de condições económicas ou sociais afeta os hábitos de consumo, com a
apresentação das previsões futuras, antes e depois do despoletar da covid-19.
Também esta mudança de perspetiva dos consumidores afeta as tendências do
marketing, tema do segundo capítulo deste trabalho. Neste serão abordados os passos que as
empresas podem, e em grande medida devem, seguir para fazer face a esta nova conjuntura,
como se devem ajustar à adaptação do mercado às novas exigências.
Neste processo de adaptação e ajuste a novas situações, com a emergência de novas
tendências, também os profissionais serão incluídos. Como abordado ao longo do terceiro
capítulo, estes veem as competências necessárias para desempenhar determinadas funções a
sofrer uma mutação, tanto devido à supramencionada pandemia, como ao desenvolver dos
avanços tecnológicos.
É no quarto capítulo que é trabalhado o tema específico da nossa investigação. Num
mundo em constante mudança, e em que precisamos, cada vez mais, de reavaliar a importância
das nossas escolhas, de nos responsabilizarmos pelas ações que tomamos, e de assumir uma
atitude enquanto comunidade para o bem de todos, torna-se impossível não pensar no efeito
que, enquanto grupo, temos no mundo. Tanto quanto uma falta ação de grupo pode levar à
expansão de uma ameaça global como é a da covid-19, também uma falha em agir em relação
a um sistema que continuamente põe em risco os Direitos Humanos e o futuro ambiental do
nosso planeta pode ser fatal. Razão pela qual, quando confrontados com as problemáticas do
Marketing, a da Responsabilidade Social sobressaiu.
2
II. Consumidores
O consumidor é, hoje e sempre, uma das maiores forças que impulsiona o mercado. É um
elemento que dita a procura, tanto na dimensão da quantidade, como no tipo de produtos e de
mercado em que pretende investir o seu tempo e dinheiro. Por esta razão, torna-se de imensa
importância as empresas conhecerem quem o consumidor é, o que o motiva e os seus ideais e
necessidades, para de forma mais eficiente criar um marketing adequado, e que faça o seu
negócio prosperar e manter a competitividade. Se esta é uma premissa real em qualquer
momento, ainda mais o é na conjuntura que enfrentamos atualmente, com a ameaça do covid-
19. É um momento de fragilidade para todo o mercado, com os consumidores com cada vez
menor poder de compra e, de certa forma, menos vontade de comprar. Assim sendo, com as
mudanças que vivemos, torna-se cada vez mais importante conhecer e compreender o
consumidor, sem nunca esquecer o facto de que nenhum consumidor é igual a outro.
Vários autores, como os referidos por Mehta, Saxena e Purohit (2020), chegam à
conclusão de que durante e no pós-crise existem sempre tendências de consumo a surgir,
influenciadas pelos valores, costumes e pensamentos de cada indivíduo, mas que seguem a
mesma base: uma de simplicidade, de volta ao básico e ao minimalismo, o desdém do consumo
desnecessário, e o regresso aos valores tradicionais, que são transmitidos entre famílias e
comunidades. Este pensamento deixa para trás os anteriormente proeminentes fatores
influenciadores de consumo, como por exemplo o status, a imagem que se queria passar para o
mundo, e até a própria personalidade (Mehta, Saxena e Purohit, 2020, p. 298). E, além dos
fatores já conhecidos, desde que a crise que vivemos começou, denotou-se também uma
tendência para os consumidores escolherem comprar localmente, além de aumentarem o seu
consumo online, levando a uma ainda maior digitalização do mercado (Mehta, Saxena e Purohit,
2020, p. 295).
De forma mais particular, estudos acreditam que os consumidores poderão reagir de
forma diferente às situações em que se encontram, tanto devido à atual pandemia, como à
conjuntura atual que para além dela vai, como a crise económica, a crise ambiental, a
emergência de causas sociais, entre outras. Em relação à última situação é exemplo o estudo
feito pela empresa Idea Communication em 2019, ainda antes do aparecimento do covid-19,
que revelam a emergência de quatro tipos de consumidores, associados a sentimentos
específicos.
Assim, existem consumidores que cada vez mais apresentam um cansaço e ansiedade
associados ao seu dia-a-dia, e que necessitam de um processo de consumo simples, intuitivo e
que evite o elevado número de decisões a tomar, primando pela redução do stress no processo
de compra, chamados de Compressionalists. Existem também consumidores que não procuram
3
facilitar o processo de consumo tanto quanto desejam tomar decisões de consumo
responsáveis, que expressem os seus valores e crenças e que apoiem empresas que mostrem a
sua devoção às mesmas causas e valham o investimento pelas suas ações e código de ética, os
Kindness Keepers. Os Market Makers, que não conseguindo encontrar opções no mercado que
respondam ao que procuram, vão criar as suas próprias oportunidades, as suas próprias formas
de valorizar o seu país, a sua região e as causas em que acreditam. E, com a digitalização, surgirão
também consumidores que apresentarão um forte ceticismo em relação a todo o processo de
comércio online, reticentes em ceder os seus dados a companhias que farão lucro através deles,
sem ter qualquer controlo, os Cyber Cynics. (Idea Communication, 2019).
Quanto à reação à pandemia, a Accenture lança, em 2020, um estudo intitulado “COVID-
19: 5 new human truths that experiences need to address”. Com o surgimento da pandemia
novas previsões surgiram, acrescentando às já apresentadas. Prevê-se assim uma maior onda
de desconfiança, em relação a produtos, em relação a empresas, e até em relação ao futuro,
que fará com que as pessoas sintam alguma reticência em fazer planos, investimentos e em sair
da sua zona de conforto. Associado ao mesmo, a escolha de ficar em casa, quer a trabalhar,
estudar, e, acima de tudo, fazer compras, vai aumentar, levando assim a um crescimento do
mercado digital, que, por isso, deverá também ser adaptado às necessidades das pessoas que
executam as suas responsabilidades a partir de casa. A escolha de não passar tanto tempo em
locais exteriores ao lar, ou com uma maior quantidade de pessoas, está diretamente ligada ao
desejo de assegurar a saúde e o bem-estar, que muitos consumidores adotarão e adaptarão ao
restante consumo. É de notar também que, ao saírem do seu conforto, as pessoas terão mais
tendência a confiar no que é local e no que é conhecido. A incerteza que vem com as causas
para estes comportamentos levará também a um aumento da importância da autoridade, do
respeito pelas regras e pelo sentimento de comunidade. (Accenture, 2020).
A relevância de referir estes dois artigos passa pela relação de complementaridade que
apresentam na descrição do consumidor do futuro, influenciado por tempos turbulentos.
Mostram que muitas das características já esperadas antes da pandemia, foram e vão ser
intensificadas pela mesma, com o aumento geral da importância da ética, da transparência, da
escolha pela saúde e bem-estar, pela necessidade de aumento e melhora das plataformas de
consumo digital, nos bens que não podem ser adquiridos localmente, e na redução do stress,
agora não só no processo de consumo, mas também na própria permanência em loja física.
4
III. Tendências
O marketing é uma atividade que se centra no objetivo de satisfazer as necessidades
dos clientes. A maior tendência que se tem verificado no marketing diz respeito às mudanças
cada vez mais rápidas no contexto organizacional. Estas mudanças são acompanhadas pela
mudança dos comportamentos dos consumidores e das suas necessidades nesse preciso
momento. A disponibilidade de novas e melhores tecnologias permitiu haver um
desenvolvimento na produção de serviços e a comunicação e transmissão de informação
consegue abranger um maior leque de pessoas. Hoje em dia e, principalmente neste contexto
de pandemia, existe menos tempo para estudar o mercado. As respostas necessitam de ser
rápidas e eficientes para que uma empresa se mantenha na vanguarda das tendências.
Mas, para ter um forte impacto social não é só necessário estar atento às tendências,
mas conseguir satisfazer as necessidades comunitárias, como a responsabilidade social, por
exemplo. A pandemia que resultou da covid-19 oferece uma oportunidade quase única para as
empresas repensarem a sua responsabilidade social para conseguir enfrentar os novos desafios
que lhes são propostos. Os gestores de marketing têm que repensar e criar novas estratégias
para não perderem o comboio nesta atividade. Uma nova realidade está a ser posta à prova e a
forma como a sociedade vê as coisas vai mudar muito. A covid-19 representa uma das maiores
mudanças no marketing moderno. Este agora vai ter que dar ênfase à responsabilidade social e
dar atenção à ética do consumidor.
A responsabilidade social, praticada de forma genuína, irá criar um relacionamento
muito mais forte entre empresa e o público no geral, especialmente aquelas que, de um
momento para o outro, alteraram o seu ADN de modo a conseguirem ajudar a população a
terem mais recursos para se protegerem e ultrapassarem a pandemia. Deste modo, uma política
centrada na responsabilidade social vai ter, num futuro próximo, uma enorme relevância nas
estratégias de marketing que vão ser definidas. O crescimento e o desenvolvimento das
empresas são feitos a partir do equilíbrio perfeito entre lucro e harmonia com o público.
A pandemia, durante o ano de 2020 ainda destacou e a realçou mais as diferenças entre
as classes sociais e é nesse aspeto que as empresas se devem projetar e fazer esforços para
conseguir combater esta desigualdade que é bastante visível. A pandemia é considerada um
fator situacional, isto é, surge num contexto imprevisível e que pede a rápida reação de todos
os setores de atividade de um país. A atitude dos consumidores e a sua tomada de decisão por
algum produto é feita de forma emocional, muitas vezes pelo medo que têm em ficar
gravemente doentes. Mas a verdade é que durante este período, muitas pessoas tomaram
consciência das dificuldades de algumas pessoas e criaram uma onda de solidariedade.
5
O turismo foi mais uma atividade que caiu em pique e não podemos ignorar isso
(Weforum.org, 2020). As viagens de negócios, muito provavelmente vão ser dispensadas devido
ao grande desenvolvimento de ferramentas digitais que permitem a comunicação remota e à
distância, os destinos mais procurados nas viagens de lazer vão ser aqueles que se preocupam
mais com o bem-estar e saúde pública da população e nesse campo, o marketing verde, poderá
crescer muito. O bem-estar e a saúde pública vai tornar-se noutra área absolutamente
fundamental no marketing.
A ética do consumidor afirma-se como um papel fundamental e cada vez mais
importante no que toca à tomada de decisão e as empresas têm que saber jogar com isso.
O cenário de pandemia veio acelerar a revolução do marketing para ser cada vez mais
social, para se preocupar com a sociedade. Por exemplo, o marketing online disparou, as lojas
físicas foram trocadas pelas virtuais. O tipo de relação com cliente deixou de ser direto, agora
as estratégias têm menos tempo para serem pensadas e precisam de ser mais rapidamente
executadas. O mundo online mudou a natureza dos consumidores. Dentro do contexto de
marketing para o bem-estar da sociedade, as coligações entre as empresas foram muito
benéficas. As que se uniram para um bem comum vão ser mais valorizadas dentro de um grupo.
Com as mudanças no mundo surgiram alterações nas estratégias de marketing dando uma maior
agilidade à estratégia para permitir flexibilidade ao ponto de uma enorme mobilidade. As novas
estratégias vão assentar na sobrevivência a longo prazo, na agilidade estratégica e na
responsabilidade social, dando ênfase a esta nova fase do marketing.
Os autores do post covid-19 market trends afirmam que o pós-covid vai dar surgimento
a quatro ramos de novas tendências:
1. Digitalização: Permitiu rápidas respostas em curto prazo estabelecido. Deu origem ao
teletrabalho, à telescola, e-commerce, ou seja, facilitou a maneira como víamos as
coisas. Afinal não precisamos de estar fisicamente presentes para conseguir participar
nas tarefas. As grandes barreiras à digitalização são a falta de recursos, a escassez de
talentos e as dificuldades em encontrar modelos de negócio. (Mc Kinsey, 2020)
2. Sustentabilidade: Deve ser evitado o regresso ao modelo antigo, altamente prejudicial
ao ambiente. A pandemia levou a algumas melhorias no sentido ambiental e esta
tornou-se numa grande oportunidade de algumas empresas subirem em valor de
mercado. A crise é uma chance de começar tudo de novo, mas com uma melhor tomada
de decisões (Le Quéré et al. 2020)
3. Resiliência: Embora não seja a única crise pela qual já passamos, esta é sem dúvida, das
piores que a história da humanidade já viveu. É necessário dar importância à consciência
pública. A resiliência consiste na capacidade de se recuperar dos contratempos que nos
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são impostos e criar medidas para conseguir mudar as suas estratégias (Harvard
Business Review, 2015)
4. Estratégias de negócio: A principal preocupação das empresas é lidar com as
consequências imediatas da crise e após esta, as empresas podem reconsiderar as suas
estratégias de acordo com as aprendizagens retiradas da crise. A recuperação deve
reconhecer as principais tendências e repensar modelos de negócio, mudanças no
padrão de consumo. A digitalização vai ser o grande passo para a diferenciação.
Segundo os autores do Post Covid-19 Costumer Strategy Implications, a pandemia
derivada pela covid-19 está a ter um forte impacto nas estratégias. A desglobalização é um
grande problema. Foi afetada a logística da distribuição porque as fronteiras foram fechadas e
os acessos bloqueados. É necessário o incentivo ao comércio local para que a população possa
ter acesso ao produto que normalmente tem. A nível da comunicação interna, esta passou a ser
remota, isto é, houve uma grande necessidade para se conseguir desenvolver mecanismos para
se mudar para esta era cada vez mais digital. Para conseguirmos garantir a continuidade dos
negócios, devido a estes tempos de incerteza, foi necessária uma enorme flexibilidade para dar
continuidade e garantir uma grande fidelização dos clientes.
As consequências da crise são bastante óbvias, as empresas vão ter que reduzir custos
e ter uma maior eficiência. Está na altura da aposta no meio digital com softwares inovadores.
A comunicação estratégica pode ser vista como altamente favorável.
As empresas vão ter que consolidar a sua posição no mercado, ser diferenciadas, para
que os seus produtos e serviços sejam adquiridos correndo o risco de o negócio não aguentar.
Esta é uma boa fase para a captação de clientes. Com o forte aumento da concorrência as
empresas podem sofrer perdas financeiras muito grandes. Nunca esquecer que o meio digital
deu a oportunidade de muitos negócios surgirem, aumentado assim, o nível de oferta que existe
no mercado, dando foco às competências essenciais. À medida que a oferta vai crescendo os
preços também podem variar. O aumento da concorrência vai dar mais produtos e serviços à
grande panóplia que já era apresentada e, deste modo, os clientes vão ter capacidade de refletir
sobre a melhor decisão podendo mesmo levar em melhor consideração um negócio local ou
mesmo um de um amigo ou conhecido. O tema da responsabilidade social tem cada vez mais
impacto no momento de o cliente escolher adquirir um determinado produto.
IV. Competências
Em consolidação com aspectos providos de um contexto de globalização, a evolução
global dos futuros empregos tem sido delimitada com o avanço da tecnologia, com os novos
setores de mercado, os sistemas econômicos globais mais conectados e pela difusão da
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informação de forma mais ampla e imediata (Schwab e Zahidi, 2020). Simultaneamente a esses
pontos, junto as incertezas do mundo atual e de uma nova recessão económica provocada pelo
contexto pandêmico da Covid-19, “[…] milhões de trabalhadores passaram por mudanças que
transformaram profundamente suas vidas dentro e fora do trabalho, seu bem-estar e sua
produtividade […]” (Schwab e Zahidi, 2020, p. 8).
Nessa conjuntura, são cobrados aos profissionais cada vez mais competências de
diversas áreas, existindo uma necessidade de junção dos fatores humanos e digitais. Pela essa
atual relevância da interação humana nas novas economias, uma das áreas que tem ganhado
mais espaço e oportunidade é o Desenvolvimento de Produtos, Vendas, Marketing e Conteúdo.
Sendo importante nessas áreas habilidades básicas tecnológicas como gestão das social media
e soft skills como liderança (Ratcheva, Leopold e Zahidi, 2020).
Estão surgindo cada vez mais ferramentas e tecnologias para testar e desvendar as
motivações dos usuários, rastrear o caminho até a compra, moldar nichos de mercado
emergentes e turbinar a experiência entre a pessoa e a marca, através de inteligência artificial,
desenvolvimento de algoritmos e até mesmo haptics (sensação de toque).
Com essa evolução das tecnologias e dos canais de mídia, se tornou muito mais
complexa a relação entre o Marketing e o consumidor, com as empresas dotadas de abundância
de recursos digitais capazes de prever a partir dos algoritmos o que os clientes ou futuro clientes
querem, definindo a experiência das marcas do futuro a junção da conectividade digital com a
inteligência dos dados (Pring, Davis e Boland, 2019).
As novas oportunidades que vem surgido deste contexto, incluem, especialistas em
Marketing Digital, especialistas em Criação e Gestão de Conteúdos e especialistas em Satisfação
do Cliente, além de que se observa um pequeno crescimento nas economias verdes e
sustentáveis, necessitando de um profissional com competências em Marketing Verde,
colocando em causa a responsabilidade social (Ratcheva, Leopold e Zahidi, 2020). De modo que
o profissional de Marketing consiga se adaptar as competências necessárias para o presente e o
futuro, exige que ele seja capaz de perceber as tendências e necessidades dos consumidores em
desenvolvimento e considerando o contexto atual, está sendo abordada a junção de duas
temáticas: a tecnologia e a empatia (Pring, Davis e Boland, 2019).
A tecnologia hoje está bastante presente nas empresas e este profissional deverá
conseguir empenhar um bom uso destas ferramentas em conexão com a empatia, para
conseguir impulsionar as relações com os clientes, utilizando esses novos sistemas de gestão,
algoritmos e inteligências artificiais para estudar e prever o comportamento do consumidor.
Os autores do 21 Marketing Jobs of the Future (Pring, Davis e Boland, 2019) destacam
algumas profissões em desenvolvimento no Marketing, todas necessitando de unir as duas
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vertentes da tecnologia e empatia, mas que umas requerem mais experiência tecnológica e/ou
necessitam um nível maior de empatia.
Entre as novas funções que precisam desempenhar um maior fator tecnológico, eles
citam como primordiais:
1. Object Persuasion Manager: Um profissional que deve ser dotado da lógica,
matemática, arquitetura de sistemas e inteligência artificial para entender o que pode
mudar a lógica dentro de uma máquina. Precisa criar comunicações de negócio-máquina
que traduzem as necessidades do marketing em um ambiente direcionado ao produto.
2. Sixth Sense Analyst: Trabalho que consiste em informar o desenvolvimento de produtos
e serviços que definirão e ampliarão as relações com a mídia e influencers. Deverá
também impulsionar o comportamento do cliente em direção aos resultados prováveis
nos níveis macro (estratégia) e micro (envolvimento) e para a adoção mais rápida de
produtos e serviços, reposição de estoque imediata e preparação de recursos mais
eficiente em toda a organização.
3. In-world Marketing Architect: Necessita trabalhar a experiência virtual dos clientes e
impulsionar a empresa ou marca a partir de tecnologias de realidade virtual (VR), como
criar uma experiência persuasiva que irá guiar os usuários a partir de uma experiência
em um videogame onde existe um envolvimento e vendas reais.
Em relação às funções que os autores Pring, Davis e Boland (2019) citam que requerem
um maior nível de empatia, encontram-se algumas delas:
1. Algorithm Bias Auditor: Precisa conduzir investigações e análises sobre cada algoritmo
utilizado para prever as tomadas de ações, fazer a gestão de um inventário de
algoritmos, tomando em conta seus objetivos, inputs e outputs e relacionando isto com
os julgamentos de valores e consequências. É vital garantir que os algoritmos dos
motores da IA são justos, legais e representam os valores da organização.
2. Purpose Planner: Esse profissional deverá dominar um briefing corporativo e a partir da
utilização de todos os canais disponíveis, deve ajudar os clientes a construir, manter,
gerenciar e aprimorar seu propósito nas mentes de um mercado cada vez mais
abarrotado. Deve criar um plano que esteja conciliado com os clientes e funcionários.
3. Machine Personality Designer: Cria produtos e serviços digitais, onde os clientes e a
máquina interagem, de forma a trazer uma personalidade para a interface da máquina
que responda às emoções e sentimentos das pessoas.
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Observando a emergência dessas novas profissões e competências, conclui-se que,
atualmente para se adaptar e poder trabalhar um bom Marketing, é necessária uma interação
bem ajustada entre canais offline e online, algoritmos e empatia. O objetivo do profissional de
Marketing evoluiu de um contexto em que não é fazer somente com que as pessoas encontrem
um produto, serviço ou marca adequada, mas sim fazer com que continuem por perto e
fidelizadas, sendo a competência essencial desses profissionais na atualidade, conseguir ligar
pessoas as histórias, as marcas e as experiências (Pring, Davis e Boland, 2019).
V. Responsabilidade Social e Marketing
Se entendermos leigamente o marketing uma estratégia de negócio que, apesar de
abrangente, tem como objectivo final levar a que os consumidores adiram a um determinado
produto ou serviço, poderíamos ser tentados a pensar que esta estratégia seria completamente
desprovida de qualquer dimensão ética ou moral. Se a obtenção de lucro é o que a move, parece
subsequente que qualquer acção é válida, desde que atinja esse objectivo. Acresce também que
as pessoas, na sua maioria, mesmo quando ultrapassam os impulsos de consumo mais básicos,
“pensam com a carteira”, o que parece remover da equação outras variáveis que não o dinheiro.
O tema da responsabilidade social nas/das empresas, num sentido amplo, já é debatido
há muitos anos. No entanto, com o despertar da população para os problemas climáticos, tem
vindo a ganhar cada vez mais espaço no debate público. Está intimamente ligado à problemática
da sustentabilidade. A população mais jovem, por exemplo, através do sistema de ensino e de
outras iniciativas não institucionais, está altamente sensibilizada para a questão climática. Desta
forma, em anos recentes têm ocorrido alguns avanços de empresas, grandes e pequenas, na
implementação de modelos de negócio, de produção e de distribuição, aparentemente mais
socialmente responsáveis.
Naturalmente, percebendo o anseio das pessoas por acções que ajudem a desenvolver
as comunidades, que contribuam para uma economia mais justa e que, com grande foco
actualmente, tenham em conta o seu impacto ambiental, as estratégias de marketing reflectirão
as preocupações das empresas no âmbito da responsabilidade social, como forma de angariar e
fidelizar clientes. Por outro lado, se o marketing pode ter um efeito bilateral, espera-se que as
organizações consigam “convencer” os mais cépticos da importância de um consumo
responsável.
No contexto da pandemia de covid-19, a questão da responsabilidade social veio a
colocar-se sob vários aspectos. Por um lado, num momento de crise aguda como a que se
verificou na fase inicial da pandemia, muitas empresas optaram por adaptar os seus negócios
de forma a responder a necessidades imediatas, por exemplo de acesso a recursos de saúde,
10
nalguns casos sem esperarem contrapartida monetária. De uma outra forma, mas ainda sob
uma luz positiva, o exemplo da tecnologização das empresas que, por exemplo, permitiu o
trabalho à distância e garantiu a sobrevivência de sectores essenciais à economia. Estes novos
hábitos profissionais provaram ser, em geral, mais amigos do ambiente, por exemplo, com a
redução das deslocações.
Por outro lado, emerge o receio de que se ignorem as políticas sustentáveis, que
geralmente requerem investimento com retorno a médio e longo-prazo, em função de acções
com ganhos imediatos. Se as empresas se encontram numa situação periclitante, em que a
sobrevivência do negócio adquire um modus de “a qualquer custo”, é tão só natural que se
ponha de lado as estratégias que não trazem lucro no curto-prazo.
É desta realidade que decorre o tema do presente trabalho. Partindo da pertinência do
tema na conjuntura actual, pretende-se pensar a responsabilidade social das organizações como
uma política institucional incontornável. Mais concretamente, pretende-se explorar a forma
como o marketing pode reflectir estas políticas institucionais e ponderar sobre de que forma a
responsabilidade social pode representar uma estratégia de marketing actual, pertinente e com
potencial para ser bem-sucedida na angariação e fidelização de clientes.
As tarefas realizadas na aula de Marketing e Comunicação da Informação resultaram em
reflexões em torno desta temática sob várias perspectivas. A secção seguinte organiza estas
tarefas cronologicamente e fornece uma breve descrição para cada uma delas. Por vezes, partiu-
se do pressuposto de que se estaria a realizar um estudo com utilidade para as empresas. Outras
vezes, a premissa foi de que se estaria a pensar como uma empresa que oferta um serviço, neste
caso, de marketing.
1. 16/10/2020
1.1. 1ª Tarefa: Enquadramento do tema a partir do texto Post covit market trends (Bouchon,
Toumi, 2020).
O tema, Responsabilidade Social e Marketing, enquadra-se dentro da grande tendência da
estratégia de negócio, nomeadamente do ponto 12 (“Reconsidering business strategies”), já que
as empresas procuram adaptar os seus produtos e ofertas aos valores e ao conhecimento e
desenvolvimento da mentalidade social e dos seus clientes. Enquadra-se também na grande
tendência da sustentabilidade, apesar de não envolver, especificamente, nenhum dos pontos
apresentados, devido à carência de as empresas desenvolverem negócios que respondam às
necessidades de uma sociedade em mudança.
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1.2. 2ª tarefa: Estabelecer os objectivos do trabalho.
● Sensibilizar as “grandes” empresas para a responsabilidade social enquanto
estratégia de marketing, ou seja, alertar para o facto de o consumidor mais
facilmente comprar produtos de uma empresa se souber que assim está a contribuir
para algum tipo de alteração positiva a nível social e ambiental, mantendo a
confiança ao mesmo tempo que muda o paradigma.
● Propagar a ideia de que modelos de negócio devem ter em conta a responsabilidade
social para contribuírem para uma economia/sociedade mais justa e sustentável.
● Deixar claro quais os temas emergentes da responsabilidade social (ex.:
sustentabilidade).
● Sensibilizar as empresas de que o laço criado entre as companhias e os
consumidores pode ser mais forte e duradouro se o consumidor sentir orgulho na
ação da companhia a quem está ligado (He, Harris, 2020).
1.3. 3ª tarefa: Identificar o público-alvo do trabalho e outras partes interessadas.
1.3.1. Para quem se dirige o presente estudo?
● Empresas com impacto ambiental/social.
1.3.2. Que outras partes interessadas identificam?
● União Europeia;
● organizações de responsabilidade social e contra o desperdício (too good
to go; refood);
● organizações ambientalistas;
● entidades governamentais - empenho das câmaras municipais e outras
entidades na prossecução de objetivos de sustentabilidade;
● empresas: EDP, EPAL, Continente, Pingo Doce, etc;
● Sociedade: Consumidores, DECO.
1.4. 4ª tarefa: Agrupar as partes interessadas por níveis de relacionamento.
1.4.1. Direto: grandes e médias empresas (ex: EDP, EPAL, GALP, BP).
1.4.2. Indireto: organizações de responsabilidade social e contra o desperdício (too good to
go; refood), organizações ambientalistas; organizações que beneficiam das
consequências de políticas das grandes empresas; Governo e suas entidades;
consumidores.
1.4.3. Remoto: DECO; profissionais de marketing.
1.4.4. Societal: União Europeia; autarquias.
12
2. 23/10/2020
2.1. 1ª Tarefa: Alinhar o tema do trabalho com os tipos de consumidores identificados no
texto Consumer Trend 2021 (Ma, 2019).
2.1.1. The Compressionalists
Este tipo de consumidor privilegia a simplicidade dos processos, dada a pobreza temporal,
o nível de stress e ansiedade, necessitando assim de acessos rápidos e eficazes, criando um
auxílio para a tomada de decisão. Assim, deve-se organizar/limpar (declutter) a experiência
digital, usar a IA para auxiliar na compra e ter uma abordagem de mais-é-menos na oferta de
produtos (Ma, 2019).
Perante uma pressão económica e social crescente e a necessidade de existência de
síndrome de super-homem, a responsabilidade social das empresas recai sobre:
● cumprir aquilo que é pedido pelos consumidores; em vez de fazer marketing intensivo
com o uso de anúncios, dever-se-á priorizar qualidade em vez de quantidade, o que
alinha também com a emergência da sustentabilidade ambiental;
● tornar os acessos/transações mais fáceis, rápidos e eficazes é, no fundo, devolver
“tempo” às pessoas e contribuir para criar espaço mental para outras tarefas/afazeres.
2.1.2. Kindness Keepers
Estes consumidores fundiram moral e dinheiro, fazendo compras e investimentos
motivados por valores. Preferem comprar a uma companhia se souberem que a sua compra tem
impacto social ou ambiental, escolhendo companhias que tenham “impact investment”, ou seja,
investimento dedicado a gerar mudança social e ambiental.
Destaca-se a responsabilidade social e marketing nas questões de:
● Transparência na produção dos bens, relativamente à sua origem e métodos de
produção, investindo em materiais de produção reutilizáveis;
● transparência nos investimentos e fundos das empresas: o consumidor procura saber
mais se o produto vier de fontes confiáveis;
● devem estabelecer-se estratégias contínuas e de longo-prazo em vez de
doações/intervenções pontuais, investir em campanhas sociais relacionadas a um certo
produto, oferecendo um certo valor de venda desse para uma causa.
As companhias devem abertamente reconhecer os seus erros e procurar corrigi-los, possuir
uma humildade de responder ao descontentamento do cliente e oferecer meios de reparar a
situação.
2.1.3. Market Makers
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Este consumidor valoriza a inovação local e representação equitativa. São criadores de
mercado que se não encontram uma oportunidade, criam-na. A instabilidade económica no
ocidente abranda a criação de mercados, sendo que as marcas preferem soluções de eficiência,
de fazer mais com menos. No mundo em desenvolvimento a inovação é mais livre e as
populações procuram criar soluções para o seu futuro.
Enquanto nos países emergentes o foco é a criação de mercados, outras regiões focam-se
nos desprivilegiados, como minorias ou pessoas com deficiência. Prova assim a presença da
responsabilidade social, complementada ainda por ideias como:
● Reutilização - “one person’s trash can be another person’s treasure.” É um novo
paradigma que inverte a ideia de consumismo. A corrente de fornecimento (supply-
chain) é revertida;
● a produção local poderá beneficiar dos sentimentos emergentes de orgulho e
patriotismo através da fomentação de mercados globais;
● surgimento de mercado focado na sustentabilidade. Tome-se como exemplo as
pequenas empresas que surgiram nos últimos anos que tentaram preencher a lacuna
que havia na oferta de produtos sustentáveis;
● criação de um mercado que tenta dar acesso a todos aos mesmos produtos.
2.1.4. Cyber Cynics
Este tipo de consumidor é cínico em relação à tecnologia e suspeita da “big data” e das
empresas de tecnologia, ou seja, tanto para as pessoas mais desinformadas como para os mais
entendidos, que estão cientes do perigo que representa a partilha de dados.
Para as empresas conseguirem manter a confiança dos consumidores, e assim cumprirem a
sua responsabilidade social, devem:
● Garantir transparência do processo de produção + transparência nos termos de
utilização;
● assegurar a segurança na navegação e compra através da internet;
● fazer com que os consumidores sintam que a submissão de dados tem um
retorno/benefício, podendo as empresas fornecerem grandes descontos em produtos
nas trocas dos dados do consumidor.
● produzir o valor através da utilização voluntária das diversas plataformas digitais poderá
significar uma maior contribuição das empresas para vários sectores da sociedade;
● trabalhar na fiabilidade da informação poderá atrair e fidelizar o consumidor “cínico”.
14
2.2. 2ª Tarefa: Reflectir em torno da questão Are there ethical issues that companies need
to address as they develop strategies to maximize customer lifetime value and treat
customer differentially? (texto?)
● Transparência no processo e no produto como forma de ganhar e/ou manter a
confiança dos consumidores;
● oferta de produto de forma e valores equitativos;
● manutenção da fidelidade na relação com o consumidor;
● proteção de dados;
● preocupação com um desenvolvimento sustentável e inclusivo;
● reutilização de produtos/materiais;
● redistribuição de riqueza.
3. 06/11/2020
3.1. 1ª Tarefa: A partir das reflexões individuais em torno da problemática das gerações,
destacar qual das teorias abordadas mais se adequa ao tema do trabalho.
Apesar de sensíveis à teoria lifespan, por maioria dos membros presentes na aula
inserimos o tema da Responsabilidade Social e Marketing na teoria geracional. Esta decisão
deve-se ao facto de vermos uma maior preocupação sobre questões ambientais nos
membros da Geração Z e nos Millenials, gerações que, por isso, serão mais suscetíveis a
campanhas que defendam a sustentabilidade e tolerância.
3.2. 2ª Tarefa: Reflectir em torno das seis acções-chave destacadas no texto B2B marketing:
Six steps to thrive in a world upended by COVID-19 (Venneman, Peeters, 2020), relacionando-as
com o tema do trabalho. Quando é mencionada a existência de “clientes”, entenda-se outras
empresas.
3.2.1. Address shifting stakeholders and complex decision-making units:
● Havendo uma grande cadeia de decisão dentro de cada empresa, é necessário que o
fornecedor tenha uma estratégia de marketing que lhe permita apresentar o seu
produto sem pôr em causa a segurança do seu cliente, contribuindo assim para a
responsabilidade social no contexto de pandemia.
3.2.2. Become fully customer-centric:
● Mudança do foco dos produtos para as necessidades do próprio cliente. Ou seja, uma
estratégia não tem de ser focada nas vendas, mas sim no consumidor, nas suas
necessidades e ideais;
● há, assim, a oportunidade para as empresas fomentar a lealdade para com os clientes;
15
● permite um aumento da reputação enquanto parceira de negócios.
3.2.3. Keep up with fast-paced change and technology innovation:
● A empresa tem de ser transparente acerca da sua forma de produção e de trabalho;
● no contexto de uma pandemia, ao adaptar o seu negócio às novas tecnologias, as
empresas assumem a responsabilidade de garantir a segurança dos clientes;
● além disso, esta adaptação pode muito bem ser a única forma de garantir a
sustentabilidade do negócio;
● a capacidade de gerir os dados e de, com isso, melhorar a tomada de decisões,
permite ir ao encontro das necessidades dos clientes.
3.2.4. Transform to digital in new business, operating and customer models:
● As plataformas digitais permitem integrar a visão do consumidor, com base nos
dados e na sua jornada, na discussão central do negócio.
3.2.5. Build new market roles and functions:
● O sucesso consiste no redireccionamento das capacidades, que devem ser divididas
entre produto, audiência e expertise. Ou seja, existe uma exigência de
conhecimento extensivo dos produtos e dos clientes para conseguir criar uma
estratégia de marketing que consiga responder às necessidades e vontades dos
mesmos;
● saída de uma posição de forçar a venda de determinado produto, para criar um
produto que vá satisfazer as necessidades do cliente e que vai ao encontro aos seus
ideais (ex: produto de alta qualidade, sustentável, etc.). isto é, ter a necessidade e o
insight do cliente como ponto de partida.
3.2.6. Redefine collaboration and break down marketing silos:
● Se o objetivo a que a organização se propõe obriga a uma mudança de paradigma,
ao nível da produção, forma de pensar o negócio, entre outros elementos, a
consequência natural poderá ser uma redefinição das colaborações;
● transformação para um empoderamento organizacional que suporte melhor o
marketing B2B, assim como a colaboração entre empresas;
● as novas estratégias de marketing terão de refletir as novas aspirações da
organização, as quais almejam um maior compromisso para com o cliente através
da maturação digital, entre outras coisas.
4. 13/11/2020
4.1. 1ª Tarefa: Destacar as actividades e competências que serão no futuro importantes para
o gestor e curador de informação a partir dos textos Marketing Jobs of the Future (Pring, Davis,
16
Boland, 2019), The Future of Jobs Report 2020 (Zahidi et al, 2020) e Jobs of Tomorrow (Ratcheva
et al, 2020).
4.1.1. Jobs:
● Machine & People Ethics Manager: Pela análise de dados de forma a avaliar a
performance dos funcionários e máquinas em relação aos valores da empresa, assim
como encontrar os elementos que estão ou não a funcionar, funções que exigem o
tratamento de informação e dados de forma a retirar conclusões para a avaliação. A
questão ética é central à responsabilidade social.
● Sixth sense analyst: No sentido da análise e tratamento de informação de forma a
prever tendências futuras, auxiliar a tomada de decisão, convertendo estas previsões
em planos de acção.
● Data ethnographer: Pela capacidade de traduzir a leitura de dados numa maior
compreensão dos clientes e em inspiração para a criação de novas relações com eles.
● Master Storyteller: Capacidade de transmitir a informação de forma clara,
aprimorando a comunicação e a divulgação de informação dentro das próprias
organizações, e para o exterior.
● Digital Marketing Consultant: Pela formação em marketing digital, um gestor e
curador de informação deve ter a capacidade de aconselhar organizações nas
melhores escolhas tendo em conta a análise dos elementos inerentes à função de
marketing (ex: perfis de clientes, históricos de vendas, etc.).
4.1.2. Skills:
● Digital Marketing;
● Microsoft Power BI;
● Equipment Inventory.
5. 20/11/2020
5.1. 1ª Tarefa: A partir do tema da responsabilidade social, reflectir em torno da oferta de
serviços/produtos verdes e das campanhas e comunicação verde.
5.1.1. Produto verde:
● Campanhas sustentáveis, com foco na utilização de produtos verdes que aumentam a
satisfação dos consumidores e não comprometem o lucro da empresa;
● vender uma ideia às empresas de que campanhas de marketing verdes ajudariam na
angariação de clientes, tornando-a mais próxima da sociedade, e colocando-a mais
perto de atingir os objetivos de sustentabilidade.
● exemplos de produtos que oferecemos:
17
o Campanhas de marketing;
o cartaz digital de rua com painel solar para fornecer energia;
o gestão de redes sociais, influencers, figuras públicas;
o panfletos reutilizáveis.
5.1.2. Comunicação e distribuição verdes:
● Website;
● redes sociais: facebook, instagram - vídeos e imagens de sensibilização;
● linkedin;
● pitch videos;
● portfólio com campanhas anteriores;
● e-mails;
● reuniões/apresentações virtuais.
5.2. 2ª Tarefa: Tendo em conta o contexto da pandemia de covid-19, reflectir em torno de
algumas questões lançadas na conclusão do texto The impact of Covid-19 pandemic on corporate
social responsibility and marketing philosophy (He, Harris, 2020).
5.2.1 What could be the long-term impact on CSR [Corporate Social Responsibility] and
consumer ethical decision making?
Poderá haver o perigo de abandonar preocupações que se percepcionam como altruístas
(sociais/ambientais) em prol da satisfação de necessidades básicas; ou seja, se não se conseguir
providenciar produtos sustentáveis a preços que compitam com os de produção em massa,
poderá haver uma “regressão ética”. Por outro lado, poderá haver um redesenhar das tradições,
adaptando-as a uma nova realidade sócio-económica - consumo mais racional, devido a uma
possível diminuição de rendimentos, em conjugação com o fim das compras por impulso de
quem está numa loja física.
No pós-pandemia, o apreço por espaços e actividades de convívio poderá aumentar
drasticamente, como contrabalanço aos períodos de isolamento/confinamento. Por outro lado,
poderá haver uma quebra na adesão aos espaços comerciais, pelo recente e “obrigatório”
desenvolvimento de hábitos de compras on-line.
5.2.2 How will Covid-19 change our marketing philosophy?
● Surgirão servidores mais capazes de lidar com compras online;
● haverá um foco em produtos cada vez mais práticos e de primeira necessidade;
● adoptar-se-ão processos de compra mais acessíveis e seguros para os consumidores;
● promover-se-á o consumo local e comunitário;
o procura de independência das grandes cadeias de distribuição;
18
o consumo com impacto visível nas áreas de residência, concelho, região;
● haverá maior preponderância do marketing por relação - com o aumento da
importância e utilização das redes sociais e outros meios de comunicação e interacção
digitais, haverá uma maior recomendação das marcas entre as próprias pessoas (um
sucedâneo da publicidade boca-a-boca);
● a consciencialização da população para os problemas comuns poderá ser uma
oportunidade para intensificar as ações de responsabilidade social; num momento em
que, apesar de fechadas, as pessoas estão mais atentas às relações entre instituições e
das instituições com a comunidade, as organizações poderão demarcar-se e destacar-
se pela positiva.
VI. Conclusão
A adopção de políticas de responsabilidade social por parte das empresas corresponde
a uma adaptação dos métodos de produção e disponibilização, à criação de produtos
diferenciados e a novas formas de interação com os consumidores, a novos valores e a uma
alteração de mentalidade a nível social. Resulta isto de diversos fatores, entre os quais se
destacam as campanhas de sensibilização para a problemática do ambiente, a omnipresença
das Tecnologias da Informação e Comunicação e as crises sociais e sanitárias advindas da
saturação do sistema económico vigente e da pandemia da Covid-19.
É possível restringir as partes interessadas e o público-alvo do presente estudo, porém,
quando se trata de responsabilidade social nas empresas, de uma forma geral, fala-se num
potencial redesenhar do mapa económico e social. Assim, considera-se que este caminho será
aplicável a virtualmente todas as empresas que pretendem marcar presença no panorama
económico que se adivinha.
Os modelos de negócio e as estratégias de marketing das organizações terão de ter em
conta os vários perfis de consumidor que emergem neste contexto. Assim, e dependendo da sua
área de atuação, deverão priorizar a qualidade dos produtos em vez da quantidade,
respondendo às necessidades concretas dos consumidores, inclusive, recorrendo às novas
tecnologias para “devolver tempo” às pessoas. Necessitarão apostar na transparência da
produção e dos investimentos. Deverão estabelecer estratégias de impacto a longo-prazo, e ser
humildes no reconhecimento do erro. Deverão também ter em conta a emergência de certos
paradigmas, por exemplo, o da inversão da ideia de consumismo através da reutilização de bens
(economia circular), e o dos mercados sustentáveis e locais. Por fim, deverão garantir a
segurança na navegação e compra através da internet e trabalhar na fiabilidade da informação.
19
Torna-se claro que a ética é central ao tema em questão. Apenas a garantia de
cumprimento de princípios éticos, traduzidos em práticas como as descritas acima, se consegue
fomentar a fidelidade dos clientes. Mas, mais fulcral que isto, importa que os modelos de
negócio estejam em linha com o paradigma de desenvolvimento sustentável e inclusivo, o que
em si já engloba a atenção às necessidades reais das comunidades.
Como resultado da pandemia de covid-19 e das diversas medidas de mitigação
adotadas, muitas empresas encontram-se num ponto de viragem. Conseguindo resistir às
consequências negativas destas medidas, é fundamental a adaptação tecnológica do negócio,
sob vários aspectos, que respeitam tanto os clientes a nível individual, como outras
organizações.
Terão de garantir a segurança dos clientes no momento de contacto e da transação.
Terão de recorrer aos sistemas de gestão de dados para melhorar a eficiência das operações e
para que a sua ação esteja mais de acordo com as necessidades e ideias dos clientes. Neste
sentido, as plataformas digitais são fundamentais porque permitem integrar a visão do cliente
no processo de produção, podendo mesmo ter o seu insight como ponto de partida. As
tecnologias de recolha e gestão de dados permitem, assim, que se responda às exigências de
conhecimento extensivo de clientes, mas também dos próprios produtos.
A colaboração entre empresas parece ser outra tendência, ou mesmo necessidade, que
emerge neste contexto. Seguindo as hipóteses expostas no parágrafo anterior, e assumindo uma
postura de competição justa e de entreajuda, as organizações têm a possibilidade de aumentar
a sua reputação no mercado, tanto junto das pessoas como de outras organizações.
Há um número de competências que são fulcrais que os profissionais de gestão da
informação e do marketing adquiram para que sejam agentes nas mudanças que se adivinham.
Destacam-se: a análise de dados internos, de forma a avaliar o desempenho dos funcionários e
máquinas em relação aos valores das empresas; a recolha, análise e tratamento de informação
de forma a prever tendências futuras, que auxiliem as tomadas de decisão; a tradução destas,
numa maior compreensão dos clientes que permita com eles estabelecerem novas relações. No
seguimento, estes profissionais devem poder cumprir a função de aconselhar e orientar as
empresas nas suas estratégias de marketing, contribuindo para a comunicação interna e externa
da empresa, que se quer cativante, mas verdadeira (transparente). Por fim, no futuro, as
competências digitais serão o objeto de fronteira de todas as outras.
Se, por um lado, a pandemia da covid-19 veio pôr em causa as políticas de
responsabilidade social, veio, por outro lado, exacerbar a sua necessidade. Prevê-se que as
necessidades básicas ganhem especial enfoque, tanto de empresas como de pessoas. Isto pode
resultar num consumo mais racional e menos emocional, beneficiando escolhas não supérfluas
20
e, desta forma, mais sustentáveis, mas também pode significar que as preocupações éticas,
geralmente, sejam colocadas em segundo plano, em prol da obtenção de retorno mais imediato.
É de notar que a dinâmica de mercado poderá sofrer alterações significativas, por
exemplo, pela transição das compras para o online, pelo aumento da procura local e pela
redução de rendimentos das famílias. O marketing das organizações deve estar em sintonia com
estas alterações. Prevê-se também, aliás, como já tem vindo a acontecer, que haja um aumento
do marketing relacional e, desta forma, torna-se essencial que as organizações consigam “medir
o pulso” às redes sociais, bem como marcar presença no mundo digital com estratégias de
marketing que coloquem as empresas junto das pessoas. Como tem sido afirmado neste texto,
a responsabilidade social pode compreender a estratégia perfeita para as organizações do
futuro.
O presente trabalho pode ser visto como um ponto de partida para tais estratégias. A
simbiose entre marketing e responsabilidade social é o expressar de uma vontade de mudar, de
assumir um compromisso para com o futuro. O potencial de ação bilateral, ou seja, de
influenciar e ser influenciado, de comprometer e ser comprometido pelas pessoas, torna o
marketing uma ferramenta de grande valor num mundo em que as políticas de responsabilidade
social se vêm cada vez mais necessárias.
21
VII. Referências
• ACCENTURE – COVID-19: 5 new human truths that experiences need to address. (2020)
Disponível em WWW:< https://www.accenture.com/_acnmedia/Thought-Leadership-
Assets/PDF-2/Accenture-COVID-19-New-Human-Truths-That-Experiences-Need-To-
Address.pdf>.
• BOUCHON, SARA; TOUMI, MOHAMED - Post Covid-19 Market Trends [Em linha]. 36 p.
[Consult. 18 dez. 2020]. Disponível em WWW:<URL:https://www.luxinnovation.lu/wp-
content/uploads/sites/3/2020/07/mi-post-covid-trends.pdf>.
• HE, HONGWEI; HARRIS, LLOYD - The impact of Covid-19 pandemic on corporate social
responsibility and marketing philosophy. Journal of Business Research. [Em linha]2020). .
[Consult. 18 dez. 2020]. Disponível em
WWW:<URL:http://www.elsevier.com/locate/jbusres>.
• MA, Helena – Consumer Trends 2021. Idea Communication. (2019) Disponível em WWW:<
http://idea-communication.com/wp-
content/uploads/2019/07/CONSUMER_TRENDS_2021.pdf>.
• MEHTA, Seema; SAXENA, Tanjul; PUROHIT, Neetu - The New Consumer Behaviour Paradigm
amid COVID-19: Permanent or Transient? Journal of Health Management. ISSN 0972-0634.
22:2 (2020) 291–301. doi: 10.1177/0972063420940834.
• PRING, Ben; DAVIS, Euan; BOLAND, Victoria - 21 Marketing Jobs of the Future: A Guide to
Getting and Staying Employed-in Marketing-for the Next 10 Years
• RATCHEVA, Vesselina; LEOPOLD, Till Alexander; ZAHIDI, Saadia - Jobs of Tomorrow Mapping
Opportunity in the New Economy. World Economic Forum. . ISSN 10605487. 79:10 (2020)
29.
• RIVEIRO, MATTHIAS et al. - Post COVID-19 Customer Strategy Implications. [S.l.] : pwc, 2020.
12 p. [Consult. 18 dez. 2020].
• SCHWAB, Klaus; ZAHIDI, Saadia - The Future of Jobs Report 2020 | World Economic Forum
[Em linha] [Consult. 28 nov. 2020]. Disponível em
WWW:<URL:https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2020>.

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  • 1. Responsabilidade Social e o Marketing: Conjuntura atual e a pandemia da Covid-19 Francisco Rolo Maria Alexandra Coelho Ulisses Pereira Vinícius Caixeta 18 de Dezembro de 2020 Mestrado em Gestão e Curadoria da Informação Marketing e Comunicação de Informação Universidade NOVA de Lisboa Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Information Management School
  • 2. Índice I. Introdução.................................................................................................................................. 1 II. Consumidores............................................................................................................................ 2 III. Tendências................................................................................................................................ 4 IV. Competências........................................................................................................................... 6 V. Responsabilidade Social e Marketing ....................................................................................... 9 1. 16/10/2020........................................................................................................................ 10 2. 23/10/2020........................................................................................................................ 12 3. 06/11/2020........................................................................................................................ 14 4. 13/11/2020........................................................................................................................ 15 5. 20/11/2020........................................................................................................................ 16 VI. Conclusão............................................................................................................................... 18 VII. Referências............................................................................................................................ 21
  • 3. 1 I. Introdução Ao longo deste trabalho, elaborado no contexto da Unidade Curricular de Marketing e Comunicação de Informação do Mestrado em Gestão e Curadoria da Informação, pretendemos analisar, de forma geral e com base em literatura proposta pela docente, as várias vertentes do Marketing, nomeadamente a evolução e transformação dos consumidores e tendências do marketing, assim como a emergência de mais e mais elaboradas competências dos futuros profissionais da área. Como se poderá notar, todos estes temas se encontram interligados, sendo que a ordem pela qual são apresentados não é aleatória. Os consumidores, enquanto definidores da procura, definem e influenciam também as tendências do mercado, das empresas, e, assim do marketing, fatores esses que vão determinar o método e a forma de trabalho dos profissionais da área, ou seja, das competências necessárias. Desta forma, julgamos conseguir elaborar uma imagem do panorama em que inserimos o nosso foco: a Responsabilidade Social e o Marketing. Assim, no primeiro capítulo, são apresentadas as formas como a conjuntura pode alterar o comportamento e preferências dos consumidores. Há um especial foco na existência de crises e como a alteração de condições económicas ou sociais afeta os hábitos de consumo, com a apresentação das previsões futuras, antes e depois do despoletar da covid-19. Também esta mudança de perspetiva dos consumidores afeta as tendências do marketing, tema do segundo capítulo deste trabalho. Neste serão abordados os passos que as empresas podem, e em grande medida devem, seguir para fazer face a esta nova conjuntura, como se devem ajustar à adaptação do mercado às novas exigências. Neste processo de adaptação e ajuste a novas situações, com a emergência de novas tendências, também os profissionais serão incluídos. Como abordado ao longo do terceiro capítulo, estes veem as competências necessárias para desempenhar determinadas funções a sofrer uma mutação, tanto devido à supramencionada pandemia, como ao desenvolver dos avanços tecnológicos. É no quarto capítulo que é trabalhado o tema específico da nossa investigação. Num mundo em constante mudança, e em que precisamos, cada vez mais, de reavaliar a importância das nossas escolhas, de nos responsabilizarmos pelas ações que tomamos, e de assumir uma atitude enquanto comunidade para o bem de todos, torna-se impossível não pensar no efeito que, enquanto grupo, temos no mundo. Tanto quanto uma falta ação de grupo pode levar à expansão de uma ameaça global como é a da covid-19, também uma falha em agir em relação a um sistema que continuamente põe em risco os Direitos Humanos e o futuro ambiental do nosso planeta pode ser fatal. Razão pela qual, quando confrontados com as problemáticas do Marketing, a da Responsabilidade Social sobressaiu.
  • 4. 2 II. Consumidores O consumidor é, hoje e sempre, uma das maiores forças que impulsiona o mercado. É um elemento que dita a procura, tanto na dimensão da quantidade, como no tipo de produtos e de mercado em que pretende investir o seu tempo e dinheiro. Por esta razão, torna-se de imensa importância as empresas conhecerem quem o consumidor é, o que o motiva e os seus ideais e necessidades, para de forma mais eficiente criar um marketing adequado, e que faça o seu negócio prosperar e manter a competitividade. Se esta é uma premissa real em qualquer momento, ainda mais o é na conjuntura que enfrentamos atualmente, com a ameaça do covid- 19. É um momento de fragilidade para todo o mercado, com os consumidores com cada vez menor poder de compra e, de certa forma, menos vontade de comprar. Assim sendo, com as mudanças que vivemos, torna-se cada vez mais importante conhecer e compreender o consumidor, sem nunca esquecer o facto de que nenhum consumidor é igual a outro. Vários autores, como os referidos por Mehta, Saxena e Purohit (2020), chegam à conclusão de que durante e no pós-crise existem sempre tendências de consumo a surgir, influenciadas pelos valores, costumes e pensamentos de cada indivíduo, mas que seguem a mesma base: uma de simplicidade, de volta ao básico e ao minimalismo, o desdém do consumo desnecessário, e o regresso aos valores tradicionais, que são transmitidos entre famílias e comunidades. Este pensamento deixa para trás os anteriormente proeminentes fatores influenciadores de consumo, como por exemplo o status, a imagem que se queria passar para o mundo, e até a própria personalidade (Mehta, Saxena e Purohit, 2020, p. 298). E, além dos fatores já conhecidos, desde que a crise que vivemos começou, denotou-se também uma tendência para os consumidores escolherem comprar localmente, além de aumentarem o seu consumo online, levando a uma ainda maior digitalização do mercado (Mehta, Saxena e Purohit, 2020, p. 295). De forma mais particular, estudos acreditam que os consumidores poderão reagir de forma diferente às situações em que se encontram, tanto devido à atual pandemia, como à conjuntura atual que para além dela vai, como a crise económica, a crise ambiental, a emergência de causas sociais, entre outras. Em relação à última situação é exemplo o estudo feito pela empresa Idea Communication em 2019, ainda antes do aparecimento do covid-19, que revelam a emergência de quatro tipos de consumidores, associados a sentimentos específicos. Assim, existem consumidores que cada vez mais apresentam um cansaço e ansiedade associados ao seu dia-a-dia, e que necessitam de um processo de consumo simples, intuitivo e que evite o elevado número de decisões a tomar, primando pela redução do stress no processo de compra, chamados de Compressionalists. Existem também consumidores que não procuram
  • 5. 3 facilitar o processo de consumo tanto quanto desejam tomar decisões de consumo responsáveis, que expressem os seus valores e crenças e que apoiem empresas que mostrem a sua devoção às mesmas causas e valham o investimento pelas suas ações e código de ética, os Kindness Keepers. Os Market Makers, que não conseguindo encontrar opções no mercado que respondam ao que procuram, vão criar as suas próprias oportunidades, as suas próprias formas de valorizar o seu país, a sua região e as causas em que acreditam. E, com a digitalização, surgirão também consumidores que apresentarão um forte ceticismo em relação a todo o processo de comércio online, reticentes em ceder os seus dados a companhias que farão lucro através deles, sem ter qualquer controlo, os Cyber Cynics. (Idea Communication, 2019). Quanto à reação à pandemia, a Accenture lança, em 2020, um estudo intitulado “COVID- 19: 5 new human truths that experiences need to address”. Com o surgimento da pandemia novas previsões surgiram, acrescentando às já apresentadas. Prevê-se assim uma maior onda de desconfiança, em relação a produtos, em relação a empresas, e até em relação ao futuro, que fará com que as pessoas sintam alguma reticência em fazer planos, investimentos e em sair da sua zona de conforto. Associado ao mesmo, a escolha de ficar em casa, quer a trabalhar, estudar, e, acima de tudo, fazer compras, vai aumentar, levando assim a um crescimento do mercado digital, que, por isso, deverá também ser adaptado às necessidades das pessoas que executam as suas responsabilidades a partir de casa. A escolha de não passar tanto tempo em locais exteriores ao lar, ou com uma maior quantidade de pessoas, está diretamente ligada ao desejo de assegurar a saúde e o bem-estar, que muitos consumidores adotarão e adaptarão ao restante consumo. É de notar também que, ao saírem do seu conforto, as pessoas terão mais tendência a confiar no que é local e no que é conhecido. A incerteza que vem com as causas para estes comportamentos levará também a um aumento da importância da autoridade, do respeito pelas regras e pelo sentimento de comunidade. (Accenture, 2020). A relevância de referir estes dois artigos passa pela relação de complementaridade que apresentam na descrição do consumidor do futuro, influenciado por tempos turbulentos. Mostram que muitas das características já esperadas antes da pandemia, foram e vão ser intensificadas pela mesma, com o aumento geral da importância da ética, da transparência, da escolha pela saúde e bem-estar, pela necessidade de aumento e melhora das plataformas de consumo digital, nos bens que não podem ser adquiridos localmente, e na redução do stress, agora não só no processo de consumo, mas também na própria permanência em loja física.
  • 6. 4 III. Tendências O marketing é uma atividade que se centra no objetivo de satisfazer as necessidades dos clientes. A maior tendência que se tem verificado no marketing diz respeito às mudanças cada vez mais rápidas no contexto organizacional. Estas mudanças são acompanhadas pela mudança dos comportamentos dos consumidores e das suas necessidades nesse preciso momento. A disponibilidade de novas e melhores tecnologias permitiu haver um desenvolvimento na produção de serviços e a comunicação e transmissão de informação consegue abranger um maior leque de pessoas. Hoje em dia e, principalmente neste contexto de pandemia, existe menos tempo para estudar o mercado. As respostas necessitam de ser rápidas e eficientes para que uma empresa se mantenha na vanguarda das tendências. Mas, para ter um forte impacto social não é só necessário estar atento às tendências, mas conseguir satisfazer as necessidades comunitárias, como a responsabilidade social, por exemplo. A pandemia que resultou da covid-19 oferece uma oportunidade quase única para as empresas repensarem a sua responsabilidade social para conseguir enfrentar os novos desafios que lhes são propostos. Os gestores de marketing têm que repensar e criar novas estratégias para não perderem o comboio nesta atividade. Uma nova realidade está a ser posta à prova e a forma como a sociedade vê as coisas vai mudar muito. A covid-19 representa uma das maiores mudanças no marketing moderno. Este agora vai ter que dar ênfase à responsabilidade social e dar atenção à ética do consumidor. A responsabilidade social, praticada de forma genuína, irá criar um relacionamento muito mais forte entre empresa e o público no geral, especialmente aquelas que, de um momento para o outro, alteraram o seu ADN de modo a conseguirem ajudar a população a terem mais recursos para se protegerem e ultrapassarem a pandemia. Deste modo, uma política centrada na responsabilidade social vai ter, num futuro próximo, uma enorme relevância nas estratégias de marketing que vão ser definidas. O crescimento e o desenvolvimento das empresas são feitos a partir do equilíbrio perfeito entre lucro e harmonia com o público. A pandemia, durante o ano de 2020 ainda destacou e a realçou mais as diferenças entre as classes sociais e é nesse aspeto que as empresas se devem projetar e fazer esforços para conseguir combater esta desigualdade que é bastante visível. A pandemia é considerada um fator situacional, isto é, surge num contexto imprevisível e que pede a rápida reação de todos os setores de atividade de um país. A atitude dos consumidores e a sua tomada de decisão por algum produto é feita de forma emocional, muitas vezes pelo medo que têm em ficar gravemente doentes. Mas a verdade é que durante este período, muitas pessoas tomaram consciência das dificuldades de algumas pessoas e criaram uma onda de solidariedade.
  • 7. 5 O turismo foi mais uma atividade que caiu em pique e não podemos ignorar isso (Weforum.org, 2020). As viagens de negócios, muito provavelmente vão ser dispensadas devido ao grande desenvolvimento de ferramentas digitais que permitem a comunicação remota e à distância, os destinos mais procurados nas viagens de lazer vão ser aqueles que se preocupam mais com o bem-estar e saúde pública da população e nesse campo, o marketing verde, poderá crescer muito. O bem-estar e a saúde pública vai tornar-se noutra área absolutamente fundamental no marketing. A ética do consumidor afirma-se como um papel fundamental e cada vez mais importante no que toca à tomada de decisão e as empresas têm que saber jogar com isso. O cenário de pandemia veio acelerar a revolução do marketing para ser cada vez mais social, para se preocupar com a sociedade. Por exemplo, o marketing online disparou, as lojas físicas foram trocadas pelas virtuais. O tipo de relação com cliente deixou de ser direto, agora as estratégias têm menos tempo para serem pensadas e precisam de ser mais rapidamente executadas. O mundo online mudou a natureza dos consumidores. Dentro do contexto de marketing para o bem-estar da sociedade, as coligações entre as empresas foram muito benéficas. As que se uniram para um bem comum vão ser mais valorizadas dentro de um grupo. Com as mudanças no mundo surgiram alterações nas estratégias de marketing dando uma maior agilidade à estratégia para permitir flexibilidade ao ponto de uma enorme mobilidade. As novas estratégias vão assentar na sobrevivência a longo prazo, na agilidade estratégica e na responsabilidade social, dando ênfase a esta nova fase do marketing. Os autores do post covid-19 market trends afirmam que o pós-covid vai dar surgimento a quatro ramos de novas tendências: 1. Digitalização: Permitiu rápidas respostas em curto prazo estabelecido. Deu origem ao teletrabalho, à telescola, e-commerce, ou seja, facilitou a maneira como víamos as coisas. Afinal não precisamos de estar fisicamente presentes para conseguir participar nas tarefas. As grandes barreiras à digitalização são a falta de recursos, a escassez de talentos e as dificuldades em encontrar modelos de negócio. (Mc Kinsey, 2020) 2. Sustentabilidade: Deve ser evitado o regresso ao modelo antigo, altamente prejudicial ao ambiente. A pandemia levou a algumas melhorias no sentido ambiental e esta tornou-se numa grande oportunidade de algumas empresas subirem em valor de mercado. A crise é uma chance de começar tudo de novo, mas com uma melhor tomada de decisões (Le Quéré et al. 2020) 3. Resiliência: Embora não seja a única crise pela qual já passamos, esta é sem dúvida, das piores que a história da humanidade já viveu. É necessário dar importância à consciência pública. A resiliência consiste na capacidade de se recuperar dos contratempos que nos
  • 8. 6 são impostos e criar medidas para conseguir mudar as suas estratégias (Harvard Business Review, 2015) 4. Estratégias de negócio: A principal preocupação das empresas é lidar com as consequências imediatas da crise e após esta, as empresas podem reconsiderar as suas estratégias de acordo com as aprendizagens retiradas da crise. A recuperação deve reconhecer as principais tendências e repensar modelos de negócio, mudanças no padrão de consumo. A digitalização vai ser o grande passo para a diferenciação. Segundo os autores do Post Covid-19 Costumer Strategy Implications, a pandemia derivada pela covid-19 está a ter um forte impacto nas estratégias. A desglobalização é um grande problema. Foi afetada a logística da distribuição porque as fronteiras foram fechadas e os acessos bloqueados. É necessário o incentivo ao comércio local para que a população possa ter acesso ao produto que normalmente tem. A nível da comunicação interna, esta passou a ser remota, isto é, houve uma grande necessidade para se conseguir desenvolver mecanismos para se mudar para esta era cada vez mais digital. Para conseguirmos garantir a continuidade dos negócios, devido a estes tempos de incerteza, foi necessária uma enorme flexibilidade para dar continuidade e garantir uma grande fidelização dos clientes. As consequências da crise são bastante óbvias, as empresas vão ter que reduzir custos e ter uma maior eficiência. Está na altura da aposta no meio digital com softwares inovadores. A comunicação estratégica pode ser vista como altamente favorável. As empresas vão ter que consolidar a sua posição no mercado, ser diferenciadas, para que os seus produtos e serviços sejam adquiridos correndo o risco de o negócio não aguentar. Esta é uma boa fase para a captação de clientes. Com o forte aumento da concorrência as empresas podem sofrer perdas financeiras muito grandes. Nunca esquecer que o meio digital deu a oportunidade de muitos negócios surgirem, aumentado assim, o nível de oferta que existe no mercado, dando foco às competências essenciais. À medida que a oferta vai crescendo os preços também podem variar. O aumento da concorrência vai dar mais produtos e serviços à grande panóplia que já era apresentada e, deste modo, os clientes vão ter capacidade de refletir sobre a melhor decisão podendo mesmo levar em melhor consideração um negócio local ou mesmo um de um amigo ou conhecido. O tema da responsabilidade social tem cada vez mais impacto no momento de o cliente escolher adquirir um determinado produto. IV. Competências Em consolidação com aspectos providos de um contexto de globalização, a evolução global dos futuros empregos tem sido delimitada com o avanço da tecnologia, com os novos setores de mercado, os sistemas econômicos globais mais conectados e pela difusão da
  • 9. 7 informação de forma mais ampla e imediata (Schwab e Zahidi, 2020). Simultaneamente a esses pontos, junto as incertezas do mundo atual e de uma nova recessão económica provocada pelo contexto pandêmico da Covid-19, “[…] milhões de trabalhadores passaram por mudanças que transformaram profundamente suas vidas dentro e fora do trabalho, seu bem-estar e sua produtividade […]” (Schwab e Zahidi, 2020, p. 8). Nessa conjuntura, são cobrados aos profissionais cada vez mais competências de diversas áreas, existindo uma necessidade de junção dos fatores humanos e digitais. Pela essa atual relevância da interação humana nas novas economias, uma das áreas que tem ganhado mais espaço e oportunidade é o Desenvolvimento de Produtos, Vendas, Marketing e Conteúdo. Sendo importante nessas áreas habilidades básicas tecnológicas como gestão das social media e soft skills como liderança (Ratcheva, Leopold e Zahidi, 2020). Estão surgindo cada vez mais ferramentas e tecnologias para testar e desvendar as motivações dos usuários, rastrear o caminho até a compra, moldar nichos de mercado emergentes e turbinar a experiência entre a pessoa e a marca, através de inteligência artificial, desenvolvimento de algoritmos e até mesmo haptics (sensação de toque). Com essa evolução das tecnologias e dos canais de mídia, se tornou muito mais complexa a relação entre o Marketing e o consumidor, com as empresas dotadas de abundância de recursos digitais capazes de prever a partir dos algoritmos o que os clientes ou futuro clientes querem, definindo a experiência das marcas do futuro a junção da conectividade digital com a inteligência dos dados (Pring, Davis e Boland, 2019). As novas oportunidades que vem surgido deste contexto, incluem, especialistas em Marketing Digital, especialistas em Criação e Gestão de Conteúdos e especialistas em Satisfação do Cliente, além de que se observa um pequeno crescimento nas economias verdes e sustentáveis, necessitando de um profissional com competências em Marketing Verde, colocando em causa a responsabilidade social (Ratcheva, Leopold e Zahidi, 2020). De modo que o profissional de Marketing consiga se adaptar as competências necessárias para o presente e o futuro, exige que ele seja capaz de perceber as tendências e necessidades dos consumidores em desenvolvimento e considerando o contexto atual, está sendo abordada a junção de duas temáticas: a tecnologia e a empatia (Pring, Davis e Boland, 2019). A tecnologia hoje está bastante presente nas empresas e este profissional deverá conseguir empenhar um bom uso destas ferramentas em conexão com a empatia, para conseguir impulsionar as relações com os clientes, utilizando esses novos sistemas de gestão, algoritmos e inteligências artificiais para estudar e prever o comportamento do consumidor. Os autores do 21 Marketing Jobs of the Future (Pring, Davis e Boland, 2019) destacam algumas profissões em desenvolvimento no Marketing, todas necessitando de unir as duas
  • 10. 8 vertentes da tecnologia e empatia, mas que umas requerem mais experiência tecnológica e/ou necessitam um nível maior de empatia. Entre as novas funções que precisam desempenhar um maior fator tecnológico, eles citam como primordiais: 1. Object Persuasion Manager: Um profissional que deve ser dotado da lógica, matemática, arquitetura de sistemas e inteligência artificial para entender o que pode mudar a lógica dentro de uma máquina. Precisa criar comunicações de negócio-máquina que traduzem as necessidades do marketing em um ambiente direcionado ao produto. 2. Sixth Sense Analyst: Trabalho que consiste em informar o desenvolvimento de produtos e serviços que definirão e ampliarão as relações com a mídia e influencers. Deverá também impulsionar o comportamento do cliente em direção aos resultados prováveis nos níveis macro (estratégia) e micro (envolvimento) e para a adoção mais rápida de produtos e serviços, reposição de estoque imediata e preparação de recursos mais eficiente em toda a organização. 3. In-world Marketing Architect: Necessita trabalhar a experiência virtual dos clientes e impulsionar a empresa ou marca a partir de tecnologias de realidade virtual (VR), como criar uma experiência persuasiva que irá guiar os usuários a partir de uma experiência em um videogame onde existe um envolvimento e vendas reais. Em relação às funções que os autores Pring, Davis e Boland (2019) citam que requerem um maior nível de empatia, encontram-se algumas delas: 1. Algorithm Bias Auditor: Precisa conduzir investigações e análises sobre cada algoritmo utilizado para prever as tomadas de ações, fazer a gestão de um inventário de algoritmos, tomando em conta seus objetivos, inputs e outputs e relacionando isto com os julgamentos de valores e consequências. É vital garantir que os algoritmos dos motores da IA são justos, legais e representam os valores da organização. 2. Purpose Planner: Esse profissional deverá dominar um briefing corporativo e a partir da utilização de todos os canais disponíveis, deve ajudar os clientes a construir, manter, gerenciar e aprimorar seu propósito nas mentes de um mercado cada vez mais abarrotado. Deve criar um plano que esteja conciliado com os clientes e funcionários. 3. Machine Personality Designer: Cria produtos e serviços digitais, onde os clientes e a máquina interagem, de forma a trazer uma personalidade para a interface da máquina que responda às emoções e sentimentos das pessoas.
  • 11. 9 Observando a emergência dessas novas profissões e competências, conclui-se que, atualmente para se adaptar e poder trabalhar um bom Marketing, é necessária uma interação bem ajustada entre canais offline e online, algoritmos e empatia. O objetivo do profissional de Marketing evoluiu de um contexto em que não é fazer somente com que as pessoas encontrem um produto, serviço ou marca adequada, mas sim fazer com que continuem por perto e fidelizadas, sendo a competência essencial desses profissionais na atualidade, conseguir ligar pessoas as histórias, as marcas e as experiências (Pring, Davis e Boland, 2019). V. Responsabilidade Social e Marketing Se entendermos leigamente o marketing uma estratégia de negócio que, apesar de abrangente, tem como objectivo final levar a que os consumidores adiram a um determinado produto ou serviço, poderíamos ser tentados a pensar que esta estratégia seria completamente desprovida de qualquer dimensão ética ou moral. Se a obtenção de lucro é o que a move, parece subsequente que qualquer acção é válida, desde que atinja esse objectivo. Acresce também que as pessoas, na sua maioria, mesmo quando ultrapassam os impulsos de consumo mais básicos, “pensam com a carteira”, o que parece remover da equação outras variáveis que não o dinheiro. O tema da responsabilidade social nas/das empresas, num sentido amplo, já é debatido há muitos anos. No entanto, com o despertar da população para os problemas climáticos, tem vindo a ganhar cada vez mais espaço no debate público. Está intimamente ligado à problemática da sustentabilidade. A população mais jovem, por exemplo, através do sistema de ensino e de outras iniciativas não institucionais, está altamente sensibilizada para a questão climática. Desta forma, em anos recentes têm ocorrido alguns avanços de empresas, grandes e pequenas, na implementação de modelos de negócio, de produção e de distribuição, aparentemente mais socialmente responsáveis. Naturalmente, percebendo o anseio das pessoas por acções que ajudem a desenvolver as comunidades, que contribuam para uma economia mais justa e que, com grande foco actualmente, tenham em conta o seu impacto ambiental, as estratégias de marketing reflectirão as preocupações das empresas no âmbito da responsabilidade social, como forma de angariar e fidelizar clientes. Por outro lado, se o marketing pode ter um efeito bilateral, espera-se que as organizações consigam “convencer” os mais cépticos da importância de um consumo responsável. No contexto da pandemia de covid-19, a questão da responsabilidade social veio a colocar-se sob vários aspectos. Por um lado, num momento de crise aguda como a que se verificou na fase inicial da pandemia, muitas empresas optaram por adaptar os seus negócios de forma a responder a necessidades imediatas, por exemplo de acesso a recursos de saúde,
  • 12. 10 nalguns casos sem esperarem contrapartida monetária. De uma outra forma, mas ainda sob uma luz positiva, o exemplo da tecnologização das empresas que, por exemplo, permitiu o trabalho à distância e garantiu a sobrevivência de sectores essenciais à economia. Estes novos hábitos profissionais provaram ser, em geral, mais amigos do ambiente, por exemplo, com a redução das deslocações. Por outro lado, emerge o receio de que se ignorem as políticas sustentáveis, que geralmente requerem investimento com retorno a médio e longo-prazo, em função de acções com ganhos imediatos. Se as empresas se encontram numa situação periclitante, em que a sobrevivência do negócio adquire um modus de “a qualquer custo”, é tão só natural que se ponha de lado as estratégias que não trazem lucro no curto-prazo. É desta realidade que decorre o tema do presente trabalho. Partindo da pertinência do tema na conjuntura actual, pretende-se pensar a responsabilidade social das organizações como uma política institucional incontornável. Mais concretamente, pretende-se explorar a forma como o marketing pode reflectir estas políticas institucionais e ponderar sobre de que forma a responsabilidade social pode representar uma estratégia de marketing actual, pertinente e com potencial para ser bem-sucedida na angariação e fidelização de clientes. As tarefas realizadas na aula de Marketing e Comunicação da Informação resultaram em reflexões em torno desta temática sob várias perspectivas. A secção seguinte organiza estas tarefas cronologicamente e fornece uma breve descrição para cada uma delas. Por vezes, partiu- se do pressuposto de que se estaria a realizar um estudo com utilidade para as empresas. Outras vezes, a premissa foi de que se estaria a pensar como uma empresa que oferta um serviço, neste caso, de marketing. 1. 16/10/2020 1.1. 1ª Tarefa: Enquadramento do tema a partir do texto Post covit market trends (Bouchon, Toumi, 2020). O tema, Responsabilidade Social e Marketing, enquadra-se dentro da grande tendência da estratégia de negócio, nomeadamente do ponto 12 (“Reconsidering business strategies”), já que as empresas procuram adaptar os seus produtos e ofertas aos valores e ao conhecimento e desenvolvimento da mentalidade social e dos seus clientes. Enquadra-se também na grande tendência da sustentabilidade, apesar de não envolver, especificamente, nenhum dos pontos apresentados, devido à carência de as empresas desenvolverem negócios que respondam às necessidades de uma sociedade em mudança.
  • 13. 11 1.2. 2ª tarefa: Estabelecer os objectivos do trabalho. ● Sensibilizar as “grandes” empresas para a responsabilidade social enquanto estratégia de marketing, ou seja, alertar para o facto de o consumidor mais facilmente comprar produtos de uma empresa se souber que assim está a contribuir para algum tipo de alteração positiva a nível social e ambiental, mantendo a confiança ao mesmo tempo que muda o paradigma. ● Propagar a ideia de que modelos de negócio devem ter em conta a responsabilidade social para contribuírem para uma economia/sociedade mais justa e sustentável. ● Deixar claro quais os temas emergentes da responsabilidade social (ex.: sustentabilidade). ● Sensibilizar as empresas de que o laço criado entre as companhias e os consumidores pode ser mais forte e duradouro se o consumidor sentir orgulho na ação da companhia a quem está ligado (He, Harris, 2020). 1.3. 3ª tarefa: Identificar o público-alvo do trabalho e outras partes interessadas. 1.3.1. Para quem se dirige o presente estudo? ● Empresas com impacto ambiental/social. 1.3.2. Que outras partes interessadas identificam? ● União Europeia; ● organizações de responsabilidade social e contra o desperdício (too good to go; refood); ● organizações ambientalistas; ● entidades governamentais - empenho das câmaras municipais e outras entidades na prossecução de objetivos de sustentabilidade; ● empresas: EDP, EPAL, Continente, Pingo Doce, etc; ● Sociedade: Consumidores, DECO. 1.4. 4ª tarefa: Agrupar as partes interessadas por níveis de relacionamento. 1.4.1. Direto: grandes e médias empresas (ex: EDP, EPAL, GALP, BP). 1.4.2. Indireto: organizações de responsabilidade social e contra o desperdício (too good to go; refood), organizações ambientalistas; organizações que beneficiam das consequências de políticas das grandes empresas; Governo e suas entidades; consumidores. 1.4.3. Remoto: DECO; profissionais de marketing. 1.4.4. Societal: União Europeia; autarquias.
  • 14. 12 2. 23/10/2020 2.1. 1ª Tarefa: Alinhar o tema do trabalho com os tipos de consumidores identificados no texto Consumer Trend 2021 (Ma, 2019). 2.1.1. The Compressionalists Este tipo de consumidor privilegia a simplicidade dos processos, dada a pobreza temporal, o nível de stress e ansiedade, necessitando assim de acessos rápidos e eficazes, criando um auxílio para a tomada de decisão. Assim, deve-se organizar/limpar (declutter) a experiência digital, usar a IA para auxiliar na compra e ter uma abordagem de mais-é-menos na oferta de produtos (Ma, 2019). Perante uma pressão económica e social crescente e a necessidade de existência de síndrome de super-homem, a responsabilidade social das empresas recai sobre: ● cumprir aquilo que é pedido pelos consumidores; em vez de fazer marketing intensivo com o uso de anúncios, dever-se-á priorizar qualidade em vez de quantidade, o que alinha também com a emergência da sustentabilidade ambiental; ● tornar os acessos/transações mais fáceis, rápidos e eficazes é, no fundo, devolver “tempo” às pessoas e contribuir para criar espaço mental para outras tarefas/afazeres. 2.1.2. Kindness Keepers Estes consumidores fundiram moral e dinheiro, fazendo compras e investimentos motivados por valores. Preferem comprar a uma companhia se souberem que a sua compra tem impacto social ou ambiental, escolhendo companhias que tenham “impact investment”, ou seja, investimento dedicado a gerar mudança social e ambiental. Destaca-se a responsabilidade social e marketing nas questões de: ● Transparência na produção dos bens, relativamente à sua origem e métodos de produção, investindo em materiais de produção reutilizáveis; ● transparência nos investimentos e fundos das empresas: o consumidor procura saber mais se o produto vier de fontes confiáveis; ● devem estabelecer-se estratégias contínuas e de longo-prazo em vez de doações/intervenções pontuais, investir em campanhas sociais relacionadas a um certo produto, oferecendo um certo valor de venda desse para uma causa. As companhias devem abertamente reconhecer os seus erros e procurar corrigi-los, possuir uma humildade de responder ao descontentamento do cliente e oferecer meios de reparar a situação. 2.1.3. Market Makers
  • 15. 13 Este consumidor valoriza a inovação local e representação equitativa. São criadores de mercado que se não encontram uma oportunidade, criam-na. A instabilidade económica no ocidente abranda a criação de mercados, sendo que as marcas preferem soluções de eficiência, de fazer mais com menos. No mundo em desenvolvimento a inovação é mais livre e as populações procuram criar soluções para o seu futuro. Enquanto nos países emergentes o foco é a criação de mercados, outras regiões focam-se nos desprivilegiados, como minorias ou pessoas com deficiência. Prova assim a presença da responsabilidade social, complementada ainda por ideias como: ● Reutilização - “one person’s trash can be another person’s treasure.” É um novo paradigma que inverte a ideia de consumismo. A corrente de fornecimento (supply- chain) é revertida; ● a produção local poderá beneficiar dos sentimentos emergentes de orgulho e patriotismo através da fomentação de mercados globais; ● surgimento de mercado focado na sustentabilidade. Tome-se como exemplo as pequenas empresas que surgiram nos últimos anos que tentaram preencher a lacuna que havia na oferta de produtos sustentáveis; ● criação de um mercado que tenta dar acesso a todos aos mesmos produtos. 2.1.4. Cyber Cynics Este tipo de consumidor é cínico em relação à tecnologia e suspeita da “big data” e das empresas de tecnologia, ou seja, tanto para as pessoas mais desinformadas como para os mais entendidos, que estão cientes do perigo que representa a partilha de dados. Para as empresas conseguirem manter a confiança dos consumidores, e assim cumprirem a sua responsabilidade social, devem: ● Garantir transparência do processo de produção + transparência nos termos de utilização; ● assegurar a segurança na navegação e compra através da internet; ● fazer com que os consumidores sintam que a submissão de dados tem um retorno/benefício, podendo as empresas fornecerem grandes descontos em produtos nas trocas dos dados do consumidor. ● produzir o valor através da utilização voluntária das diversas plataformas digitais poderá significar uma maior contribuição das empresas para vários sectores da sociedade; ● trabalhar na fiabilidade da informação poderá atrair e fidelizar o consumidor “cínico”.
  • 16. 14 2.2. 2ª Tarefa: Reflectir em torno da questão Are there ethical issues that companies need to address as they develop strategies to maximize customer lifetime value and treat customer differentially? (texto?) ● Transparência no processo e no produto como forma de ganhar e/ou manter a confiança dos consumidores; ● oferta de produto de forma e valores equitativos; ● manutenção da fidelidade na relação com o consumidor; ● proteção de dados; ● preocupação com um desenvolvimento sustentável e inclusivo; ● reutilização de produtos/materiais; ● redistribuição de riqueza. 3. 06/11/2020 3.1. 1ª Tarefa: A partir das reflexões individuais em torno da problemática das gerações, destacar qual das teorias abordadas mais se adequa ao tema do trabalho. Apesar de sensíveis à teoria lifespan, por maioria dos membros presentes na aula inserimos o tema da Responsabilidade Social e Marketing na teoria geracional. Esta decisão deve-se ao facto de vermos uma maior preocupação sobre questões ambientais nos membros da Geração Z e nos Millenials, gerações que, por isso, serão mais suscetíveis a campanhas que defendam a sustentabilidade e tolerância. 3.2. 2ª Tarefa: Reflectir em torno das seis acções-chave destacadas no texto B2B marketing: Six steps to thrive in a world upended by COVID-19 (Venneman, Peeters, 2020), relacionando-as com o tema do trabalho. Quando é mencionada a existência de “clientes”, entenda-se outras empresas. 3.2.1. Address shifting stakeholders and complex decision-making units: ● Havendo uma grande cadeia de decisão dentro de cada empresa, é necessário que o fornecedor tenha uma estratégia de marketing que lhe permita apresentar o seu produto sem pôr em causa a segurança do seu cliente, contribuindo assim para a responsabilidade social no contexto de pandemia. 3.2.2. Become fully customer-centric: ● Mudança do foco dos produtos para as necessidades do próprio cliente. Ou seja, uma estratégia não tem de ser focada nas vendas, mas sim no consumidor, nas suas necessidades e ideais; ● há, assim, a oportunidade para as empresas fomentar a lealdade para com os clientes;
  • 17. 15 ● permite um aumento da reputação enquanto parceira de negócios. 3.2.3. Keep up with fast-paced change and technology innovation: ● A empresa tem de ser transparente acerca da sua forma de produção e de trabalho; ● no contexto de uma pandemia, ao adaptar o seu negócio às novas tecnologias, as empresas assumem a responsabilidade de garantir a segurança dos clientes; ● além disso, esta adaptação pode muito bem ser a única forma de garantir a sustentabilidade do negócio; ● a capacidade de gerir os dados e de, com isso, melhorar a tomada de decisões, permite ir ao encontro das necessidades dos clientes. 3.2.4. Transform to digital in new business, operating and customer models: ● As plataformas digitais permitem integrar a visão do consumidor, com base nos dados e na sua jornada, na discussão central do negócio. 3.2.5. Build new market roles and functions: ● O sucesso consiste no redireccionamento das capacidades, que devem ser divididas entre produto, audiência e expertise. Ou seja, existe uma exigência de conhecimento extensivo dos produtos e dos clientes para conseguir criar uma estratégia de marketing que consiga responder às necessidades e vontades dos mesmos; ● saída de uma posição de forçar a venda de determinado produto, para criar um produto que vá satisfazer as necessidades do cliente e que vai ao encontro aos seus ideais (ex: produto de alta qualidade, sustentável, etc.). isto é, ter a necessidade e o insight do cliente como ponto de partida. 3.2.6. Redefine collaboration and break down marketing silos: ● Se o objetivo a que a organização se propõe obriga a uma mudança de paradigma, ao nível da produção, forma de pensar o negócio, entre outros elementos, a consequência natural poderá ser uma redefinição das colaborações; ● transformação para um empoderamento organizacional que suporte melhor o marketing B2B, assim como a colaboração entre empresas; ● as novas estratégias de marketing terão de refletir as novas aspirações da organização, as quais almejam um maior compromisso para com o cliente através da maturação digital, entre outras coisas. 4. 13/11/2020 4.1. 1ª Tarefa: Destacar as actividades e competências que serão no futuro importantes para o gestor e curador de informação a partir dos textos Marketing Jobs of the Future (Pring, Davis,
  • 18. 16 Boland, 2019), The Future of Jobs Report 2020 (Zahidi et al, 2020) e Jobs of Tomorrow (Ratcheva et al, 2020). 4.1.1. Jobs: ● Machine & People Ethics Manager: Pela análise de dados de forma a avaliar a performance dos funcionários e máquinas em relação aos valores da empresa, assim como encontrar os elementos que estão ou não a funcionar, funções que exigem o tratamento de informação e dados de forma a retirar conclusões para a avaliação. A questão ética é central à responsabilidade social. ● Sixth sense analyst: No sentido da análise e tratamento de informação de forma a prever tendências futuras, auxiliar a tomada de decisão, convertendo estas previsões em planos de acção. ● Data ethnographer: Pela capacidade de traduzir a leitura de dados numa maior compreensão dos clientes e em inspiração para a criação de novas relações com eles. ● Master Storyteller: Capacidade de transmitir a informação de forma clara, aprimorando a comunicação e a divulgação de informação dentro das próprias organizações, e para o exterior. ● Digital Marketing Consultant: Pela formação em marketing digital, um gestor e curador de informação deve ter a capacidade de aconselhar organizações nas melhores escolhas tendo em conta a análise dos elementos inerentes à função de marketing (ex: perfis de clientes, históricos de vendas, etc.). 4.1.2. Skills: ● Digital Marketing; ● Microsoft Power BI; ● Equipment Inventory. 5. 20/11/2020 5.1. 1ª Tarefa: A partir do tema da responsabilidade social, reflectir em torno da oferta de serviços/produtos verdes e das campanhas e comunicação verde. 5.1.1. Produto verde: ● Campanhas sustentáveis, com foco na utilização de produtos verdes que aumentam a satisfação dos consumidores e não comprometem o lucro da empresa; ● vender uma ideia às empresas de que campanhas de marketing verdes ajudariam na angariação de clientes, tornando-a mais próxima da sociedade, e colocando-a mais perto de atingir os objetivos de sustentabilidade. ● exemplos de produtos que oferecemos:
  • 19. 17 o Campanhas de marketing; o cartaz digital de rua com painel solar para fornecer energia; o gestão de redes sociais, influencers, figuras públicas; o panfletos reutilizáveis. 5.1.2. Comunicação e distribuição verdes: ● Website; ● redes sociais: facebook, instagram - vídeos e imagens de sensibilização; ● linkedin; ● pitch videos; ● portfólio com campanhas anteriores; ● e-mails; ● reuniões/apresentações virtuais. 5.2. 2ª Tarefa: Tendo em conta o contexto da pandemia de covid-19, reflectir em torno de algumas questões lançadas na conclusão do texto The impact of Covid-19 pandemic on corporate social responsibility and marketing philosophy (He, Harris, 2020). 5.2.1 What could be the long-term impact on CSR [Corporate Social Responsibility] and consumer ethical decision making? Poderá haver o perigo de abandonar preocupações que se percepcionam como altruístas (sociais/ambientais) em prol da satisfação de necessidades básicas; ou seja, se não se conseguir providenciar produtos sustentáveis a preços que compitam com os de produção em massa, poderá haver uma “regressão ética”. Por outro lado, poderá haver um redesenhar das tradições, adaptando-as a uma nova realidade sócio-económica - consumo mais racional, devido a uma possível diminuição de rendimentos, em conjugação com o fim das compras por impulso de quem está numa loja física. No pós-pandemia, o apreço por espaços e actividades de convívio poderá aumentar drasticamente, como contrabalanço aos períodos de isolamento/confinamento. Por outro lado, poderá haver uma quebra na adesão aos espaços comerciais, pelo recente e “obrigatório” desenvolvimento de hábitos de compras on-line. 5.2.2 How will Covid-19 change our marketing philosophy? ● Surgirão servidores mais capazes de lidar com compras online; ● haverá um foco em produtos cada vez mais práticos e de primeira necessidade; ● adoptar-se-ão processos de compra mais acessíveis e seguros para os consumidores; ● promover-se-á o consumo local e comunitário; o procura de independência das grandes cadeias de distribuição;
  • 20. 18 o consumo com impacto visível nas áreas de residência, concelho, região; ● haverá maior preponderância do marketing por relação - com o aumento da importância e utilização das redes sociais e outros meios de comunicação e interacção digitais, haverá uma maior recomendação das marcas entre as próprias pessoas (um sucedâneo da publicidade boca-a-boca); ● a consciencialização da população para os problemas comuns poderá ser uma oportunidade para intensificar as ações de responsabilidade social; num momento em que, apesar de fechadas, as pessoas estão mais atentas às relações entre instituições e das instituições com a comunidade, as organizações poderão demarcar-se e destacar- se pela positiva. VI. Conclusão A adopção de políticas de responsabilidade social por parte das empresas corresponde a uma adaptação dos métodos de produção e disponibilização, à criação de produtos diferenciados e a novas formas de interação com os consumidores, a novos valores e a uma alteração de mentalidade a nível social. Resulta isto de diversos fatores, entre os quais se destacam as campanhas de sensibilização para a problemática do ambiente, a omnipresença das Tecnologias da Informação e Comunicação e as crises sociais e sanitárias advindas da saturação do sistema económico vigente e da pandemia da Covid-19. É possível restringir as partes interessadas e o público-alvo do presente estudo, porém, quando se trata de responsabilidade social nas empresas, de uma forma geral, fala-se num potencial redesenhar do mapa económico e social. Assim, considera-se que este caminho será aplicável a virtualmente todas as empresas que pretendem marcar presença no panorama económico que se adivinha. Os modelos de negócio e as estratégias de marketing das organizações terão de ter em conta os vários perfis de consumidor que emergem neste contexto. Assim, e dependendo da sua área de atuação, deverão priorizar a qualidade dos produtos em vez da quantidade, respondendo às necessidades concretas dos consumidores, inclusive, recorrendo às novas tecnologias para “devolver tempo” às pessoas. Necessitarão apostar na transparência da produção e dos investimentos. Deverão estabelecer estratégias de impacto a longo-prazo, e ser humildes no reconhecimento do erro. Deverão também ter em conta a emergência de certos paradigmas, por exemplo, o da inversão da ideia de consumismo através da reutilização de bens (economia circular), e o dos mercados sustentáveis e locais. Por fim, deverão garantir a segurança na navegação e compra através da internet e trabalhar na fiabilidade da informação.
  • 21. 19 Torna-se claro que a ética é central ao tema em questão. Apenas a garantia de cumprimento de princípios éticos, traduzidos em práticas como as descritas acima, se consegue fomentar a fidelidade dos clientes. Mas, mais fulcral que isto, importa que os modelos de negócio estejam em linha com o paradigma de desenvolvimento sustentável e inclusivo, o que em si já engloba a atenção às necessidades reais das comunidades. Como resultado da pandemia de covid-19 e das diversas medidas de mitigação adotadas, muitas empresas encontram-se num ponto de viragem. Conseguindo resistir às consequências negativas destas medidas, é fundamental a adaptação tecnológica do negócio, sob vários aspectos, que respeitam tanto os clientes a nível individual, como outras organizações. Terão de garantir a segurança dos clientes no momento de contacto e da transação. Terão de recorrer aos sistemas de gestão de dados para melhorar a eficiência das operações e para que a sua ação esteja mais de acordo com as necessidades e ideias dos clientes. Neste sentido, as plataformas digitais são fundamentais porque permitem integrar a visão do cliente no processo de produção, podendo mesmo ter o seu insight como ponto de partida. As tecnologias de recolha e gestão de dados permitem, assim, que se responda às exigências de conhecimento extensivo de clientes, mas também dos próprios produtos. A colaboração entre empresas parece ser outra tendência, ou mesmo necessidade, que emerge neste contexto. Seguindo as hipóteses expostas no parágrafo anterior, e assumindo uma postura de competição justa e de entreajuda, as organizações têm a possibilidade de aumentar a sua reputação no mercado, tanto junto das pessoas como de outras organizações. Há um número de competências que são fulcrais que os profissionais de gestão da informação e do marketing adquiram para que sejam agentes nas mudanças que se adivinham. Destacam-se: a análise de dados internos, de forma a avaliar o desempenho dos funcionários e máquinas em relação aos valores das empresas; a recolha, análise e tratamento de informação de forma a prever tendências futuras, que auxiliem as tomadas de decisão; a tradução destas, numa maior compreensão dos clientes que permita com eles estabelecerem novas relações. No seguimento, estes profissionais devem poder cumprir a função de aconselhar e orientar as empresas nas suas estratégias de marketing, contribuindo para a comunicação interna e externa da empresa, que se quer cativante, mas verdadeira (transparente). Por fim, no futuro, as competências digitais serão o objeto de fronteira de todas as outras. Se, por um lado, a pandemia da covid-19 veio pôr em causa as políticas de responsabilidade social, veio, por outro lado, exacerbar a sua necessidade. Prevê-se que as necessidades básicas ganhem especial enfoque, tanto de empresas como de pessoas. Isto pode resultar num consumo mais racional e menos emocional, beneficiando escolhas não supérfluas
  • 22. 20 e, desta forma, mais sustentáveis, mas também pode significar que as preocupações éticas, geralmente, sejam colocadas em segundo plano, em prol da obtenção de retorno mais imediato. É de notar que a dinâmica de mercado poderá sofrer alterações significativas, por exemplo, pela transição das compras para o online, pelo aumento da procura local e pela redução de rendimentos das famílias. O marketing das organizações deve estar em sintonia com estas alterações. Prevê-se também, aliás, como já tem vindo a acontecer, que haja um aumento do marketing relacional e, desta forma, torna-se essencial que as organizações consigam “medir o pulso” às redes sociais, bem como marcar presença no mundo digital com estratégias de marketing que coloquem as empresas junto das pessoas. Como tem sido afirmado neste texto, a responsabilidade social pode compreender a estratégia perfeita para as organizações do futuro. O presente trabalho pode ser visto como um ponto de partida para tais estratégias. A simbiose entre marketing e responsabilidade social é o expressar de uma vontade de mudar, de assumir um compromisso para com o futuro. O potencial de ação bilateral, ou seja, de influenciar e ser influenciado, de comprometer e ser comprometido pelas pessoas, torna o marketing uma ferramenta de grande valor num mundo em que as políticas de responsabilidade social se vêm cada vez mais necessárias.
  • 23. 21 VII. Referências • ACCENTURE – COVID-19: 5 new human truths that experiences need to address. (2020) Disponível em WWW:< https://www.accenture.com/_acnmedia/Thought-Leadership- Assets/PDF-2/Accenture-COVID-19-New-Human-Truths-That-Experiences-Need-To- Address.pdf>. • BOUCHON, SARA; TOUMI, MOHAMED - Post Covid-19 Market Trends [Em linha]. 36 p. [Consult. 18 dez. 2020]. Disponível em WWW:<URL:https://www.luxinnovation.lu/wp- content/uploads/sites/3/2020/07/mi-post-covid-trends.pdf>. • HE, HONGWEI; HARRIS, LLOYD - The impact of Covid-19 pandemic on corporate social responsibility and marketing philosophy. Journal of Business Research. [Em linha]2020). . [Consult. 18 dez. 2020]. Disponível em WWW:<URL:http://www.elsevier.com/locate/jbusres>. • MA, Helena – Consumer Trends 2021. Idea Communication. (2019) Disponível em WWW:< http://idea-communication.com/wp- content/uploads/2019/07/CONSUMER_TRENDS_2021.pdf>. • MEHTA, Seema; SAXENA, Tanjul; PUROHIT, Neetu - The New Consumer Behaviour Paradigm amid COVID-19: Permanent or Transient? Journal of Health Management. ISSN 0972-0634. 22:2 (2020) 291–301. doi: 10.1177/0972063420940834. • PRING, Ben; DAVIS, Euan; BOLAND, Victoria - 21 Marketing Jobs of the Future: A Guide to Getting and Staying Employed-in Marketing-for the Next 10 Years • RATCHEVA, Vesselina; LEOPOLD, Till Alexander; ZAHIDI, Saadia - Jobs of Tomorrow Mapping Opportunity in the New Economy. World Economic Forum. . ISSN 10605487. 79:10 (2020) 29. • RIVEIRO, MATTHIAS et al. - Post COVID-19 Customer Strategy Implications. [S.l.] : pwc, 2020. 12 p. [Consult. 18 dez. 2020]. • SCHWAB, Klaus; ZAHIDI, Saadia - The Future of Jobs Report 2020 | World Economic Forum [Em linha] [Consult. 28 nov. 2020]. Disponível em WWW:<URL:https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2020>.