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HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO
DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
Solange Tavares Rubim de Pinho
Salvador
2007
Solange Tavares Rubim de Pinho
Professora Adjunta de Psiquiatria Infanto-Juvenil do Departamento de Pediatria
da Faculdade de Medicina – Universidade Federal da Bahia (Ufba);
Doutora em Medicina Interna pela Fundação Bahiana para o Desenvolvimento
das Ciências (FBDC).
❖ Simone Tavares Rubim de Pinho Lima
Historiadora, Analista de Assuntos Culturais na Fundação Cultural do Estado
da Bahia (Funceb).
❖ Nadja Maria Maia
Bióloga; Psicoterapeuta Reichiana.
❖ Marlene Lage Cajazeira Ramos
Bibliotecária, Especialista em Metodologia do Ensino Superior
❖ O ser humano, mesmo em períodos
anteriores à invenção da escrita, já procurava
compreender as peculiaridades do seu
comportamento.
❖ Os doentes mentais eram freqüentemente
torturados, temidos ou mesmo discriminados
pelos indivíduos considerados normais.
❖ Não raro as doenças eram atribuídas a
influências malignas sobrenaturais.
❖ Não existia separação entre o sofrimento
físico e o mental, nem tampouco entre
medicina, religião e magia
(ALEXANDER & SELESNICK, 1968; KAPLAN & SADOCK, 1986) Figura: Medicina e Magia
Fonte: www.esoterikha.com
❖ Povos antigos, como os mesopotâmicos, os egípcios, os
hebreus, os persas, os gregos primitivos, os chineses e os
hindus, seguiram dando ênfase à religião e à magia em suas
práticas médicas.
❖ As doenças mentais eram, geralmente, consideradas como
males decorrentes de castigo por faltas morais ou da entrada
de um espírito do mal no organismo do indivíduo
(WHITWELL, 1936)
Paralelamente a essas idéias, que dominaram por séculos na maior parte
das culturas por todo o planeta, novos conceitos foram introduzidos
desde a Antiguidade Clássica.
❖ O filósofo Platão (427-347 A.C.) contribuiu para o desenvolvimento do
pensamento do homem com a concepção de realidade psíquica,
reconhecendo a existência de uma inter-relação entre corpo, raciocínio,
desejo e emoção.
❖ Seu discípulo, o filósofo e cientista Aristóteles (384-322 a.C.), ofereceu
ao mundo relevantes descrições do conteúdo da consciência
(ALEXANDER & SELESNICK, 1968; KAPLAN & SADOCK, 1986; STONE, 1999)
Figura: Platão
Autor: Michelangelo
Na medicina, o grande expoente da
Grécia antiga foi Hipócrates (460-
377 a.C.), por ter atribuído às
doenças causas naturais.
Hipócrates relacionou os distúrbios
mentais a alterações no cérebro
(KAPLAN et al., 1980)
Os romanos desempenharam um papel importante por terem
registrado os escritos médicos dos gregos, transmitindo
relevantes conhecimentos às civilizações futuras
(WHITWELL, 1936)
Fonte: www.cerebromente.org.br
❖ Na Idade Média, evidenciou-se com clareza o conflito conhecimento–
fé.
Com o declínio da civilização greco-romana, o homem retomou a
crença no sobrenatural.
❖
A Igreja incumbiu-se de cuidar do homem e de suas doenças, usando o
exorcismo a fim de expulsar o demônio dos corpos, isto é, para tratar
perturbações humanas.
❖ Os loucos eram recolhidos em casas de internamento, juntamente com
prostitutas, mendigos e criminosos.
❖ Em 1409, surgiu o primeiro hospício, em Valencia, na Espanha.
❖ No período da Inquisição (século XII) concepções mágicas e teológicas
levaram à fogueira indivíduos portadores de doença mental
(ALEXANDER & SELESNICK, 1968; WHITWELL, 1936).
A Renascença caracterizou-se pelo redirecionamento do
homem em busca da apreensão da realidade.
O cientista Johann Weyer (1555-1588) descreveu algumas
entidades diagnósticas em psiquiatria, tais como:
❖ Psicoses tóxicas
❖ Psicoses senis
❖ Paranóia
❖ Epilepsia
❖ Depressão
❖ Folie à deux
(KAPLAN & SADOCK, 1986).
Figura: Paranóia
Fonte: atuleirus.weblog.com.pt
❖ No século XVII, quando o raciocínio indutivo se aliou ao julgamento
intuitivo, a doença mental, gradativamente, desvinculou-se do
misticismo e da religião.
❖ Nessa ocasião, a psiquiatria começou a caracterizar-se como um ramo da
medicina.
❖ Paulo Zacchia (1584-1659), estudioso de medicina legal, acreditava que
só o médico tinha competência para avaliar a condição mental do
indivíduo.
❖ Empirismo, racionalismo, observação e classificação marcaram o período
do Iluminismo – século XVIII –, possibilitando um maior entendimento
dos distúrbios psiquiátricos, assim como a busca de um contato mais
humano com os portadores de insanidade mental.
❖ Nesse período, loucos, criminosos, prostitutas e vagabundos eram
trancados em asilos, onde vigorava um sistema repressivo
(ALEXANDER & SELESNICK, 1968; KAPLAN & SADOCK, 1986).
❖ Philippe Pinel (1745-1826), médico francês,
libertou os doentes das correntes e separou-os
dos demais internos, quando dirigiu o Bicêtre
e, mais tarde, a Salpêtrière em Paris.
❖ Em 1801, Pinel fez a primeira alusão ao que
mais tarde ficou conhecido como transtorno de
personalidade
(ALEXANDER & SELESNICK, 1968; KAPLAN et al.,
1980).
O método de Pinel foi aplicado por seu discípulo Jean Etienne Esquirol (1772-
1840),que enfatizou o papel das emoções na origem da doença mental
(EY et al.).
Fonte: www.ch-charcot56.fr
❖ Na década de 1860, as observações de Charcot (1825-1893), médico
neurologista na Salpêtrière, atraíram as atenções para os fatores
psicológicos como mecanismos causadores da histeria.
❖ Ele utilizou a hipnose, posteriormente aprofundada nos estudos de Freud
(KAPLAN et al., 1980; ZILBOORG, 1941; EY et al)
❖ No início do século XIX, Johann Reil (1759-1813) foi o primeiro a usar o
termo psiquiatria, referindo-se ao tratamento da mente.
❖ Posteriormente, já em meados desse século, a psiquiatria firmou-se como
especialidade, ganhando orientação científica e acadêmica
(STONE, 1999; KAPLAN et al., 1980)
❖ Estabeleceram-se marcantes discussões entre organicistas e idealistas a partir
do século XIX.
❖ A teoria organicista, segundo a qual as doenças mentais seriam decorrentes
de causas cerebrais, foi defendida por:
Griesinger (1817-1868), Maudsley (1838-1918),
Von Krafft-Ebing (1840-1902), Wernicke (1848-1905),
Korsakov (1854-1900) e Cerletti (1877-1963), dentre outros.
❖ A concepção denominada idealista – que afirmava serem os distúrbios
mentais decorrentes de mecanismos psicológicos – teve representante como:
Freud (1856-1939), Jung (1884-1958),
Melanie Klein (1882-1960), Karen Horney (1885-1952)
Otto Rank (1884-1939)
(ALEXANDER & SELESNICK, 1968; PALOMBA, 2003)
Entendiam que corpo e alma – soma e psyché – eram instâncias distintas, mas
atuavam conjuntamente na determinação do fenômeno saúde–doença.
Esses grandes mestres romperam à dicotomia que prevalecia, até então,
abraçando a concepção unicista
❖ Esquirol (1772-1840),
❖ Herbart (1776-1841),
❖ Jean Pierre Falret (1794-1870),
❖ Morel (1809-1873),
❖ William James (1842-1910),
❖ Eugen Bleuler (1856-1939)
❖ Gilles de La Tourette (1857-1904)
(PALOMBA 2003; MAYER-GROSS et al., 1972)
A importância do psiquiatra alemão Emil Kraepelin (1855-1926) deve-se
ao fato de ter ele demonstrado a necessidade de a psiquiatria incorporar o
modelo médico, com a descrição detalhada dos sintomas e a organização dos
achados clínicos.
Sistematizou as síndromes e estabeleceu o diagnóstico nosológico,
isolando as duas formas básicas de adoecimento psíquico – demência
precoce e loucura maníaco-depressiva – e distinguindo as demências senis da
paralisia geral
(ZILBOORG, 1941).
❖ Coube ao suíço Adolph Meyer (1866-1950) impulsionar a psiquiatria americana
nas primeiras décadas do século XX.
❖ Para ele, era possível entender melhor o indivíduo considerando não apenas os
aspectos constitucionais, mas também os fatores ambientais
(ALEXANDER & SELESNICK, 1968; STONE, 1999)
Sigmund Freud (1856-1939), médico austríaco, destacou-se como a mais
representativa figura da psicanálise, tendo desempenhado papel importante
na compreensão da mente humana. Coube a ele desenvolver a teoria e a
técnica do tratamento psicanalítico.
O psiquiatra alemão Eugen Bleuler (1857-1939), em 1924, estudou sobre a
demência precoce, para a qual propôs o nome esquizofrenia, e descreveu os
sintomas que considerou fundamental na identificação da doença
(STONE, 1999; KAPLAN et al., 1980)
No que se refere aos estudos das patologias, destacaram-se Karl Jaspers
(1883-1979), Kurt Schneider (1887-1967) e Henri EY (1900-1977). Coube a
Alfred Binet (1857-1911) e a Hermann Rorschach (1884-1922) a criação de
testes para avaliação de inteligência e personalidade respectivamente
(PALOMBA, 2003; ALEXANDER & SELESNICK, 1968)
Eugen Bleuler
Até o fim da II Guerra Mundial, os métodos terapêuticos em psiquiatria eram
pouco eficazes, usando-se, largamente, o eletrochoque no período de 1937 a
1945, quando teve início a era farmacoterápica
(RIGONATTI & ROSA, 2001)
❖ A síntese da clorpromazina (neuroléptico) por Charpentier, em 1950, e
sua aplicação nas psicoses por Jean Delay e Pierre Deniker, em 1952,
mudaram toda a terapêutica até então utilizada.
❖ Em 1957, surgiram os antidepressivos, dentre eles o inibidor da
monoaminoxidase, sintetizado por Klein, e a imipramina, por Kuhn. J.
F. Cade descobriu a utilidade do carbonato de lítio no tratamento da
mania em 1949, o qual passou a ser testado e utilizado por Mogens
Schou na Europa a partir de 1956, como estabilizador de humor.
❖ Quanto aos benzodiazepínicos, sintetizados em 1958 por Sternbach,
que descobriu suas propriedades tranqüilizantes.
❖ Nas décadas de 1960, 1970 e 1980, houve a grande expansão da
psicanálise, seguida do aparecimento de uma série de linhas
psicoterápicas: psicodrama, terapia comportamental, musicoterapia e
outras (PALOMBA, 2003)
❖ A psiquiatria social, que explica a doença mental como produto principalmente do
modelo social, passou a ocupar um espaço relevante no final dos anos 1960
(LANGSLEY, 1980).
❖ A Classificação Internacional das Doenças (CID-10) se iniciou em 1893 como
Classificação de Bertillon ou Lista Internacional de Causas de Morte.
❖ Na sexta revisão, incluiu-se uma seção dedicada aos transtornos mentais. Os
critérios para o diagnóstico vêm sendo, progressivamente, aprimorados.
❖ Na década de 70, foram criados os Critérios Diagnósticos para Uso em Pesquisas
Psiquiátricas (APB, 2003).
❖ Atualmente, são utilizados a CID, da OMS, 10ª revisão (1992), e o Diagnostic and
Statistic Manual of Mental Disorders quarta revisão (DSM-IV), da American
Psychiatric Association (1994).
❖ Trata-se de uma metodologia descritiva, aplicada a um sistema ateórico na
definição e classificação das doenças. Essa transformação levou a uma melhora na
concordância diagnóstica e na confiabilidade dos achados (BASTOS, 2000).
❖ O avanço da psiquiatria demonstra a complexidade do ser humano e a
impossibilidade de ser ele avaliado sob um único ponto de vista.
❖ A integração dos conhecimentos, com abrangência biopsicossocial, é
necessária para a compreensão do indivíduo na sua totalidade.
❖ Tem ocorrido grande progresso na psicofarmacologia com o surgimento de
novos agentes para o tratamento farmacológico de psicoses, depressão,
agitação, ansiedade, insônia, enfermidades e quadros demenciais.
❖ As novas drogas, além de mais eficazes, têm melhor perfil quanto a efeitos
secundários e vêm melhorando a qualidade de vida de pacientes
portadores de transtornos neuropsiquiátricos.
❖ Tais substâncias têm menor potencial de interação medicamentosa, o que
acarreta maior adesão dos pacientes aos tratamentos
(GORENSTEIN & SCAVONE, 1999)
❖A neuroquímica, a genética molecular, a psicofarmacologia, a
psicopatologia quantitativa, a psiconeuroendocrinologia, a
psicoimunologia, a bioestatística, a informática e a epidemiologia clínica
vêm promovendo o reencontro da psiquiatria com o modelo médico
(BASTOS, 2000).
❖ A revolução tecnológica possibilitou o acesso não apenas à maquinária de
modificação, composição e síntese de substâncias orgânicas e inorgânicas,
mas também a aparelhos computadorizados, com medição e observação
macroscópica e microscópica, o que vem contribuindo para o surgimento
de novas drogas e o desvendamento dos mecanismos bioquímicos dos
transtornos mentais.
❖ Vem crescendo em ritmo acelerado o uso da neuroimagem em psiquiatria,
com o desenvolvimento de métodos capazes de fornecer imagens cada vez
mais nítidas do cérebro humano.
❖ As investigações efetuadas de aspectos anatômicos estruturais, usando a
ressonância magnética, a tomografia computadorizada por emissão de
pósitrons e fóton única, além da ressonância magnética espectroscópica e
funcional, mostraram-se adequadas para o estudo de mudanças na
dinâmica funcional do cérebro, assim como capazes de possibilitar a
investigação de alterações em vias neuroquímicas, antes e após a
administração de medicamentos.
❖ Essas novas tecnologias em neuroimagem permitem detectar as mínimas
alterações na estrutura e no metabolismo de áreas cerebrais específicas.
❖ Elas contribuíram, decisivamente, para mudar as classificações dos
transtornos, sem, contudo, reduzir os sintomas psiquiátricos a elementos
puramente biológicos
(ROCHA et al., 2001)
No Brasil, essas novas tecnologias já estão
disponíveis, e muitas pesquisas têm sido realizadas,
possibilitando a aplicação clínica da neuroimagem à
neuropsiquiatria
(BUSSATO FILHO et al., 2001)
As novas tecnologias são elementos poderosos no
exercício da arte médica psiquiátrica. Cabe ao
profissional utilizar-se delas, sem esquecer, contudo, do
contato humano, da relação médico–paciente (PERESTRELLO,
1989)
Figura: Esquizofrenia
Autor: Desconhecido

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História da Psiquiatria: contribuições para o estudo

  • 1. HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA Solange Tavares Rubim de Pinho Salvador 2007
  • 2. Solange Tavares Rubim de Pinho Professora Adjunta de Psiquiatria Infanto-Juvenil do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina – Universidade Federal da Bahia (Ufba); Doutora em Medicina Interna pela Fundação Bahiana para o Desenvolvimento das Ciências (FBDC). ❖ Simone Tavares Rubim de Pinho Lima Historiadora, Analista de Assuntos Culturais na Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). ❖ Nadja Maria Maia Bióloga; Psicoterapeuta Reichiana. ❖ Marlene Lage Cajazeira Ramos Bibliotecária, Especialista em Metodologia do Ensino Superior
  • 3. ❖ O ser humano, mesmo em períodos anteriores à invenção da escrita, já procurava compreender as peculiaridades do seu comportamento. ❖ Os doentes mentais eram freqüentemente torturados, temidos ou mesmo discriminados pelos indivíduos considerados normais. ❖ Não raro as doenças eram atribuídas a influências malignas sobrenaturais. ❖ Não existia separação entre o sofrimento físico e o mental, nem tampouco entre medicina, religião e magia (ALEXANDER & SELESNICK, 1968; KAPLAN & SADOCK, 1986) Figura: Medicina e Magia Fonte: www.esoterikha.com
  • 4. ❖ Povos antigos, como os mesopotâmicos, os egípcios, os hebreus, os persas, os gregos primitivos, os chineses e os hindus, seguiram dando ênfase à religião e à magia em suas práticas médicas. ❖ As doenças mentais eram, geralmente, consideradas como males decorrentes de castigo por faltas morais ou da entrada de um espírito do mal no organismo do indivíduo (WHITWELL, 1936) Paralelamente a essas idéias, que dominaram por séculos na maior parte das culturas por todo o planeta, novos conceitos foram introduzidos desde a Antiguidade Clássica.
  • 5. ❖ O filósofo Platão (427-347 A.C.) contribuiu para o desenvolvimento do pensamento do homem com a concepção de realidade psíquica, reconhecendo a existência de uma inter-relação entre corpo, raciocínio, desejo e emoção. ❖ Seu discípulo, o filósofo e cientista Aristóteles (384-322 a.C.), ofereceu ao mundo relevantes descrições do conteúdo da consciência (ALEXANDER & SELESNICK, 1968; KAPLAN & SADOCK, 1986; STONE, 1999) Figura: Platão Autor: Michelangelo
  • 6. Na medicina, o grande expoente da Grécia antiga foi Hipócrates (460- 377 a.C.), por ter atribuído às doenças causas naturais. Hipócrates relacionou os distúrbios mentais a alterações no cérebro (KAPLAN et al., 1980) Os romanos desempenharam um papel importante por terem registrado os escritos médicos dos gregos, transmitindo relevantes conhecimentos às civilizações futuras (WHITWELL, 1936) Fonte: www.cerebromente.org.br
  • 7. ❖ Na Idade Média, evidenciou-se com clareza o conflito conhecimento– fé. Com o declínio da civilização greco-romana, o homem retomou a crença no sobrenatural. ❖ A Igreja incumbiu-se de cuidar do homem e de suas doenças, usando o exorcismo a fim de expulsar o demônio dos corpos, isto é, para tratar perturbações humanas. ❖ Os loucos eram recolhidos em casas de internamento, juntamente com prostitutas, mendigos e criminosos. ❖ Em 1409, surgiu o primeiro hospício, em Valencia, na Espanha. ❖ No período da Inquisição (século XII) concepções mágicas e teológicas levaram à fogueira indivíduos portadores de doença mental (ALEXANDER & SELESNICK, 1968; WHITWELL, 1936).
  • 8. A Renascença caracterizou-se pelo redirecionamento do homem em busca da apreensão da realidade. O cientista Johann Weyer (1555-1588) descreveu algumas entidades diagnósticas em psiquiatria, tais como: ❖ Psicoses tóxicas ❖ Psicoses senis ❖ Paranóia ❖ Epilepsia ❖ Depressão ❖ Folie à deux (KAPLAN & SADOCK, 1986). Figura: Paranóia Fonte: atuleirus.weblog.com.pt
  • 9. ❖ No século XVII, quando o raciocínio indutivo se aliou ao julgamento intuitivo, a doença mental, gradativamente, desvinculou-se do misticismo e da religião. ❖ Nessa ocasião, a psiquiatria começou a caracterizar-se como um ramo da medicina. ❖ Paulo Zacchia (1584-1659), estudioso de medicina legal, acreditava que só o médico tinha competência para avaliar a condição mental do indivíduo. ❖ Empirismo, racionalismo, observação e classificação marcaram o período do Iluminismo – século XVIII –, possibilitando um maior entendimento dos distúrbios psiquiátricos, assim como a busca de um contato mais humano com os portadores de insanidade mental. ❖ Nesse período, loucos, criminosos, prostitutas e vagabundos eram trancados em asilos, onde vigorava um sistema repressivo (ALEXANDER & SELESNICK, 1968; KAPLAN & SADOCK, 1986).
  • 10. ❖ Philippe Pinel (1745-1826), médico francês, libertou os doentes das correntes e separou-os dos demais internos, quando dirigiu o Bicêtre e, mais tarde, a Salpêtrière em Paris. ❖ Em 1801, Pinel fez a primeira alusão ao que mais tarde ficou conhecido como transtorno de personalidade (ALEXANDER & SELESNICK, 1968; KAPLAN et al., 1980). O método de Pinel foi aplicado por seu discípulo Jean Etienne Esquirol (1772- 1840),que enfatizou o papel das emoções na origem da doença mental (EY et al.). Fonte: www.ch-charcot56.fr
  • 11. ❖ Na década de 1860, as observações de Charcot (1825-1893), médico neurologista na Salpêtrière, atraíram as atenções para os fatores psicológicos como mecanismos causadores da histeria. ❖ Ele utilizou a hipnose, posteriormente aprofundada nos estudos de Freud (KAPLAN et al., 1980; ZILBOORG, 1941; EY et al) ❖ No início do século XIX, Johann Reil (1759-1813) foi o primeiro a usar o termo psiquiatria, referindo-se ao tratamento da mente. ❖ Posteriormente, já em meados desse século, a psiquiatria firmou-se como especialidade, ganhando orientação científica e acadêmica (STONE, 1999; KAPLAN et al., 1980)
  • 12. ❖ Estabeleceram-se marcantes discussões entre organicistas e idealistas a partir do século XIX. ❖ A teoria organicista, segundo a qual as doenças mentais seriam decorrentes de causas cerebrais, foi defendida por: Griesinger (1817-1868), Maudsley (1838-1918), Von Krafft-Ebing (1840-1902), Wernicke (1848-1905), Korsakov (1854-1900) e Cerletti (1877-1963), dentre outros. ❖ A concepção denominada idealista – que afirmava serem os distúrbios mentais decorrentes de mecanismos psicológicos – teve representante como: Freud (1856-1939), Jung (1884-1958), Melanie Klein (1882-1960), Karen Horney (1885-1952) Otto Rank (1884-1939) (ALEXANDER & SELESNICK, 1968; PALOMBA, 2003)
  • 13. Entendiam que corpo e alma – soma e psyché – eram instâncias distintas, mas atuavam conjuntamente na determinação do fenômeno saúde–doença. Esses grandes mestres romperam à dicotomia que prevalecia, até então, abraçando a concepção unicista ❖ Esquirol (1772-1840), ❖ Herbart (1776-1841), ❖ Jean Pierre Falret (1794-1870), ❖ Morel (1809-1873), ❖ William James (1842-1910), ❖ Eugen Bleuler (1856-1939) ❖ Gilles de La Tourette (1857-1904) (PALOMBA 2003; MAYER-GROSS et al., 1972)
  • 14. A importância do psiquiatra alemão Emil Kraepelin (1855-1926) deve-se ao fato de ter ele demonstrado a necessidade de a psiquiatria incorporar o modelo médico, com a descrição detalhada dos sintomas e a organização dos achados clínicos. Sistematizou as síndromes e estabeleceu o diagnóstico nosológico, isolando as duas formas básicas de adoecimento psíquico – demência precoce e loucura maníaco-depressiva – e distinguindo as demências senis da paralisia geral (ZILBOORG, 1941).
  • 15. ❖ Coube ao suíço Adolph Meyer (1866-1950) impulsionar a psiquiatria americana nas primeiras décadas do século XX. ❖ Para ele, era possível entender melhor o indivíduo considerando não apenas os aspectos constitucionais, mas também os fatores ambientais (ALEXANDER & SELESNICK, 1968; STONE, 1999)
  • 16. Sigmund Freud (1856-1939), médico austríaco, destacou-se como a mais representativa figura da psicanálise, tendo desempenhado papel importante na compreensão da mente humana. Coube a ele desenvolver a teoria e a técnica do tratamento psicanalítico.
  • 17. O psiquiatra alemão Eugen Bleuler (1857-1939), em 1924, estudou sobre a demência precoce, para a qual propôs o nome esquizofrenia, e descreveu os sintomas que considerou fundamental na identificação da doença (STONE, 1999; KAPLAN et al., 1980) No que se refere aos estudos das patologias, destacaram-se Karl Jaspers (1883-1979), Kurt Schneider (1887-1967) e Henri EY (1900-1977). Coube a Alfred Binet (1857-1911) e a Hermann Rorschach (1884-1922) a criação de testes para avaliação de inteligência e personalidade respectivamente (PALOMBA, 2003; ALEXANDER & SELESNICK, 1968) Eugen Bleuler
  • 18. Até o fim da II Guerra Mundial, os métodos terapêuticos em psiquiatria eram pouco eficazes, usando-se, largamente, o eletrochoque no período de 1937 a 1945, quando teve início a era farmacoterápica (RIGONATTI & ROSA, 2001)
  • 19. ❖ A síntese da clorpromazina (neuroléptico) por Charpentier, em 1950, e sua aplicação nas psicoses por Jean Delay e Pierre Deniker, em 1952, mudaram toda a terapêutica até então utilizada. ❖ Em 1957, surgiram os antidepressivos, dentre eles o inibidor da monoaminoxidase, sintetizado por Klein, e a imipramina, por Kuhn. J. F. Cade descobriu a utilidade do carbonato de lítio no tratamento da mania em 1949, o qual passou a ser testado e utilizado por Mogens Schou na Europa a partir de 1956, como estabilizador de humor. ❖ Quanto aos benzodiazepínicos, sintetizados em 1958 por Sternbach, que descobriu suas propriedades tranqüilizantes. ❖ Nas décadas de 1960, 1970 e 1980, houve a grande expansão da psicanálise, seguida do aparecimento de uma série de linhas psicoterápicas: psicodrama, terapia comportamental, musicoterapia e outras (PALOMBA, 2003)
  • 20. ❖ A psiquiatria social, que explica a doença mental como produto principalmente do modelo social, passou a ocupar um espaço relevante no final dos anos 1960 (LANGSLEY, 1980). ❖ A Classificação Internacional das Doenças (CID-10) se iniciou em 1893 como Classificação de Bertillon ou Lista Internacional de Causas de Morte. ❖ Na sexta revisão, incluiu-se uma seção dedicada aos transtornos mentais. Os critérios para o diagnóstico vêm sendo, progressivamente, aprimorados. ❖ Na década de 70, foram criados os Critérios Diagnósticos para Uso em Pesquisas Psiquiátricas (APB, 2003). ❖ Atualmente, são utilizados a CID, da OMS, 10ª revisão (1992), e o Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders quarta revisão (DSM-IV), da American Psychiatric Association (1994). ❖ Trata-se de uma metodologia descritiva, aplicada a um sistema ateórico na definição e classificação das doenças. Essa transformação levou a uma melhora na concordância diagnóstica e na confiabilidade dos achados (BASTOS, 2000).
  • 21. ❖ O avanço da psiquiatria demonstra a complexidade do ser humano e a impossibilidade de ser ele avaliado sob um único ponto de vista. ❖ A integração dos conhecimentos, com abrangência biopsicossocial, é necessária para a compreensão do indivíduo na sua totalidade. ❖ Tem ocorrido grande progresso na psicofarmacologia com o surgimento de novos agentes para o tratamento farmacológico de psicoses, depressão, agitação, ansiedade, insônia, enfermidades e quadros demenciais. ❖ As novas drogas, além de mais eficazes, têm melhor perfil quanto a efeitos secundários e vêm melhorando a qualidade de vida de pacientes portadores de transtornos neuropsiquiátricos. ❖ Tais substâncias têm menor potencial de interação medicamentosa, o que acarreta maior adesão dos pacientes aos tratamentos (GORENSTEIN & SCAVONE, 1999)
  • 22. ❖A neuroquímica, a genética molecular, a psicofarmacologia, a psicopatologia quantitativa, a psiconeuroendocrinologia, a psicoimunologia, a bioestatística, a informática e a epidemiologia clínica vêm promovendo o reencontro da psiquiatria com o modelo médico (BASTOS, 2000). ❖ A revolução tecnológica possibilitou o acesso não apenas à maquinária de modificação, composição e síntese de substâncias orgânicas e inorgânicas, mas também a aparelhos computadorizados, com medição e observação macroscópica e microscópica, o que vem contribuindo para o surgimento de novas drogas e o desvendamento dos mecanismos bioquímicos dos transtornos mentais.
  • 23. ❖ Vem crescendo em ritmo acelerado o uso da neuroimagem em psiquiatria, com o desenvolvimento de métodos capazes de fornecer imagens cada vez mais nítidas do cérebro humano. ❖ As investigações efetuadas de aspectos anatômicos estruturais, usando a ressonância magnética, a tomografia computadorizada por emissão de pósitrons e fóton única, além da ressonância magnética espectroscópica e funcional, mostraram-se adequadas para o estudo de mudanças na dinâmica funcional do cérebro, assim como capazes de possibilitar a investigação de alterações em vias neuroquímicas, antes e após a administração de medicamentos. ❖ Essas novas tecnologias em neuroimagem permitem detectar as mínimas alterações na estrutura e no metabolismo de áreas cerebrais específicas. ❖ Elas contribuíram, decisivamente, para mudar as classificações dos transtornos, sem, contudo, reduzir os sintomas psiquiátricos a elementos puramente biológicos (ROCHA et al., 2001)
  • 24. No Brasil, essas novas tecnologias já estão disponíveis, e muitas pesquisas têm sido realizadas, possibilitando a aplicação clínica da neuroimagem à neuropsiquiatria (BUSSATO FILHO et al., 2001) As novas tecnologias são elementos poderosos no exercício da arte médica psiquiátrica. Cabe ao profissional utilizar-se delas, sem esquecer, contudo, do contato humano, da relação médico–paciente (PERESTRELLO, 1989)