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Barbara Souza de Paula – RA: 11051711
Renan Morais Furlaneto – RA: 11114311
As proteínas anticongelantes (AFP) em geral são de
                              fundamental importância para peixes, insetos, plantas e
                              outros seres submetidos a condições extremas de baixa
                              temperatura. Além disso, fazem parte de um fenômeno
                              conhecido como convergência evolutiva, uma vez que
                              existem diversas AFP com função bastante semelhante.
                              Há também o uso destas proteínas para pesquisas na
                              área médica, como será descrito ulteriormente.
                              A AFP Type III é apenas uma das dezenas de outras AFP
                              existente, como as “ Plant AFP “ , “Insect AFP “ etc. As
Uma mutação da AFP Type III
                              proteínas anticongelantes geralmente diferem em
HPLC12                        estrutura e origem, tendo pouca diferença em função.
                              Por isso há uma generalização de alguns fenômenos, por
                              mais que tratemos especificamente da AFP Type III.
Zoarces americanus (Ocean Pout), da família
                                     Zorcidae, possui as AFP em seu sangue, o que lhe
                                     garante a sobrevivência em águas com
                                     temperaturas muito próximas de zero.


Zoarces americanus


O mapa ao lado mostra a distribuição do Ocean Pout, mais
abundantemente localizado no Noroeste Atlântico,
próximo ao Canadá. Os pontos amarelos indicam a
presença do peixe, enquanto que os pontos em preto
indicam ausência deste. O mapeamento foi feito pela
NEFSC spring Bottom Trawl Surveys.


                                                              Mapa de incidência do Ocean Pout
Formada por 66 aminoácidos, a AFP Type III possui uma
                            estrutura globular e compacta, sem nenhum tipo de
                            periodicidade.

                            Em sua estrutura, 9 filamentos-β são pareados para
                            formar 2 folhas antiparalelas de filamentos triplos e 1
                            folha antiparalela de filamentos duplos, com 2 folhas
                            triplas arranjadas como uma barrel- β ortogonal.

                            Tem sido sugerido que acima de uma concentração
                            crítica de proteína, a proteína anticongelante Tipo III
Type 3 Antifreeze Protein   (AFP III) se auto forma para montar estruturas
                            semelhantes a micelas que podem desempenhar um
                            papel-chave na atividade anti-congelante.
As AFP impedem a formação de cristais de
                                                gelo(fenômeno conhecido como ice-
                                                binding). Na estrutura da proteína a região
                                                que impede a cristalização do gelo é
                                                preenchida com filas moléculas de água.
                                                Essa fila de moléculas são espaçadas de
                                                forma similar aos dos cristais de gelo. Ou
                                                seja, as AFP conseguem “ encaixar “ nos
                                                pequenos cristais de gelo em formação,
Representação gráfica do fenômeno ice-binding   impedindo o crescimento dos mesmos.

Na imagem ao lado, temos a representação
da AFP com suas porções. Em verde claro, a
parte mais periférica da proteína , é
representada a porção hidrofóbica. Os
resíduos centrais, em vermelho, amarelo
azul etc, constituem a porção responsável
pelo fenômeno ice-binding.
                                                             Uma AFP e suas porções
A primeira grande descoberta dos zoologistas ao se
depararem com os “peixes-gelo”, espécie encontrada na
região gélida da Antártica, foi a ausência de
hemoglobina, substância essencial para a sobrevivência
de todos os vertebrados, e de hemácias.
     Os estudos mostraram também que tal espécie só
sobrevivia em temperaturas tão baixas (em torno de -
1,9°C) devido à presença de uma proteína conhecida
como “glicoproteinas anticongelantes”.
     Essas proteínas têm uma estrutura incomum,
composta por motivos repetidos que permitem sua
ligação aos cristais de gelo e bloqueio do seu
crescimento, diminuindo assim a temperatura mínima
para o crescimento desses cristais para cerca de -
2,2oC. abaixo da temperatura mínima do oceano
antártico e, por volta, de um grau a menos do que o        O canictiídeo conhecido como
                                                           Peixe-gelo
ponto de congelamento do plasma de peixes que não
produzem este tipo de anticongelante.
Vê-se um grande potencial no uso de proteínas
anticongelantes para preservar órgãos de transplante por
mais tempo.
     Quando um órgão é disponibilizado para transplante,
começa então uma corrida contra o tempo para
encontrar um receptor que não esteja muito longe. Um
coração envolto por gelo e soluções conservantes, por
exemplo, só sobrevive cerca de 5 horas fora do corpo
humano. Portanto, se um receptor de transplante não é
encontrado a tempo ou vive distante demais, o órgão não
pode ser utilizado.
     Acredita-se que as proteínas poderiam ser utilizadas   Antifreeze protein inserida no gelo

para um armazenamento a temperaturas mais frias, sem
congelar os órgãos – o que pode prejudicar o tecido dos
mesmos.
Structure-function relationship in the globular type I11 antifreeze protein:Identification
of a cluster of surface residues required for binding to ice, Heman Chao, Frank D.
Sonnichsen, Carl I. Deluca ,Brian D. Sykes,Peter L. Davies,1994

Structure of type III antifreeze protein at 277 K, Q.Ye, E.Leinala and Z.Jia,1998

http://pout.cwru.edu/~frank/type3.html, acesso em 13/11/2012

Contribution of hydrophobic residues to ice binding by fishtype III antifreezeprotein, Jason
Baardsnes, Peter L. Davies,2002

http://en.wikipedia.org/wiki/Beta_strand, acesso em 14/11/2012

http://evolucionismo.org/profiles/blogs/a-evolucao-dos-peixes-do-gelo-channichthyidae-
uma-historia-molecu, acesso em 14/11/2012
http://www.nsf.gov/pubs/1996/nstc96rp/sb3.htm, acesso em 14/11/2012

http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4220838-EI8145,00-
Anticongelante+e+segredo+de+animais+que+sobrevivem+ao+frio.html, acesso em
13/11/2012

http://www.nature.com/pj/journal/v44/n7/fig_tab/pj201213f3.html#figure-title, acesso
em 13/11/2012

http://www.unicamania.com/cidade/index.php?view=article&catid=96%3Atecnologia&id
=412%3Aproteinas-anticongelantes-podem-auxiliar-no-transplante-de-
orgaos&format=pdf&option=com_content&Itemid=78&lang=pt, acesso em 13/11/2012


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Antifreeze Protein Type III Isoform HPLC 12

  • 1. Código PDB: 2MSI Barbara Souza de Paula – RA: 11051711 Renan Morais Furlaneto – RA: 11114311
  • 2. As proteínas anticongelantes (AFP) em geral são de fundamental importância para peixes, insetos, plantas e outros seres submetidos a condições extremas de baixa temperatura. Além disso, fazem parte de um fenômeno conhecido como convergência evolutiva, uma vez que existem diversas AFP com função bastante semelhante. Há também o uso destas proteínas para pesquisas na área médica, como será descrito ulteriormente. A AFP Type III é apenas uma das dezenas de outras AFP existente, como as “ Plant AFP “ , “Insect AFP “ etc. As Uma mutação da AFP Type III proteínas anticongelantes geralmente diferem em HPLC12 estrutura e origem, tendo pouca diferença em função. Por isso há uma generalização de alguns fenômenos, por mais que tratemos especificamente da AFP Type III.
  • 3. Zoarces americanus (Ocean Pout), da família Zorcidae, possui as AFP em seu sangue, o que lhe garante a sobrevivência em águas com temperaturas muito próximas de zero. Zoarces americanus O mapa ao lado mostra a distribuição do Ocean Pout, mais abundantemente localizado no Noroeste Atlântico, próximo ao Canadá. Os pontos amarelos indicam a presença do peixe, enquanto que os pontos em preto indicam ausência deste. O mapeamento foi feito pela NEFSC spring Bottom Trawl Surveys. Mapa de incidência do Ocean Pout
  • 4. Formada por 66 aminoácidos, a AFP Type III possui uma estrutura globular e compacta, sem nenhum tipo de periodicidade. Em sua estrutura, 9 filamentos-β são pareados para formar 2 folhas antiparalelas de filamentos triplos e 1 folha antiparalela de filamentos duplos, com 2 folhas triplas arranjadas como uma barrel- β ortogonal. Tem sido sugerido que acima de uma concentração crítica de proteína, a proteína anticongelante Tipo III Type 3 Antifreeze Protein (AFP III) se auto forma para montar estruturas semelhantes a micelas que podem desempenhar um papel-chave na atividade anti-congelante.
  • 5. As AFP impedem a formação de cristais de gelo(fenômeno conhecido como ice- binding). Na estrutura da proteína a região que impede a cristalização do gelo é preenchida com filas moléculas de água. Essa fila de moléculas são espaçadas de forma similar aos dos cristais de gelo. Ou seja, as AFP conseguem “ encaixar “ nos pequenos cristais de gelo em formação, Representação gráfica do fenômeno ice-binding impedindo o crescimento dos mesmos. Na imagem ao lado, temos a representação da AFP com suas porções. Em verde claro, a parte mais periférica da proteína , é representada a porção hidrofóbica. Os resíduos centrais, em vermelho, amarelo azul etc, constituem a porção responsável pelo fenômeno ice-binding. Uma AFP e suas porções
  • 6. A primeira grande descoberta dos zoologistas ao se depararem com os “peixes-gelo”, espécie encontrada na região gélida da Antártica, foi a ausência de hemoglobina, substância essencial para a sobrevivência de todos os vertebrados, e de hemácias. Os estudos mostraram também que tal espécie só sobrevivia em temperaturas tão baixas (em torno de - 1,9°C) devido à presença de uma proteína conhecida como “glicoproteinas anticongelantes”. Essas proteínas têm uma estrutura incomum, composta por motivos repetidos que permitem sua ligação aos cristais de gelo e bloqueio do seu crescimento, diminuindo assim a temperatura mínima para o crescimento desses cristais para cerca de - 2,2oC. abaixo da temperatura mínima do oceano antártico e, por volta, de um grau a menos do que o O canictiídeo conhecido como Peixe-gelo ponto de congelamento do plasma de peixes que não produzem este tipo de anticongelante.
  • 7. Vê-se um grande potencial no uso de proteínas anticongelantes para preservar órgãos de transplante por mais tempo. Quando um órgão é disponibilizado para transplante, começa então uma corrida contra o tempo para encontrar um receptor que não esteja muito longe. Um coração envolto por gelo e soluções conservantes, por exemplo, só sobrevive cerca de 5 horas fora do corpo humano. Portanto, se um receptor de transplante não é encontrado a tempo ou vive distante demais, o órgão não pode ser utilizado. Acredita-se que as proteínas poderiam ser utilizadas Antifreeze protein inserida no gelo para um armazenamento a temperaturas mais frias, sem congelar os órgãos – o que pode prejudicar o tecido dos mesmos.
  • 8. Structure-function relationship in the globular type I11 antifreeze protein:Identification of a cluster of surface residues required for binding to ice, Heman Chao, Frank D. Sonnichsen, Carl I. Deluca ,Brian D. Sykes,Peter L. Davies,1994 Structure of type III antifreeze protein at 277 K, Q.Ye, E.Leinala and Z.Jia,1998 http://pout.cwru.edu/~frank/type3.html, acesso em 13/11/2012 Contribution of hydrophobic residues to ice binding by fishtype III antifreezeprotein, Jason Baardsnes, Peter L. Davies,2002 http://en.wikipedia.org/wiki/Beta_strand, acesso em 14/11/2012 http://evolucionismo.org/profiles/blogs/a-evolucao-dos-peixes-do-gelo-channichthyidae- uma-historia-molecu, acesso em 14/11/2012
  • 9. http://www.nsf.gov/pubs/1996/nstc96rp/sb3.htm, acesso em 14/11/2012 http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4220838-EI8145,00- Anticongelante+e+segredo+de+animais+que+sobrevivem+ao+frio.html, acesso em 13/11/2012 http://www.nature.com/pj/journal/v44/n7/fig_tab/pj201213f3.html#figure-title, acesso em 13/11/2012 http://www.unicamania.com/cidade/index.php?view=article&catid=96%3Atecnologia&id =412%3Aproteinas-anticongelantes-podem-auxiliar-no-transplante-de- orgaos&format=pdf&option=com_content&Itemid=78&lang=pt, acesso em 13/11/2012 Molecule of the month: antifreeze proteins, RCSB Protein Data Bank