psicoterapia breve psicodinâmica no idoso - Rui Grilo peritia 2012
acompanhamento psicológico em contexto de domicílio e as suas particularidades. abordagens psicoterapêuticas - Rui Grilo
1. 1
Acompanhamento Psicológico em
contexto de domicílio e as suas
particularidades.
Abordagens Psicoterapêuticas
Rui Grilo
Setembro 2012
2. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 2
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
“There are possibilities for growth and
change throughout life, including old age.”
Robert N. Butler
3. 3
Intervenção Psicológica Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
no domicilio
Perspectiva Institucional Perspectiva Privada
▫ Serviço de Apoio Domiciliário (SAD);
▫ Solicitado pelo próprio e/ ou familiar
▫ Interdisciplinaridade e trabalho em (cuidador) de referência.
equipa (importância da psicologia);
Avaliação Global
▫ Anamnese
▫ Exame Físico
▫ Exame mental
▫ Avaliação Funcional (AVD; AIVD)
José Ermida, 1994
4. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 4
Avaliação Psicológica do Idoso Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
▫ Avaliação/ diagnóstico
▫ Planeamento de Intervenção
▫ (re) Avaliação e (re) definição de estratégias
▫ Recuperação e reposição do equilíbrio mental
Luís Jerónimo, 2000
5. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 5
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Acompanhamento psicológico no domicilio
(Notas Terapêuticas)
• Domicílio – Contexto privilegiado para a Intervenção da Psicologia, já que fornece várias indicações que poderão
levar à compreensão dos sintomas e do sofrimento do idoso.
• “…o DOMICÍLIO do paciente tende a tornar-se o foco e a possibilidade de uma intervenção e assistência mais
humanizada…” (Leite, E; 2002), onde o idoso passa a ter uma participação ativa – Empowerment – no seu processo
de reabilitação, bem como no planeamento e na execução dos cuidados VS MODELO HOSPITALAR
• O Contexto sugere : fonte de segurança e uma possibilidade de autonomia, de mudança e de auto estima. No
domicílio, consegue-se perceber a dinâmica familiar de uma forma mais precisa, bem como, todos os aspetos que
possam parecer insignificantes mas que poderão ter um elevado grau de importância, e que raramente acontecem no
meio institucional.
6. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 6
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Acompanhamento psicológico no domicilio
(Notas Terapêuticas - Continuação)
• Aquando das deslocações do psicólogo ao domicilio do paciente, terá que se considerar:
• NÃO impor as suas ideias e valores, uma vez que os idosos apresentam IDEAIS E CRENÇAS muito próprias, com a sua forma de viver
em família, (horários de refeições diferentes e com gostos pessoais de arrumação de casa).
• O psicólogo deverá respeitar as ideias do paciente, nunca esquecendo que numa fase inicial, poderá ser considerado como um
INTRUSO num espaço que não é seu.
• Neste contexto existe um NÍVEL ELEVADO DE INTRUSÃO, MAS existe uma tendência natural para que O VÍNCULO paciente/idoso
seja mais conseguido, mas que também necessita de um maior controlo por parte do profissional.
• O Psicólogo deverá transmitir uma imagem de PROFISSIONALISMO tanto ao idoso como à família, já que a ida do psicólogo ao
domicílio não constitui uma VISITA SOCIAL, e se necessário, este deverá colocar limites se perceber que a família pretende que o
relacionamento ultrapasse o campo profissional (ex: não rejeitar café ou chá, mas manter postura profissional)
7. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 7
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Acompanhamento psicológico no domicilio
(Notas Terapêuticas - Continuação)
• CONTEXTO PSICOTERAPÊUTICO VS CONTEXTO DOMICILIO
Contexto Psicoterapêutico – o setting está claramente definido à priori existindo uma série de regras.
Contexto Domicilio – o setting é imprevisível, já que está repleto de limitações, quer em termos de lugar, tempo,
constância.
- O psicólogo raramente sabe em que local da casa se vai fazer o atendimento, já que vai depender da vontade do
idoso.
- São os idosos ou familiares que darão as diretrizes de:
onde o psicólogo se senta, se pode ou não utilizar a casa de banho, entrar no quarto, enfim, na intimidade da família.
Com o decorrer das visitas domiciliárias, vão-se criando alguns rituais por parte dos idosos, já que por vezes, a
cadeira do psicólogo já está no sítio da última visita, os pertences do técnico já tem local onde ficar, etc …
8. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 8
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Acompanhamento psicológico no domicilio
(Notas Terapêuticas - Continuação)
• O psicólogo não consegue controlar todas as variáveis que circundam o ambiente, já que poderão
ocorrer inúmeras interferências como:
▫ o telefone ou a campaínha a tocar,
▫ a televisão poderá estar ligada no momento do acompanhamento psicológico;
▫ poderão estar presentes no domicílio mais que uma pessoa, etc.
• Nem sempre o técnico pode seguir o que estava previsto inicialmente em termos do:
▫ número de sessões a efectuar,
▫ o horário e o tempo de cada sessão
▫ A desmarcação de sessões deverá acontecer antecipadamente, evitando a criação de expectativas
• O Sigilo Profissional é também relevante, contudo não é raro ser quebrado, já que determinados atendimentos
podem acontecer num determinado espaço do domicílio em que poderá estar presente um familiar ou uma visita do
paciente.
9. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 9
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Acompanhamento psicológico no domicilio
(Notas Terapêuticas - Continuação)
• FARMACOLOGIA - o psicólogo depara-se nas visitas domiciliárias com frequentes solicitações da pessoa idosa, no
sentido de auxílio na compreensão da medicação. Então, independentemente das doenças orgânicas ou psíquicas, o
técnico deverá possuir um conhecimento dos fármacos mais utilizados pelos idosos, e perante o surgimento de
dúvidas, deverá ler em voz alta as indicações terapêuticas do fármaco, esclarecendo quais os efeitos secundários, e
quais os intervalos diários que devem decorrer entre a toma do mesmo. (Exemplo)
• Psicologia é importante ao nível do suporte emocional, mas também é importante ao nível da promoção de
competências sociais.
• Possíveis encaminhamentos para unidades de saúde, também serão aspectos a considerar pelo técnico caso sejam
necessárias, já que ele terá uma relação privilegiada com o paciente e poderá actuar de uma forma mais rápida e
efectiva.
10. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 10
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Características do Psicólogo
• Características do envelhecimento normal: modificações biológicas, psicológicas e sociais.
• Ter a Percepção dos problemas sociais, familiares e físicos subjacentes à terceira idade, como o luto, perda de papeis, dor, perturbações
do sono, etc.
• Deverá sem dúvida alguma, estar disponível para trabalhar em equipa, INTERDISCIPLINARIEDADE
• Deverá ter a capacidade para transmitir informação, tendo para isso que adoptar uma postura empática e ser paciente. Essa informação
deverá ser concretizada com frases curtas e com linguagem adaptada ao idoso, elevando se necessário, o tom de voz.
• Não deverá formular objectivos terapêuticos nem muito limitados, nem muito abrangentes, tendo a capacidade de manter o optimismo
terapêutico.
• Estar disponível para explorar os seus afectos acerca do envelhecimento, e a reflectir com o idoso, as dúvidas que os mesmos têm em
relação aos profissionais mais jovens e à sua sabedoria.
• Deverá evidenciar alguma flexibilidade, autoconfiança, autocontrolo, capacidade de análise, capacidade de comunicação, capacidade de
concentração, capacidade de observação, equilíbrio emocional, método, sentido de ética e sentido de responsabilidade
• Consiga conviver com situações dolorosas, como o sofrimento intenso e diário, e todos os aspectos que envolvem a morte.
11. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 11
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Patologias mais frequentes
• As patologias e as sintomatologias disruptivas que se verificam nas pessoas idosas, passam maioritariamente por situações com uma
componente depressiva e ansiogénica demarcada, bem como, situações associadas a psicoses de inicio tardio e demências (Alzheimer,
…).
• A depressão poderá não ser diagnosticada nem tratada, já que é considerada “normal” no idoso. Por vezes, esta depressão pode ser
uma resposta pouco adequada às perdas sucessivas do envelhecimento, ou poderá ser o resultado da incapacidade do indivíduo em
fazer os lutos do seu longo historial de vida. Muitas vezes, esta depressão está mascarada por sintomas físicos, e pode assumir a forma
de comportamentos parasuicidários (não comer ou beber).
• Outra das patologias predominantes na terceira idade, são as demências que “…caracterizam-se pelo desenvolvimento de défices
cognitivos múltiplos (incluindo diminuição de memória) …”, (D.S.M. IV, 1994.), sendo a mais frequente, a doença de Alzheimer
(irreversível, não existido regressão dos sintomas, e geralmente a evolução dá-se continuamente ao longo do tempo. Existe uma
deterioração progressiva principalmente da parte intelectual e cognitiva.
12. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 12
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Abordagens psicoterapêuticas
• ABORDAGEM INTEGRATIVA - Tem em conta o funcionamento global e as várias vertentes relacionadas com o paciente. Através desta
perspectiva, pretende-se autonomizar o idoso, reforçar a auto estima e valorização pessoal tendo como base a complementaridade de
várias vertentes psicoterapêuticas.
• COGNITIVO COMPORTAMENTAL -, emoções, afectos, sentimentos, comportamentos, pensamentos, ….
• PSICODINÂMICA – Modelo Relacional, fundado nos princípios da Escola das Relações Objectais, segundo Messer e Warren (1995), e
com base nos trabalhos de Melanie Klein, Fairbairn e Winnicott.
• ênfase ás relações objectais como centrais, atribuindo mais importância à experiência, à relação interpessoal e ao “aqui e agora”,
• prioridade à relação terapêutica e aos padrões de relacionamento interpessoal que o paciente estabelece, tendo o terapeuta,
uma postura de observador participante.
• Foco ao nível da escuta activa da pessoa idosa. – Memórias e recordações
• Deverão ser utilizadas estratégias flexíveis, adaptadas a cada caso e às necessidades do paciente. Essas técnicas poderão variar
desde uma componente de suporte, até uma mais expressiva.
• Acrescenta-se igualmente a componente reflexiva, na medida em que facilitará o processo de consciencialização do problema e das
relações estabelecidas anteriormente, que por qualquer motivo, se verificaram patologizantes.
13. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 13
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Abordagens psicoterapêuticas (continuação)
• abordagem direccionada para a técnica da comunicação face a face, em que neste diálogo, as questões do terapeuta têm o objectivo
principal de levar o paciente a questionar as suas emoções e expectativas, associando-as às experiências de vida.
• Na abordagem psicodinâmica, “…a unidade básica de estudo não é o indivíduo como uma entidade separada, cujos desejos se chocam
com a realidade externa, mas um campo interaccional dentro do qual o indivíduo surge e luta para fazer o contacto e para se articular.”
Oliveira (1999).
• Transferência e Contratransferência
• Processo Terapêutico Frustrante e Moroso
• Credibilidade.
• Nº de sessões – Semanais/ Quinzenais julgo ser indicadas sessões semanais numa fase inicial.
• Psicoterapia Breve não implica necessariamente um numero mínimo de sessões
• Tempo das sessões – 60 a 90m
14. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 14
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Obstáculos à terapia
PSICÓLOGOS
• Preconceitos: A pessoa idosa é considerada Senil, Rígido nos pensamentos e formas de agir, é desvalorizado e
excluído.
• Confronto com estes preconceitos e ideias pré concebidas – consequentemente existe pouco investimento
terapêutico.
IDOSOS
• Falta de conhecimento do que é o acompanhamento psicológico. Existe a ideia pré estabelecida, que estas áreas são
dirigidas apenas para pessoas que têm doenças mentais mais graves, e que uma “simples” depressão, não será o
suficiente para levar o idoso a procurar ajuda profissional.
• O Pagamento das sessões pode ser um obstáculo uma vez que as pensões de reforma são em geral bastante
baixas.
• Deverá avaliar-se caso a caso, contudo defende-se sempre um valor a atribuir, mesmo que simbólico.
• A cultura do fármaco está muito enraizada na nossa sociedade, substituindo o acto de sentir….
15. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 15
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Processo de Motivação
• Motivação – “ Trata-se naturalmente de motivação relativa, que pode ser aumentada, mantida ou diminuída, em
virtude do vínculo estabelecido com o terapeuta” (Yoshida, E., 2001).
• Esta motivação terá a ver com o estabelecimento de uma Aliança Terapêutica, que tem um papel fundamental neste
tipo de abordagem. (estudo)
• O terapeuta deverá saber colocar-se de forma empática e acolhedora com o paciente, facilitando as suas exposições,
verbalizações e reflexões. O estar disponível, atento, num processo de Escuta Activa e interessado na história
pessoal da pessoa idosa, aumentará consequentemente a motivação do mesmo, na medida em que, este sentirá que
poderá confiar os seus segredos mais íntimos a alguém especializado e competente.
• O terapeuta e o idoso deverão partilhar a responsabilidade na resolução da situação e na minimização do sofrimento,
trabalhando em colaboração e complementaridade. Deverão juntar-se em qualquer decisão que seja tomada.
• Assim, em psicoterapia, “…a escuta é mais importante do que a fala. Na realidade, a maioria das formas de falar do
terapeuta durante a hora destinam-se a demonstrar que ele escuta.” (McWilliams, N., 2006).
16. A Perspectiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 16
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Processo de Mudança
• Qualquer terapia bem sucedida, independentemente da abordagem escolhida, implica uma Mudança no cliente
• A mudança decorre de uma “experiência emocional correctiva”. Por isto, entende-se uma nova exposição do paciente,
em contexto terapêutico, a situações emocionais não superadas anteriormente.
• Assim, a pessoa poderá rever as atitudes e expectativas que tinha relativamente ao problema e aos outros,
podendo confrontá-las e adequá-las à sua nova realidade. À medida que essa mudança vai ocorrendo, o seu
comportamento com os outros vai ser alterado, e provavelmente, eles também reagirão de forma diferente,
reforçando diferentes níveis de funcionamento da pessoa, como a auto confiança, valorização pessoal, atitudes
relativamente ao futuro, etc.
• O conceito de mudança implica acréscimos e somas àquilo que somos, à nossa identidade, e não subtracções.
• No idoso, não se pode apagar ou esquecer factos traumáticos, experiências angustiantes, aprendizagens
adquiridas. Colaborar com este esquema, será potenciar o sofrimento e a dor psíquica. A mudança, implica a
faculdade de olharmos para o nosso interior e exterior através de novos ângulos, sem menosprezar toda a
experiência pessoal adquirida e utilizada anteriormente. (Belas, J., 2002)
17. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 17
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
Temáticas frequentes em terapia
• REFORMA - “…marca a desocupação de papeis sociais activos e apresenta-se como a abertura da porta de acesso à velhice, sobretudo
porque o estatuto de reformado é associado à perda de importância social e de poder.” (Sousa, L. et al, 2004).
• DOENÇA - Os idosos sofrem de múltiplas doenças e incapacidades, e o estar doente na velhice, implica quase sempre uma associação
com a morte. Muitas das sintomatologias apresentadas pelos idosos têm uma origem psicossomática.
• DEPENDENCIA E AUTONOMIA - o idoso é dependente porque necessita da ajuda de outro para alcançar um nível aceitável de
satisfação das suas necessidades, por outro lado, deixa de ter a sua autonomia, na medida em que deixa de ter um papel tão importante
na escolha das suas decisões e escolhas. (Sousa, L. et al, 2004).
• SOLIDÃO - Está associado em grande parte ao isolamento social e à perda de papéis sociais. Está também muito associada à viuvez,
que é grande parte responsável por este sentimento. A morte do cônjuge é talvez o acontecimento mais significativo e inevitável na
velhice.
• MORTE - A aproximação da Morte e o pensar neste assunto, ocupa mais tempo ao idoso que outra temática qualquer.
• ALTERAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL - pode ser percepcionada pelo idoso como algo de muito angustiante e penoso.
18. A Perspetiva da Psicologia no Processo de Envelhecimento 18
Rui Grilo - Psicólogo
Clínico
“ Se a montanha não vai a Maomé, vai
Maomé à montanha”.
Rui Grilo Adaptação de provérbio grego
rui_miguel_grilo@hotmail.com