1. ALICIA
FERNANDEZ
Piaget estudou como o ser
humano constrói as
estruturas lógicas do
pensamento. Na
Psicopedagogia, teorias vêm
tendo um olhar mais atento
de como os vínculos
familiares do bebê, seus
primeiros contatos resultam
na construção de estruturas
cognitivas que irão refletir
nos processos de
assimilação e acomodação .
2. França em 1946, formação de uma equipe multidisciplinar
Psicologia, Psicanálise e Pedagogia para tratamento de
crianças com problemas de aprendizagem e comportamento
através de medicação e intervenção. Acreditava-se que os
problemas eram causados por disfunções neurológicas.
Relação do psicopedagogo com paciente com duas
abordagens: foco nos processos de construção do
conhecimento e sucesso do aluno e compreensão das relações
com terapeuta revelando suas particularidades.
3. Década de 70 surge em Buenos Aires o primeiro curso de Psicopedagogia. No
Brasil, um grupo de educadores sob a influência da abordagem argentina fundou
o primeiro curso de especialização em Psicopedagogia.
Com a publicação de A Inteligência Aprisionada em 1987 os estudos foram se
aprofundando através de Sara Pain entendendo o desenvolvimento cognitivo na
ótica do emocional humano.
4. O bebê necessita das relações que estabelece com outros seres para seu
desenvolvimento. Nos constituimos através das relações com o entorno social.
O homem torna-se HUMANO porque APRENDE. Há o ensinante e aprendente que
envolvem uma triangulação:
Objeto do
conhecimento
Ensinante
Aprendente
Há 4 aspectos na situação ensino aprendizagem: ORGANISMO,
CORPO,INTELIGÊNCIA E DESEJO.
5. ORGANISMO diz respeito aos processos biológicos, carga genética herdada, aos
potenciais e limitações.
CORPO é construído nas relações com o outro que serve como espelho para o ser olhar
a si e tomar posse do seu organismo.
INTELIGÊNCIA relacionada ao nível cognitivo é autoconstruída dia a dia numa
reconstrução pelo processo de assimilação e acomodação.
DESEJO diz respeito aos processos subjetivantes, a atribuição de sentido e energia.
6. O organismo transversalizado pela inteligência e pelo desejo constrói e reconstrói o
corpo ao longo da vida. Aprender é tomar parte de si mesmo algo que não o era antes do
aprendizado. Entretanto o ensinante não transmite o conhecimento como se entregasse
ao outro um pacote. Se o aprendente não aprendeu de fato não tornou seu um
conhecimento que é do outro, o conhecimento permaneceu externo.
7. Pra ter êxito nesse processo é preciso o ensinante revestir o conhecimento de prazer e
sentido através do olhar, da modulação de voz , no gesto para que o aprendente possa
reconstruí-lo a partir da sua subjetividade conferindo-lhe sentido e valor.
É necessário estabelecer um espaço de confiança entre ambos. Não aprendemos de
qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e o direito de ensinar.
8. Faz-se necessário esclarecer alguns fundamentos sobre o desenvolvimento emocional
humano. Conforme Donald pediatra e psicanalista ,ao nascer o bebê vive uma fase de
simbiose como se a realidade fosse um prolongamento de si mesmo. Uma mãe
suficientemente “boa” e um ambiente bom oferecem a ele o apoio necessário.
9. Aos poucos o bebê se torna mais forte emocionalmente e se torna capaz de suportar
frustações percebe o mundo e sai da condição de unicidade para a dual vai construindo
a noção do EU e do NÃO-EU.
O conhecimento é o terceiro elemento que promove a passagem do vínculo a 2, mãe-
bebê para a constituição da triangulação a 3, ensinante-aprendente-objeto.
Tudo começa na triangulação do primeiro olhar. No 1º momento a mãe busca os olhos da
criança e a criança busca seus olhos;aqui há o encontro necessário para que haja
aprendizagem ,mas a mãe olha para outro lado e seu filho desvia o olhar para esse
mesmo lado.Seus olhares encontram-se em um objeto comum,desses olhos nos olhos
vai haver um deslocamento até outros objetos de conhecimento.
10. Em um de seus livros Fernandez propõe uma modalidade saudável, equilibrada e
três que perturbam o aprender. As modalidades que perturbam são resultantes
de desajustes nos processos de assimilação e acomodação em função do
excesso, falta ou inadequadação desses cuidados primários.
11. A modalidade de aprendizagem se constitui numa matriz, num molde, num esquema
de operar utilizado nas várias situações de aprendizagem. De acordo com Fernandez
essas modalidades funcionam como moldes relacionais que organizam a forma como
uma pessoa se relaciona consigo mesma como aprendente, com o outro e com o 3º
elemento da triangulação. Esse molde relacional mantém a tensão entre o que se
impõe como repetição de um modo anterior de relacionar-se e o que precisa ser
modificado. Nesse molde é fundamental a forma como a família atribui significado ao
conhecer o quanto autoriza a criança a ser autora de sua aprendizagem e como
equilibra essas funções: a permissão para viver suas experiências e a apresentação
de limites e imposições da realidade.
12. Quando o ambiente é propício de forma positiva há um equilíbrio resultando numa
aprendizagem saudável ou seja tanto o processo de assimilação e acomodação
ocorrem de maneira adequada para promover a construção da inteligência e o
desenvolvimento da criança.
13. As modalidades não saudáveis compreendem algum tipo de desvio que fogem do
“suficientemente bom.”
HIPERASSIMILAÇÃO-HIPOACOMODAÇÃO: ambiente com dificuldade em impor os
limites da realidade à criança e tem como resultado assimilação distorcida, a
criança não amplia seus esquemas (não acomoda) e os esquemas que possui ficam
bagunçados. A criança faz do seu jeito, mesmo que não atendam as necessidades de
interação, falta de estimulação. Acredita que o seu imaginário é o mundo real.
HIPOASSIMILAÇÃO-HIPERACOMODAÇÃO: ambiente extremamente controlador, impõe
restrições de maneira arbitrária, autoritária, não permite a vivência e experimentação
na relação com o conhecimento. A criança imita,obedece, são as crianças “copistas” as
referências permanecem externas, não conseguem incorporar o conhecimento pois a
acomodação não acontece. Não conseguem colocar significados ,superestimulação da
imitação.
HIPOASSIMILAÇÃO-HIPOACOMODAÇÃO:os esquemas são poucos e deficitários, a
criança parece que não estabelece o vínculo com o conhecimento,dificuldade de
internalização das imagens .A criança parece esvaziada, não fantasia.
Portanto pela ótica da psicanálise o processo ensino-aprendizagem é sempre um
caminho de via dupla. As modalidades de aprendizagem que interferem neste processo
dizem respeito não exclusivamente ao aprendente, mas também ao ensinante. Isso nos
leva a refletir na nossa própria modalidade de aprendizagem, uma vez que ela poderá
construir uma modalidade de ensinagem geradora de modalidades de aprendizagem
disformes. Precisamos envolver aprendentes e ensinantes para que nesse processo
criem-se vínculos saudáveis. A escola precisa desenvolver as habilidades
socioemocionais em ambos os sujeitos possibilitando dessa forma a efetiva
aprendizagem.