Este documento discute conceitos de inovação, diversidade e sustentabilidade no contexto da tecnologia educacional. Ele propõe novas abordagens metodológicas como pesquisa baseada em design, modelo de design baseado na cultura e agenda social crítica no design para desenvolver projetos educacionais contextualizados e participativos.
2. Inovação
Diversidade
Sustentabilidade
Conceitos resignificados e
reapropriados em diferentes contextos
da sociedade atual por conta:
- da crise dos paradigmas dos modelos
de desenvolvimento econômico, social
e cultural
- dos avanços científicos e tecnológicos
E portanto, ganham relevância na área
da Educação e no campo da Tecnologia
Educacional
» Introdução
3. Educação
» Conceito
Processo de transmissão, construção e
reconstrução do conhecimento e da formação de
cidadãos competentes e conscientes de seu papel
em nossa sociedade, capazes de atuarem
produtivamente e de forma comprometida em seus
ambientes sociais e em suas atividades
profissionais. (Struchiner e Giannella, 2002)
* Democracia * Direito ao Conhecimento *
* Direito ao Trabalho * Cidadania *
4. Tecnologia Educacional
Identidades, Conceitos e Sentidos
Tecnologia educacional?
Tecnologia na Educação?
(Novas) Tecnologias de Informação e Comunicação
na Educação?
Educação a Distância???
E outros........
5. Tecnologia
* Conceito mais restrito: artefato ou bem material produzido
pela ciência
* Chaves (1999) “se refere a tudo aquilo que o ser humano
inventou, tanto em termos de artefatos como de métodos e
técnicas, para estender a sua capacidade física, sensorial,
motora ou mental...”
* Bazzo et al. (2003), definem “como sistema e não somente
como artefato, para incluir instrumentos materiais como
tecnologias de caráter organizativo (sistema de saúde,
sistema educacional etc)
6. Tecnologia e Educação
* Sancho (2006), Kenski (2003), Pucci (2010) e Barreto (2003) propõem
reconceituar a TE a partir da constatação de que a educação escolar é
tecnológica em essência, ou seja, é expressão de determinadas:
tecnologias simbólicas (linguagem, representações icônicas,
saberes escolares etc)
organizacionais (gestão, arquitetura escolar, disciplina etc)
materiais (quadro, giz, televisão, vídeo, computador etc).
* Visões de Tecnologia e suas implicações para a Educação
tecnofobia e tecnofilia X incorporação crítica (Sancho, 1998)
Teoria Crítica da Tecnologia (TCT) x visão determinista
(instrumentalismo e substantivismo) (Feenberg, 1999, 2004)
TCT – influência social na criação e transformação das tecnologias
nos contextos sociais
7. Tecnologia Educacional
A Tecnologia Educacional fundamenta-se em
uma opção filosófica, centrada no
desenvolvimento integral do homem inserido
na dinâmica da transformação social;
concretiza-se pela aplicação de novas teorias,
princípios, conceitos e técnicas num esforço
permanente de renovação da educação. (ABT,
1982)
* Democracia * Direito ao Conhecimento *
* Direito ao Trabalho * Cidadania *
8. Inovação
* Mudança * Modernização * Renovação * Reforma *
Campo da psicologia social - estuda a Inovação (difusão/adoção)
em diversas atividades sociais (Rogers e Schumacker, 1982)
Inovação refere-se a introdução de algo novo (idéia,
procedimento, recurso): originalidade, novidade e racionalidade.
Garcia (2009), Fullan (2001), Carbonell (2002) e Cardoso (2003): a
inovação liga-se a um conjunto de intervenções, decisões com
certo grau de intencionalidade e sistematização, que visam
transformar as atitudes, idéias, culturas, conteúdos, modelos e
práticas pedagógicas.
X X XX
9. Inovação
* a natureza da inovação na educação:
(1) uso de novos materiais, curriculos e
tecnologias; (2) novas abordagens de
ensino, estratégias e atividades; (3)
mudanças nas crenças e pressupostos
das práticas pedagógicas (dimensões)
* condição essencial da inovação é sua
capacidade de melhorar a prática
vigente
* a inovação integra-se aos hábitos,
rotinas institucionalizados, despertando
atitudes (favorável X desfavorável) dos
professores (Cardoso, 2002)
* provoca um certo grau de incerteza:
abandonam-se certas referências e
perdem-se competências
(temporariamente)
* sentidos da inovação: verticais
(enfraquecem a autonomia, reforçam a
divisão do trabalho - quem pensa e
quem faz); baixa participação dos
professores, pouca continuidade x
horizontais (partem dos professores)
* especialistas e políticos tendem a
achar que a inovação vai resolver os
problemas educacionais (regulatório,
técnico) – descontextualizados da
prática do professor
* caráter sedutor, e escamoteador da
complexidade envolvida no processo >
superficialidade
* há poucos estudos sobre inovação,
seus efeitos, causas para continuidade
e descontinuidade
10. Diversidade e Pluralidade
A diversidade é norma da espécie humana: seres humanos são diversos
em suas experiências culturais, são únicos em suas personalidades e são
também diversos em suas formas de perceber o mundo. Seres humanos
apresentam, ainda diversidade biológica. Algumas destas diversidades
provocam impedimentos de natureza distinta no processo de
desenvolvimento das pessoas (as comumente chamadas de “portadoras
de necessidades especiais”). Como toda a forma de diversidade é hoje
recebida na escola, há a demanda óbvia, por um currículo que atenda a
essa universalidade.(Elvira Souza Lima, 2006, p.71)
Diversidade > contrução histórica, cultural e social das diferenças.
Esta construção ultrapassa as características biológicas (biodiversidade),
que são observáveis a olho nú e mesmo estas observações são pautadas
pela cultura, vida social e pelas relações de poder
Influenciam a construção da identidades: raça, gênero, sexualidade,
classe social, gênero, profissão etc.
11. Diversidade e Pluralidade
O conhecimento, a cultura e o currículo são produzidos no contexto das
relações sociais e de poder. Desconsiderar as relações desiguais entre
grupos é reificar o conhecimento e o currículo, destacando seus aspectos
de consumo e não de produção (Tomás Tadeu da silva, 1995).
A escola sempre teve dificuldade em lidar com a pluralidade e a
diferença. Tende a silenciá-las e neutralizá-las. Sente-se mais
confortável com a homogeneização e a padronização. No entanto, abrir
espaços para a diversidade, a diferença e para o cruzamento de
culturas constitui o grande desafio que está chamada a enfrentar.
(Moreira e Candau, 2003, p.161)
Inclusão Social e Digital * Letramento * Acessibilidade * Mobilidade *
Participação e Voz * Pluralidade (influência mútua) e Interculturalidade *
Reeducação * Limites do espaço físico e temporal da escola*
12. Sustentabilidade
O discurso da Sustentabilidade é carregado múltiplos sentidos:
* originalmente envolvendo questões de meio ambiente e
desenvolvimento social no sentido amplo (tecnologias limpas e
argumentação econômica e técnico-científica) - Ecodesenvolvimento
* tornou-se uma palavra quase mágica, usada em diversos contextos
sociais, por diferentes sujeitos e com múltiplos significados
* plano social: sociedade sustentável no sentido de sustentabilidade
complexa (Diegues, 1992) – desigualdades, diversidade, valores
éticos (biodemocracia/biodiversidade)
* no plano educacional: os organismos internacionais e políticas
públicas vêm usando o termo “educação para a sustentabilidade”
* relação entre indivíduo (ator/responsabilidade da sustentabilidade) X
agentes coletivos públicos e privados (desreponsabilização)
13. Sustentabilidade
* Jickling (1992): a “educação para a sustentabilidade” debatida na
escola em todos os seus aspectos, deixando aflorar as diferenças e
possibilitando que os alunos comparem, debatam e julguem por si
próprios as diversas posições.
* Aprendizado no sentido amplo, no debate da sustentabilidade:
“O tipo de vida, educação e sociedade que teremos no futuro vão
depender da qualidade, profundidade e extensão de aprendizado que
formos capazes de criar e exercitar individual e socialmente. A
Educação e os educadores, em especial, que concentram as tarefas de
conceber e pôr em prática os modelos de ensino e aprendizagem
sociais têm uma responsabilidade singular nesse processo.” (Lima, 2003,
p.118)
* aprender, criar e exercitar novas concepções e práticas de vida, de
educação e de convivência - individual, social e ambiental X mercado
14. Questões para refletir sobre
a Tecnologia Educacional
com base nos desafios
da inovação, diversidade
e sustentabilidade
15. * Desenvolvimento de projetos educacionais a partir de
questões/problemas trazidos pelos sujeitos das práticas
educativas (contextualizado/situado)
* Desenvolvimento de recursos educativos como objeto/motivo
para pesquisar em educação como atividade social (além do
cognitivo e dos conteúdos tradicionais)
* Design Crítico: TICs e modelos educativos a serviço de
mudanças e questionamento do status quo, inovando currículos
e relações pedagógicas, sociais e culturais no contexto escolar
* Experiências participativas e reflexivas de design e de uso dos
recursos em contextos naturais de aprendizagem
* Avaliação dos recursos «baseada no contexto de uso» e
avaliação dos «usuários»
Questões
17. Abordagem Metodológica
• Design Based Research; Design Studies;
Developmental Research
Primeiras publicações: Brown e Collins (1992); Cobb, 1998; Jonassen & Land,
2000; Reeves (2000); Design Based Collective (2003)
• Integra pesquisa, planejamento/desenvolvimento de
experiências, ambientes ou materias educativos e a
prática educativa em contextos reais de ensino-
aprendizagem (parceria entre pesquisadores e
professores):
desenvolvimento e pesquisa = intervenção
Pragmática/Intervencionista * Situada
* Interativa, iterativa e flexível * Integrativa* Contextual
Pesquisa Baseada
em Design
19. Abordagem Metodológica
• Culture Based Model (CBM)
Patricia Young, 2008, 2009; Edmundson, 2007; Henderson, 2007
• Foco no papel da cultura no processo de design,
usando os aspectos culturais do processo educativo
para enriquecer a aprendizagem
• Há a preocupação tanto com o desenvolvimento
quanto com a adaptação de materiais em um
contexto em que as TICs e seus recursos vêm sendo
difundidos e apropriados em diferentes contextos
• Foi construído a partir de vários modelos anteriores
e está definido por oito áreas
Modelo de Design
baseado na Cultura
21. Abordagem
Agenda Social
Crítica no Design
Critical Social Design Agenda
Barab, Dodge, Thomas, Jackson, Tuzin (2007)
* A educação não é apolítica, envolve questões de poder e de
transformação
* O design de projetos educacionais está impregnado de uma agenda
baseada em nossas epistemologias, teorias, princípios e valores
sobre a sociedade e o processo educativo
* É necessário se conscientizar destes princípios e valores que
orientam os projetos e adotar uma agenda social crítica no design de
ambientes e atividades de aprendizagem
* Cinco passos do Design Crítico: (1) construir uma compreensão do
contexto; (2) desenvolver compromissos críticos (transformar
indivíduos e o ambiente); (3) integrar compromissos com design; (4)
expandir o impacto; (5) Fazer contribuições teóricas
22. Abordagem
Agenda Social
Crítica no Design
Elementos de uma Agenda Social Crítica
* Empoderamento Pessoal (“Eu tenho voz”)
* Afirmação da diversidade (“Todo mundo importa”)
* Comunidades Saudáveis (“Viva, ame e cresça”)
* Responsabilidade Social (“Nós podemos fazer a
diferença”)
* Consciência Ambiental (“Pensar globalmente, agir
localmente”)
* Expressão Criativa (“Eu me expresso”)
* Compreensão e empatia (“Gentileza gera gentileza")
23. Concluindo
* A Tecnologia Educacional tem passado por muitos
questionamentos na medida em que:
– paradigmas que a sustentaram no seu início não dão conta da
complexidade do processo educativo: individualização, massificação
e economia de projetos....
– tecnologias de informação e comunicação permeiam a vida social,
estão difundidas e são de fácil apropriação e uso nas diferentes
áreas do conhecimento, fazendo com que a TE se reveja: qual é o
seu objeto afinal?
* A Tecnologia Educacioal tem novas propostas metodológicas que
precisam ser difundidas e sistematizadas e que dão conta da
agenda atual de inovação, diversidade e sustentabilidade
* A sustentabilidade dos projetos de TE não está em sua mera
continuidade, mas nas mudanças que estes promovem nos sujeitos
e nos contextos educacionais.
24. Laboratório de Tecnologias Cognitivas
NUTES/UFRJ
miriamstru@ufrj.br
http://www.ufrj.br/nutes ltc.nutes.ufrj.br