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Introdução:
Sobre a apostila
Olá!
Esta apostila oferecerá o básico para compreensão e prática
da flauta tin whistle.
Todo o conteúdo foi baseado nos estudos que realizamos
com a whistle e também na observação das técnicas utilizadas
pelos whistlers.
Lembrando que, para que você consiga ser um bom whistler,
além do estudo básico para esta flauta, é necessário que
mantenha o curso em conjunto à teoria musical básica, o que
garantirá sua compreensão e leitura das partituras, dos
conceitos e aplicações; enfim, garantindo progressos com a sua
whistle!
Faça bom proveito do material.
Bom estudo!
E muita luz pra ti!
Wicapi e J.
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SUMÁRIO
I. HISTÓRICO DA FLAUTA TIN WHISTLE__________________________________ 5
1. Sua origem e construção _______________________________________________ 5
2. As whistles modernas __________________________________________________ 8
3. As chaves das afinações nas whistles _________________________________ 17
4. As técnicas de execução _______________________________________________ 19
5. A história da whistle na música céltica _______________________________ 21
II. PRIMEIROS PASSOS ______________________________________________________ 29
1. Sobre a teoria musical _________________________________________________ 29
III. ESTUDANDO A WHISTLE ________________________________________________ 42
1. Obtendo a sua whistle _________________________________________________ 42
2. Conhecendo sua tin whistle ___________________________________________ 43
3. Como posicionar a whistle ____________________________________________ 44
4. Tabela de digitação e as notas ________________________________________46
5. As técnicas de ataque ou pronúncia __________________________________ 61
a) O tuu____________________________________________________ 64
b) O haa ou huu ____________________________________________66
c) Sílabas __________________________________________________ 67
d) “Paradas da glote” _____________________________________ 68
e) “Tongues” _______________________________________________ 69
6. Os ornamentos _________________________________________________________ 72
6.1 A torneira ou strikes ou graças ________________________ 74
6.2 Cortes ___________________________________________________ 77
6.3 Os deslizes e/ou glissandos ____________________________ 83
6.4 Vibrato _________________________________________________ 89
6.5 Os rolos _________________________________________________92
6.5.1 Rolos longo e rolos curtos ____________________ 95
6.6 Triplas ou triplets _____________________________________ 99
6.7 Os Crans ou Cranns ___________________________________ 105
6.8 Os shakes _____________________________________________ 109
6.9 Silvos ou elemento fantasia _________________________ 110
7. Técnicas de respiração e pausas _____________________________________ 117
IV. CONCLUSÃO ______________________________________________________________ 120
V. REFERÊNCIAS ____________________________________________________________ 122
VI. ANEXOS ___________________________________________________________________ 123
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I. Histórico da flauta tin whistle
Antes de iniciarmos o curso, ocupemo-nos por um momento de
conhecer a história e divulgação deste instrumento, que pode parecer
tão simples de início, mas que tem grandes possibilidades!
1. Sua origem e construção:
A flauta tin whistle é um instrumento musical feito em forma de
tubo cilindro, metálico, com seis furos, diatônico, e um bocal plástico
ou metálico. A borda deste bocal é estreita, onde há a passagem do
ar para dentro do corpo interno da flauta com saída de parte do ar no
mesmo - este, por onde saí o ar, conhecemos como fipple.
Pela classificação internacional de instrumentos, ela é rotulada
como instrumento musical aerofônico. A maioria é feita em pequenos
tubos metálicos, mas algumas são trabalhadas em madeira e até
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plástico. É, em aspecto, um instrumento bem simples, mas que
revela grandes possibilidades e complexidade!
A pessoa que toca a tin whistle é chamada de whistler ou “tocador
de assobio”. A maioria das whistles alcança até duas oitavas, mas há
também algumas que chegam até mais meia ou três oitavas, de
acordo com alguns músicos.
Charles Spencelayh - The Penny Whistle
A flauta tin whistle é conhecida também como penny whistle ou
apito de um centavo. Outros lhe denominam também como english
flageolet, apito escocês, tin flageolet, apito irlandês, e Clarke
flageolet London.
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É relativamente fácil de comprar e também fácil de executá-la.
Requer dedicação e treino nas técnicas. Sendo que o dedilhado é
quase idêntico aos da flauta tradicional barroca.
Muitos gostam de utilizá-la como ponto de partida para aprender o
Uilleann pipes, ou gaita irlandesa, por causa das técnicas idênticas do
dedo, notas e música.
No início, a whistle era considerada como um brinquedo; aqueles
que a princípio se interessam por ela eram crianças ou mendigos, e
as usavam como forma de obter comida ou dinheiro, na maioria um
centavo, por aqueles que os ouviam nas ruas - daí o termo penny
whistle, ou, flauta de um centavo! Mas sob outra compreensão, o
instrumento era muito barato e com isso poderia ser comprado por
eles também; a whistle era vendida a valor simbólico de apenas um
centavo (hoje em dia já não temos esse preço!). Clarke as vendia por
uma taxa nominal (um centavo britânico) e a denominações de flauta
de um centavo prevalece até hoje.
Tin Whistle - Patrick Hiatt
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O nome "tin whistle" foi criado posteriormente em 1825. Mas as
pessoas gostam ainda de chamá-la “assobio ou apito de um centavo”.
Essa flauta pertence a uma ampla família de flautas fipple
encontradas em muitas formas e culturas de todo o mundo. Na
Europa, esses instrumentos têm uma história longa e distinta e
tomaram várias formas. Quase todas as culturas primitivas tinham
um tipo de flauta fipple e é mais provável que elas sejam o primeiro
instrumento na existência terrestre.
Fontes descrevem uma flauta fipple na Roma e na Grécia, feita de
ossos da tíbia. Nos povos primitivos da Idade Média, no norte da
Europa os mesmos instrumentos foram ser tocados no terceiro
século.
Por volta do século 12, outras flautas, italianas, foram descobertas
em uma variedade de tamanhos e formas; e outros fragmentos de
flautas ósseas foram encontrados na Irlanda, sendo que uma estava
intacta, com 14 centímetros de comprimento. Outra também foi
encontrada nas ruínas de Tusculum, feita de argila, no século 14 na
Escócia.
As flautas do século 17 foram chamadas flageolets (termo que
descreve um apito com um bocal fipple) e estão intimamente ligados
ao desenvolvimento do flageolet Inglês, francês, do Renascimento e
período barroco. Este termo, flageolet, é ainda o preferido por alguns
flautistas modernos por sentirem que ele descreve melhor o
instrumento, caracterizando a grande variedade de flautas fipple,
incluindo as whistles!
2. As whistles modernas
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A whistle atual é proveniente das ilhas britânicas, sobretudo
Inglaterra. As primeiras foram produzidas de latas, pelo Robert
Clarke (1840-1882) em Manchester. E teve grande repercussão.
Depois de 1900 elas foram então sendo comercializadas com o nome
de "Clarke London Flageolets" ou simplesmente flautas "Clarke".
A primeira flauta Clarke, a Meg, foi lançada em chave A (Lá) e só
depois é que foram produzidas em outras afinações, que se diziam
mais “adequadas” para os salões Vitorianos. Clarke as apresentou na
Grande Exposição de 1851.
Essas flautas de Clarke eram feitas à maneira de imitações de
pequenos tubos, iguais aos dos órgãos. A flauta é um tubo, mas há
uma extremidade mais larga que forma um duto achatado formando
o lábio do bocal. A maioria delas é feita de folha de estanho laminado
ou latão. Mas as mais comercializadas hoje são de latão, níquel, e
latão cromado. Os bocais são quase sempre de material plástico.
As marcas mais conhecidas hoje são: Clarke, Generation, Feadóg,
Oak, Acorn, Soodlum (agora Walton), Clare, Dixon, O'Briain, William
Simmons, Pipe Makers Union (Carbony), Goldie, Impempe, Susato,
entre muitas outras!
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CLARKE GENERATION FEADÒG
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OAK
ACORN
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WALTON CLARE DIXON
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O’ BRIAIN SUSATO
WILLIAM SIMMONS
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PIPE MAKERS UNION (CARBONY)
GOLDIE
IMPEMPE
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Existem também outras variantes menos comuns, feitas de outros
metais (e até algumas artesanais improvisadas em material PVC), o
Flanna (quadrada, com o fipple embutido), e as de madeira.
Whistles de PVC
Devido ao seu baixo preço inicial, era um instrumento popular e
familiar, tão onipresente quanto à gaita. Então, no segundo semestre
do século 19 alguns fabricantes de flauta, como Samuel Barnett e
Wallis Joseph, começaram a produzi-las em massa. Estas tinham um
tubo de latão cilíndrico, mas o fipple era feito de chumbo, e uma vez
que o chumbo é venenoso, as flautas não ficaram viáveis.
As flautas como da marca Generation, foi introduzidas na primeira
metade do século 20 e também era feita de um tubo de latão com
um fipple de chumbo. O design foi sendo alterado ao longo dos anos,
principalmente na substituição do fipple de chumbo pelo de plástico,
mas mantendo sempre o design original do fipple criado.
Porém, enquanto a maioria das whistles era produzida em tons
altos, foi co-criada uma flauta whistle "baixa".
No Museu de Belas Artes, em Boston, há um acervo com um
exemplar de uma whistle baixa do século 19, de sons mais graves.
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Durante o renascimento em 1960 da música tradicional irlandesa,
a whistle baixa ou conhecida também como low whistle, foram
"recriadas" por Bernard Overton, a pedido de Finbar Furey.
MK Polished Black - Low D Whistle
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O low whistle, conhecida também como whistle maior ou grande
whistle, flautas baixas ou whistle de concerto, operam em princípios
idênticos as whistles padrão, porém com sons mais graves; mas
músicos tradicionalistas a consideram como um instrumento a
parte... Essas low whistle são na maioria fabricadas de metal ou
plástico, com uma cabeça de ajuste deslizante. Por serem maiores,
produzem duas oitavas mais baixas que as whistles. Muitas vezes, se
usa o termo soprano whistle para as flautas de alta frequência,
quando é necessário distingui-las das low whistle.
Nos últimos anos um número de construtores de instrumentos no
mundo todo começaram a linhas de "high-end", feitos à mão, e que
podem custar o triplo do valor normal. São microempresas,
tipicamente artesanais, às vezes de uma única pessoa ou um
pequeno grupo, como família, trabalhando em conjunto.
Estes instrumentos podem ter valores muito altos. Elas se
distinguem das whistle de baixo custo, porque os instrumentos são
fabricados individualmente por uma pessoa qualificada e de nome,
em vez das whistles convencionais que são feitas em fábricas. Ou
seja, encarecem o preço por ser artesanal e por levar o nome do
construtor...
3. As chaves das afinações nas whistles
As whistles estão disponíveis em uma ampla variedade de
afinações; por serem diatônicas, permite-lhe ser facilmente utilizada
na reprodução de duas chaves principais e suas correspondentes
chaves menores e modos.
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A chave de afinação ou nota fundamental de afinação é
identificada pela sua nota mais baixa. É a tônica da menor chave
principal. Este método de determinar a chave do instrumento é
diferente do método utilizado para determinar a chave de um
instrumento de cromática, que é baseado sobre a relação entre as
notas em uma pontuação e sounded pitch.
As whistles mais comuns estão nas D (ré) e G (sol) maior. Se a
chave é D maior, nomeamos a flauta como D whistle ou whistle em
D; se em G maior, G whistle ou whistle em G.
Outra afinação comum é em C (dó), que pode facilmente tocar
notas nas chaves C e F maior. A D whistle é a escolha mais comum
na execução da música irlandesa e escocesa, e usa-se muito a
whistle em C para iniciantes, como crianças.
Embora sendo um instrumento diatônico, é possível obter notas
fora da chave principal, quer por cobrir parcialmente o orifício com o
dedo ou por cruzar dedilhado (cobrir alguns furos e deixar outros
abertos). No entanto, este movimento de cobrir metade do furo pode
ser cansativo e arriscado, fazendo com que a nota desafine. Como há
muitas whistles disponíveis em várias chaves, para tocar melodias
diversas, o whistler poderá usá-las em vez de cair em erro tentando
executar a melodia através destes dois meios. Várias notas são
obtidas pelo dedilhado cruzado, e todas as notas (exceto a mais
baixa da primeira oitava) podem ser tocadas tapando pela metade
cada furo. Talvez o dedilhado transversal mais eficaz e mais utilizado
é o que produz uma forma comprimida da nota sétima (B plana em
vez de B em um apito C, por exemplo, ou C natural, em vez de C
afiado em um apito D). Isso faz com que haja outra escala maior
disponível (F sobre um apito C, G sobre um apito D).
Um músico bem experiente consegue manipular facilmente essas
notas. Portanto, quando você tiver experiente, conseguirá cruzar o
dedilhado. Certo?
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4. As técnicas de execução
Como sabemos, as notas são tocadas abrindo ou fechando os
orifícios, juntamente com o ato de assoprar. Com todos os buracos
fechados, tem-se a nota mais baixa, a tônica de uma escala maior.
Logicamente, abrindo os orifícios seguintes (debaixo para cima)
produz-se o resto das notas da escala em sequência: com o primeiro
orifício aberto gera o segundo, com mais dois furos abertos, produz o
terceiro e assim por diante.
Com a whistle, conseguimos obter até a 2º oitava. Já ouvi de
pessoas que conseguem até 2º oitava e meia e parte da terceira!
Tal como acontece com um número de instrumentos de sopro, a
segunda oitava na whistle é alcançada através do aumento da
pressão do ar. Para tocar na primeira oitava, a direção e intensidade
do ar tem que ser mais baixa e fixa, e firme. Para a segunda oitava,
você deve empreender um aumento na corrente de ar para obtê-la.
No começo tem-se muita dificuldade, mas depois que se adquire o
jeito, toca-se naturalmente!
O dedilhado para a segunda oitava é geralmente o mesmo como
na primeira oitava, embora os dedilhados alternativos sejam algumas
vezes empregados na extremidade superior, para corrigir um efeito
causado pelo achatamento maior da coluna de ar na velocidade. Além
disso, observa-se que a tônica da segunda oitava é geralmente
tocada com o orifício superior da flauta parcialmente descoberto ou
todo, em vez de cobrir todos os buracos como com a nota tônica da
primeira oitava - que torna mais difícil de acidentalmente cair na
primeira oitava - e também ajuda a corrigir a afinação.
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Além da obtenção das notas na 2º oitava, a tin whistle tradicional
utiliza uma série de recursos para se conseguir os ornamentos. Estes
decoram ainda mais a música.
Os ornamentos mais utilizados são os cortes, as graças (chamada
também de nota grace), deslizes ou slides, trinados, vibratos entre
outros. Os ornamentos são na maioria a inclusão de “notas avulsas”
na música para gerar algum efeito ou qualidade na mesma. Esta,
muitas vezes é tocada em legato, adicionando os ornamentos e
criando intervalos entre as notas. Mas o conceito na música irlandesa
de ornamentação é bem diferente da música clássica. Nesta, os
enfeites é observada mais como alterações na forma de se articular
uma nota, do que adição de notas fora das partituras.
Para as partituras da música tradicional na Irlanda e na Escócia,
muitas são publicadas ou divulgadas para a whistle em D (ré) maior,
G (sol) maior, sendo que a D e G é padrão. Muitas partituras são
padronizadas, não sendo usada a transposição: por exemplo, a
música tocada em whistle D é escrita em tom de concerto, não se
transposta para baixo em um tom, como seria normal a outros
instrumentos.
No entanto, não há um consenso sobre como a música na whistle
deva ser escrita ou tocada. A música tradicional é livre, respeitando-
se, porém, as regras básicas de execução.
Lembramos que, na música tradicional, as partituras são
compartilhadas gratuitamente!
Outro ponto é que a whistle em C (dó) é mais popular, pela razão
óbvia de ser a chave natural. Alguns músicos são incentivados a
aprender a ler diretamente nela (por considerarem mais fácil), sem
precisar de partituras – ou seja, aprende-se a música de ouvido, de
boca em boca - enquanto outros são ensinados a ler diretamente
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através da aplicação da teoria musical. Isso sempre fica a critério de
cada um. Um whistler que quer ler as partituras, tocando-as em
todas as whistles, terá que aprender os mecanismos básicos
estudando teoria musical.
Outra forma de aprender a whistles, de forma mais simples e
rápida, é usar o sistema de tablatura. As notas são representadas
graficamente em desenhos de whistles com os furos respectivos,
formando um sistema de leitura. O formato mais comum é uma
coluna vertical de seis furos a serem cobertos por uma nota,
mostrando-se preenchida, por exemplo, com cor preta (furo coberto)
ou branca (furo descoberto); para representar a primeira oitava, há
apenas o desenho da flauta e dos furos, e quando aparecer com um
sinal de mais (+) na parte superior, indica que a nota é na segunda
oitava. O sistema de tablatura é mais comumente encontrado em
livros tutoriais para iniciantes e crianças.
5. A história da whistle na música céltica
Com a popularidade no início do século 19, a whistle avivou as
tradições da música celta. A whistle acabou se tornando essencial na
mesma - hoje, ela é estritamente relacionada à música céltica e
habitual.
O instrumento ganhou fama pelo mundo, tornando-se popular em
várias tradições musicais, na Inglaterra, na Escócia, nos EUA, e
especialmente em toda base da música Irlandesa. Portanto, tornou-
se conveniente classificá-la como típico instrumento tradicional da
Irlanda, Escócia e Inglaterra.
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Na música folclórica da Irlanda e Escócia, a whistle é de longe o
instrumento mais comum e importante utilizada nos repertórios.
Mas além do meio musical, ela faz parte da vida diária do povo
irlandês e escocês. É usada em muitos tipos de música, nas igrejas,
festas ou festivais, casamentos, nas escolas, nas manifestações
culturais e até em rituais formais de grupos que tratam com
espiritualidade, enfim, em toda a cultura. Desempenha com isso um
papel muito importante, de união e identidade cultural dos países.
E notável ainda é que, sempre algum membro da família ou até
todos, toquem a tin whistle! Assim sendo, é instrumento
indispensável em cada núcleo familiar.
Além de a whistle estar junto com outros instrumentos formando
a base cultural nestes países, ela ganhou espaço amplo nas
composições católicas e ou religiosas, em trilhas sonoras de filmes,
peças e seriados, entre outros.
Grupos musicais dos gêneros "crossover" (junção de diversos
estilos musicais em um só), como a world music, new age, folk rock,
folk metal, firmaram presença das whistles em suas composições.
Sendo que no new age, é praticamente essencial!
Muitos músicos ficaram mundialmente conhecidos, por
representarem com tanta beleza este instrumento.
Em 1973, Paddy Moloney, integrante do famoso ou jurássico
grupo The Chieftains, e Sean Potts, ajudaram a popularizar a whistle
ainda mais na música irlandesa. Mary Bergin Stain (1979) e a
Feadóga Stain 2 (1993) foram igualmente influentes na divulgação do
instrumento.
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The Chieftains - da esquerda para direita: Matt Molloy (tin whistle, e flauta);
Paddy Moloney (whistle, Uilleann pipes, acordeão, bodhrán); Kevin Connef
(bodhrán, vocais); Seán Keane (violinista).
Houve ainda outros integrantes como: Derek Bell, falecido em 2002 (harpa
céltica, instrumentos de teclas, e oboé); Martin Fay (violino, bones); David
Fallon (bodhrán); Ronnie Mcshane (percussão); Peadar Mercier (bhodrán,
bones); Seán Potts (tin whistle, bones, bodhrán); Michael Tubridy (flauta,
concertina, e tin whistle).
Há outros músicos notáveis como Joanie Madden, Gunning
Carmel, Micho Russell, Brian Finnegan, e Sean Ryan.
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Joannie Madden
O grupo Clannad, composto por Màire Brennan (ou Moya Brennan,
como conhecida hoje), Noel Duggan, Pádraig Duggan e Ciáran
Brennan, utilizaram em muitas de suas canções a whistle. O grupo
hoje apresenta de forma esparsa; Moya Brennan apresenta-se mais,
com novo repertório e banda a parte. Enya (irmã de Moya Brennan,
Ciáran Brennan e sobrinha dos Duggan, foi integrante dos Clannad no
início em sua adolescência), em algumas canções em sua carreira,
também utilizou da whistle e low whistle.
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Clannad (no passado); da esquerda para direita: Pól Brennan (flauta,
whistle, guitarra, bongos, vocais); Pádraig Duggan (mandola, guitarra,
vocais); Moya Brenna (vocais e harpa); Ciáran Brennan (baixo, guitarra,
mandolim, piano eletrônico); Noel Duggan (guitarra, vocais).
Clannad (atualmente): Noel Duggan, Pádraig Duggan, Moya Brennan, Ciáran
Brennan.
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Músicos tradicionais da gaita irlandesa e outros instrumentos folk
também tocam a whistle. James Galway, um flautista clássico, é um
excelente whistler! Festy Conlon, muitas vezes foi considerado como
o melhor whistler de todos os tempos!
James Galway
Na música tradicional escocesa, o premiado cantor e músico Julie
Fowlis gravou várias músicas para whistle, tanto em seu trabalho solo
como em conjunto com os Dòchas Band.
Na música pop desses países, as whistles são tocadas em
bandinhas, nas bandas de rock irlandês como The Cranberries e The
Pogues, nas bandas americanas de punk celta, como o Tossers e
Dropkick Murphys e Flogging Molly.
Andrea Corr, vocalista principal da banda irlandesa famosa The
Corrs, iniciada na década de 90 (hoje atuam de forma mais
independente) com estilo folk-rock, também toca a whistle. Um
hábito seu, na época dos shows, era lançar algumas whistles que ela
tocava para o público.
Bob Hallett do folk rock canadense Great Big Sea, é também um
artista de renome da whistle, tocando-a em regime tradicional e
original. E o Islandês post-rock, da banda Sigur Rós, conclui sua
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canção "Hafsól" com um solo de whistle. Barry Privett do rock celta
americano, Carbon Leaf, executa várias músicas usando-a.
No jazz, Steve Buckley, um músico britânico, ficou conhecido por
ter usado a whistle seriamente; seu modo peculiar de tocá-la pode
ser ouvido em muitas gravações.
Mas há muitos e diversos grupos musicais, cantores solos e
coristas que utilizam as whistles, como: Capercaillie, Joanne Hogg,
Planxty, Margaret Becker, Loreena Mckennitt, Aine Minogue, John
Doan, Cécile Corbel, Anúna, Llewellyn, Celtic Woman, em muitos
álbuns Solitudes de Dan Gibson, David Arkenstone, Medwyn Goodall,
Merlin Magic's, Mediaeval Baebes, Aeoliah, Battlefield Band, Era, em
algumas músicas do Yanni e do Andrea Bocelli, e em muitos e muitos
outros grupos novos!
Aqui no Brasil há alguns grupos a parte que se apresentam de
forma livre em festivais, casamentos e peças.
Atualmente, há uma forma de divulgação das whistles, que é
através dos filmes.
Howard Shore usou a whistle D em uma canção então famosa,
"Hobbits”, feita para o filme "O Senhor dos Anéis", a trilogia.
O som da whistle juntamente com outros instrumentos como a
guitarra, o contrabaixo e o bodhrán aparece nas cenas simbolizando
o Condado. No filme em desenho - “The Hobbits” - feito em 1977, a
whistle aparece em parte da canção do filme. E ficou muito conhecida
também durante a introdução da canção "My Heart Will Go On”, de
Celine Dion, para o filme Titanic. Aparece também em destaque na
trilha sonora de How to Train Your Dragon (filme), para o
personagem principal, o Hiccup.
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Mas há muitos outros filmes, seriados, séries, que a utilizaram nas
composições musicais, especialmente nos filmes que trabalham a
ficção, a magia, o misticismo e a cultura dos povos europeus na
época medieval, dos vikings, especialmente do Reino Unido.
Por ter um som místico e sonhador, é um excelente instrumento
que pode ser usado para nos inclinar à música espiritual ou, aquela
que nos fala mais ao coração...
É impossível não ouvir uma whistle e não remetermos
instantaneamente nosso pensamento ou imaginário as belas
paisagens de campos e colinas verdinhas da Escócia e Irlanda, do
mar, dos prados floridos, do clima, das casas de pedra, dos pubs e
das pessoas, e é claro, dos castelos... Uma paisagem abranda e
deslumbrante, que asserena nossos corações. Talvez daí venha o
fascínio que milhares de pessoas têm pela whistle. Com ela, gerando
melodias sutis, podemos nos aproximar um pouco mais do que há de
tranquilo e belo em nossos corações. A boa música pela whistle é
para sonharmos com uma expressão de beleza e bem estar que
podemos alcançar...
*
**
Bom, encerramos aqui este histórico sobre a whistle.
Esperamos que com essa introdução você possa se interessar
ainda mais em aprendê-la.
Logo a seguir damos início ao curso básico, para que também faça
parte do grupo crescente de whistlers!
Bom estudo!
E progresso com sua whistle!
Wicapi & J.
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29. P á g i n a | 29
II. Primeiros passos
1. Sobre a teoria musical
É essencial que deste ponto em diante - se ainda não tem nenhum
conhecimento de música – você faça um estudo paralelo de teoria
musical, pelo menos o básico, para que você compreenda os
conceitos que serão trabalhados aqui. Sem a teoria musical básica,
você pode não compreender alguns símbolos, notas... Enfim, a
notação musical1 que é necessária.
Portanto, esperamos que você procure algum material mais
completo de teoria musical. Estude! Um pouquinho por dia, seguido
da prática da whistle, em pouco tempo você tocará muito bem!
Deixaremos no final da apostila links ou livros muito bons que
você pode obter.
Abaixo, segue um “resumão” da teoria musical básica,
esclarecendo ou lembrando alguns conteúdos que você deve estudar,
e logo em seguida entramos com a teoria e prática da whistle. Certo?
Estude...!
Recordando...
Som: é a vibração percebida pelo ouvido humano. O nosso
ouvido percebe duas espécies de sons: musicais e não
1 O sistema de notação musical mais utilizado atualmente é o sistema gráfico
ocidental que utiliza símbolos grafados sobre uma pauta de 5 linhas, também
chamada de pentagrama. Diversos outros sistemas de notação existem e muitos
são usados na música moderna.
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musicais; ele assume quatro propriedades: altura, duração,
intensidade e timbre.
Música: é a arte de manifestar os diversos afetos da nossa
alma mediante o som. Seus elementos mais importantes são:
melodia, harmonia e ritmo.
Pentagrama ou pauta: é o conjunto de cinco linhas paralelas,
horizontais e equidistantes, formando entre si quatro espaços.
As linhas e espaços da pauta são contados de baixo para cima:
Linhas e espaços suplementares: muitas vezes estas cinco
linhas e quatro espaços não são suficientes para se escrever
todos os sons musicais, por isso usam-se quando necessário às
linhas e espaços suplementares superiores e inferiores:
Obs.: as linhas suplementares são contadas a partir da pauta
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Notas: são sete: dó - ré - mi - fá - sol - lá - si. Ouvindo-as
sucessivamente formam uma série de sons que se nomeia de
escala:
Há outra forma de nomear as notas, a que chamamos de cifras;
elas são: A (lá); B (si); C (dó); D (ré); E (mi); F (fá); G (sol).
Clave: é um símbolo colocado no início de uma pauta e serve
para determinar o nome das notas e sua altura na escala. Há
três sinais de clave: de sol, de fá e de dó (das letras G, F e C
apareceram as atuais claves: sol, fá e dó). São elas que
determinam os nomes e as alturas das notas; cada clave dá o
seu próprio nome à nota escrita em sua linha:
Figuras de notas: são desenhos representativos das notas.
Veja abaixo a composição de uma figura de nota:
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32. P á g i n a | 32
Os nomes das figuras são: semibreve, mínima, semínima,
colcheia, semicolcheia, fusa e semifusa. Como mostrado na figura
acima (na mesma ordem).
E cada figura de nota terá sua respectiva pausa que lhe
corresponde ao tempo de duração. As pausas são figuras que indicam
duração de silêncio. As figuras mais usadas atualmente são:
As pausas dessas notas são chamadas de: pausa da semibreve;
pausa da mínima; pausa da semínima; pausa da colcheia; pausa da
semicolcheia; pausa da fusa; pausa da semifusa. Como mostrado na
figura acima.
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33. P á g i n a | 33
Valores das notas: denominam a duração dos sons musicais.
São várias as durações e podem ser positivas (notas) ou
negativas (pausas). Mas... Um valor negativo para um som?
Como funciona? Simples: os valores positivos representam os
sons que nós ouvimos e fica a cargo dos valores negativos,
representarem as pausas (silêncio) durante a música, veja:
(valores dos tempos das notas)
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34. P á g i n a | 34
Os números acima não são os valores absolutos. Eles apenas
representam o valor das figuras, tomando como base a semibreve,
cujo valor é 1.
Compasso: é o conjunto de figuras musicais de duração igual
ou variável. As figuras que representam o valor das notas têm
duração indeterminada (não tem valor fixo). Para que as
figuras tenham um determinado valor na duração do som, é
necessária a fórmula de compasso. Os compassos são divididos
em duas categorias: Simples e Compostos.
Tempo: é um valor determinado na duração do som ou do
silêncio (pausa). Os tempos podem ser agrupados de dois em
dois (compasso binário), de três em três (compasso ternário),
de quatro em quatro (compasso quaternário), de cinco em
cinco (compasso quinário) e de sete em sete (compasso
setenário), constituindo unidades métricas às quais se dá o
nome de compasso.
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35. P á g i n a | 35
Barras de compasso: são separadores no pentagrama, de uma
linha vertical, chamada barra de compasso ou barra simples ou
travessão. Usa-se para separar períodos ou trechos da música:
Barra simples
Barra dupla
Para concluir a música, usa-se a barra final:
E, para indicar repetição de um trecho, usam-se barras de
repetição:
Existe também o Dal Segno Al Fine. Na execução da peça, o
músico deverá voltar ao sinal gráfico (representado abaixo - como
um S cortado) e seguir dali até a palavra fine, que indicará o final.
Dal Segno é utilizado quando algum trecho compreendido entre este
sinal e a palavra FINE, deve ser repetido. Pode também ser
representado pelas letras D. S.
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36. P á g i n a | 36
Fórmulas de compasso: são figuras que representam os
valores das notas e das pausas têm duração "indeterminada",
isto é, não têm um valor fixo. Para determinar os valores das
figuras precisamos da Fórmula de Compasso, que são dois
números sobrepostos, indicados ao lado da clave, no início do
primeiro compasso. Esse agrupamento de compassos, com
tempos regulares, separados pelas barras divisórias, é indicado
no início da pauta por números sobrepostos. O número que
vem em cima indica quantos tempos teremos em cada
compasso, cujo valor (ou qualidade) vem representado pelo
número de baixo. O compasso recebe o nome do número de
tempos que o compõem: para 4 tempos = quaternário (4/4);
para 3 tempos = terciário (3/4); para 2 tempos = binário
(2/4). Nos compassos quaternários, a semibreve (que é o
inteiro) valerá 4 pontos, determinando assim os valores da
mínima (2), da semínima (1), da colcheia (1/2), da
semicolcheia (1/4), da fusa (1/8) e da semifusa (1/16).
Exemplo: compasso 3/4
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37. P á g i n a | 37
Unidade tempo: é a figura que terá o valor igual a 1 dentro do
compasso.
Unidade de compasso: é a figura que, sozinha, preencherá
todo o compasso. Por exemplo, em um compasso 4/4 a
semibreve vale 4 tempos. Ela sozinha preenche um compasso.
Escalas: é a sucessão de sons de alturas diferentes. A escala
pode ser maior, menor e cromática. As escalas maiores e
menores são formadas por 8 sons. Já a cromática é formada
por 12 sons (todos os semitons).
Tom: é a soma de dois semitons (ou subtons ou meio tom).
Semitom: é um subtom, meio tom. É a menor distância entre
duas notas.
Ligadura ou legato: quando algumas notas são representadas
nas partituras ligadas por um semicírculo, indica que as notas
são tocadas ligadas, ou seja, toca-se sem marcar as notas
posteriores a primeira ligada pelo legato. Na figura abaixo, a
nota dó, é tocada ligada, não se repete à segunda. Apenas
prolonga-se a primeira, somando-se o valor das duas:
Ponto de aumento: é um ponto colocado à direita da cabeça da
nota; utiliza-se o ponto de aumento para aumentá-la em
metade do seu valor. É também utilizada nas figuras negativas
(pausas).
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38. P á g i n a | 38
Anacruse: é a falta de tempo no primeiro compasso da música,
sendo compensada no final. Se, por exemplo, você deparar
com uma música em 4/4 e que no primeiro compasso
contenha apenas 1 tempo, tenha certeza que os 3 tempos
restantes estarão no último compasso, seja em valores
positivos (notas) ou negativos (pausa).
Solfejo: é o ato de "dizer ou cantar" o nome das notas e a
contagem das pausas, obedecendo à métrica de divisão
musical. Deve ser acompanhado por movimentos rítmicos e
proporcionais.
Intervalos: intervalo é a diferença de altura entre dois sons.
Conforme o número de sons que abrange, o intervalo pode ser
de 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, etc. O intervalo pode ser:
O intervalo também pode ser:
- Melódico - quando as notas são ouvidas sucessivamente,
podendo ser ascendente - quando a primeira nota for mais
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39. P á g i n a | 39
grave que a segunda, e descendente, quando a primeira nota
for mais aguda que a segunda:
- Harmônico - quando as notas são ouvidas simultaneamente:
Fermata: fermata é um sinal que se coloca acima ou
abaixo de figuras ou pausas para aumentar sua
duração por tempo indeterminado (não tem valor fixo).
Também pode ser chamado de coroa ou infinito. Colocada
sobre uma pausa chama-se suspensão; quando colocada sobre
a barra de compasso, indica uma pequena interrupção entre
dois sons.
Exemplo de fermata:
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40. P á g i n a | 40
Acentuação métrica dos compassos: os tempos dos compassos
obedecem a diversas acentuações, isto é, umas fortes e outras
fracas. Essas acentuações constituem o acento métrico; por
meio dele podemos reconhecer se o compasso é binário,
ternário ou quaternário.
Contratempo: são notas executadas em tempo fraco ou parte
fraca do tempo, ficando os tempos fortes ou partes fortes de
tempo preenchidos por pausas. Podem ser regular ou irregular:
*
**
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41. P á g i n a | 41
Bem, terminamos aqui este resumo.
Mas recordemo-los novamente que o conteúdo anterior, não
substitui o estudo da teoria musical. Foi apenas para termos uma
noção ou lembrança dos termos que iremos usar a seguir.
Há muito, muito mais o que aprender. Estude!
Certo?
Vamos lá...!
(Analee)
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42. P á g i n a | 42
III. Estudando a Whistle...
1. Obtendo a sua whistle
Se você não tem uma whistle ou ainda deseja comprar outras,
antes de obtê-la é bom que você, se possível, ouça-a, para que tenha
noção de qual som lhe agradará mais.
À medida que as afinações ‘sobem’, a altura da whistle aumenta,
se torna mais aguda. Então é apropriado que você compre a que
mais lhe aprazerá. Quando estiver mais acostumado, daí obtenha as
outras afinações. Lembre-se: quando estamos aprendendo um
instrumento, como a whistle, nem sempre nossos familiares tem
paciência diária de nos ouvir nas primeiras notas! É uma verdade,
não? Não só para a whistle, mas em quase todos os instrumentos.
Experiência nossa, os vizinhos ficam loucos, e até os mascotes
choram... (hahaha).
Quando comprei minhas flautas, obtive-as na Inglaterra. Por que:
uma, pelo preço, e outra pela qualidade. Existem algumas lojas
online no Reino Unido, que as vendem a preço muito bom. Basta que
você encontre a flauta que lhe agrade e veja se a loja já existe algum
tempo. O bom de comprar direto deles é que você economiza e muito
no seu dinheiro! Não é questão de ser “mão de vaca”, e sim, de
economia... Obtive certa vez três flautas, de marcas diferentes, e que
foram a preço de ‘banana’ – ₤3,00 cada uma! Na época, o total da
compra com envio foi só 50,00 reais! Viu que diferença? A economia
foi grande. Se tivesse comprado aqui dentro do nosso país, tinha
pagado mais de 70,00 e tinha levado apenas uma... É assim
mesmo...
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43. P á g i n a | 43
Eu não vou te influenciar na escolha. Mas procure aquela que te
agrade inicialmente; veja a marca, fabricante. Alguns escolhem pela
marca porque “fulano ou beltrano” falou; mas não escolha assim,
escolha por seu próprio ouvido! Dizem que algumas whistles de tais
marcas emitem um som mais “choroso” que outras, ou tem um som
muito alto, ou que chia muito; bem, isso vai de sua escolha.
Fica a dica! Seja esperto. Ao final da apostila, deixarei alguns links
que podem lhe ajudar (não faço propaganda, só indico o que pode
ser melhor para ti, se aspira obter mais whistles, sem gastar muito).
Certo?
Vamos lá!
2. Conhecendo sua tin whistle
A tin whistle é composta por duas partes: corpo cilíndrico metálico
e bocal. O corpo cilíndrico terá seis furos, de medidas proporcionais à
criação da afinação.
Veja:
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44. P á g i n a | 44
A flauta acima é da marca Feadòg em chave D.
Certo?
3. Como posicionar a whistle
Quando tiver sua whistle em mãos, segure-a firmemente: parte
detrás da flauta com seguramos com o polegar, e o dedo indicador,
anelar e médio, nos furos da flauta; dedo mínimo ou mindinho serve
como apoio.
Não há diferença para a posição dos dedos, se você é canhoto ou
destro – o importante é que você faça da seguinte forma: (primeira
mão) dedo indicador no primeiro furo; dedo médio no segundo furo;
dedo anelar no terceiro furo; (segunda mão) dedo indicador no
primeiro furo; dedo médio no segundo furo; dedo anelar no terceiro
furo. Não se tem o hábito de usar o dedo mínimo (algumas pessoas
fazem isso, por dificuldades em usar o anelar), os mesmos servem
para apoiar a whistle.
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45. P á g i n a | 45
Cubra os furos todos. Perceba nos dedos, que os furos devem
estar completamente bloqueados, porque senão a nota poderá sair
desafinada.
Veja a foto abaixo, do menino segurando a whistle:
Foto whistler
Compreendeu?
Após segurar corretamente, coloque a ponta do bocal entre seus
lábios e feche-os suficientemente bem, numa posição cômoda, e para
evitar que escape qualquer ar – (encontre uma forma de que o bocal
não entre muito na boca, mas também que não fique muito
superficial, fazendo com que escape do ar para fora). Faça-o sem
esticar os lábios.
Sua coluna deve estar sempre ereta. Isto é para uma postura
melhor ao tocar, do ar dos movimentos. Não há severidade quanto à
maneira de tocá-la. Certo?
Assopre, então, suavemente no bocal, e faça com que saia um
som claro, “arredondado”, agradável de ouvir. Não deve soprar muito
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46. P á g i n a | 46
forte, senão você ouvirá um som áspero, estridente. Por outro lado,
se você soprar muito baixo, a nota sairá abafada, fraquinha...
Tape agora apenas o primeiro furo; tape-o bem; perceba na ponta
do dedo, que ele deve ficar bem fechado, mas sem ficar tenso, a
ponto de marcar o dedo com o furo! E assopre como anteriormente.
Pratique até conseguir o som certo, firme! Uma, duas, três
vezes... O tanto que achar melhor. Acostume-se com a sua tin
whistle!
4. Tabela de digitação e as notas
Cubra novamente o primeiro furo (o que fica próximo ao bocal).
Toque-a. lembre-se de manter o furo bem fechado, sem escapar o ar
por ele e nem escapar o ar pelo bocal.
Se você tem uma whistle D, essa primeira nota será um DÓ, a
nota chave da sua flauta. Se você tem uma whistle C, a nota será um
SI.
No exemplo a seguir usarei uma whistle C.
Veja abaixo na figura:
Whistle C (dó) - cobrindo o primeiro furo temos a nota si,
(nota si na clave de sol)
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47. P á g i n a | 47
O diagrama2 da nota B (si) será mostrado dessa forma:
E o código para a marcação do dedo no furo, usamos o
número 1.
Resumindo:
2 Diagrama de dedo: sistema de desenhos e valores utilizado para determinar as notas e
posição do dedilhado.
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48. P á g i n a | 48
DIAGRAMA WHISTLE NOTA CÓDIGO DO
DEDILHADO
1
Continuando, para encontrarmos as outras notas, segure
novamente a whistle como explicado anteriormente.
Agora coloque o dedo médio de sua mão no segundo orifício a
partir do topo e sopre suavemente, como antes.
Você terá agora a nota A (lá); perceba que ela soará mais baixo
que a nota B (si), porque estamos descendo na escala.
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49. P á g i n a | 49
DIAGRAMA WHISTLE NOTA CÓDIGO DO
DEDILHADO
2
Agora, mantenha os dois primeiros furos cobertos e coloque o
terceiro dedo sua mão esquerda, o anelar, sobre o terceiro buraco.
Sopre, e você terá agora a nota G (sol), que soará mais baixa
ainda do que as notas anteriores si e lá.
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50. P á g i n a | 50
DIAGRAMA WHISTLE NOTA CÓDIGO DO
DEDILHADO
3
Agora, para o quarto furo, coloque o dedo indicador de sua outra
mão, cobrindo-o; você terá a nota F (fá).
Cubra agora o quinto furo, e provavelmente você terá E (mi).
E por fim, cobrindo o último furo, você terá a nota dó (C).
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51. P á g i n a | 51
Veja: Nota fá,
DIAGRAMA WHISTLE NOTA CÓDIGO DO
DEDILHADO
4
Nota mi,
DIAGRAMA WHISTLE NOTA CÓDIGO DO
DEDILHADO
5
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52. P á g i n a | 52
Nota dó,
DIAGRAMA WHISTLE NOTA CÓDIGO DO
DEDILHADO
6
Procure realizar, de cima para baixo, todas as notas, e observe
cada som produzido. Perceba que a escala de notas foi descendo, se
tornando mais grave?
Lembre-se sempre de cobrir bem os furos, manter o sopro bem
definido e sem esmaecer, e também não deixe escapar o ar no bocal;
firme bem os lábios.
Um ponto importante é: utilizam-se sempre os mesmos dedos -
indicadores, médio, e anelar – para cobrir os furos; o polegar e
mínimo servem para apoiar a flauta... Mas, em último caso, se você
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53. P á g i n a | 53
tiver muita dificuldade em alcançar a última nota, faça uso do dedo
mínimo para cobri-la.
Certo? Vamos lá!
Então, temos agora a primeira oitava de sua flauta. Juntando
todas as notas, tê-la-íamos colocadas desta forma:
Outro ponto importante que devemos esclarecer é que, entre o 5º
e 6º furo, pode haver “pulado” uma nota. Mas, cadê a nota ré na
imagem acima?
Como mostramos na imagem, a nota da nossa whistle C, são: dó,
mi, fá, sol, lá, si. Note que, entre o mi e dó deveria haver a nota ré,
não é mesmo? Na flauta que usei para o exercício, não há a nota ré
na forma natural, tenho que “buscá-la” de outra forma. Adiante
esclareceremos mais sobre isso. Algumas flautas podem ser afinadas
de forma que naturalmente pule uma nota. Isso compete pela
afinação que o instrumento recebeu. Se o fabricante não lhe mandou
uma tabela de dedilhados de sua flauta e se você está em dúvida,
quer confirmar todas as notas, utilize um metrônomo digital, e
verifique.
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54. P á g i n a | 54
Busque praticar as notas de sua flauta. Toque-as separadamente,
perceba a diferença de cada uma; suba e desça a escala, e treine os
dedos, memorizando as notas, e memorizando os dedos das notas.
Abaixo tem uns exercícios bem simples que você pode usar todos
os dias. Uma hora ou meia hora por dia de exercícios, já é suficiente
para você ir progredindo; em pouco tempo você executará suas
músicas preferidas. Não se preocupe se tocar desafinado,
desajeitado, ou fora do tempo; à medida que for progredindo nos
estudos, dedicando-se, quando menos perceber será um ótimo
whistle. Confiança é um dos pilares que sustentam qualquer
aprendizado. Dedique-se!
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55. P á g i n a | 55
Há ainda, outra forma bem simples de representar os dedilhados
das notas, que você pode encontrar para a whistle. São usados mais
para crianças, ou para pessoas que não tem um conhecimento de
teoria e notação musical básica.
Este sistema consiste em utilizar caracteres simples, para
representar qual nota está coberta ou furo coberto ou fechado.
Para representar o bocal utiliza-se: <
Para representar os furos fechados utiliza-se: X
Para representar os furos abertos utiliza-se: O
Para a utilização da 2º mão utiliza-se: |
Para meio furo utiliza-se: h
Num exemplo escrito, teríamos assim:
<xxx|xxo
(bocal; três primeiros furos fechados; segunda mão; dois furos fechados
e último furo aberto).
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56. P á g i n a | 56
Bem simples, não?
Outra forma mais fácil ainda, é usar a cartela de dedilhado.
Consiste apenas em seis desenhos circulares, dispostos de forma
vertical, como os furos do corpo da flauta, para você preenche-los
indicando qual furo está aberto ou fechado, determinando assim a
nota que você deve tocar.
Veja abaixo uma cartela de dedilhado para a whistle em D (ré):
Os sinais de + nos dedilhados correspondem a 2º oitava.
Bem fácil!
No exemplo abaixo, da canção Cockles and Mussels, pela partitura
comum teríamos ela assim:
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57. P á g i n a | 57
E pela cartela de dedilhado, seria escrita assim:
Em algumas cartelas a o tempo de execução para cada nota; mas
a maioria não; cabendo a você, portanto, conhecer antes a canção.
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58. P á g i n a | 58
Como sabemos há whistles de várias afinações. Mas daí, cada furo
representará notas diferentes.
Abaixo temos uma tabela para a whistle D e whistle C. Se você
possui whistles de outras afinações, não tem segredo; a nota básica
começa na mesma nota de afinação de sua flauta, ou seja, se a flauta
é afinada em ré, a última nota inicia-se em ré; em fá, a última nota
em fá; em mi – será mi, e assim por diante.
Veja:
Whistle D (ré):
Whistle C (dó):
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59. P á g i n a | 59
Atente-se que há as duas oitavas nas tabelas acima.
A segunda oitava é representada pelo um sinal de (+) sobre a
nota ou sobre o diagrama. Lembre-se que para alcança-la, e
necessário apenas à pressão do ar mais intensa.
Lembra-se que falei a respeito da obtenção de outras notas? Na
segunda oitava, para chegar a determinadas notas, você dever cruzar
alguns dedilhados para obtê-las.
Na tabela acima, na whistle em C, para chegar à última nota, o si
(B), tive que bloquear o 2º, 3º e 4º furo para ter essa nota. Se a sua
whistle veio com uma cartela de notas, você saberá quais furos serão
bloqueados para obter as notas; se tiver como, utilize um metrônomo
para ver as possibilidades de cruzar os dedilhados e obter outras
notas com sua whistle.
Observe também que, a nota dó da whistle D é tocada com os
furos todos abertos, enquanto que os furos todos abertos na whistle
C é tocado o Si. Percebeu? Isso se refere à afinação: whistle D (ré)
começa sua última nota em ré; e whistle C (dó) começa sua última
nota em dó. Isso representa a nota fundamental ou de afinação do
instrumento.
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60. P á g i n a | 60
Já para o dó da whistle C, apenas o primeiro furo ficará aberto, e
é aí que você tem que ter um pouco mais de atenção. Você agora
deverá por um pouquinho mais de ar no sopro, para a nota ficar
definida, mais limpa. Para tocar o dó da 2º oitava da whistle D foi
preciso apenas abrir todos os furos - mas para a whistle C, é a
pressão do ar que vai defini-la.
Esclarecemos também, que o código de dedo para a segunda
oitava deva ser representado de outra forma. Quando “subir” para a
2º oitava, o valor para o dedo será 0, sobre os furos que devem ser
cobertos.
Na whistle C, ficaria assim:
DIAGRAMA WHISTLE NOTA CÓDIGO DO
DEDILHADO
O
5
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61. P á g i n a | 61
Certo?
Tem um exercício que você pode fazer agora para chegar a essa
nota com perfeição. Treine:
Deixarei em anexo à apostila, uma cartela de dedilhado e
pentagrama para você utilizar nos seus estudos.
5. As técnicas de ataque ou pronúncia
Eis a questão!
Nos exercícios anteriores você estava apenas assoprando na
flauta, sem usar nenhuma técnica de ataque.
Agora vamos aprender a aplicá-las!
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62. P á g i n a | 62
As técnicas utilizadas para a tin whistle são bem delicadas.
Não se formula regras rígidas para a música tradicional, e são
vários os tocadores que mantem suas próprias técnicas para se
alcançar o efeito característico das whistles.
As técnicas de ataques na whistle podem variar muito, a depender
do estilo do whistler e da música que se quer tocar. É bom você que
ouça vários whistlers conhecidos para que escolha um estilo ao seu
modo. Vou explicar por que.
Muitos tipos de flautas como a doce, transversal, e outras,
seguem um caminho com um sistema mais rígido, fixo, de como se
deve usar o ataque nas notas. Mas com a música irlandesa, isso é um
pouco diferente; o modo de executá-la é mais solto, mais livre.
Portanto, algumas técnicas ou atributos usados na música clássica ou
rígida, pode não trazer o resultado esperado para a música
tradicional. Se você tem em mente algumas técnicas de ataque e
pronúncia aprendidas na música clássica, é bom que saiba que a
maioria delas não servirá satisfatoriamente para a whistle.
As técnicas para ela são bem mais simples. São apenas
movimentos utilizados para se alcançar os efeitos peculiares da
whistle, seja introduzindo novas notas ou alterando o ritmo.
As partituras são bem simples, músicas simples; mas que ao
serem tocadas como as técnicas da whistle, se tornam
maravilhosamente complexas aos nossos ouvidos. Com melodias
alegres, outras suaves, outras dramáticas, conquistam com êxito
nossos ouvidos...
Se quiser ser um bom whistler, atente-se que você deverá gostar
pelo menos um pouco da música tradicional irlandês-escocesa; a
whistle é parte da alma da mesma. Se você não gosta das músicas
tradicionais desses países, fica um pouco difícil; daí poderia compará-
lo a um corista que tivesse que cantar forçado uma música sertaneja,
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63. P á g i n a | 63
mas que, detesta o gênero. Tocar um instrumento que você não se
afina com suas origens... aí complica, não é mesmo? Correto?
Se você quer ser um bom whistler, portanto, aprenda a ouvi-la;
ouça os whistlers que já tem uma carreira, e passe a observar a
melodia. Ouça os álbuns antigos do Clannad (a banda irlandesa – me
parece que existe outro Clannad – anime japonês!), The Chieftains,
da Joannie Madden, ou de sua preferência; afianço que isso o ajudará
muito a compreender as técnicas, a identificá-las, e utilizá-las da
forma correta. Além de servir como estímulo!
É claro que você pode usar a whistle ao estilo musical que quiser;
não é exclusivo da música tradicional. O que lhe comunico é que, se
buscar ouvir a música tradicional, ou os whistlers, você terá uma
facilidade imensa no aprendizado e execução da sua própria whistle.
Certo?
Vamos lá!
*
**
Bem, as técnicas de ataque ou pronúncia são bem simples.
O ataque é nada menos que executar as notas emitindo algum
som com a boca, mais precisamente a língua e às vezes garganta, ou
usar determinada articulação, para pode alcançar algum efeito nas
notas. Ou seja, com determinado som que criamos com a boca,
alteramos com isso a forma como a nota sairá na whistle.
Você pode usar, na maioria das melodias ou após o ataque inicial,
assoprar na flauta como se você tivesse “esfriando uma xícara de chá
quente ou leite quente”... Como você a esfriaria? Não é fazendo um
“bico” com os lábios e soprando o líquido fumegante da xícara...?
Captou?
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64. P á g i n a | 64
Em algumas melodias, porém, para deixarmo-las como algumas
características usam-se certas pronúncias. Mas você lembra o que é
pronúncia?
Pronúncia é meramente o ato de articular o som das letras ou
sílabas; e na whistle, usamos certas sílabas para articular ou tocar
nas notas!
Nestas articulações, temos: o tuu, taa, ou tii; o haa ou huu
(ou esfriando a xícara) os mais utilizados; paradas de glote;
tongue ou lambendo notas; e outras que você mesmo pode
recriar, quando tiver mais prática.
Um ponto importante é que, na maioria das melodias usamos os
ataques apenas no início da música ou em determinados trechos,
para enfatizar certas notas. Mais adiante falaremos sobre isso.
Muito simples, não é mesmo? Não tem segredo!
Vamos então descrevê-las.
Pegue de sua whistle e as pratique!
5.1 Noções básicas do ataque ou pronúncia:
a) O tuhh...
Diga a sílaba tuu... Perceba que a língua faz um movimento
rápido, tocando em parte no “céu” da boca e nos dentes
superiores, e veja que o ataque tem uma batida leve,
“clara”.
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65. P á g i n a | 65
Na whistle, usamos exatamente essa sílaba para produzir um som
mais limpo e claro. É o primeiro ataque que você utiliza nos
aprendizados iniciais. Mas posteriormente, deverá ser utilizado de
forma moderada.
Esse ataque é muito utilizado em diversas flautas, mas na whistle,
lembre-se: usa-se para as notas iniciais e em algumas especiais...
Tente executa-lo em sua flauta agora.
Escolha qualquer nota, feche bem os lábios, bloqueie bem o furo,
e diga “tuu...”. Perceba como a nota sai curta, “seca”. Se você
perceber que sua língua toca de leve o bocal da flauta, não tem
problema, desde que você mantenha o ritmo e clareza na nota. Um
esclarecimento: há muitas pessoas que salivam muito e o hábito de
jogar muito a língua para frente, tocando o bocal, empurra a saliva
para dentro da flauta; com isso, a saliva tende alterar um pouco o
som. Algumas pessoas chupam a saliva de volta (é meio nojento,
mas é válido!) quando tocam um tempo prolongado em
apresentações, podendo ser necessário.
Como sabemos não se deverão manter regras rígidas na música
tradicional. Mas há três regras ou conceitos maleáveis usadas pelos
whistlers irlandeses, e que você deve usá-las e alterá-las quando
quiser, observemos:
1. Durante os estudos iniciais, ou para whistlers iniciantes: torna-
se necessário a utilização do ataque tuu nas notas, para
facilitar o aprendizado, porém, quando se está mais firme na
whistle, passa-se a utilizar as batidas da língua (ataques)
apenas nas primeiras notas e também após a tomada da
respiração e; introdução dos ornamentos mais fáceis.
2. Para whistlers intermediários: quando se obtêm certo controle,
o uso em todas as notas dos ataques tuu pode trazer alguns
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prejuízos para a melodia, fazendo-a soar muito “ingênua” ou
cansativa; é prudente então que se retire o tuu e passe a usa-
lo apenas na primeira nota de cada trecho e, toquem-se as
notas seguintes ligadas (a não ser que se peça na partitura
outro tipo de ataque) umas as outras, por assim dizer; espera-
se a aplicação de ornamentos mais complexos.
3. Para whistlers mais adiantados: existe o hábito de articular as
notas, cortando o ar na garganta, ou simulando uma pequena
tosse. Algumas instrumentistas não aprovam o mesmo, porque
pode criar sons desagradáveis para a melodia, se você não as
executa bem ou não tem prática; portanto, fica o bom senso; e
espera-se nessa fase o domínio completo de toda a whistle.
Como disse as regras e técnicas não são fixas. Você toca da
forma como você for progredindo.
Você ainda pode substituir o tuu pela pronúncia taa ou tii. Fica
o seu critério.
b) O haa ou huu (soprar)
Outra técnica de ataque que podemos utilizar é a pronúncia
haa.
O haa… é mais simples, e produz um efeito mais
satisfatório.
É a pronúncia mais utilizada para maioria das melodias;
utiliza-o após o ataque inicial do tuu, ou seja, é ele que
tocaremos quando formos executar o restante da melodia,
mantendo as notas ligadas.
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Há pessoas que para ter um som mais claro do haa,
introduzem boa parte do bocal na boca, travando-o com os
dentes – isso garante a passagem do ar mais intensamente
para dentro do corpo da flauta. O som sai mais intenso e
melódico. Experimente.
Nas músicas mais agitadas, é a melhor forma de executar
as notas. Fica também o seu critério de escolha.
Para tocar é o seguinte: diga haa… e perceba como o som
sai de sua boca – não há interferências diretas da língua ou
dos dentes. Escolha uma nota na sua whistle, e toque-a;
compare a diferença do tuu (sai mais agressivo, digamos
assim) e o haa (sai macio, agradável… um som “claro”).
Você pode ainda substituí-lo pelo huu. O som revela-se
mais arredondado. Tente.
c) Sílabas variadas
Há outros ataques ou pronúncias que podemos usar.
Neste tipo de ataque, a diferença é que você pode e deve
substituir os ataques tuhh e haa, por outros semelhantes.
Que soarão mais agradáveis, ou para alterar a melodia.
Isso vai a seu sabor, mas desde que mantenha a cadência
na melodia. Pode-se utilizar o dahh, tee, gee, ree; ou seja,
isso fica a seu cargo. Boa escolha!
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d) “Paradas da glote”
Sabemos que glote é uma estrutura anatômica localizada
na porção final na laringofaringe; impede a entrada de
alimentos, facilita a saída e a entrada de ar para os
brônquios e pulmões, e ajuda na função fonatória, uma vez
que a prega vocal e vestibular localiza-se dentro dela.
Mas as paradas de glote, na whistle, são pequenos
movimentos de tosse simulados pelo whistler. A maioria dos
flautistas tradicionais utiliza este ataque por fazer a
articulação mais suave… é como um leve “susto” na
terminação da nota!
Às vezes escutamos alguma música, em que ouvimos
paradas rápidas e leves em determinadas notas. Essa
pequena interrupção parece um pouco com o ornamento
estouro, utilizado na flauta NAF, mas com a diferença que
ele é feito com a garganta, e produz um som suave, e não
explosivo como na flauta nativa. Essa parada rápida,
chamamos de parada de glote.
Se conseguir, feche a boca, e simule uma leve tosse com o
fundo da garganta; toque uma nota qualquer, e
interrompa-a rapidamente, simulando a pequena tosse.
Tente executá-la com a garganta, e não com a boca.
Faça um movimento, como se a nota fosse rapidamente
suprida, bloqueada do fundo de sua garganta. A nota soa
rapidamente como se o whistler levasse um pequeno susto!
É bem sutil, apenas produz um efeito de suspensão no final
da nota. É isso. Não consigo descreve-la mais
adequadamente.
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Mas busque utilizar este ataque, quando tiver mais prática
nas anteriores. Necessita de experiência e tempo para
desenvolver a “tosse”.
Se você ouvir algumas músicas tradicionais, talvez perceba
a “parada de glote.”
Compreendo que, seria mais adequada descrever a “parada
de glote” mais como ornamento do que como ataque. Mas
como ela é divulgada dessa forma, deixemos assim…
e) “Tongue duplo ou triplo”
O tongue ou, ataque duplo ou triplo é mais simples ainda.
Quando se toca grupo de notas colcheias ou semínimas,
com “tempos” rápidos, utilizam-se estes ataques triplos;
para facilitar na execução. Você pode usar o ataque “tuu-
kuu-tuu”.
Experiente. Toque uma nota qualquer, por três vezes -
toque-a rapidamente, usando o tuu: tuu-tuu-tuu. Agora
execute-a de novo, trocando o tuu, pelo “tuu-kuu-tuu”.
Percebeu a diferença?
Tente tocar o trecho abaixo:
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O uso prolongado da língua, pelo tuuu, como vimos, tornará a
melodia um pouco enjoativa ou muito primária, não soando como
uma melodia mais suave ou “madura”.
Por isso, lembre-se de usar estes ataques nos seus primeiros
exercícios; quando achar que já pode usá-lo apenas na primeira nota
de cada trecho musical ou notas específicas, mantenha a maioria das
outras notas com o haaa. Verá a diferença que isso faz.
Se você já tem uma música em mente, tente tocá-la agora
usando o haa, utilizando o tuu apenas em algumas notas, como disse
anteriormente...
Toque a canção inteira sem tocar o bocal com a língua. Mantenha
a corrente de ar fluida... Mesmo que você estranhe ou sua mãe lhe
peça para parar! Lembra-se de como as cigarras cantam (com perdão
da palavra... você não é uma cigarra!): um som uniforme, alto,
entrecortado às vezes por um motivo seu... Mas é claro que você não
manterá apenas uma ou duas notas como elas fazem!!! O exemplo é
figurativo... Apenas para lhe dar uma noção de manter as notas em
um som uniforme, sem deixa-lo esmorecer ou desafinar... Se bem
que elas as vezem fazem isso...!
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Se já adquiriu certa prática nas partituras, tente executar dessa
forma o trecho da música a seguir, Down by the Sally Gardens.
Toque ela toda em tuu, bem simples, e depois a toque em haa ou
outra sílaba de sua escolha, mantendo o ataque apenas nas primeiras
notas de cada compasso:
Down by the Sally Gardens:
Percebeu a diferença, entre os dois tipos de ataque?
Certo!
Recordando...
Você lembra o que representa o sinal #? Como o escrito na partitura
acima?
O sinal musical # é chamado de sustenido. Quando ele está antes de
uma nota, significa que ele a “levantará” a meio tom musical. Se um sinal
de sustenido aparecer na armadura da clave, todas as ocorrências da nota
marcada ao longo de toda a música deverão ser executadas em sustenido.
Já quando vemos o b, o bemol, significa que a nota é abaixada por meio
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tom. O símbolo é chamado de bequadro, e faz com que a nota volte a
ser natural, sem ser sustenido nem bemol, ou seja, qualquer sustenido ou
bemol é cancelada e a nota retorna ao seu tom natural ou original!
E o sinal de ponto (.) como mostrados em algumas notas acima, na
partitura? Você recorda?
Quando vemos um ponto colocado imediatamente depois de uma nota, o
valor do tempo da mesma é aumentado pela metade. Como por exemplo,
uma nota mínima tem o valor de duas batidas, não é mesmo? Então, se
colocamos em uma mínima o ponto, ela terá agora três batidas, isto é, duas
batidas mais uma.
Estude teoria! Correto?
6. Os ornamentos
Chegamos agora na parte especial para a whistle: os ornamentos!
Quando se tem muitas notas repetitivas, melodias bem simples,
ou se quer adornar ainda mais a música, nós utilizarmos do recurso
ornamentos!
A ornamentação é um termo muito usado por todos os músicos
tradicionais. Cada um define o conceito de ornamento como lhe
convêm, e utiliza-os também como quiser: uns usam o básico, já
outros usam em excesso em suas canções. É bom que se chegue a
um meio termo, pois tudo o que excede passa, e o que falta carece!
Alguns instrumentistas consideram os ornamentos em
determinadas composições como opcionais ou não válidos. Na
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whistle, cremos que os ornamentos não são opcionais, mas
essenciais... Seria como a nossa “goiabada com queijo”, Romeu e
Julieta, Frodo e Sam, shampoo e condicionador e, por aí vai...! Um
complementando o outro, eficazes e inseparáveis...
Alguns dos ornamentos que iremos trazer aqui são os mais
empregados, tais como:
As “torneiras”: é um método simples, que conforma a nota; é
considerada uma das técnicas básicas;
Os cortes: nessa técnica utiliza-se de uma nota mais alta que a
principal para chamar a atenção ao articular;
Os deslizes (lâminas) ou glissando: confere característica
peculiar para a música irlandesa, mas deve ser usado com
moderação;
Vibrato: é o ato de conferir determinado movimento oscilatório
ao final de uma nota; mas muitos o dispensam;
“Rolos”: é um ornamento importantíssimo, para não dizer
clássico; há dois tipos, os rolos de comprimento ou longos ou
curtos;
Triplets: utiliza-se para tocar notas triplas;
Crans: é considerado como um roll, mas com algumas
características;
Shakes: ornamento variado dos crans; serve como alternativa
para se executar em notas altas, como no D;
Silvos: é a emissão um assovio; são usadas para conferir
alguns efeitos em melodias especificas.
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Vamos então a cada um deles.
6.1 A torneira ou strikes ou notas graças:
O ornamento torneira é na verdade, tipos de notas “avulsas” que
recebem a denominação de “notas graças” (ou graces). É um
ornamento decorativo para as notas.
As notas “graça” são notas muito curtas tocadas rapidamente
antes de uma nota principal (uma nota que faz parte realmente da
partitura, ou da canção, digamos assim).
Na verdade, as notas graça, pela notação musical moderna, são
menores do que as principais notas melódicas. Elas são
representadas com uma barra pequena que corta a sua haste
diagonalmente ao meio. Na partitura escrita, eles carregam nenhum
valor de tempo e não são contadas no medidor da canção. Se na
partitura há diagramas de dedo para as notas graça, elas serão
apresentadas menores do que os diagramas de dedo para as notas
principais.
É muito interessante o som produzido. Faz uma melodia simples,
ficar bem agradável de se ouvir.
As torneiras são também usadas, como articulação entre as notas.
Onde há notas de mesma altura, elas servem como separadoras ou
para dar um certo charme, quebrando a monotonia de se ouvir duas
repetitivas, de alturas iguais.
Elas também são usadas juntas de outros ornamentos, como os
cortes e os rolos.
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Veja um exemplo de torneira na partitura abaixo:
Canção: O Vento do Sul
A canção acima é uma melodia simples, alegre, tocada em 3/4 de
tempo. Observe como as notas “torneia” ou graças são escritas e as
notas principais. Estão desenhadas pequeninas com relação às outras
notas, não é mesmo? Elas sempre aparecerão escritas menores que
as notas principais. Não estão inseridas no tempo das notas, e são
tocadas um pouco mais rápidas que as principais. Nós a
denominamos assim: torneira em “…”; veja, na primeira torneira da
canção acima, falaríamos assim: torneira em “lá”.
Para você conseguir distingui-las na partituras, de outros
ornamentos, lembre-se que as torneiras são executadas numa altura
mais baixa que a nota principal ao qual ela está ligada. Certo?
Na notação musical para a whistle, as torneiras ou strikes, são
representadas da seguinte forma:
Para realizar a torneira, faça o seguinte: basta que você execute a
nota, ou seja, acompanhando a leitura da partitura; quando perceber
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uma torneira antes da nota principal, basta que levante o dedo da
nota torneira rapidamente e depois abaixe-o (atente-se para a figura
de nota dessa nota graça, se você deve tocá-la mais rápido ou não, a
depender do seu valor), tocando em seguida a nota principal à
torneira, prosseguindo na leitura da sua partitura. Fácil não? O dedo
deve ser levantado rapidamente, e você não pode arrastar ou deslizar
o dedo para o lado ou para cima. Lembre-se: é tirar o dedo
rapidamente e tapa-lo em seguida, tocando logo a nota principal!
Existe determinada velocidade para essa nota torneira. Se você
levantar muito devagar, o efeito vai mudar e daí será um slide ou
deslize. Se tocar muito veloz, pode atrapalha-lo na execução da peça,
se você ainda não tem certo domínio. Então busque uma velocidade
certa. Ouça alguma música que tenha este ornamento; observe o
tempo e como o whistler a executa.
Abaixo, temos outro exemplo, de uma polca. Algumas notas são
torneiras. Consegue identifica-las? Consegue já tocá-las? Muito
bem…!
Não é necessário que você toque “torneiras” (termo engraçado
né?) apenas quando apresentarem nas partituras. Você pode inseri-
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las sempre quando quiser em suas cantigas, mas desde que você
respeite o tempo das melodias, das notas principais!
A torneira é básica e já caracteriza bastante a música. Produz um
efeito especial.
Se você está encontrando dificuldades, algo que pode fazer é
otimizar seu aprendizado: tente tocar as torneiras em separado,
treinando os dedos, buscando acostumar com a velocidade ou
movimento dos mesmos; logo, execute a torneira e a nota principal
da canção; depois que estiver acostumado, execute a canção
normalmente, realizando as torneiras. Treine, treine e…treine! Só
com o treinamento se chega a uma prática satisfatória.
6.2 Cortes
Os cortes são também notas graça; mas ao contrário das
torneiras, os cortes são sempre colocados acima da nota principal –
as torneiras, são colocadas abaixo das notas, lembras? Por serem
notas graça, não estão inseridas nos tempos das notas, e são
apresentadas menores que as notas principais, como as torneiras.
Podem ser representados graficamente também dessa forma:
Os cortes aparecem sempre entre notas com ligadura, mas podem
surgir de forma avulsa, mas sempre acima das notas principais.
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Produz um efeito muito interessante, para qualquer melodia;
como se realmente “rasgássemos” as notas principais da melodia.
O “corte”, portanto, é o ato de cortar as notas principais com uma
graça; e você o realiza da mesma forma que as torneiras: levantando
o dedo rapidamente, ou seja, tocando ligeiramente a nota. Levanta-
se o dedo apenas o suficiente para descobrir o furo e volte-o em
seguida.
Pode levar um tempo para você executá-la bem correto, mas é só
questão de pegar o jeito mesmo, devido à velocidade que você por
nesta nota.
Lembre-se de manter as mãos e os dedos relaxados. Se você fica
tenso, sem perceber comprime a flauta e os dedos ficam pesados,
dificultando o corte rápido.
Veja um exemplo de corte na nota lá, e tente tocá-lo junto às
notas principais:
Viu? É muito fácil.
Treine, treine e... TREINE!
Tente tocar a canção a seguir:
Na Cela do Pônei
(canção tradicional)
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Vemos na canção acima, que há cortes na segunda oitava – e o
mesmo procedimento. A diferença é que você tem que cuidar mais da
afinação e dos movimentos dos dedos, tornando-os precisos; lembre-
se que para alcançar a segunda oitava dependerá de maior corrente
de ar; se você não cuidar disso, as notas soarão ou na primeira ou
desafinada. Você pode encontrar dificuldades na ora do corto, por
qual dedo deva usar; você então descobrir a posição mais favorável
para realizar os cortes, sem prejudicar a continuidade da execução da
música. Lembre-se de levantar o dedo na menor fração de segundo
que você conseguir.
Outro exercício para você treinar mais:
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Uma das utilidades dos cortes, é que permitirá que você evite
atacar duas notas de mesma altura, ou seja, que você use a língua
duas vezes seguida no ataque das notas (como explicamos sobre a
pronúncia tuu, que faz soar enjoativa...).
Então, se você utiliza um corte entre essas duas notas de mesma
altura, fornece uma diferença valiosa na melodia, quebrando o som
repetitivo de notas de mesma altura.
Outra serventia é que propõe um efeito em que as notas
principais soarão mais claras, mais chamativas. Especialmente nas
músicas alegres, de festas, danças, a sensação é de embalo e
alegria!
Tente executar a música a seguir, Tommy Mulhaire’s.
Observe quê figura de nota representa as notas graça dos cortes
da música: e
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Atente-se para a velocidade da nota , que é um pouco mais
rápida que a nota (há apenas uma dela no último compasso).
Bom, os dedos ou notas mais utilizadas para os cortes são o sol e
o si. Mas não é obrigatório o uso de ambos. Você pode substituir por
outras notas.
A vantagem de se usar as notas G e B, é que você facilita o uso
do corte, praticando apenas com os dois dedos, e onde também eles
são usados em praticamente qualquer canção.
Alguns professores recomendam usar o dedo imediatamente
acima do último - por exemplo, caso sua whistle seja em D: use o
dedo 5 (nota mi) para cortar o D (ré); o seu dedo 4 (nota fá) para
cortar o E (mi), e assim por diante. Tente cortar um sol na primeira
oitava, usando o dedo G (sol) e em seguida use o dedo B (si). Você
provavelmente vai descobrir que o dedo si lhe dá um som muito mais
límpido. No entanto, isso não vai funcionar tão bem na segunda
oitava.
Tentando cortar o D (ré) da 2º oitava, com o dedo B (si) não vai
funcionar - você obterá outro D da 2º oitava, e cortando a 2º oitava o
E com o dedo B, irá produzir resultados semelhantes, ou uma
pequena variação no tom e não um belo corte nítido.
Em whistles que possuem uma afinação bem alta, alguns
fabricantes deixam esclarecida a utilização do dedo B (si) para cortar
as notas mais altas, tais como G da 2º oitava, tornando o som bem
alto.
A melhor coisa a se fazer é usar o corte dedo G (sol) em todas as
oitavas, utilizando o dedo G e o B. Utilize o que mais lhe agrade.
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Na whistle C (dó), a utilização de cortes parece mais fácil, mas
apenas se você usa as notas básicas da whistle ou outras pelo
dedilhado cruzado; se você usar o meio furo para chegar a essas
notas, o efeito pode não ser esperado e a dificuldade é maior.
Tocando um corte em um dó natural não é difícil, mas desde que
você esteja tocando o C usando o dedilhado cruzado, sem ser o meio
furo. Alguns whistle recomendam usar o dedilhado padrão (de duas
mãos) para o dó natural (oxx-xox) sempre que a velocidade da
música lhe permitir fazê-lo. Se você estiver usando a digitação de
duas mãos, basta tocar no segundo dedo de sua mão de fundo para o
seu furo soar um D (ré). Se você já preferir usar o dedilhado cruzado
(oxx-ooo), você vai ter que tocar todos os três dedos de sua mão de
baixo simultaneamente.
6.3 Os deslizes e/ou glissandos
Os deslizes e/ou glissando, conhecidos como slides ou lâminas,
são utilizados em muitas melodias.
Os deslizes são algumas vezes utilizados em composições suaves
ou “tristonhas”. A maioria dos whistlers não o utiliza; cabem mais aos
fiddlers. Os glissandos referem-se mais como um determinado
comportamento em certas passagens na música ou em toda ela,
utilizados em peças rápidas, mas com um efeito muito suave, e muito
apreciado pelos fiddlers também. Funcionam como ferramentas
decorativas para carregar a canção com um elemento essencialmente
emocional.
No deslize, você o realizará deslizando o dedo da nota referente.
Para fazer o efeito de deslize (ou lâmina) é o seguinte: mantendo a
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projeção do ar estável e deslizando o dedo lentamente e levantando-
o para frente ou para trás, no sentido da palma de sua mão, você
terá o efeito. Mas há várias maneiras de você conseguir o efeito. É
uma técnica que demanda treino e dedicação, para que produza o
efeito esperado.
Você pode também, deslizar (levantar) a parte direita do dedo
para cima (em sentido do bocal da flauta) ou a parte esquerda do
dedo para baixo (em sentido do final da flauta), lentamente, da
mesma forma.
Um exemplo figurativo: quando você vai fazer alguma prova
(concurseiros de plantão!) como a Polícia Federal tira a impressão
digital? Não é passando a tinta e em seguida carimbando o dedo no
papel, movendo-o da direita para a esquerda? Então, este movimento
do dedo de um lado a outro é o mesmo para esta técnica, com a
diferença que você deve levantar o dedo um pouco mais, lentamente,
desobstruindo o furo para obter o deslize. Ficou mais claro?
Outra também é você manter a posição do dedo fixa, e em
seguida levantar apenas a ponta do dedo; como se você estivesse
com preguiça de retirá-lo para frente, e levantasse apenas a ponta
para surtir o efeito. Mas sempre devagar. Se retirar o dedo rápido, aí
você terá um efeito de nota “graça”.
Os deslizes são representados na whistle como:
Já para os glissandos, consiste em passar de uma altura a outra
da nota, de forma suave. Essa passagem de uma nota a outra é feita
de forma “discreta”, delicada. Um exemplo prático de glissando é o
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escorregar um dedo pelas cordas de uma harpa de forma suave,
contínua e constante. Na flauta, segue o mesmo procedimento,
resvalando o dedo rapidamente, porém suavemente pelas notas (de
uma nota a outra, indicadas pelo sinal do glissando).
Em notação musical moderna, são representadas da seguinte
forma:
Ou,
Para a whistle, não o representamos como na notação musical;
mas são entendidos como notas rápidas, ou os jigs! Veja:
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A música acima é um exemplo de glissando e jigs.
Tocamos as notas no tempo indicado delas, mas sempre de forma
suave, harmônica.
Mas o que são os jigs?
Os jigs (chamamos também de gabaritos) são a própria base da
música dançante irlandesa, digamos assim.
É tudo uma questão de ritmo. A maioria dos jigs é escrito em 6/8,
consistindo basicamente de seis colcheias por compasso, agrupados
em dois grupos de três. Mas, se você tocar essas notas como está
escrito, você não vai ter um ritmo bom de jigs. Como assim?
Bem, porque há um segredo para você executar um bom
gabarito...!
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