1. Universidade de São Paulo
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Liga Acadêmica de Farmacoterapia
Cuidados Farmacêuticos em
Neonatologia
Ma. Sandra C Brassica
Farmacêutica Clínica – HU-USP
Julho, 2011
2. Programa
1ª. Parte
I- Introdução
II- Histórico e desenvolvimento
2ª. Parte
III-Particularidades da população neonatal
Exposição in útero
Diferenças farmacodinâmicas e farmacocinéticas e seu
impacto na administração de medicamentos
Principais enfermidades e tratamentos empregados
3ª. Parte
IV- Assistência farmacêutica neonatal
4. Apenas ¼ dos medicamentos possuem
indicações específicas para crianças
aprovadas pelo FDA-EUA
Poucas informações (farmacocinética,
eficácia e segurança)
Uso “off-label” de medicamentos
> suscetibilidade a ocorrência de
eventos adversos a medicamentos
5. Dificuldades
• dificuldade de inclusão de sujeitos de pesquisa;
• complexidade da estratificação;
• necessidade de realocação destes sujeitos no decorrer do estudo;
• limitação de retorno financeiro para a indústria;
• Custo dos ensaios e registro de novas indicações ;
• complexidade da realização dos ensaios
6. Médico
?? ?
Farmacêutico
Enfermeiro
dificuldade no ajuste de doses, inexistência de formas
farmacêuticas adequadas, amplo emprego de
formulações extemporâneas
Erros, reações adversas, toxicidade ou ineficácia terapêutica.
(PANDOLFINI; BONATI, 2005)
7. Relação Risco x Benefício
“O emprego de fármacos sem a devida garantia de
eficácia e, sobretudo, da segurança somente pode ser
justificado em situações nas quais o risco de se utilizá-
los é menor do que o de não fazê-lo.”
(WANNMACHER, 2007)
8. Ensaios clínicos, Evidência, Ética e Legislação
A utilização de medicamentos “não licenciados e sem
indicação” não é capaz de gerar evidências e ainda expõe esta
população a riscos que poderiam ser monitorados em ensaios
clínicos controlados.
(RACHMANINA E VAN DEN ANKER , 2006)
Sua utilização é uma prática comum e, ao mesmo tempo, um dilema.
Apesar de não constituir um preceito ilegal, pode oferecer risco ao
paciente, sendo o médico e o farmacêutico responsáveis por qualquer
evento adverso relacionado ao seu uso.
(ASHP, 1992; BARR et al, 2002; COLLIER, 1999; DICK et al, 2003; FDA, 1982)
11. Brasil
Brasil
[...] o uso destes medicamentos é feito
por conta e risco do médico que o
prescreveu, e pode eventualmente vir
a caracterizar um erro médico, mas
em grande parte das vezes trata-se de
uso essencialmente correto, apenas
ainda não aprovado[...].
(ANVISA, 2005)
12. Doses em pediatria
? ??
Não há consenso relativo à determinação da posologia em crianças.
Em geral, os cálculos usam peso, superfície corporal e idade, devendo ser individualizados, embora em
muitas bulas de medicamentos o fabricante coloque doses de acordo com peso ou faixa etária.
Em algumas situações, especialmente quando o medicamento é novo, pode-se calcular a dose da
criança em função da do adulto.
Porém, se ainda não há doses para crianças, muito provavelmente esse medicamento ainda não foi
testado suficientemente, necessitando indicação e monitoramento ainda mais criteriosos.
13. Dose, Forma farmacêutica, Apresentação
Erros de medicação
•Necessidade de efetuar cálculos para a prescrição;
•↓ disponibilidade de especialidades farmacêuticas gerando a necessidade
de manipulação ou transformação de formas farmacêuticas para uso adulto;
•Grande utilização de suspensões extemporâneas para uso oral
(homogeneidade) ;
•Variabilidade de concentrações;
•Necessidade de realização de cálculos para administração intra-hospitalar
pela equipe de enfermagem;
•Necessidade de preparo dos cuidadores para tratamentos domiciliares.
14. Contexto Histórico
O respeito à criança é relativamente recente na história humana.
O infanticídio era comum entre os povos antigos. Platão e Aristóteles,
considerados os homens mais avançados de seu tempo,
recomendavam-no em determinadas circunstâncias (crianças
malformadas, por exemplo), para preservar somente as crianças
saudáveis e geradas em boas condições e evitar o excesso de
população. Em Roma, o pai tinha direito de decidir sobre a vida do filho.
(Godin & Glantz, 1994)
15. Evolução
2a. Guerra Mundial/... “Unidades especiais de cuidados aos recém-nascidos” - Inglaterra
poucos recursos; observação cuidadosa das enfermeiras;
Incubadoras (alto custo), unidade inteira era mantida aquecida;
O2 administrado extensivamernte até o final da década de 1950.
1950-1960 – UTI Neonatal: proporcionar melhor suporte aos recém-nascidos
manutenção da temperatura corporal;
isolamento;
alimentação especializada;
acesso a equipamentos e recursos especiais (incubadoras, oxigenioterapia).
eliminação da doença infecciosa = principal responsável pelo declínio da mortalidade infantil;
déc. 70 - hospitais de alta complexidade (centralização da assistência) em países mais desenvolvidos;
bebês nascidos de parto cesárea ou menores 2,5Kg;
déc. 80 - aumento da tecnologia; questionamentos (custos financeiros e humanos provenientes do tratamento
de RNPTE, foco na prevenção);
Atual - maior humanização do atendimento, incentivo a maior envolvimento com os bebês (Canguru).
16. 2ª. Parte
População neonatal
Paciente especial
•Enfermidades específicas (não apresentadas por outras faixas etárias)
•Sinais e sintomas inespecíficos
•Dependência (em relação a cuidadores)
•Dificuldade de expressão
17. Terminologia
Neonato: recém nascido menor que 28 dias de vida.
Prematuro: recém nascido menor que 37 semanas de
gestação.
Idade gestacional: data da concepção ao nascimento
(IG).
Idade pós-natal: data do nascimento à atual.
Idade pós-concepcional: combinação da idade
gestacional e pós-natal.
18. Classificação
a) recém-nascidos pré – termo (RNPT) = < 37 semanas IG até 28 ddv;
b) recém-nascidos a termo (RNT) = ≥37 semanas IG até 28 ddv;
c) lactentes e crianças de 29 dias a 23 meses de idade.
(OMS, 2007)
19. Exposição in útero
•ilícitas => associadas a EA;
•licitas => nicotina e álcool também estão associadas a EA ;
• ± 5,1% das gestantes (EUA) utilizam maconha ou cocaína e >% tabaco e álcool.
20. Exposição in útero
Triagem neonatal — análise urinária (disponiblidade de material e método); detectam
apenas uso materno recente de cocaína e seus metabólitos, anfetaminas, maconha,
barbitúricos e opióides.
Consequências: complicações assocciadas a prematuridade, abstinência, retardo do
crescimento, inclusive no período pós natal, microcefalia, déficits comportamentais etc.
22. Exposição in útero
Fatores importantes quanto ao potencial teratogênico:
•Fase da gestação.
•Quantidade de medicamento e tempo de exposição.
Categoria de risco (FDA)
A Adequate and well-controlled studies have failed to demonstrate a risk to the fetus in the
first trimester of pregnancy (and there is no evidence of risk in later trimesters).
B Animal reproduction studies have failed to demonstrate a risk to the fetus and
there are no adequate and well-controlled studies in pregnant women.
C Animal reproduction studies have shown an adverse effect on the fetus and there
are no adequate and well-controlled studies in humans, but potential benefits
may warrant use of the drug in pregnant women despite potential risks.
D There is positive evidence of human fetal risk based on adverse reaction data from
investigational or marketing experience or studies in humans, but potential
benefits may warrant use of the drug in pregnant women despite potential risks.
x Studies in animals or humans have demonstrated fetal abnormalities and/or there
is positive evidence of human fetal risk based on adverse reaction data from
investigational or marketing experience, and the risks involved in use of the drug
in pregnant women clearly outweigh potential benefits.
24. Exposição in útero
Caso prático:
RN de MFC, ♂, RNT, AIG,
36 hdv, P = 3,4 kg
HD: Tremores a/e
HM: uso até a 30a. SG de clorpromazina, haloperidol,
prometazina e clonazepam. Não sabe informar as doses.
Afirma ter parado por conta própria.
25. O que é necessário considerar ao pensar na
farmacoterapia para esta faixa etária?
Faixa etária com características próprias em função dos diferentes graus de
maturação dos processos fisiológicos (digestiva, renal, hepática,
cardiovascular, etc.)
Adaptação biológica progressiva = modificações metabólicas , bioquímicas e
fisiológicas
Processos e mecanismos farmacodinâmicos e farmacocinéticos de
medicamentos
26. •> parte do peso corpóreo é constituído de água (75%
RN termo; 85% RNPT), ↑ de relação extracelular/
intracelular (40:60 neonato x 20:80 adulto).
• gordura representa cerca de 3% do peso corpóreo.
Impacto na administração de medicamentos:
Intravenosa: diluições próprias para esta população, diluição em casos de restrição hídrica,
velocidade de infusão, osmolalidade (flebites ↑ 900mOsm/Kg periférico).
• pequeno calibre das veias;
• < camada adiposa;
• emprego de pequenos volumes (erros de diluição).
Necessidades de maiores doses (mg/Kg) para alguns fármacos, devido ao maior volume de
distribuição.
Ex: aminoglicosídeos
Menor distribuição de fármacos lipossolúveis.
Intramuscular: absorção lenta e errática (↓ massa muscular, ↓ circulação sanguínea), limitação de
volume, dor no local da aplicação e imobilidade do RN.
Tópica: ↑ da absorção (estrato córneo menos espesso), ATENÇÃO RISCO DE TOXICIDADE
SISTÉMICA. Absorção variável.
27. Volumes máximos de fluídos intravenosos segundo o peso/dia
Peso (Kg) Volume
<1-1,5 150ml/Kg
1,5-2,5 120 ml/Kg
Retirado de: Carranza, Torrejón. Atención Farmacéutica em Pediatría.
28. Grupo muscular
Faixa etária Reto femoral Vasto lateral Dorsogluteal Ventrogluteal Deltóides
0-28 dias 0,25-0,5 ml 0,25-0,5 ml Não indicado Não indicado Não indicado
Agulhas e volumes
Agulha volume Vasto lateral
13x4,5 (RNPTE) 0,25 ml < 1Kg 0,5-1 ml
20x5,5 0,5 mL > 1Kg
20x6
Adaptado de: Carranza, Torrejón. Atención Farmacéutica em Pediatría.
29. • > pH do estômago (imaturidade das células parietais) até 32
semanas de idade gestacional).
↓ atividade das enzimas amilase, lipase e ácidos bilares.
↓ motilidade intestinal, ↑ do tempo de esvaziamento gástrico.
• imaturidade da mucosa intestinal (↑ da permeabilidade).
Impacto na administração de medicamentos:
Oral: diminuição da absorção de fármacos ácidos (fenobarbital/
fenitoína), ↓ da solubilidade de fármacos lipossolúveis, retardo do
início de ação. Atenção a osmolalidade: risco de enterocolite
necrotizante (↑ 460 mOsm/Kg).
Retal: alternativa para a administração sistêmica evitando o efeito de
primeira passagem.
30. • ↓concentração, qualidade e afinidade da ligação das
proteínas plasmáticas
• bilirrubina (produto final do catabolismo do grupo
heme) ligada de forma reversível a albumina.
Impacto na administração de medicamentos:
•> fração de droga livre plasmática, que é farmacologicamente
ativa (digoxina, fenitoína e fenobarbital) = RISCO DE
TOXICIDADE.
•possibilidade de deslocamento da bilirrubina pelo uso de
fármacos com alta afinidade à proteína plasmática. Obs. A
bilirrubina atravessa a BHE e pode ocasionar o Kernicterus.
31. Limitação de metabolismo hepático
Fase I - ↓ reações de oxidação, redução, hidrólise,
metilação e hidroxilação (polar => apolar; + -OH,
-COOH, -NH2; perda da atividade farmacológica)
até por volta do sexto mês de idade;
Fase II - ↓ reações de glucoronidação, sulfatação
e acetilação (=> hidrossolúvel) até por volta do
terceiro ou quarto anos de vida.
Toxicidade
Excipientes: propilenoglicol, álcool benzílico e polietilenoglicol
causam toxicidade em neonatos devido à função renal imatura.
32. Função hepática
Não há um marcador endógeno para predizer a função hepática em relação a
capacidade de eliminação de fármacos;
A escala de Child-Pugh* é frequentemente utilizada para verificar a severidade
da lesão hepática, mas oferece ao clínico um guia apenas qualitativo para a
avaliação da função hepática.
*BTF, INR, albumina, ascite e encefalopatia.
32
33. Ritmo de filtração glomerular ↓ nos prematuros:
cerca de 30 a 40% em relação ao adulto
(nefrogenese até 12 meses de idade).
34. Função renal
Clearance de creatinina: Cl Cr = K x L/SCR
K: constante de proporcionalidade Idade K
L: altura (cm) Prematuros < 1 ano 0,33
SCr: creatinina sérica Termos < 1 ano 0,45
2-12 anos 0,55
13-21 anos (fem) 0,55
13-21 anos (masc) 0,70
*Limitações: alterações de peso e RN na primeira
semana de vida.
34
38. Persistência do canal arterial
Persistência do ducto arterial
(PCA) é uma junção entre as
principais artérias pulmonares
e a aorta descendente.
O fechamento do canal
arterial ocorre nas primeiras
horas após o nascimento
devido ao aumento do sangue
oxigenado e diminuição da
concentração das
prostaglandinas.
39. Persistência do canal arterial
•Tratamento: NSAIDS
(indometacina x ibuprofeno);
Suporte ventilatório;
Restrição de OH (60-80%);
Diuréticos; Correção de distúrbios
ácido –base;
Medicamentos vasoativos se baixo
débito cardíaco sistêmico.
41. Enterocolite necrotizante
Etiologia: multifatorial (fatores maternos / características
individuais pré e pós-natais, medicamentos, agentes
hiperosmolares etc.)
Tratamento: antimicrobianos, probióticos com objetivo de ↓ o
crescimento de microorganismo patogênicos e garantir
colonização por flora adequada.
42. Sepse neonatal
•Precoce: 5 – 7 ddv
Microorganismos do canal de parto (estreptococos do grupo
B e E. coli), outros como Listeria monocytogenes,
Enterococcus, H. influenzae, K. pneumoniae.
•Tardia: após 5-7 ddv
Flora hospitalar (estafilococos, pseudomonas e candida).
Farmacoterapia: orientada ao provável agente etiológico.
43. Apnéia
>Incidência em prematuros.
Obstrutiva, central ou mista.
Farmacoterapia: xantinas e broncodilatadores
44. Convulsão neonatal
Tratamento: fenobarbital (1a.), fenitoína (2a.), diazepam ou lorazepam (3a.), outros
(4a.).
45. Icterícia neonatal
•Etiologia: alteração no metabolismo da bilirrubina (↑ produção /↓ excreção) por
deficiência enzimática, hemólise por IMF, deficiência de G6PD etc.
•Tratamento:fototerapia, exo-sanguíneo transfusão, imunoglobulina, fenobarbital,
ácido ursodeoxicólico.
46. Deficiência de G6PD
Medidas: evitar exposição, sempre que possível, a medicamentos que
reconhecidamente causam hemólise.
49. Seguimento
• Auxílio na escolha da farmacoterapia adequada;
• Avaliação farmacêutica;
• Orientação sobre alternativas disponíveis e alertas farmacoterapêuticos oficiais;
• Orientação sobre o correto manuseio e administração dos medicamentos;
• garantia de técnicas adequadas para os processos de preparo e dispensação de
medicamentos;
• participação na elaboração e controle de processos de prevenção, relato e
gerenciamento de erros de medicação;
• Análise de ocorrência de eventos adversos; identificação de pontos críticos e
implementação de ações de segurança; relato (Autoridade sanitária/ fabricante);
• verificação (paciente, cuidador ou equipe de enfermagem) da aceitação e/ ou
dificuldades da terapêutica proposta;
• esclarecimento de dúvidas dos pacientes ou cuidadores relacionadas a
medicamentos.
50. Horários de administração
•Adequados de acordo com a posologia;
•Coerentes com relação a administração de outros fármacos
que possam resultar em interação medicamentosa.
•Coerentes com os horários de dieta para evitar interações
fármaco x alimentos.
51. Interações
Medicamentos
Medicamentos X nutrientes
Medicamentos X exames laboratoriais
52. Cuidados especiais
Alimentação e sondas oro ou naso gástricas
•Atenção:
• a forma de administração ( administração de formas farmacêuticas
compatíveis e lavagem pós administração).
• horários de administração de dietas e fármacos ( interações e
diminuição da oferta calórica; ajustar freqüência se necessário).
• com medicamentos de solubilidade baixa e que aderem ao PVC).
53. Diâmetro das sondas usadas em neonatologia
Gástricas: <1,5Kg = 4 Fr; >1,5 kg= 6 Fr
Enterais: 6 Fr
Fármaco Características
cálcio Lavar a sonda após a dministração
cefalexina Algumas formulações causam obstrução
(viscosidade)
claritromicina Calibre <9Fr (grânulos/ viscosidade)
54. Acessos venosos
• quanto maior o tempo de internação menor a facilidade de obtê-los;
• maior número de acessos = maior exposição a infeccção;
• soluções de osmolaridades > 900 mOsmol demandam acessos
centrais;
• restringem a movimentação das crianças.
Auxiliar sua preservação e
verificar incompatibilidades Orientar a equipe
entre soluções
55. Nutrição Parenteral
•Essencial no tratamento intra-
hospitalar do recém-nascido pré-termo
(RNPT).
•Grande desafio, pois quanto menor o
peso e a idade gestacional do recém-
nascido (RN), maiores serão as suas
necessidades nutricionais para atingir
crescimento e desenvolvimento
adequados.
56. Desafios da NP para neonatos
Compatibilidade
+
Estabilidade
• Volume;
• Osmolaridade;
• cátions divalentes, heparina;
• Temperatura e luz ambiente.
57. Nutrição parenteral
Em neonatologia:
•São individualizadas de acordo com a necessidade dos pacientes;
•São muito concentradas devido a reduzida oferta de volume e
maior demanda energética => RISCO DE IMCOMPATIBILIDADES
FÍSICO-QUÍMICAS!
•Constituem grandes oportunidades de erros devidos aos vários
cálculos de volume e nutrientes => RISCO DE SOBREDOSE DE
ÍONS Na+ e K+.
58.
59. Fármacos & Amamentação
A amamentação somente deve ser
contra-indicada em caso de risco
reconhecido ao lactente.
(Academia Americana de Pediatria – 2001)
60. Fármacos & Amamentação
Para lactentes filhos de mães que recebem medicamentos deve
se considerar:
• se o uso de medicamentos é necessário.
• se o fármaco escolhido é o mais seguro.
• se a possibilidade de monitorização da concentração sérica do
fármaco caso este possa passar para o leite materno.
• se e possível administrar o medicamento à mãe após a
mamada.
61. Fármacos & Amamentação
D r u g s f o r W h ic h t h e E f f e c t o n N u r s in g
In f a n t s Is U n k n o w n b u t M a y B e o f C o n c e r n
Alprazolam Paroxetine
Diazepam Sertraline
Lorazepam Chlorpromazine
Midazolam Clozapine
Amitriptyline Haloperidol
Bupropion Amiodarone
Clomipramine Chloramphenicol
Desipramine Lamotrigine
Fluoxetine Metoclopramide
Imipramine Metronidazole
Nortriptyline
62. Fármacos & Amamentação
Drugs That Have Been Associated With Significant Effects on Some Nursing
Infants and Should Be Given to Nursing Mothers With Caution
Atenolol
Aspirin
Clemastine
Lithium
Phenobarbital
Primidone
Sulfasalazine
64. Erros de medicação
Erro de medicação é qualquer evento evitável que, de fato ou
potencialmente, pode levar ao uso inadequado de medicamento. O
uso inadequado pode ou não lesar o paciente, não importando se o
medicamento se encontra sob o controle de profissionais de saúde
ou do paciente.
O erro pode estar relacionado à prática profissional, produtos
usados na área da saúde, procedimentos, problemas de
comunicação, incluindo-se prescrição, rótulos, embalagens, nomes,
preparação, dispensação, distribuição, administração, educação,
monitoramento e uso de medicamentos.
(http://www.anvisa.gov.br/farmacovigilancia/erro/definicao.htm)
65. Erros de medicação
Podem ocorrer em várias etapas:
Prescrição (medicamento, dose, freqüência, via incorretos).
Dispensação (medicamento, quantidade, paciente errados)
Administração (medicamento, dose, freqüência, via incorretos).
66. Erros de medicamentos na população neonatal tem
incidência variável, no entanto podem ter
conseqüências graves.
Idade Tipo Descrição Consequência
1 ddv Dose Morfina 15 mg ao invés de Morte
0,15 mg
1 ddv Dose Prescrito Digoxina 32,0 mcg; Morte
administrado 320 mcg ao
invés de 32 mcg
1 mês Velocidade de infusão Dobutamina Morte
Cousins et al, 2002.
67. Erros de medicação
Medidas de segurança devem ser
implantadas para evitar sua
ocorrência.
68. Erros de medicação
Erros acontecem e sempre estiveram presentes na história do homem
e de sua civilização. Os motivos que viabilizam as manifestações
dos erros são explicados pela existência de “lacunas” promovidas
pela fragilidade das condições humanas, pela passividade de falhas
nos engenhos industriais e pela vulnerabilidade de sistemas
gerenciais.
Sendo o erro um fato incontestável, há o consenso da sociedade
científica de que o enfoque para seu enfrentamento e superação
deve permear medidas preventivas planejadas e sistematizadas.
(Cuidado e Saúde Maringá, v. 3, n. 2, p. 153-160, mai/ago. 2004)
70. Erros de medicação
Estratégias
•Sensibilização e envolvimento de todo os profissionais.
•Incentivo aos relatos espontâneos de ocorrência.
•Mudança de posturas punitivas que inibem relatos espontâneos e
entendimento dos processos que facilitam a ocorrência de erros.
•Revisão contínua das ocorrências e de processos.
•Simplificação e otimização de processos.
•Utilização de tecnologia e de boas práticas.
•Desenvolvimento e implantação de mecanismos de checagem de
procedimentos.
71. Erros de medicação
Estratégias
Remoção de medicamentos perigosos dos postos de enfermagem.
1)KCl
2) Digoxina
3) Insulina
4) Lidocaína
Os 10 medicamentos 5)Antineoplásicos
mais perigosos 6) Soluções de glicose concentradas
7) Narcóticos
8) Adrenérgicos
9) Teofilina
10) Bloqueadores neuromusculares
72. Erros de medicação
Estratégias
Evitar manter medicamentos com variadas
concentrações ao acesso nos postos de
enfermagem.
Exemplos:
Atropina 0,25 mg/ mL e 0,50 mg/ mL
Midazolam 1 mg/mL e 5 mg/ mL
73. Indispensável
Conhecimentos em farmacoterapia.
Conhecimento sobre aspectos sócio-culturais da população
atendida.
Saber ouvir e saber perguntar.
Adaptar linguagem quando necessário para que a mensagem seja
bem entendida.
Observar e interpretar mensagens não verbais.
Verificar habilidades cognitivas e de aprendizado, dificuldades
físicas ou visuais dos pais ou cuidadores.
Verificar a intenção em aderir ao tratamento.
74.
75.
76.
77.
78.
79. Caso Prático
•Identificação: RN, MSM, sexo masculino, neonato, 17 ddv, P = 1,5 Kg.
•HD: RPNT, asfixia perinatal grave, DRP (IOT/VM), sepse , convulsão neonatal, apnéia neonatal, IRA.
Prescrição médica
Itens Horários Observações
1- Jejum VO
2- SOG aberta
3- NPP 150 mL em 24 horas
4- vancomicina 15 mg EV 6/6 horas 10 16 24 06
5 -amicacina 45 mg 1x/dia 16
6 -fluconazol 9 mg 1x/dia 16
7 -fentanila 150 mcg
midazolam 15 mg 0,2 ml/h ou acm
SF qsp 6 ml
8- fenobarbital 3,75 mg EV 12/12 horas 10 22
9- aminofilina 3 mg EV 12/ 12 horas 12 24
10- CCG
79
80. Caso Prático
Prescrição médica
Itens Horários Observações
1- Jejum VO
2- SOG aberta
3- NPP 150 mL em 24 horas
4- vancomicina 15 mg EV 6/6 horas 10 16 24 06 1) Ajuste de dose (Função renal)
5- amicacina 45 mg 1x/dia 16 1) Falta via de administração;
2) Sobredose
6- fluconazol 9 mg 1x/dia 16 1) Falta via de administração;
2) Ajuste de dose (Função renal)
7- fentanila 150 mcg
midazolam 15 mg 0,2 ml/h ou acm
SF qsp 6 ml
8- fenobarbital 3,75 mg EV 12/12 horas 10 22 1) Administrar 1 x /dia; 2) Não infundir
em “Y” c/ midazolam
9- aminofilina 3 mg EV 12/ 12 horas 12 24 1) Não infundir em “Y” c/ midazolam
10- CCG *Inserir fármaco para profilaxia da
úlcera de estresse
80
82. Referências
1. Anvisa. Como a ANVISA vê o uso off label de medicamentos; 23 de maio de 2005a.
Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/registro_offlabel.htm. Acesso em:
22 jul. 2006.
2. AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Committee on Drugs. Uses of drugs not
described in the package insert (Off-label Uses). Pediatrics, Evanston, v. 110, n.1,
2002.
3. AMERICAN SOCIETY OF HOSPITAL PHARMACISTS. Statement on the use of
medications for unlabeled uses. Am. J. Hosp. Pharm., Bethesda, v.49, n. 8, p.
2006-2008, 1992.
4. BAER, G.R.; NELSON, R.M. Ethical Challenges in Neonatal Research: Summary
Report of the Ethics Group of the Newborn Drug Development Initiative. Clin. Ther.,
Princeton, v. 28, n. 9, p. 1399-1407, 2006.
5. BARR J.; BRENNER-ZADA, G.; HEIMAN, E.; PARETH, G.; BULKOWSTEIN, M.;
GREENBERG, R.; BERKOVITCH, M. Unlicensed and off-label medication use in a
neonatal intensive care unit: A prospective study. Am. J. Perinatol., New York, v. 19,
n. 2, p. 67 – 72, 2002.
6. BARTELINK, I. H., RADEMAKER, C. M. A., SCHOBBEN A.F.A.M., ANKER, V. J.N.
Guidelines on Paediatric Dosing on the Basis of Developmental Physiology and
Pharmacokinetic Considerations. Clin Pharmacokinet (2006); 45 (11): 1077-1097.
82
83. Referências
7. BRASSICA, S.C. O papel do farmacêutico na utilização de medicamentos não
aprovados e em indicações não licenciadas. In: STORPIRTIS, S.; MORI, A. L. M.;
YOCHIY, A.; RIBEIRO, E.; PORTA, V., eds. Farmácia Clínica e Atenção
Farmacêutica. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2008. Cap. 23, p. 221-225.
8. BRION, L.P.; PRIMHAK, RA; AMBROSIO-PEREZ, I. Diuretics acting on the distal
renal tubule for preterm infants with (or developing) chronic lung disease Cochrane
Database of Systematic Reviews. The Cochrane Library, n. 2, 2008. Art. No.
CD001817. Disponível em: http://cochrane.bvsalud.org/doc.php?
db=reviews&id=CD001817. Acesso em: 9 nov. 08.
9. BRION, L.P.; SOLL, R. Diuretics for respiratory distress syndrome in preterm
infants. Cochrane Database of Systematic Reviews. The Cochrane Library, n. 2,
2009. Art. No. CD001454. Disponível em:
http://cochrane.bvsalud.org/cochrane/main.php?
lib=COC&searchExp=furosemide%20and%20neonate&lang=pt. Acesso em: 15
maio 2009.
10. BRITISH MEDICAL ASSOCIATION; ROYAL PAHRMACEUTICAL SOCIETY OF
GREAT BRITAIN; ROYAL COLLEGE OF PAEDIATRICS AND CHILD HEALTH;
NEONATAL AND PAEDIATRIC PHARMACISTS GROUP. British National
Formulary for Children. London: BMJ Publishing Group, 2007.
83
84. Referências
11. CHAVES, R, G., LAMOUNIER, J. A. Uso de medicamentos durante a lactação. J
Pediatr (Rio J). 2004;80(5 Supl):S189-S198.
12. COSTELLO, I. Paediatric pharmacokinectics and pharmacodynamics. In:
COSTELLO, I; LONG, P.F; WONG, I.K; TULEAU, C.; YEUNG, V., eds. Paediatric
drug handling. London: Pharmaceutical Press, 2007. Chap. 1, p. 1-11.
• LERNER, R. B. M. E.; CARVALHO, M.; VIEIRA, A. A., LOPES, J. M. A.;
MOREIRA, M. E. L. Medication errors in a neonatal intensive care unit. J Pediatr
(Rio J). 2008;84(2):166-170.
• MOORE, T.J.; WEISS, S.R.; KAPLAN, S.; BLAISDELL, C.J. Reported adverse
drug events in infants and children under 2 years of age. Pediatrics, Washington,
v. 110, n.5, p. 1-5, 2002.
15. OSBORN DA, PARADISIS M, EVANS N. Efecto de los fármacos inotrópicos
sobre la morbilidad y mortalidad en neonatos prematuros con reducción del flujo
sanguíneo sistémico u orgánico. Cochrane Database of Systematic Reviews. La
Biblioteca Cochrane Plus, n. 3, 2008. Disponível em:
http://cochrane.bvsalud.org/cochrane/main.php?lib=BCP&searchExp=dobutamine%20and%20dop
. Acesso em: 15 maio 2009.
16. REEDER, TA; MUTNICK, A. Pharmacist- versus physician-obtained medication
histories. Am J Health-Syst Pharm. Vol 65 May 1, 2008, 857-860.
84
85. Referências
17. ROMÁN, J.S., HERNÁNDEZ, F.J.G., PALMA, M.J.C., MEDINA, Y.C.O. Diagnóstico y
tratamiento de la hipertensión pulmonar. Rev. Clin. Esp., Madrid, v. 208, n. 3,
p.142-155, 2008.
18. VERBEECK, R. K. Guidelines on Paediatric Dosing on the Basis of developmental
Physiology and Pharmacokinetic Considerations. Eur J Clin Pharmacol (2008);
64:1147–1161.
• SINHA, Y.; CRANSWICK, N. How to use medicines in children: Principles of
paediatric clinical pharmacology. J. Paediatr. Child Health, United Kingdon, v. 43, n. 3,
p.107-111, 2007.
• SNIJDERS, C.; LINGEN, R A V; MOLENDIJK,A.; FETTER, W P F . Incidents and
errors in neonatal intensive care: a review of the Literature. Arch Dis Child Fetal
Neonatal. Ed 2007;92:391–398.
21. TULEU, C. Paediatric formulations in practice. In: COSTELLO, I; LONG, PF; WONG, I
K; TULEAU, C; YEUNG, V., eds. Paediatric drug handling. London: Pharmaceutical
Press, 2007. Chap. 4, p. 43-74.
6. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Promoting safety of medicines for children.
Geneva, 2007a. Disponível em:
http://whqlibdoc.who.int/publications/2007/9789241563437_eng.pdf. Acesso em: 08
ago. 2008.
7. YEUNG, V. Clinical trials in children. In: COSTELLO, I; LONG, P.F.; WONG, I.K;
TULEAU, C; YEUNG, V. Paediatric drug handling. London: Pharmaceutical Press,
2007. Chap. 6, p. 85-119.
85