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Relatório do Grupo de Trabalho conjunto
sobre Custos Energéticos
Fevereiro 2017 

Enquadramento
A criação deste grupo de trabalho foi decidida por posição conjunta do Partido Socialista e
do Bloco de Esquerda em Outubro de 2015, na sequência das negociações que
viabilizaram a aprovação do Programa do XXI Governo.
O grupo de trabalho teve como objetivo primordial a configuração de medidas de política
energética com repercussão na fatura energética das famílias, desde logo a diminuição do
défice tarifário que agrava a fatura de todos os consumidores, mas também avançar
medidas para melhorar a receita pública e reforçar o combate à pobreza energética e as
medidas de desenvolvimento da eficiência energética.
O grupo de trabalho contou com a participação de vários peritos designados pelo Partido
Socialista e pelo Bloco de Esquerda. Em concreto, pelo Partido Socialista, a Dra. Cristina
Portugal e pelo Bloco de Esquerda o Professor Adelino Fortunato e a investigadora Diana
Pereira Neves. A coordenação dos trabalhos ficou a cargo do Secretario de Estado da
Energia, Jorge Seguro Sanches.
1. Panorama energético
No âmbito da missão do grupo de trabalho foi explorado o panorama geral do sector da
energia. O enquadramento que se segue é uma síntese desse mesmo trabalho.
A figura 1 ilustra a evolução da produção de eletricidade de 2005 a 2014 por fonte de
energia. O recurso à energia térmica tem diminuído, enquanto a hídrica diminuiu
ligeiramente, tendo aumentado a eólica. Observamos igualmente que as produções
fotovoltaica, geotérmica e outras são ainda incipientes ainda que a perspetiva de
evolução, patente nos projetos licenciados ou em processo de licenciamento, indicie um
reforço da componente fotovoltaica em regime geral (sem tarifas apoiadas). A importação
tem sido constante, com pequenas oscilações, enquanto as exportações aumentaram.
Neste sentido, Portugal vive uma situação de relativo equilíbrio entre capacidade instalada
e consumo, estando a reduzir a sua dependência fóssil.
!2
!
Figura 1 - Evolução da Produção de eletricidade em Portugal [GWh] (Fonte: DGEG)
A Figura 2 mostra que nos últimos anos, a capacidade instalada se manteve constante,
apesar de ter aumentado a capacidade em produção não despachável (renováveis
variáveis), correspondendo a cerca de 1/3 da capacidade instalada total. Já a ponta de
consumo tem-se mantido aproximadamente constante, não se antecipando, por esta via,
a necessidade de aumentar o investimento a curto prazo em novas centrais de produção.
!
Figura 2 - Evolução da potência instalada e ponta de consumo em Portugal [MW] (Fonte: REN)
Quanto à dependência energética na União Europeia, na Figura 3 Portugal situa-se na 9ª
posição com cerca de 70% de dependência exterior, especialmente devido ao sector dos
transportes. Por outro lado, em termos de emissões de CO2 por habitante (figura 4),
Portugal situa-se na 6ª posição.
!3
2. Custos na fatura elétrica
A estrutura dos custos pagos nas tarifas de energia elétrica é apresentada na Figura 5. As
tarifas de acesso são atualizadas todos os anos de acordo com os custos a pagar ao
sistema elétrico nacional (SEN), nas suas várias componentes: mercado, redes e custos
de interesse económico geral (CIEG) e amortização e juros da divida tarifária. Em 2015 o
valor estimado da dívida tarifária era, segundo a ERSE, de €5.080 milhões, valor que
deverá terminar o ano de 2017 nos €4.397 milhões, destacando-se o superavite tarifário
esperado pela ERSE para 2017 de €321 milhões.
!
Figura 3 – Comparação energética da dependência
energética de Portugal na EU em 2014 [%] (Fonte:
DGEG)
!
Figura 4 - Comparação de emissões de CO2 de
Portugal na EU em 2015 [ton CO2/hab] (Fonte:
DGEG)
!4
!
Figura 5 - Estrutura das Tarifas no mercado liberalizado (Fonte: ERSE)
A figura 6 apresenta a estrutura de custos de venda a clientes finais por tipo de
consumidor. Nos consumidores em muito alta, alta e média tensão, a maior fatia dos
custos é a relacionada com o consumo de energia. Na baixa tensão, o custo da energia
corresponde apenas a 35% dos custos, sendo 25% dos custos relacionados com redes e
40% com os CIEG, onde se inclui o abatimento da divida tarifária.
!
Figura 6 - Estrutura de custos de venda a clientes finais por tipo de consumidor (Fonte: ERSE)
Neste sentido, as medidas propostas devem dirigir-se principalmente à parcela referente
aos CIEG, de modo a diminuir os custos energéticos das famílias.
A estrutura dos CIEG é analisada na figura 7.
!5
!
Figura 7 - Evolução da estrutura dos custos de interesse económico geral 2009-2016 (Fonte: ERSE)
Nos últimos 10 anos, a preços correntes, as tarifas aumentaram de forma continuada para
todos os tipos de consumidores, mas foram os consumidores domésticos que sentiram o
maior aumento em termos absolutos (figura 8).
!
Figura 8 – Evolução do preço médio das tarifas de referência de Venda a Clientes Finais, por nível de tensão
(Fonte: ERSE)
As figuras 9 e 10 mostram que, comparando com os países da EU-28, Portugal tem o 3º
preço de eletricidade mais alto da Europa. Considerando preço e capacidade de compra,
!6
Portugal apresenta o preço mais alto da Europa para as suas famílias, situação que
tenderia a agravar-se mantendo-se os pressupostos constantes da politica energetica em
2015 (recorde-se que 2017 é o ano com o servico da divida mais alta – quase 1,8 mil
milhoes de euros).
!
Figura 9 - Preços de eletricidade incluindo taxas e impostos, na EU-28 (Fonte: VaasaETT, Abril2016)
!
Figura 10 - Preços de eletricidade de acordo com a capacidade de compra, na EU-28 (Fonte: VaasaETT,
Abril2016)
Neste contexto, urge avançar com medidas que combatam esta desigualdade no acesso
à energia, geradora de desigualdades sociais muito relevantes e prejudicial para a
economia. Urge, assim, combater as rendas excessivas, diminuindo assim o défice
tarifário anual e a tarifa da eletricidade das famílias, condições indispensáveis da resposta
à pobreza energética e para a competitividade da economia portuguesa.
!7
!8
Medidas para redução do défice tarifário e da fatura
das famílias
I. Propostas consensualizadas entre o Governo, o Partido Socialista e o Bloco de
Esquerda
Parte das conclusões do grupo de trabalho foram, ainda antes da publicação do
presente relatório, convertidas em propostas e submetidas ao voto parlamentar no
processo de aprovação do Orçamento do Estado para 2017.
Mudança do regime de atribuição e remuneração do serviço de garantia de
potência
Fim, a 1 de janeiro de 2017, do regime em vigor (definido na alínea a) do n.º 1 do
artigo 2.º da Portaria n.º 251/2012, de 20 de agosto, através de um subsidio) com
vista à sua substituição no mais curto prazo possível por um mecanismo de leilão
decrescente, com a fixação administrativa de um teto de remuneração, por forma
a assegurar a redução significativa do custo deste serviço para o SEN.
Revisão do regime de atribuição e remuneração do serviço de
interruptibilidade
Com vista à diminuição de custos e considerando o potencial deste serviço num
sistema com cada vez mais capacidade intermitente, deve verificar-se com rigor,
do atual universo de consumidores remunerados, quais são efetivamente capazes
de prestar este serviço. O atual regime será alterado com vista à definição por
concurso do universo de grandes consumidores a remunerar e à diminuição dos
custos deste serviço para o SEN.
Debate parlamentar do investimento nas redes de transporte distribuição de
eletricidade e gás
De forma a aumentar a transparência dos critérios e dos montantes de
investimento nas redes de transporte (REN) e distribuição (EDP-D) - que se
repercutem na fatura elétrica de cada consumidor -, os respetivos Planos de
Desenvolvimento e Investimento deverão ser apresentados ao Parlamento e ali
debatidos e só depois aprovados pelo governo.
!9
Reforço dos meios da ERSE para a auditoria à revisibilidade final dos CMEC
No final da vigência dos contratos CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio
Contratual) é iniciada a sua revisão final, que deverá ser auditada em nome do
interesse dos consumidores e do sistema elétrico. No final de 2017 ocorrerá a
primeira cessação de um contrato CMEC (central termoelétrica de Sines),
sucedendo-se outras ao longo de dez anos. O processo de revisibilidade visa
conferir se os montantes pagos ao longo da vigência do contrato estiveram em
conformidade com a definição contratual. Pela sua complexidade e pela dimensão
dos ganhos potenciais para os consumidores, este trabalho de auditoria deverá
ser executado por unidade especializada, no âmbito da ERSE, até que termine o
último contrato, em 2027.
Regulação do Gás e dos combustíveis pela ERSE
O setor do gás de petróleo liquefeito (GPL) em todas as suas categorias,
nomeadamente engarrafado, canalizado e a granel, deve ficar sujeito à regulação
da ERSE, bem como os setores dos combustíveis derivados do petróleo e dos
biocombustíveis. A partir da avaliação do atual mercado do GPL butano e propano
comercializado em gás de garrafa, deverá ser reduzido o preço do gás de garrafa,
adequando o seu regime de preços às necessidades dos consumidores.
II. Medidas por consensualizar entre o Governo, o Partido Socialista e o Bloco de
Esquerda
Ajustamento da remuneração dos CMEC e dos CAE
Para o Bloco de Esquerda, este passo concretizaria o programa do Governo, que
prevê "renegociar as concessões do setor da energia, no sentido de assegurar
uma partilha equitativa, entre Estado (concedente) e os concessionários
particulares, dos ganhos entretanto obtidos". Este ajustamento deveria considerar
desde logo a evolução dos custos de capital nos anos após a privatização total,
que agravou a natureza excessiva daquelas rendas.
O governo e o Partido Socialista não concordaram com esta proposta do Bloco na
medida em que a renegociação se fará no âmbito do estudo independente da
revisibilidade dos CMEC (junto da ERSE), no respeito pela estabilidade do quadro
legal e regulatório, garantindo a segurança de consumidores e investidores. Por
outro lado está em curso na Assembleia da República já uma iniciativa do governo
!10
que visa precisamente uma dessas renegociações, através de novos concursos
públicos para as concessões de Baixa Tensão. Sublinham ainda que na sequência
de suspeitas de distorção do mercado com ganhos excessivos, foi pedida uma
auditoria externa independente para confirmar a existência de
sobrecompensações, calcular o valor e, determinar, se fosse caso disso, a
devolução dessas ganhos excessivos ao sistema elétrico e às tarifas da
eletricidade. No seguimento desta auditoria, o Governo solicitou à ERSE e à
Autoridade da Concorrência informações sobre as diligências preventivas para
impedir a repetição destes abusos no futuro.
Revogação dos incentivos ao investimento em novas barragens (Capítulo III
da Portaria nº 251/2012)
Para o Bloco de Esquerda, nada justifica a manutenção deste benefício perverso
às concessionárias dos empreendimentos. O PNBEPH requeria 1500 a 2000 MW
de bombagem hidroelétrica: já existem em serviço 2439 MW (sem contar com
Paradela II nem Foz Tua). As barragens para já beneficiárias do subsídio (Foz
Tua, SET, Baixo Sabor e Ribeiradio) contribuíram de forma marginal para os
objetivos de política energética: apenas 1,8% da eletricidade, a um custo duplo da
média do sistema eletroprodutor atual e triplo das alternativas disponíveis no
mercado elétrico. A eliminação do subsídio evitaria que algumas destas barragens
fossem construídas. A dedicação de uma verba equivalente na promoção da
requalificação urbana e/ou em medidas de desenvolvimento regional teria
externalidades sócio-económicas e ambientais positivas, incluindo a criação de
emprego nos sectores da construção e do turismo, muito superior ao envolvido na
construção das barragens. De resto, não haveria qualquer custo para o Estado na
eliminação deste subsídio, pois ele não consta nas obrigações contratuais entre o
Estado e as concessionárias.
O governo e o PS entendem que o cumprimento dos contratos é uma das
garantias do reforço do investimento no sector pelo que a opção defendida passa
pelo rigor e reforço das medidas de fiscalização e regulação no sector, sem alterar
durante o período dos contratos as respectivas condições asseguradas antes da
sua celebração ou de operações de privatização já ocorridas (como é o caso da
EDP e da REN)
!11
Alargamento da Contribuição Extraordinária do Setor Energético (CESE) ao
centros produtores em regime especial (PRE)
Segundo cálculos apresentados pelo Bloco de Esquerda, a extrapolação para toda
a Produção em Regime Especial (PRE) dos preços praticados pela EDP
Renováveis nos mercados português e espanhol, indica o valor aproximado do
diferencial da remuneração da PRE em Portugal face ao mercado espanhol. Esse
diferencial constituiu, em 2016, um lucro excessivo dos produtores da PRE acima
de 500 milhões de euros face ao praticado no mercado espanhol (onde a EDPR
continua a investir). Para o Bloco de Esquerda, não é aceitável que, além de ter
garantido o escoamento de toda a sua produção a preços administrativos que
oneram a fatura, a PRE continue isenta de qualquer contributo para baixar a dívida
tarifária e os custos energéticos das famílias.
O governo e o Partido Socialista não concordaram com esta proposta do Bloco de
Esquerda. Entendem que as renováveis são o sinal correcto que deve ser dado ao
sistema eléctrico nacional, nao so pelo seu efeito ambiental , mas tambem pelo
facto de ser a unica fonte de energia primaria nacional que, por essa razao, deve
ser estimulada.
Por outro lado o governo e o PS entendem que o quadro regulatorio e fiscal dos
investidores em renovaveis deve ser mantido ate porque, a sua estabilidade e
indutora de maiores investimentos, criando uma vantagem competitiva face a
outros paises. Sublinham que o sinal dado por este alargamento a uma área de
investimento estratégico e de grande prioridade política poderia ultrapassar
qualquer eventual vantagem de curto prazo, preferindo transformar, por via do
novo licenciamento sem qualquer tipo de subsídio à tarifa, as condições de
mercado com impacto direto sobre os consumidores, no sentido da redução dos
encargos com o sistema e da tarifa.Nota final
A 7 de junho de 2016, os grupos parlamentares do Partido Socialista e do Bloco de
Esquerda, no âmbito das atividade do Grupo de Trabalho sobre Energia que constituíram
e dinamizaram ao longo do ano e que contou com a coordenação do Secretário de Estado
da Energia, realizaram uma conferência aberta ao público na biblioteca da Assembleia da
República.
A referida conferência teve como mote o tema “Avaliação dos custos energéticos sobre
famílias e propostas para a sua redução” e contou com apresentações de várias
individualidades com conhecimento de causa em áreas distintas do setor energético.
A conferência dividiu-se em dois painéis aos quais se seguiu um período de debate tendo
sido encerrada com comentários dos deputados Carlos Pereira (PS) e Jorge Costa (BE) e
com uma comunicação final do Secretário de Estado da Energia.
Recorde-se que no primeiro painel participaram António Costa e Silva (Partex) e Cristina
Portugal (vogal da ERSE) enquanto que no segundo painel foram oradores João
!12
Confraria (na qualidade de especialista em regulação) e Manso Neto (Administrador da
EDP Renováveis).”
_____
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  • 1. Relatório do Grupo de Trabalho conjunto sobre Custos Energéticos Fevereiro 2017 

  • 2. Enquadramento A criação deste grupo de trabalho foi decidida por posição conjunta do Partido Socialista e do Bloco de Esquerda em Outubro de 2015, na sequência das negociações que viabilizaram a aprovação do Programa do XXI Governo. O grupo de trabalho teve como objetivo primordial a configuração de medidas de política energética com repercussão na fatura energética das famílias, desde logo a diminuição do défice tarifário que agrava a fatura de todos os consumidores, mas também avançar medidas para melhorar a receita pública e reforçar o combate à pobreza energética e as medidas de desenvolvimento da eficiência energética. O grupo de trabalho contou com a participação de vários peritos designados pelo Partido Socialista e pelo Bloco de Esquerda. Em concreto, pelo Partido Socialista, a Dra. Cristina Portugal e pelo Bloco de Esquerda o Professor Adelino Fortunato e a investigadora Diana Pereira Neves. A coordenação dos trabalhos ficou a cargo do Secretario de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches. 1. Panorama energético No âmbito da missão do grupo de trabalho foi explorado o panorama geral do sector da energia. O enquadramento que se segue é uma síntese desse mesmo trabalho. A figura 1 ilustra a evolução da produção de eletricidade de 2005 a 2014 por fonte de energia. O recurso à energia térmica tem diminuído, enquanto a hídrica diminuiu ligeiramente, tendo aumentado a eólica. Observamos igualmente que as produções fotovoltaica, geotérmica e outras são ainda incipientes ainda que a perspetiva de evolução, patente nos projetos licenciados ou em processo de licenciamento, indicie um reforço da componente fotovoltaica em regime geral (sem tarifas apoiadas). A importação tem sido constante, com pequenas oscilações, enquanto as exportações aumentaram. Neste sentido, Portugal vive uma situação de relativo equilíbrio entre capacidade instalada e consumo, estando a reduzir a sua dependência fóssil. !2
  • 3. ! Figura 1 - Evolução da Produção de eletricidade em Portugal [GWh] (Fonte: DGEG) A Figura 2 mostra que nos últimos anos, a capacidade instalada se manteve constante, apesar de ter aumentado a capacidade em produção não despachável (renováveis variáveis), correspondendo a cerca de 1/3 da capacidade instalada total. Já a ponta de consumo tem-se mantido aproximadamente constante, não se antecipando, por esta via, a necessidade de aumentar o investimento a curto prazo em novas centrais de produção. ! Figura 2 - Evolução da potência instalada e ponta de consumo em Portugal [MW] (Fonte: REN) Quanto à dependência energética na União Europeia, na Figura 3 Portugal situa-se na 9ª posição com cerca de 70% de dependência exterior, especialmente devido ao sector dos transportes. Por outro lado, em termos de emissões de CO2 por habitante (figura 4), Portugal situa-se na 6ª posição. !3
  • 4. 2. Custos na fatura elétrica A estrutura dos custos pagos nas tarifas de energia elétrica é apresentada na Figura 5. As tarifas de acesso são atualizadas todos os anos de acordo com os custos a pagar ao sistema elétrico nacional (SEN), nas suas várias componentes: mercado, redes e custos de interesse económico geral (CIEG) e amortização e juros da divida tarifária. Em 2015 o valor estimado da dívida tarifária era, segundo a ERSE, de €5.080 milhões, valor que deverá terminar o ano de 2017 nos €4.397 milhões, destacando-se o superavite tarifário esperado pela ERSE para 2017 de €321 milhões. ! Figura 3 – Comparação energética da dependência energética de Portugal na EU em 2014 [%] (Fonte: DGEG) ! Figura 4 - Comparação de emissões de CO2 de Portugal na EU em 2015 [ton CO2/hab] (Fonte: DGEG) !4
  • 5. ! Figura 5 - Estrutura das Tarifas no mercado liberalizado (Fonte: ERSE) A figura 6 apresenta a estrutura de custos de venda a clientes finais por tipo de consumidor. Nos consumidores em muito alta, alta e média tensão, a maior fatia dos custos é a relacionada com o consumo de energia. Na baixa tensão, o custo da energia corresponde apenas a 35% dos custos, sendo 25% dos custos relacionados com redes e 40% com os CIEG, onde se inclui o abatimento da divida tarifária. ! Figura 6 - Estrutura de custos de venda a clientes finais por tipo de consumidor (Fonte: ERSE) Neste sentido, as medidas propostas devem dirigir-se principalmente à parcela referente aos CIEG, de modo a diminuir os custos energéticos das famílias. A estrutura dos CIEG é analisada na figura 7. !5
  • 6. ! Figura 7 - Evolução da estrutura dos custos de interesse económico geral 2009-2016 (Fonte: ERSE) Nos últimos 10 anos, a preços correntes, as tarifas aumentaram de forma continuada para todos os tipos de consumidores, mas foram os consumidores domésticos que sentiram o maior aumento em termos absolutos (figura 8). ! Figura 8 – Evolução do preço médio das tarifas de referência de Venda a Clientes Finais, por nível de tensão (Fonte: ERSE) As figuras 9 e 10 mostram que, comparando com os países da EU-28, Portugal tem o 3º preço de eletricidade mais alto da Europa. Considerando preço e capacidade de compra, !6
  • 7. Portugal apresenta o preço mais alto da Europa para as suas famílias, situação que tenderia a agravar-se mantendo-se os pressupostos constantes da politica energetica em 2015 (recorde-se que 2017 é o ano com o servico da divida mais alta – quase 1,8 mil milhoes de euros). ! Figura 9 - Preços de eletricidade incluindo taxas e impostos, na EU-28 (Fonte: VaasaETT, Abril2016) ! Figura 10 - Preços de eletricidade de acordo com a capacidade de compra, na EU-28 (Fonte: VaasaETT, Abril2016) Neste contexto, urge avançar com medidas que combatam esta desigualdade no acesso à energia, geradora de desigualdades sociais muito relevantes e prejudicial para a economia. Urge, assim, combater as rendas excessivas, diminuindo assim o défice tarifário anual e a tarifa da eletricidade das famílias, condições indispensáveis da resposta à pobreza energética e para a competitividade da economia portuguesa. !7
  • 8. !8
  • 9. Medidas para redução do défice tarifário e da fatura das famílias I. Propostas consensualizadas entre o Governo, o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda Parte das conclusões do grupo de trabalho foram, ainda antes da publicação do presente relatório, convertidas em propostas e submetidas ao voto parlamentar no processo de aprovação do Orçamento do Estado para 2017. Mudança do regime de atribuição e remuneração do serviço de garantia de potência Fim, a 1 de janeiro de 2017, do regime em vigor (definido na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º da Portaria n.º 251/2012, de 20 de agosto, através de um subsidio) com vista à sua substituição no mais curto prazo possível por um mecanismo de leilão decrescente, com a fixação administrativa de um teto de remuneração, por forma a assegurar a redução significativa do custo deste serviço para o SEN. Revisão do regime de atribuição e remuneração do serviço de interruptibilidade Com vista à diminuição de custos e considerando o potencial deste serviço num sistema com cada vez mais capacidade intermitente, deve verificar-se com rigor, do atual universo de consumidores remunerados, quais são efetivamente capazes de prestar este serviço. O atual regime será alterado com vista à definição por concurso do universo de grandes consumidores a remunerar e à diminuição dos custos deste serviço para o SEN. Debate parlamentar do investimento nas redes de transporte distribuição de eletricidade e gás De forma a aumentar a transparência dos critérios e dos montantes de investimento nas redes de transporte (REN) e distribuição (EDP-D) - que se repercutem na fatura elétrica de cada consumidor -, os respetivos Planos de Desenvolvimento e Investimento deverão ser apresentados ao Parlamento e ali debatidos e só depois aprovados pelo governo. !9
  • 10. Reforço dos meios da ERSE para a auditoria à revisibilidade final dos CMEC No final da vigência dos contratos CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual) é iniciada a sua revisão final, que deverá ser auditada em nome do interesse dos consumidores e do sistema elétrico. No final de 2017 ocorrerá a primeira cessação de um contrato CMEC (central termoelétrica de Sines), sucedendo-se outras ao longo de dez anos. O processo de revisibilidade visa conferir se os montantes pagos ao longo da vigência do contrato estiveram em conformidade com a definição contratual. Pela sua complexidade e pela dimensão dos ganhos potenciais para os consumidores, este trabalho de auditoria deverá ser executado por unidade especializada, no âmbito da ERSE, até que termine o último contrato, em 2027. Regulação do Gás e dos combustíveis pela ERSE O setor do gás de petróleo liquefeito (GPL) em todas as suas categorias, nomeadamente engarrafado, canalizado e a granel, deve ficar sujeito à regulação da ERSE, bem como os setores dos combustíveis derivados do petróleo e dos biocombustíveis. A partir da avaliação do atual mercado do GPL butano e propano comercializado em gás de garrafa, deverá ser reduzido o preço do gás de garrafa, adequando o seu regime de preços às necessidades dos consumidores. II. Medidas por consensualizar entre o Governo, o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda Ajustamento da remuneração dos CMEC e dos CAE Para o Bloco de Esquerda, este passo concretizaria o programa do Governo, que prevê "renegociar as concessões do setor da energia, no sentido de assegurar uma partilha equitativa, entre Estado (concedente) e os concessionários particulares, dos ganhos entretanto obtidos". Este ajustamento deveria considerar desde logo a evolução dos custos de capital nos anos após a privatização total, que agravou a natureza excessiva daquelas rendas. O governo e o Partido Socialista não concordaram com esta proposta do Bloco na medida em que a renegociação se fará no âmbito do estudo independente da revisibilidade dos CMEC (junto da ERSE), no respeito pela estabilidade do quadro legal e regulatório, garantindo a segurança de consumidores e investidores. Por outro lado está em curso na Assembleia da República já uma iniciativa do governo !10
  • 11. que visa precisamente uma dessas renegociações, através de novos concursos públicos para as concessões de Baixa Tensão. Sublinham ainda que na sequência de suspeitas de distorção do mercado com ganhos excessivos, foi pedida uma auditoria externa independente para confirmar a existência de sobrecompensações, calcular o valor e, determinar, se fosse caso disso, a devolução dessas ganhos excessivos ao sistema elétrico e às tarifas da eletricidade. No seguimento desta auditoria, o Governo solicitou à ERSE e à Autoridade da Concorrência informações sobre as diligências preventivas para impedir a repetição destes abusos no futuro. Revogação dos incentivos ao investimento em novas barragens (Capítulo III da Portaria nº 251/2012) Para o Bloco de Esquerda, nada justifica a manutenção deste benefício perverso às concessionárias dos empreendimentos. O PNBEPH requeria 1500 a 2000 MW de bombagem hidroelétrica: já existem em serviço 2439 MW (sem contar com Paradela II nem Foz Tua). As barragens para já beneficiárias do subsídio (Foz Tua, SET, Baixo Sabor e Ribeiradio) contribuíram de forma marginal para os objetivos de política energética: apenas 1,8% da eletricidade, a um custo duplo da média do sistema eletroprodutor atual e triplo das alternativas disponíveis no mercado elétrico. A eliminação do subsídio evitaria que algumas destas barragens fossem construídas. A dedicação de uma verba equivalente na promoção da requalificação urbana e/ou em medidas de desenvolvimento regional teria externalidades sócio-económicas e ambientais positivas, incluindo a criação de emprego nos sectores da construção e do turismo, muito superior ao envolvido na construção das barragens. De resto, não haveria qualquer custo para o Estado na eliminação deste subsídio, pois ele não consta nas obrigações contratuais entre o Estado e as concessionárias. O governo e o PS entendem que o cumprimento dos contratos é uma das garantias do reforço do investimento no sector pelo que a opção defendida passa pelo rigor e reforço das medidas de fiscalização e regulação no sector, sem alterar durante o período dos contratos as respectivas condições asseguradas antes da sua celebração ou de operações de privatização já ocorridas (como é o caso da EDP e da REN) !11
  • 12. Alargamento da Contribuição Extraordinária do Setor Energético (CESE) ao centros produtores em regime especial (PRE) Segundo cálculos apresentados pelo Bloco de Esquerda, a extrapolação para toda a Produção em Regime Especial (PRE) dos preços praticados pela EDP Renováveis nos mercados português e espanhol, indica o valor aproximado do diferencial da remuneração da PRE em Portugal face ao mercado espanhol. Esse diferencial constituiu, em 2016, um lucro excessivo dos produtores da PRE acima de 500 milhões de euros face ao praticado no mercado espanhol (onde a EDPR continua a investir). Para o Bloco de Esquerda, não é aceitável que, além de ter garantido o escoamento de toda a sua produção a preços administrativos que oneram a fatura, a PRE continue isenta de qualquer contributo para baixar a dívida tarifária e os custos energéticos das famílias. O governo e o Partido Socialista não concordaram com esta proposta do Bloco de Esquerda. Entendem que as renováveis são o sinal correcto que deve ser dado ao sistema eléctrico nacional, nao so pelo seu efeito ambiental , mas tambem pelo facto de ser a unica fonte de energia primaria nacional que, por essa razao, deve ser estimulada. Por outro lado o governo e o PS entendem que o quadro regulatorio e fiscal dos investidores em renovaveis deve ser mantido ate porque, a sua estabilidade e indutora de maiores investimentos, criando uma vantagem competitiva face a outros paises. Sublinham que o sinal dado por este alargamento a uma área de investimento estratégico e de grande prioridade política poderia ultrapassar qualquer eventual vantagem de curto prazo, preferindo transformar, por via do novo licenciamento sem qualquer tipo de subsídio à tarifa, as condições de mercado com impacto direto sobre os consumidores, no sentido da redução dos encargos com o sistema e da tarifa.Nota final A 7 de junho de 2016, os grupos parlamentares do Partido Socialista e do Bloco de Esquerda, no âmbito das atividade do Grupo de Trabalho sobre Energia que constituíram e dinamizaram ao longo do ano e que contou com a coordenação do Secretário de Estado da Energia, realizaram uma conferência aberta ao público na biblioteca da Assembleia da República. A referida conferência teve como mote o tema “Avaliação dos custos energéticos sobre famílias e propostas para a sua redução” e contou com apresentações de várias individualidades com conhecimento de causa em áreas distintas do setor energético. A conferência dividiu-se em dois painéis aos quais se seguiu um período de debate tendo sido encerrada com comentários dos deputados Carlos Pereira (PS) e Jorge Costa (BE) e com uma comunicação final do Secretário de Estado da Energia. Recorde-se que no primeiro painel participaram António Costa e Silva (Partex) e Cristina Portugal (vogal da ERSE) enquanto que no segundo painel foram oradores João !12
  • 13. Confraria (na qualidade de especialista em regulação) e Manso Neto (Administrador da EDP Renováveis).” _____ !13