[...] Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar os desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo que algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não tenho nenhuma espécie de controle com relação ao que acontecerá comigo no tempo do parágrafo seguinte, da frase seguinte, da palavra seguinte. É me sentir confortável o suficiente para caminhar pela vida com um olhar que não envelhece, por mais que eu envelheça, e um coração corajoso, carregado de brotos de amor.
[Ana Jácomo]
2. Depois de tantas buscas,
encontros, desencontros, acho
que a minha mais sincera
intenção
é
me
sentir
confortável, o máximo que eu
puder, estando na minha
própria pele. É me sentir
confortável, mesmo convivendo
com tantas perguntas que o
tempo não respondeu e com a
ausência de qualquer garantia
de que ele ainda responda.
3. É me sentir confortável, mesmo entendendo que as
respostas que tenho mudarão, como tantas já
mudaram, e que também mudarei, como eu tanto já
mudei. Depois de tantas buscas, encontros,
desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é
me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando
na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo
sentindo que cada vez mais eu sei cada vez menos, e não
saber, ao contrário do que já acreditei, pode nos fazer
vislumbrar uma liberdade incrível, às vezes.
4. Tem saber que é nítida sabedoria, que
fortalece, que faz clarear, mas tem saber que
é apenas controle disfarçado, artifício do
medo, armadilha da dona autossabotagem.
Depois de tantas buscas, encontros,
desencontros, acho que a minha mais sincera
intenção é me sentir confortável, o máximo
que eu puder, estando na minha própria
pele. É me sentir confortável, mesmo
percebendo que a minha vida não tem lá
tanta semelhança com o enredo que eu
imaginei para ela na maior parte da jornada
e que nem por isso é menos preciosa.
5. É me sentir confortável, cabendo sem
esforço e com a fluidez que eu souber, na
única história que me é disponível, que é
feita de capítulos inéditos, e que não está
concluída: esta que me foi ofertada e que,
da forma que sei e não sei, eu vivo.
Depois de tantas buscas, encontros,
desencontros, acho que a minha mais
sincera intenção é me sentir confortável, o
máximo que eu puder, estando na minha
própria pele.
6. É me sentir confortável, mesmo
acessando, vez ou outra, lugares da
memória que eu adoraria inacessíveis,
tristezas que não cicatrizaram,
padrões que eu ainda não soube
transformar, embora continue me
empenhando para conseguir. É me
sentir confortável, mesmo sentindo
uma saudade imensa de uma pátria,
aparentemente utópica, onde os seus
cidadãos tenham ternura, respeito e
bondade, suficientes, para ajudar uns
aos outros na tecelagem da paz e no
desenho do caminho.
7. Depois de tantas
buscas, encontros,
desencontros, acho
que a minha mais
sincera intenção é
me sentir
confortável, o
máximo que eu
puder, estando na
minha própria
pele.
8. Estarmos na nossa própria pele
não é fácil e essa percepção é
capaz de nos humanizar o
bastante para nos aproximarmos
com o coração do entendimento
do quanto também não seria fácil
estarmos na pele de nenhum
outro. Por maiores que sejam as
diferenças, as singularidades de
enredo, as particularidades de
cenário, não nos enganemos: toda
gente é bem parecida com toda
gente. Toda gente é promessa de
florescimento, anseia por amor,
costuma ter um medo absurdo e
se atrapalhar à beça nessa vida
sem ensaio.
9. Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que
minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o
máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É m
sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar o
desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo qu
algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não
tenho nenhuma espécie de controle com relação ao qu
acontecerá comigo no tempo do parágrafo seguinte, da fras
seguinte, da palavra seguinte.
10. Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a
minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o
máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me
sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar os
desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo que
algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não tenho
nenhuma espécie de controle com relação ao que acontecerá
comigo no tempo do parágrafo seguinte, da frase seguinte, da
palavra seguinte.
11. É me sentir confortável o
suficiente para caminhar pela
vida com um olhar que não
envelhece, por mais que eu
envelheça, e um coração corajoso,
carregado de brotos de amor.
12. Formatação: Eliz Liz
Texto: Na Própria Pele _ Ana Jácomo
Ilustrações: Cartoon Lilyanni Illustration Girl
Música: Lana Del Rey Ride
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