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Capítulo 1
“Em uma terra distante, longe de qualquer vida humana, viviam as Fadas da Noite. Eram
chamadas assim porque só podiam explorar sua aldeia na calada da noite, quando tudo só
fosse silêncio. Eram tristes e rabugentas. Há anos que não se via uma delas sorrir. Muitas já se
arriscaram saindo de suas tocas durante o dia, e nunca mais foram vistas. A lenda que corria
pela aldeia dizia que elas haviam sido transformadas em pó pelo monstro que produzia luz.
Mas, na verdade, todas tinham suas dúvidas e seus próprios palpites. Umas diziam que quando
uma Fada da Noite saia da toca no horário proibido era levada para uma masmorra por seres
que saiam do chão. Enquanto outras acreditavam que as Fadas Infelizes, como eram
conhecidas, ficavam bem depois que acostumavam com a claridade e saiam voando por ai
descobrindo novos lugares para explorar. Mas, o que elas não sabiam era que se uma Fada da
Noite saísse da toca no horário proibido...”
Charlie Durckan
“Olha a que ponto você chegou Charlie, assinando crônicas não acabadas.” – Pensou Mary
lendo uma folha amassada que encontrou ao lado da privada. Era um texto de Charlie, seu
marido.
Faltava pouco para as nove da manhã. Charlie tinha saído para procurar emprego e Mary
estava sentada no sofá tentando beber seu café pelando enquanto esperava começar o
noticiário.
“Saco de vida! Tomara que pelo menos aquele infeliz consiga emprego.” – Pensou Mary.
Charlie chegou ás uma e meia da tarde. Encontrou a sua mulher dormindo e a casa uma zona.
Aquilo o deixou nervoso e fora de sério.
-MARY!– gritou Charlie – Eu passei a manhã inteira batendo nas portas das Editoras e me
humilhando por um emprego enquanto você não tirou esse rabo daí.
Ela não se mexeu. O que fez Charlie se irritar ainda mais.
-MARY!
-Droga, Charlie. Cala a porra dessa boca. – Ela disse se levantando.
- Você acha que estou errado? Ao menos tem comida pronta nessa casa?
- Tem macarrão instantâneo no armário. Coloca a água pra ferver que em três minutos está
pronto, segundo a embalagem.
Charlie jogou o celular no chão com tanta força que pôde ouvir o visor trincar.
- Sua...
- Sua o quê? – Provocou Mary.
- Sua vagabunda, preguiçosa e aproveitadora!
- Aproveitadora? O que eu aproveito de você? Nem um salário você tem, Charlie. E as
economias já estão acabando.
- Eu já tive dinheiro, Mary. Muito dinheiro... Você sabe disso, pois foi nessa época que nos
casamos.
- O que você quer dizer com isso? Que eu casei por dinheiro?
- E foi por amor?
Mary pegou seu travesseiro, que ainda estava no sofá, e foi para o quarto... Chorando. Ele não
queria que tudo chegasse àquele ponto. Estava desempregado, mas, Mary não podia
simplesmente ajudá-lo? Ela sempre fora uma ótima esposa, mas tinha se tornado um dos
piores pesadelos de Charlie. Desde que a editora o demitira, alegando que ninguém mais se
interessava por seus contos, Charlie tem feito de tudo para não deixar faltar nada em casa.
Ele foi até a cozinha e fez o macarrão instantâneo sugerido por sua esposa. Comeu assistindo a
um programa de esporte e depois caiu no sono.
Acordou com Mary chamando seu nome.
- Oi, Mary.
- O jantar está pronto. Como já são oito da noite achei que estaria com fome.
Sim, Charlie não entendeu nada. Mas preferiu deixar rolar, afinal, há quanto tempo não via sua
esposa sorrir.
Jantaram e foram deitar antes das dez.
- Desculpa por hoje – Ela disse deitada ao lado dele na cama.
- Vamos superar isso. Mas eu preciso de você, mais do que nunca.
- Eu estou aqui, meu amor... – E foi chegando perto dele – Bem aqui...
Antes que ela pudesse beijá-lo, ele a puxou colocou a embaixo do seu corpo e disse:
- O que quer de mim, Mary?
- Não entendi.
- Faz seis meses que não permite que eu a toque, e do nada quer se entregar a mim.
- Eu sou casada com você, não posso pedir sexo?
Ele ficou em silêncio e ela aproveitou para ir se aproximando dele. E dessa vez ele permitiu ser
beijado.
Naquela noite fizeram amor pela primeira vez em seis meses. Ela disse que o ama e ele
retribuiu com: “Eu não tenho dinheiro”. Os dois rolaram de rir. Eles riam, mas sabiam que
aquilo já estava indo longe demais.

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  • 1. Capítulo 1 “Em uma terra distante, longe de qualquer vida humana, viviam as Fadas da Noite. Eram chamadas assim porque só podiam explorar sua aldeia na calada da noite, quando tudo só fosse silêncio. Eram tristes e rabugentas. Há anos que não se via uma delas sorrir. Muitas já se arriscaram saindo de suas tocas durante o dia, e nunca mais foram vistas. A lenda que corria pela aldeia dizia que elas haviam sido transformadas em pó pelo monstro que produzia luz. Mas, na verdade, todas tinham suas dúvidas e seus próprios palpites. Umas diziam que quando uma Fada da Noite saia da toca no horário proibido era levada para uma masmorra por seres que saiam do chão. Enquanto outras acreditavam que as Fadas Infelizes, como eram conhecidas, ficavam bem depois que acostumavam com a claridade e saiam voando por ai descobrindo novos lugares para explorar. Mas, o que elas não sabiam era que se uma Fada da Noite saísse da toca no horário proibido...” Charlie Durckan “Olha a que ponto você chegou Charlie, assinando crônicas não acabadas.” – Pensou Mary lendo uma folha amassada que encontrou ao lado da privada. Era um texto de Charlie, seu marido. Faltava pouco para as nove da manhã. Charlie tinha saído para procurar emprego e Mary estava sentada no sofá tentando beber seu café pelando enquanto esperava começar o noticiário. “Saco de vida! Tomara que pelo menos aquele infeliz consiga emprego.” – Pensou Mary. Charlie chegou ás uma e meia da tarde. Encontrou a sua mulher dormindo e a casa uma zona. Aquilo o deixou nervoso e fora de sério. -MARY!– gritou Charlie – Eu passei a manhã inteira batendo nas portas das Editoras e me humilhando por um emprego enquanto você não tirou esse rabo daí. Ela não se mexeu. O que fez Charlie se irritar ainda mais. -MARY! -Droga, Charlie. Cala a porra dessa boca. – Ela disse se levantando. - Você acha que estou errado? Ao menos tem comida pronta nessa casa? - Tem macarrão instantâneo no armário. Coloca a água pra ferver que em três minutos está pronto, segundo a embalagem. Charlie jogou o celular no chão com tanta força que pôde ouvir o visor trincar. - Sua... - Sua o quê? – Provocou Mary.
  • 2. - Sua vagabunda, preguiçosa e aproveitadora! - Aproveitadora? O que eu aproveito de você? Nem um salário você tem, Charlie. E as economias já estão acabando. - Eu já tive dinheiro, Mary. Muito dinheiro... Você sabe disso, pois foi nessa época que nos casamos. - O que você quer dizer com isso? Que eu casei por dinheiro? - E foi por amor? Mary pegou seu travesseiro, que ainda estava no sofá, e foi para o quarto... Chorando. Ele não queria que tudo chegasse àquele ponto. Estava desempregado, mas, Mary não podia simplesmente ajudá-lo? Ela sempre fora uma ótima esposa, mas tinha se tornado um dos piores pesadelos de Charlie. Desde que a editora o demitira, alegando que ninguém mais se interessava por seus contos, Charlie tem feito de tudo para não deixar faltar nada em casa. Ele foi até a cozinha e fez o macarrão instantâneo sugerido por sua esposa. Comeu assistindo a um programa de esporte e depois caiu no sono. Acordou com Mary chamando seu nome. - Oi, Mary. - O jantar está pronto. Como já são oito da noite achei que estaria com fome. Sim, Charlie não entendeu nada. Mas preferiu deixar rolar, afinal, há quanto tempo não via sua esposa sorrir. Jantaram e foram deitar antes das dez. - Desculpa por hoje – Ela disse deitada ao lado dele na cama. - Vamos superar isso. Mas eu preciso de você, mais do que nunca. - Eu estou aqui, meu amor... – E foi chegando perto dele – Bem aqui... Antes que ela pudesse beijá-lo, ele a puxou colocou a embaixo do seu corpo e disse: - O que quer de mim, Mary? - Não entendi. - Faz seis meses que não permite que eu a toque, e do nada quer se entregar a mim. - Eu sou casada com você, não posso pedir sexo? Ele ficou em silêncio e ela aproveitou para ir se aproximando dele. E dessa vez ele permitiu ser beijado.
  • 3. Naquela noite fizeram amor pela primeira vez em seis meses. Ela disse que o ama e ele retribuiu com: “Eu não tenho dinheiro”. Os dois rolaram de rir. Eles riam, mas sabiam que aquilo já estava indo longe demais.