SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 47
 
“ Viver a poesia é muito mais necessário e importante do que escrevê-la”. Murilo Mendes “ A poesia é uma forma especial da linguagem. Quando o coração sente a si mesmo... Nasce a poesia...”. Octávio Paz Degas: “- Não sei porque não faço belos poemas. Tenho tantas belas ideias.” Mallarmé: “- Acontece que não se fazem poemas com ideias. Fazem-se com palavras.”
O trabalho poético para Bakhtin está inteiramente inter-relacionado ao contexto social,” O poeta, afinal, seleciona palavras não do dicionário, mas do contexto da vida onde as palavras foram embebidas e se impregnaram de julgamentos de valor” (Bakhtin, apoud Freitas, 1992, p. 127). Resolvo o meu poema Sob o silêncio neutro Das palavras perdidas Na paisagem dos signos. BOSI , O ser e o tempo da poesia.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
 
 
Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O seu sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que as fecha junto com os tigres. Nos tempos da minha infância eu tinha um prazer cruel: pegar passarinhos. Fazia minhas próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava escondido, esperando... O pobre passarinho vinha, atraído pelo fubá. Ia comendo, entrava na arapuca, pisava no poleiro – e era uma vez um passarinho voante. Cuidadosamente eu enfiava a mão na arapuca, pegava o passarinho e o colocava dentro de uma gaiola.
 
 
 
 
 
 
 
http://www.rubemalves.com.br/conversacomeducadores.htm
 
 
 
 
http://www.rubemalves.com.br/quartodebadulaquesLXX.htm Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; levaria a livraria para que ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. 
Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos  as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Ai, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da  beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes.
Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura não começaria com as letras e as sílabas. Simplesmente leria as histórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela quereria que eu lhe ensinasse o segredo que transforma letras e sílabas em histórias. É assim. É muito simples.  (Almanaque Brasil de Cultura Popular,  setembro 2004 ).
 
 
 
 
Qualquer método é bom, desde que apresentado com arte, conduzido  pela autocrítica  e enriquecido pela investigação e pela pesquisa científica; em resumo, o espírito de investigação pedagógica , hábitos de trabalho, alegria, disciplina consciente e, sobretudo, liberdade de experimentação , tornam propício  um ambiente mais interativo, mais real, mais vivo, mais dinâmico, E mais completo. http://www.seer.ufu.br/index.php
 
 
 
 
 

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 44
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 44ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 44
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 44luisprista
 
Viajar! Perder Países! Fernando Pessoa
Viajar! Perder Países! Fernando PessoaViajar! Perder Países! Fernando Pessoa
Viajar! Perder Países! Fernando PessoaMaria Rebelo
 
Análise do poema viajar Perder Países
Análise do poema viajar Perder PaísesAnálise do poema viajar Perder Países
Análise do poema viajar Perder PaísesRicardo Santos
 
Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análise
Alberto caeiro   eu nunca guardei rebanhos- análiseAlberto caeiro   eu nunca guardei rebanhos- análise
Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análiseAnabela Fernandes
 
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAnabela Fernandes
 
O Eu profundo e os outros Eus Fernando Pessoa
O Eu profundo e os outros Eus   Fernando PessoaO Eu profundo e os outros Eus   Fernando Pessoa
O Eu profundo e os outros Eus Fernando PessoaZanah
 
Análise do poema Nao sei quantas almas tenho
Análise do poema Nao sei quantas almas tenhoAnálise do poema Nao sei quantas almas tenho
Análise do poema Nao sei quantas almas tenhoRicardo Santos
 

Was ist angesagt? (18)

ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 44
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 44ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 44
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 44
 
Viajar! Perder Países! Fernando Pessoa
Viajar! Perder Países! Fernando PessoaViajar! Perder Países! Fernando Pessoa
Viajar! Perder Países! Fernando Pessoa
 
A poesia
A poesiaA poesia
A poesia
 
Sonia leme
Sonia lemeSonia leme
Sonia leme
 
Medo marcia portella
Medo marcia portellaMedo marcia portella
Medo marcia portella
 
Fernando pessoa poema
Fernando pessoa   poemaFernando pessoa   poema
Fernando pessoa poema
 
Alberto Caeiro
Alberto CaeiroAlberto Caeiro
Alberto Caeiro
 
15
1515
15
 
heteronimos
heteronimosheteronimos
heteronimos
 
Fernando Pessoa
Fernando PessoaFernando Pessoa
Fernando Pessoa
 
Análise do poema viajar Perder Países
Análise do poema viajar Perder PaísesAnálise do poema viajar Perder Países
Análise do poema viajar Perder Países
 
Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análise
Alberto caeiro   eu nunca guardei rebanhos- análiseAlberto caeiro   eu nunca guardei rebanhos- análise
Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análise
 
Autopsicografia e Isto
Autopsicografia e IstoAutopsicografia e Isto
Autopsicografia e Isto
 
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
 
O Eu profundo e os outros Eus Fernando Pessoa
O Eu profundo e os outros Eus   Fernando PessoaO Eu profundo e os outros Eus   Fernando Pessoa
O Eu profundo e os outros Eus Fernando Pessoa
 
Poesias
PoesiasPoesias
Poesias
 
Dia da poesia
Dia da poesiaDia da poesia
Dia da poesia
 
Análise do poema Nao sei quantas almas tenho
Análise do poema Nao sei quantas almas tenhoAnálise do poema Nao sei quantas almas tenho
Análise do poema Nao sei quantas almas tenho
 

Ähnlich wie 4ª oficina

Apostila do módulo de Contação de Histórias, por Cris Velasco
Apostila do módulo de Contação de Histórias, por Cris VelascoApostila do módulo de Contação de Histórias, por Cris Velasco
Apostila do módulo de Contação de Histórias, por Cris Velascoinstitutobrincante
 
Formação poesia
Formação poesiaFormação poesia
Formação poesiaKaren Kampa
 
Carlos drummond de andrade educação do ser poético
Carlos drummond de andrade  educação do ser poéticoCarlos drummond de andrade  educação do ser poético
Carlos drummond de andrade educação do ser poéticoMariana Guerra
 
Poesia. O que é poesia?
Poesia. O que é poesia?Poesia. O que é poesia?
Poesia. O que é poesia?Sérgio Pitaki
 
Sabor de-saber-poetar muito bom!
Sabor de-saber-poetar muito bom!Sabor de-saber-poetar muito bom!
Sabor de-saber-poetar muito bom!Joanita Artigas
 
Congresso 2012 palestra canoas
Congresso 2012 palestra canoasCongresso 2012 palestra canoas
Congresso 2012 palestra canoasAna Paula Cecato
 
Análise do conto Um Apólogo
Análise do conto Um ApólogoAnálise do conto Um Apólogo
Análise do conto Um ApólogoAna Polo
 
ExpressãO PláStica E Expressao Musical
ExpressãO PláStica E Expressao MusicalExpressãO PláStica E Expressao Musical
ExpressãO PláStica E Expressao MusicalAlfredo Lopes
 
kupdf.net_rubem-alves-educaao-dos-sentidos-leitura.pdf
kupdf.net_rubem-alves-educaao-dos-sentidos-leitura.pdfkupdf.net_rubem-alves-educaao-dos-sentidos-leitura.pdf
kupdf.net_rubem-alves-educaao-dos-sentidos-leitura.pdfJanaDomingos
 

Ähnlich wie 4ª oficina (20)

Magia - Rubem Alves
Magia - Rubem AlvesMagia - Rubem Alves
Magia - Rubem Alves
 
Apostila do módulo de Contação de Histórias, por Cris Velasco
Apostila do módulo de Contação de Histórias, por Cris VelascoApostila do módulo de Contação de Histórias, por Cris Velasco
Apostila do módulo de Contação de Histórias, por Cris Velasco
 
Formação poesia
Formação poesiaFormação poesia
Formação poesia
 
O OLHA DO PROFESSOR
O OLHA DO PROFESSORO OLHA DO PROFESSOR
O OLHA DO PROFESSOR
 
Esculpindo o brinquedo
Esculpindo o brinquedoEsculpindo o brinquedo
Esculpindo o brinquedo
 
Gaiola
GaiolaGaiola
Gaiola
 
Carlos drummond de andrade educação do ser poético
Carlos drummond de andrade  educação do ser poéticoCarlos drummond de andrade  educação do ser poético
Carlos drummond de andrade educação do ser poético
 
Poesia. O que é poesia?
Poesia. O que é poesia?Poesia. O que é poesia?
Poesia. O que é poesia?
 
Sabor de-saber-poetar muito bom!
Sabor de-saber-poetar muito bom!Sabor de-saber-poetar muito bom!
Sabor de-saber-poetar muito bom!
 
Congresso 2012 palestra canoas
Congresso 2012 palestra canoasCongresso 2012 palestra canoas
Congresso 2012 palestra canoas
 
Poemas Manoel de Barros
Poemas Manoel de BarrosPoemas Manoel de Barros
Poemas Manoel de Barros
 
Análise do conto Um Apólogo
Análise do conto Um ApólogoAnálise do conto Um Apólogo
Análise do conto Um Apólogo
 
Asas do Intento
Asas do IntentoAsas do Intento
Asas do Intento
 
Livro 2 maratona
Livro 2 maratonaLivro 2 maratona
Livro 2 maratona
 
Livro 2 maratona
Livro 2 maratonaLivro 2 maratona
Livro 2 maratona
 
Sylvia orthof slide
Sylvia orthof slideSylvia orthof slide
Sylvia orthof slide
 
Arte nossa de cada dia
Arte nossa de cada diaArte nossa de cada dia
Arte nossa de cada dia
 
Poesia 12 aulas
Poesia 12 aulasPoesia 12 aulas
Poesia 12 aulas
 
ExpressãO PláStica E Expressao Musical
ExpressãO PláStica E Expressao MusicalExpressãO PláStica E Expressao Musical
ExpressãO PláStica E Expressao Musical
 
kupdf.net_rubem-alves-educaao-dos-sentidos-leitura.pdf
kupdf.net_rubem-alves-educaao-dos-sentidos-leitura.pdfkupdf.net_rubem-alves-educaao-dos-sentidos-leitura.pdf
kupdf.net_rubem-alves-educaao-dos-sentidos-leitura.pdf
 

4ª oficina

  • 1.  
  • 2. “ Viver a poesia é muito mais necessário e importante do que escrevê-la”. Murilo Mendes “ A poesia é uma forma especial da linguagem. Quando o coração sente a si mesmo... Nasce a poesia...”. Octávio Paz Degas: “- Não sei porque não faço belos poemas. Tenho tantas belas ideias.” Mallarmé: “- Acontece que não se fazem poemas com ideias. Fazem-se com palavras.”
  • 3. O trabalho poético para Bakhtin está inteiramente inter-relacionado ao contexto social,” O poeta, afinal, seleciona palavras não do dicionário, mas do contexto da vida onde as palavras foram embebidas e se impregnaram de julgamentos de valor” (Bakhtin, apoud Freitas, 1992, p. 127). Resolvo o meu poema Sob o silêncio neutro Das palavras perdidas Na paisagem dos signos. BOSI , O ser e o tempo da poesia.
  • 4.  
  • 5.  
  • 6.  
  • 7.  
  • 8.  
  • 9.  
  • 10.  
  • 11.  
  • 12.  
  • 13.  
  • 14.  
  • 15.  
  • 16.  
  • 17.  
  • 18. Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
  • 19. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
  • 20.  
  • 21.  
  • 22. Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O seu sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que as fecha junto com os tigres. Nos tempos da minha infância eu tinha um prazer cruel: pegar passarinhos. Fazia minhas próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava escondido, esperando... O pobre passarinho vinha, atraído pelo fubá. Ia comendo, entrava na arapuca, pisava no poleiro – e era uma vez um passarinho voante. Cuidadosamente eu enfiava a mão na arapuca, pegava o passarinho e o colocava dentro de uma gaiola.
  • 23.  
  • 24.  
  • 25.  
  • 26.  
  • 27.  
  • 28.  
  • 29.  
  • 31.  
  • 32.  
  • 33.  
  • 34.  
  • 35. http://www.rubemalves.com.br/quartodebadulaquesLXX.htm Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; levaria a livraria para que ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. 
  • 36. Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos  as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Ai, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da  beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes.
  • 37. Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura não começaria com as letras e as sílabas. Simplesmente leria as histórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela quereria que eu lhe ensinasse o segredo que transforma letras e sílabas em histórias. É assim. É muito simples. (Almanaque Brasil de Cultura Popular,  setembro 2004 ).
  • 38.  
  • 39.  
  • 40.  
  • 41.  
  • 42. Qualquer método é bom, desde que apresentado com arte, conduzido pela autocrítica e enriquecido pela investigação e pela pesquisa científica; em resumo, o espírito de investigação pedagógica , hábitos de trabalho, alegria, disciplina consciente e, sobretudo, liberdade de experimentação , tornam propício um ambiente mais interativo, mais real, mais vivo, mais dinâmico, E mais completo. http://www.seer.ufu.br/index.php
  • 43.  
  • 44.  
  • 45.  
  • 46.  
  • 47.