O documento descreve o primeiro Festival Ponto de Cultura Itinerante da Cidade de Deus, que contou com apresentações de coral, artes plásticas, teatro, dança e poesia. Grupos culturais da comunidade se apresentaram e o público pôde desfrutar de diversas expressões artísticas locais.
1. Cidade de Deus 1
A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Março de 2012 ‐ Ano III ‐ No 3
Parados na esquina, com poesia...
A Cidade de Deus tem sido palco do surgimento e amadurecimento de diversas
ações artísticas, nas mais diversas áreas: cinema, teatro, artes plásticas, música e
literatura.
11
A Economia Solidária na Cidade
de Deus: a organização dos artesãos
A Economia Solidária se baseia em praticas coletivas, justas,
solidárias e sustentáveis de geração de trabalho e renda.
7
Avaliação do Projeto Bairro
Educador Cidade de Deus em 2011
Várias atividades tem sido realizadas pelo projeto nas escolas
com o objetivo de contribuir na melhoria do IDEB
15
E MAIS...
A primeira mulher a puxar samba na avenida..........3 O jovem e sua atuação na Cidade de Deus..........10
João Gomes recebe premio Mestre 2011.................4 Projeto Jovens Comunicadores e a Informática...12
Quadrinho também é comunicação.......................5 Sarau de poesia na Cidade de Deus...................13
Ponto de Cultura Itinerante Cidade de Deus...........6 Obras na Cidade de Deus ‐ Bairro Maravilha........14
A identidade de um personagem da cultura Negra...8 Maria CDD....................................................14
A história da educação na Cidade de Deus..............9 Lançamento da segunda edição do Jornal .........16
2. 2 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Editorial
por Maria do Socorro Melo Brandão, moradora, representante do portal e presidente da ASVI CDD
Para mim é uma honra ter trabalhos. Somos gratos por essa muito no visual, com bastantes
sido convidada para fazer o aposta e hoje nos damos muito fotos relacionadas aos assuntos
editorial desta 3ª edição do mais de nós quando começamos e veio a proposta das “tirinhas
Jornal A Noticia por quem Vive. a preparar uma tiragem. educativas”, com temas do dia a
A ASVI CDD (Associação Neste 3° número o leitor irá dia, feitas por moradoras e
Semente da Vida da Cidade de ver um pouco de cada coisa. colaboradoras do jornal.
Deus) fica particularmente Uma Cidade de Deus com Então, você está sendo
satisfeita em estar contribuindo artesanato, poesia, jovens convidado a conhecer um pouco
com moradores interessados em realizando projetos mais de Cidade de Deus através
mostrar a “cara da independentes ou não. Vai dessas páginas, e por que não
comunidade”, não deixando de saber que a Cidade de Deus tem também não ser um colaborador,
falar do que é negativo, mas uma cultura premiada. patrocinador etc.? Não deixe de
exaltando o que temos de Vamos analisar como anda a ler na última página como pode
melhor. educação de nossas crianças: fazer isso.
É importante que o morador quais são as expectativas Encerro agradecendo pelo
se sinta realmente um futuras? Como andam as empenho de todos, em especial
protagonista dentro da Cidade negociações para uma escola de à equipe do SOLTEC/UFRJ que,
de Deus. Então hoje já podemos Ensino Médio na comunidade? no final de 2011, contribuiu com
contar com o Portal Comunitário Afinal, nossas crianças têm que os colaboradores do Jornal na
(www.cidadededeus.org.br) e, ir estudar em lugares muito elaboração do nosso Regimento
agora, com o jornal. Tudo fruto distantes atrapalhando um Interno e agora estão
de pessoas que vieram pouco a qualidade do estudo. colaborando na correção de
acreditando que podíamos Para que o jornal ficasse mais nossas matérias e na
produzir e apostaram nestes dinâmico, pensamos em investir diagramação desta edição.
Expediente ‐ Janeiro a Março de 2012
Fundadores: Ariana Apolinário, Cilene Vieira, Dara Bandeira, Dayse Vieira, Felipe Brum, Joana da
Conceição Campos, João Carlos Souza, José Alberto, Landerson Soares, Leila Martiniano, Maria
Angélica Ponciano, Marília Gonçalves, Mônica Rocha, Rita de Cássia, Rosalina Brito, Valéria Barbosa
da Silva, Julcinara Vilela
Membros do jornal: Maria Angélica Ponciano, Cilene Vieira, Felipe Brum, Joana da Conceição
Campos, José Alberto, Julcinara Vilela, Mônica Rocha, Rosalina Britto
Colaboradores: Luiza Nascimento Braga, Míriam Andrade, Viviane de Sales
Revisão de Textos: Marília Gonçalves
Diagramação: Alan Tygel
Agradecimentos: Conexão Cultural
Apoio: SOLTEC/UFRJ, SESC
Este jornal foi diagramado utilizando somente programas de computador livres:
Scribus, LibreOffice e Ubuntu. Use Software Livre.
Visite o Portal da CDD >> http://www.cidadededeus.org.br
3. 3
A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Anahyde: das “Cantoras da Madrugada da Rádio Mayrink
Veiga” a primeira mulher a puxar samba na avenida
por Mônica Rocha
Anahyde é Carioca de apelido Zum”, no Auditório, a interpre‐
Tuca. Com 78 anos dedicados à tação de Tuca foi destacada.
música e ao teatro, ela reivindi‐ Uma satisfação foi ganhar o
ca o título de primeira mulher a troféu homenagem a Cartola.
puxar o samba enredo do Bloco Compositora, atriz, roteirista,
Independentes da Barão do Rio artista plástica, premiada pelo
Comprido na praça 11. maestro Paulo da Hora Alcântra
Quando o marido Valter Praça pela sua marchinha da terceira
11 era vivo, Anahyde era compo‐ idade. Anahyde é a compositora
sitora da escola de samba na Ci‐ do Hino da Terceira Idade, ofici‐
dade de Deus. “Época em que as alizado pela Câmara dos Verea‐
mulheres não ganhavam samba dores com menção honrosa que
enredo”, lembra a sambista, po‐ lhe rendeu várias reportagens. O
rém com o tema “Paraíso Negro hino do Retiro dos Artistas é da
Zumbi do Palmares”, composição autoria de Tuca, e esse ano vem
feita com sua parceira Obassy, de Engenho de Dentro. Ela fez com a gravação do Cachorro Bi‐
ganharam em 5° lugar algo iné‐ espetáculo com a atriz Marisa lau em uma mídia. Tuca contri‐
dito para uma mulher e levaram Orth, e participa do Grupo de Te‐ bui de forma decisiva no sucesso
o troféu. atro do Retiro dos Artistas, onde das peças teatrais com seu gran‐
Cantora da madrugada, na rá‐ colabora com a dramaturgia. Na de talento de atriz e contribui
dio Mayrink Veiga, Anahyde ga‐ CDD, colabora com o Grupo de com quadros inteiros com a dra‐
nhou o troféu de melhor Senhoras no SESI. Interpretando maturgia valorizando com tex‐
intérprete e melhor música, no Clara Nunes em “Tem Zum, Zum, tos inéditos as peças que
programa de Aldeson Alves. Até participa.
hoje Anahyde guarda o troféu. Vou parar um pouco da histó‐
Quando chegou na Cidade de ria de Anahyde com uma parte
Deus, depois da premiação, foi da letra do samba de “Tuca e
recebida com surpresa, e por on‐ Obassy”, em homenagem a Zum‐
de passava as pessoas chama‐ bi: Em cada negro que nasce ele
vam pelo seu nome e davam sobreviveu traído ele foi execu‐
parabéns. tado em cada canto um Zumbi
Anahyde teve suas músicas Iluminado. Por isso Quando che‐
transformadas em peça de teatro ga o carnaval negros e brancos
no projeto Marta Maia, no SESC enriquecem o visual.
Apoios:
Patrocinador:
4. 4 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Cidade de Deus através do João Gomes
recebe premio Mestre 2011 pela SEC
por Mõnica Rocha
João Gomes, o nosso Mestre
Miúdo da Folia de Reis, completa
66 anos dedicados à Bandeira do
Divino. Mineiro de Itapiruna, aos
10 anos de idade é iniciado como
palhaço no reisado. Quando che‐
ga à Cidade de Deus, em 1979, se
torna o mestre da folia “Os Três
Reis do Oriente”, saída no ciclo
natalino a Bandeira de Reis mui‐
tos acreditam no poder de cura.
Faz parte da do Estado e cultura
brasileira e já é considerada pon‐
to de cultura.
A SEC (Secretaria de Estado e
Cultura) reconheceu a contribui‐
ção dos mestres populares e ma‐
nutenção do que hoje é
patrimônio imaterial “Folia de
Reis”, conforme o texto abaixo,
retirado do prêmio de concessão:
“Apoio a concessão de premia‐
ção aos mestres de cultura popu‐
lar, e premiação a João Gomes
pelo desenvolvimento da área de
cultura popular e seus segmen‐
tos.”
Parabéns, Miúdo, a história
de vida que é de implementação
aos saberes populares e salve Os
Três Reis do Oriente.
6. 6 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
O 1°Festival Ponto de Cultura Itinerante Cidade de Deus
por Cilene Vieira
O Ponto de Cultura Itinerante observando o espaço da quadra O Coral da Casa de Santa Ana
da Cidade de Deus é um Coletivo de samba e daqui a pouco já es‐ deu um show de interpretação,
de artistas formado na comuni‐ tavam participando da oficina de cantando várias músicas de dife‐
dade, no ano de 2010. Apoiado Artes Plásticas, coordenada pelo rentes estilos que mexeram mui‐
pela Secretaria Estadual de Cul‐ Gilmar Ferreira. Naquele momen‐ to com o público, que cantava
tura do RJ, dentro do Projeto to, todas as gerações se integra‐ baixinho para não atrapalhar o
Mais Cultura (MinC), e tendo co‐ vam para produzir alguma coisa grupo na apresentação. Todos fi‐
mo proponente a Casa de Santa e mostrar para o público. Muitos caram maravilhados com o coral
Ana, presidida por Maria de estavam tão concentrados no fazendo coreografias. Foi muito
Lourdes Braz, o Coletivo reúne contato do pincel com a tinta e o lindo e não posso esquecer de fa‐
canto, artes cênicas, artes plás‐ papel, que ficavam alguns minu‐ lar que a professora de música
ticas, audiovisual, música, dança tos mergulhados na sua criativi‐ Neuma Morais, mesmo com pro‐
e literatura. dade, alguns até desconheciam blemas de saúde, não deixou de
No ano de 2010, o grupo se tal dom artístico. orientar o Coral. Ainda teve a
capacitou em elaboração e for‐ Ao iniciar o Sarau de Poesias, apresentação do balé com as cri‐
matação de projetos culturais, anças, que foi hilária. E a Maria
através de seminários promovi‐ de Lourdes, com sua equipe de
dos pelo próprio Ponto, e pelo trabalho, era só alegria vendo o
Curso Cultura Portátil, realizado Coral e o balé se apresentar.
pela Farmanguinhos/FIOCRUZ. O Grupo Teatral Raiz da Liber‐
Nesta segunda etapa, o grupo dade apresentou o espetáculo
tem por objetivo difundir arte e “As Largadas”, que mostra a rea‐
cultura e compartilhar seus pro‐ lidade do que é viver só, quando
cessos criativos com a comuni‐ a idade vai avançando e os fami‐
dade. Ampliar propostas e liares não se preocupam e ainda
reflexões relativas ao ambiente e há a solidariedade de alguns
à história da Cidade de Deus, a Rosalina (uma das fundadoras amigos. Tiveram algumas cenas
promovendo assim a recupera‐ deste jornal), sempre despacha‐ com muito bate boca e outras
ção, caracterização e manuten‐ da, começou a recitar suas obras, muito engraçadas. A interação
ção da cultura local. mas de olho para que alguém le‐ com a plateia foi ótima.
Será realizado um circuito de vantasse para prosseguir o sa‐ A Companhia de Dança Trevo
eventos com apresentação cole‐ rau. Para nossa surpresa, fez um maravilhoso espetáculo
tiva, que, ao longo do ano, se es‐ algumas crianças do Coral Inter‐ dançando vários ritmos com co‐
tenderá a todas as áreas da geracional Vozes da Cidade de reografias ótimas. E o público
Cidade de Deus. Deus ficaram de pé e pediram pa‐ não conseguia ficar parado só
O primeiro Festival Ponto de ra recitar um versinho. Foi muito assistindo: todos se mexiam com
Cultura Itinerante Cidade de lindo a coragem daquelas meni‐ cabeça, ombros, pés, pernas e
Deus foi realizado no dia 19 de nas e a pureza do que elas fala‐ braços. O grupo de rapazes e mo‐
novembro de 2011, sábado, na vam. Uma grande atriz, ças mostrou a integração e a res‐
quadra da Mocidade Unida de compositora e poetisa, Srª Nahyl‐ ponsabilidade para apresentar
Jacarepaguá (Edgar Werneck, de, mais conhecida como Tuca, um ótimo trabalho.
1607 – Cidade de Deus). recitou uma de suas belíssimas Para fechar com chave de ou‐
Esse primeiro Circuito Itine‐ obras. Naquele momento era só ro, nossos amigos cineastas Pau‐
rante de Cultura foi um marco na chegar ali a falar o que quisesse. lo Silva e Julio Pecly
Cidade de Deus, devido aos inte‐ Eu também me empolguei e reci‐ apresentaram curtas metragens
grantes das instituições terem se tei um poema da minha inesque‐ (pequenos filmes) importantíssi‐
envolvido por inteiro para que cível mãe, Srª Obassy (A Paz é mos para a reflexão do público
este evento acontecesse aten‐ Possível). Ao recitá‐la senti a sobre determinadas situações
dendo as perspectivas da comu‐ presença dela ali conosco, foi que acontecem em nosso cotidi‐
nidade. O público foi chegando, muita emoção. ano.
7. 7
A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Veja como foi a programa‐
A Economia Solidária na Cidade de Deus:
ção do evento: a organização dos artesãos por Maria Angélica Ponciano
13:00 ‐ Abertura: Atelier e com materiais reciclados, descartá‐
Oficina de Artes Plásticas veis, mostrando uma feira limpa,
Com: Gilmar Ferreira onde não há venda de garrafas de
água e se evita fumar no espaço. Is‐
Curadoria: Roberto Cabral to serve para ajudar na preservação
do meio ambiente.
14:00 ‐ Sarau de Poesias A Cidade de Deus teve seu 1º Se‐
Favela tem Voz minário de Economia Solidária e Po‐
líticas Públicas, nos dias 10 e 11 de
Com Rosalina Britto
Durante um ano a Secretaria de dezembro de 2011, no Ciep João Ba‐
Desenvolvimento Econômico Solidá‐ tista, e Festival no dia 15 de dezem‐
15:00 ‐ Grupo Vozes da Ci‐ rio da cidade do Rio de Janeiro (SE‐ bro do mesmo ano, na Paróquia Pai
dade de Deus – Coral Inter‐ DES) fez capacitações em vários Eterno e São José. Os artesãos, nes‐
geracional seguimentos do empreendedorismo se evento, estavam já sozinhos, co‐
Direção Musical: Neuma na Cidade de Deus. Um desses seg‐ locando em prática aquilo que
Morais mentos é o de artesãos. Com criati‐ aprenderam.
vidade e vontade de aprender, eles Uma das conquistas desses arte‐
Coordenação: Maria de sãos foi a escolha de dez pessoas pa‐
têm por finalidade aumentar a renda
Lourdes Braz ra exporem com outras comunidades
familiar e uma imaginação a perder
de vista! do Rio de Janeiro (com qualidade do
16:00 ‐ Grupo Teatral Raiz Com as capacitações, cursos, se‐ produto), no Quiosque 17, da Av.
da Liberdade minário de formação e festivais, cri‐ Atlântica. A Srª Laudelina é diretora
Espetáculo: As Largadas aram comissões para entender e
participar das atividades. Participa‐ REUNIÃO: todas as terças feiras,
Direção e Texto: Victor ram de festivais e seminários de for‐ às 18hs.
Costa mação com a SEDES fora da Cidade Local: Agência Cidade de Deus de
Com Cilene Vieira e Daisy do Rio de Janeiro, em Angra do Reis, Desenvolvimento Local
Vieira Paraty, Mendes e Santa Maria
(Rio Grande do Sul). do quiosque e com a Srª Sueli são re‐
A Economia Solidária se baseia presentantes da Cidade de Deus.
17:00 ‐ Cineclube Itineran‐ em praticas coletivas, justas, solidá‐ Eles também têm agora um box no
te Exibição de Curtas reali‐ rias e sustentáveis de geração de mercadinho popular, na Cidade de
zados na Cidade de Deus trabalho e renda. É um desenvolvi‐ Deus, em que pretendem realizar um
Com Paulo Silva e Julio Pe‐ mento que permite ações coletivas projeto de reestruturação dos arte‐
cly do trabalho, distribui riqueza e gera sãos da Cidade de Deus, grupo que
transformação social. Um novo mo‐ atualmente conta com 100 associa‐
do de produzir, vender, comprar e dos.
18:00 ‐ Encerramento:
trocar.
Cia. de Dança Trevo
Segundo João e Daya, artesãos,
Coreografia: Lucio Santos nos seminários de formação que ti‐
veram aprenderam a organizar, pla‐
Ficha Técnica do Evento: nejar, montar e desmontar as
barracas, divulgar, finanças e docu‐
Coordenação Administrati‐ mentações necessárias para realiza‐
va: Maria de Lourdes Braz ções de um festival, que ainda
trabalha integrado com outros gru‐
pos culturais, por exemplo: dança,
ginástica olímpica, capoeira etc.. O
objetivo dessa prática é o trabalho
8. 8 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Mestre Derli: A identidade de um personagem da cultura Negra
Conheça a história do mestre de capoeira que se criou na CDD e já ganhou prêmios internacionais
por Mônica Rocha
Derli da Silva Costa é o conhe‐ da vida. Mas a capoeira era mais Canadá pela contribuição do mo‐
cido Mestre Derli da Aliança Ariri forte que tudo”. Não tinha bola vimento negro”, além da “meda‐
de Capoeira, morador da Cidade nem pipa que me tirasse de uma lha 10 melhores da América em
de Deus. Nasceu no dia dois de roda de capoeira”, conta. É atra‐ prol da capoeira”. Ele é conse‐
abril de 1956 em São lheiro da confedera‐
Carlos, no Estácio, Rio ção internacional em
de Janeiro. Casado com prol da capoeira. Alu‐
Cristina tem duas filhas, nos criaram, no Ca‐
Darla e Darlene, e netos. nadá, dois grupos de
Este homem de méritos capoeira com o nome
compartilhou com o jor‐ Aliança Ariri, em ho‐
nal um pouco da sua menagem ao mestre.
história de coragem e Em 2011, Derli foi es‐
resistência. Quando pe‐ colhido pelo cônsul
queno Derli era deixado Americano para fazer
com uma parenta pela demonstração com
sua mãe que saía para seu grupo na vinda
trabalhar, e apanhava de Barack Obama na
muito. Por isso, acabou Cidade de Deus. Hoje
fugindo para a rua, levando seu vés da capoeira que hoje Derlien‐ ele tem em sua filha, netos e
cachorro Rex e a viola de brin‐ sina e fortalece a cidadania dos alunos “a marca da personalida‐
quedo. Com oito anos de idade, jovens da Cidade de Deus. Sua fi‐ de de uma identidade da cultura
dormindo dentro de um carro lha Darlene é capoeirista e seus negra” e “os seguidores da di‐
abandonado, jogaram álcool ne‐ netos, Mateus, Derli, Deiseos‐ nastia”, comenta Derli.
le e tacaram fogo. Três pessoas tom, são herdeiros da espécie. Em 2011, o mestre recebeu o
acudiram o menino le‐ prêmio Mama África,
vando para o hospital foi homenageado pe‐
da Lagoa. Eram seus la Equador, Colôm‐
novos amigos que, que‐ bia, Chile, Venezuela,
rendo cuidar dele recu‐ teve apoio do SESC e
perado, ensinaram os Federação Fluminen‐
primeiros passos de ca‐ se de Capoeira. Em
poeira. 2012, todos os repre‐
Tempos depois, sua sentantes do prêmio
mãe o encontra e pro‐ Mama África voltam
mete nunca mais se se‐ ao Brasil, agora na
parar. Assim Cidade de Deus, pois
aconteceu, e vieram o Troféu Mama África
morar na Cidade de 2012 vem com o no‐
Deus quando Derli ti‐ me de Mestre Derli
nha cerca de dez anos impresso na base. A
de idade. Aqui conheceu mestre Comenta M. Derli que viaja todo CDD está junta no evento. Derli é
Noé e Mestre Rock e passou a o Brasil com a sua roda e batiza‐ um homem de muitos feitos, em
frequentar rodas de capoeira. A dos de capoeira. outro momento contaremos
capoeira falou mais forte que a Homenageado nos fóruns co‐ mais. Sinônimo de resistência
dor: quando Derli chegava à ro‐ mo mestre de Jacarepaguá, Derli cultural de capoeira, detentor da
da, tudo melhorava. “Tive ami‐ recebeu “Medalha Tiradentes”, arte capoerista Derli.
gos que foram para o lado errado duas “medalhas do consulado de
9. 9
A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Quase meio século e apenas uma escola do ensino médio
A história da educação na Cidade de Deus
por Cilene Vieira
Segun‐ chincha, entre outros).
do o Insti‐ Em 1977, foi inaugurado na
tuto Praça da Bíblia, nos apartamen‐
Brasileiro tos, o Centro Interescolar Muni‐
de Geo‐ cipal Pedro Aleixo, que foi uma
grafia e das maravilhas da época, com as
Estatística disciplinas de Técnicas Industri‐
(IBGE), ais, Educação para o Lar, Cine
com o úl‐ Clube, Técnicas Agrícolas. Nesta
timo CEN‐ escola existia um amplo auditó‐
SO de rio, quadra de esportes e seu
2010, a Ci‐ prédio com quatro andares. No
dade de primeiro momento, a escola
Deus tem atendia apenas os alunos de 6ª e
aproxima‐ 7ª séries. Com o decorrer dos
damente anos, a unidade escolar passou a
A Cidade de Deus foi construí‐ 38 mil habitantes, mas os mora‐ atender da Educação Infantil ao
da pelo governador Carlos Lacer‐ dores discordam dessa pesquisa, 2º segmento do Ensino Funda‐
da, para ser o conjunto afirmando que a população local mental (antigo Ginásio).
residencial dos funcionários pú‐ chega a 50 mil habitantes. Como já foi mostrado anteri‐
blicos do antigo Estado da Gua‐ Para atender esta demanda, a ormente, a Cidade de Deus tem
nabara. A obra estava Cidade de Deus tem doze Escolas doze Escolas Municipais do Ensi‐
praticamente pronta, quando ele Municipais, como: Alberto Ran‐ no Fundamental. Porém, os colé‐
deixou o governo. Seu sucessor, gel, Alphonsus de Guimaraens, gios do Ensino Médio que
Francisco Negrão de Lima, logo Avertano
após a posse, em janeiro de 1966, Rocha, Au‐
enfrentou um dos maiores tem‐ gusto Mag‐
porais da história da cidade, oca‐ ne,
sionando enchentes, tragédias e Frederico
milhares de desabrigados, obri‐ Eyer, CIEP
gando‐o a abrir a Cidade de Deus João Batista
para receber parte da população dos Santos,
atingida. A medida era provisó‐ Monsenhor
ria, mas acabou sendo definitiva. Cordioli, Jo‐
Os desabrigados que ganha‐ sé Clemen‐
ram suas moradias na época te, Juliano
eram oriundos de várias comuni‐ Moreira, CI‐
dades como: Morro da Providên‐ EP Luis Car‐
cia, Praia do Pinto, Favela do los Prestes,
Esqueleto, Rocinha, Cruzada de Pedro Aleixo e Professoranda tínhamos na época eram dois
São Sebastião, Vidigal, entre ou‐ Leila Barcelos de Carvalho. Po‐ particulares, para atender toda a
tras. dem acreditar, todas essas Uni‐ comunidade. Em meados da dé‐
Devido ao fato, a Cidade de dades Escolares não atendem as cada de 70 o Colégio José de
Deus cresceu rápida e desordena‐ necessidades dos moradores. Lo‐ Alencar, que era situado na Praça
damente. Primeiro vinham as go, os responsáveis têm de pro‐ Principal da Cidade de Deus, na
mães com os filhos e maridos curar outras escolas no entorno Rua Edgard Werneck, atendia aos
(quando tinham). Depois, vi‐ (Freguesia, Taquara, Barra da Ti‐ que podiam pagar para estudar. E
nham os demais familiares. juca, Tanque, Praça Seca, Pe‐ na década de 80 o Colégio BAIK,
10. 10 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
situado no Bairro Araújo, também na
Rua Edgard Werneck, cobrava um valor O jovem ...
menor e dava bolsas de estudo. por Maria do Socoro
Em 1983, no governo Leonel Brizola,
surgiu a primeira escola do ensino mé‐
Através da Agência de Redes para Juventude, projeto
dio na CDD: Colégio Estadual Pedro Alei‐
realizado pela Petrobrás em seis comunidades do Rio de
xo, que funcionava somente no horário
Janeiro com UPP (Unidades de Polícia Pacificadora), jo‐
noturno no prédio cedido pelo municí‐
vens entre 15 e 29 anos foram estimulados a agir em
pio, do CIMPA (Centro Interescolar Mu‐
seus próprios territórios. As comunidades alcançadas
nicipal Pedro Aleixo), e oferecia apenas
pelo projeto foram: Batan, Borel, Cantagalo, Chapéu
o curso de Contabilidade. Pelo quantita‐
Mangueira/Babilônia, Cidade de Deus e Providência.
tivo de moradores que a Cidade de Deus
Muitos projetos foram pensados pelos jovens mora‐
tinha essa única escola não atendia a
dores da Cidade de Deus que participaram e alguns re‐
demanda. Logo os alunos continuavam
ceberam uma premiação para que pudessem ser
obrigados a procurar escolas em outros
desenvolvidos na comunidade. Na Cidade de Deus po‐
bairros. Mas, devido a conflitos com o
demos citar os que ganharam na primeira banca: o Co‐
poder paralelo e a polícia, pondo em ris‐
nexão Cultural e CDD na Tela. E, após passarem por uma
co a vida de todos que estudavam e tra‐
desencubadora, foi a vez do Estilo Favella e CDD Para o
balhavam lá, o colégio foi transferido
Mundo.
em 1996 para o prédio do CIEP João Ba‐
Na edição desse mês trazemos para aqueles que não
tista dos Santos, que está localizado na
souberam ou pouco souberam sobre o processo o que
Rua Edgard Werneck próximo da praça
andam fazendo esses jovens e seus projetos. Confira na
principal da Cidade de Deus.
página ao lado!
Em 2003, com a fundação do Comitê
da Cidade de Deus, as instituições parti‐
cipantes eram divididas em grupos para
o debate sobre Políticas Públicas e a
Educação sempre foi um dos maiores
problemas. O Comitê convidou o Secre‐
tário de Educação, Vereadores, repre‐
sentantes da Educação do Estado,
Município e Federação. Tudo isso para
darmos uma solução na educação do
Ensino Médio na Cidade de Deus. Então,
em 2009 foi apresentado um projeto às
lideranças da comunidade para que fos‐
se implantada uma unidade do Colégio
Pedro II, que funcionaria nos três tur‐
nos. A população ficou eufórica, mas
nada disso saiu do papel e até hoje esta‐ Fotografia: Renan Otto
mos convivendo com a precariedade da
escola do Ensino Médio.
A Cidade de Deus recebeu um presen‐
Facebook
te: a parceria do SESI (Serviço Social da
Indústria) com a Prefeitura, que em >>
2011 iniciou o Ensino Médio na Escola http://www.facebook.com/conexaoculturalcdd
Municipal Alphonsus de Guimaraens,
iniciando com os alunos do supletivo Blog
que, com muito esforço, conseguiram >>
concluir o Ensino Fundamental e cami‐ http://conexaoculturalcdd.wordpress.com/
nham para a obtenção de novos conhe‐
cimentos do Ensino Médio e o que mais
vier.
11. 11
A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
... e sua atuação na Cidade de Deus
CONEXÃO CULTURAL CUTUCANDO O JOVEM
por Luiza Nascimento Braga O que algumas crianças de escolas públicas da
Cidade de Deus estão pensando sobre vários
O Conexão Cultural é mais que um projeto, é a marca temas
do protagonismo juvenil lutando a favor da democrati‐
zação cultural. Como assim? É o que você pode estar se
perguntando agora.
Vimos que, na Cidade de Deus, falta espaço para a
manifestação da diversidade cultural e nossa proposta é
justamente essa. Estamos trabalhando como Produtores
Culturais na comunidade, fazendo com que a faceta
multicultural daqui venha à tona.
"Tem galera do samba, chorinho, pagode, poesia, te‐
atro, hip‐
hop... Opções
não faltam.
Só que o que
acaba aconte‐
cendo é que,
se o morador
da CDD quer
curtir uma
música dife‐
rente atual‐ Fotografia: Deco
mente, por exemplo, ele precisa se deslocar até outra
região, por não haver um 'teto' para os artistas se di‐
vulgarem. Agora me diz que sentido faz os moradores
irem tão longe quando na sua própria comunidade exis‐
te uma diversidade tão grande de artistas de qualida‐
de?” Foi através desse diagnóstico que Carolina
Meireles,
Guilherme
Gonzalez,
Luiza Braga e
Ricardo Fer‐
nandes re‐
solveram
criar o Cone‐
xão Cultural
CDD.
Fotografia: Deco Estamos
circulando na internet uma campanha para quem quiser
doar livros, DVDs, revistas e CDs, desde que estejam em
bom estado. Nossa intenção é fazer com que a cultura
chegue a lugares onde o seu acesso é escasso ou pouco
usual. Para mais informações, fiquem ligados em nos‐
sas redes sociais.
12. 12 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Projeto Jovens Comunicadores e a Informática
por Miriam Andrade, educadora de informática da ASVI
"Um país sem memória não é Mundo esse que às vezes assusta cas de artistas de televisão...
apenas um país sem passado, é quem já estava aqui na última vi‐ Nossos meninos e meninas
um país sem futuro". É citando sita do cometa Halley, mas que precisam estar no mesmo pata‐
Rui Barbosa que anuncio aqui para eles é impensável sem a pre‐ mar de qualificação dos seus
boas novas sobre o que acontece sença dessas fantásticas máqui‐ concorrentes no mercado de tra‐
no nosso bairro. nas. balho, e a informática é peça
Sob a direção de Maria do So‐ chave para o crescimento profis‐
corro Melo Brandão, presidente "(...) eles conquistarão seu sional de qualquer indivíduo. To‐
da ASVI (Associação Semente da quinhão na sociedade, seu mar posse desse recurso, que até
Vida da Cidade de Deus), inicia‐ lugar no mundo, não como um bem pouco tempo era privilégio
se o Projeto Jovens Comunicado‐ passivo espectador, e sim como de um grupo seleto da nossa so‐
res da Semente da Vida na Cidade protagonistas" ciedade, é de uma gratificação
de Deus, com patrocínio do Insti‐ incomensurável, e é disto que
tuto Rio. Com a missão de resga‐ Não é estranho ouvirmos dos também estamos tratando aqui:
tar a memória da comunidade e, jovens a seguinte pergunta: “Co‐ oportunidades, crescimento, co‐
principalmente, incentivar o jo‐ mo vocês viviam sem internet”? nhecimento e cultura, ou seja,
vem a ser protagonista na histó‐ Como costumo dizer: eles nasce‐ cidadania.
ria da comunidade e na ram com as mãos no mouse. En‐ O material mais importante de
instituição, esse trabalho está tão há de se tirar o maior todo e qualquer processo está
ampliando os conhecimentos dos proveito possível disso aliando entre a cadeira e o teclado. É de
participantes, através de cursos e memória, informática e MUITO conhecimento e exercício deste
oficinas, nas áreas de informáti‐ trabalho. fato que eles conquistarão seu
ca, fotografia, vídeo, comunica‐ Com a ajuda do projeto, eles quinhão na sociedade, seu lugar
ção, escrita etc.. estão extraindo do computador no mundo, não como um passivo
Como responsável pela área de muito mais do que “Orkuts”, “Fa‐ espectador, e sim como protago‐
informática, vejo a potencialida‐ cebooks” e “MSNs”. Aprendem nistas.
de dessa ferramenta nas mãos que Linux não é “coisa de Nerd”, Como uma vez disse Pitágo‐
desses jovens, que lidam com que o Office não é só um ícone ras: “Eduque as crianças e não
tanta desenvoltura e naturalida‐ perdido na sua área de trabalho, será necessário castigar aos ho‐
de nesse mundo de bits e bytes. que um blog não é só para fofo‐ mens”.
Quadrinhos
por Rosalina Britto
Considerando que as imagens dos livros são elementos
importantes na criação da memória, principalmente na
infância e na adolescência, ...
… a educação está também naquele que não
só aprende a ler, mas também a ver.
13. 13
A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Parados na esquina, com poesia
por Viviane de Sales
Quer participar do próximo Sarau
A Cidade de Deus tem sido Poesia D’ Esquina? dependente e num formato alter‐
palco do surgimento e amadure‐ nativo foi criada para reunir tex‐
Quinta, 15/03 a partir de 19h30 no
cimento de diversas ações artís‐ tos de moradores e dos
Tico’s Bar na Rua Carmelo, n°1 (em
ticas, nas mais diversas áreas: frequentadores do Sarau: é o
frente a E.M. Alphonsus de Guima‐
cinema, teatro, artes plásticas, fanzine “Pensamento Livre!”,
raens)
música e literatura. Entre os anos que é distribuído em espaços pú‐
70 e 80, a produção teatral e lite‐ maior capilaridade no interior da blicos como, por exemplo, a feira
rária era agitada por artistas que Cidade de Deus e facilita cone‐ livre e os pontos de ônibus.
protagonizavam o movimento xões a movimentos semelhantes A Poesia D’ Esquina tem sido
comunitário e realizavam ativi‐ em outras áreas da cidade”, espaço de reunir gerações: os Pe‐
dades culturais e políticas de re‐ aponta o escritor Wellington res da Silva da área do Karatê
sistência à ditadura militar. No França, que participava do Grupo prometem marcar presença nos
final dos anos 70, jovens mora‐ Cultural Projeto, do conselho próximos Saraus reunidos em fa‐
dores lançaram a revista “Nós”, editorial da Revista “Nós” e que mília. “Primeiro, fui convidada
que divulgava poetas locais, é, hoje, um dos poetas organiza‐ através da distribuição dos fanzi‐
eventos culturais e ajudava na dores do Sarau Poesia D’ Esqui‐ nes de poesia e mostrei a publi‐
captação de recursos para a pro‐ na. cação a minha neta Ana Beatriz,
dução de uma peça teatral. Ape‐ O Sarau, que foi idealizado de 8 anos, que insistiu em me
sar da pequena tiragem mensal, para tornar‐se espaço de encon‐ acompanhar e de quieta passou a
tornou‐se uma das iniciativas tro entre poetas da Cidade de ser quem mais fala textos duran‐
mais marcantes no movimento li‐ Deus, já tem sido visitado por ar‐ te o Sarau”, conta a educadora
terário local: era a criatividade e tistas das redondezas e de outras
o trabalho coletivo do que mais favelas, como o Vidigal e a Roci‐
tarde veio a se tornar o Grupo nha. Além da poesia, que natu‐
Cultural Projeto. ralmente é o prato principal, o
encontro dialoga com o audiovi‐
sual através da exibição de cur‐
tas e com a música a partir de
apresentações que vão do rap ao
samba. A sambista Anahyde Mu‐
niz, uma das principais estrelas
da vida cultural da Cidade de
Deus, apresentou‐se na primeira
edição do Sarau e arrancou
aplausos entusiasmados da pla‐ Clezenilda. Na última edição,
Rosalina de Britto, no sarau teia que, ainda tímida, experi‐ mais membros da família estive‐
mentava estacionar num dia de ram presentes: o adolescente
A cena literária contemporâ‐ semana num bar de esquina – daí Marcos e o patriarca Brasil, de 72
nea respira da história e da atua‐ o nome Poesia D’ Esquina – para anos, que interpretou o poetinha
lidade de seus movimentos ouvir, falar, multiplicar e diluirVinícius de Moraes.
artísticos. Nos últimos tempos, a poesia. Outro poeta e agitador cultu‐
novidade tem sido a realização ral da Poesia D’ Esquina, DJ Fula‐
do Sarau Poesia D’ Esquina, que Quer mandar textos para o fanzine? no, revela planos para o futuro:
acontece mensalmente num bar poesiadesquina@gmail.com “A gente espera que o Sarau con‐
na região da Treze. “O movimen‐ tinue com um público diversifi‐
to literário contemporâneo conta Para os poetas que partici‐ cado e ao mesmo tempo unido
com maior velocidade de comu‐ pam, a melhor forma de divulgar pela poesia. Mais moradores da
nicação e com o acesso mais de‐ poesia é necessariamente com Cidade de Deus publicando li‐
mocrático à informação e ao poesia. Uma nova publicação in‐ vros, mais intercâmbio com o que
conhecimento. Com isso, produz rola em outros lugares”.
14. 14 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Obras na Cidade de Deus ‐ Bairro Maravilha
por Felipe Zohler
As obras de saneamento bási‐
co e pavimentação de ruas e tra‐
vessas na Cidade de Deus estão
aceleradas, principalmente as
partes de escavação, abertura
das valas e colocação de tubula‐
ção do esgoto sanitário. Já o fe‐
chamento das valas e calçadas é
mais lento, e isso tem gerado
descontentamento na popula‐
ção. As pessoas falam que é mui‐
to tempo de lama e areia nas
ruas.
Vale lembrar a população do
Projeto Bairro Maravilha, para
que possamos ficar atentos às
obras e promessas feitas.
Veja no folder qual é a propos‐
ta do projeto:
Maria CDD
A travessia
por Monica Rocha
15. 15
A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
Avaliação do Projeto Bairro Educador Cidade de Deus em 2011
por Maria do Socoro
O Projeto Bairro do apresenta‐
Educador faz parte do à comuni‐
do programa Esco‐ dade no final
las do Amanhã e é de 2011 e o
realizado pelo CI‐ PPP (Projeto
EDS (Centro Inte‐ Político Peda‐
grado de Estudos e gógico) da es‐
Programas de De‐ cola foi
senvolvimento relacionado à
Sustentável). Vári‐ Comunicação.
as atividades tem ‐ O Bairro
sido realizadas pe‐ Educador e
lo projeto nas esco‐ algumas es‐
las com o objetivo colas contri‐
de contribuir na buíram em
melhoria do IDEB ações que a
(Índice de Desen‐ Natura desen‐
volvimento da Edu‐ volveu na co‐
Ida dos alunos do CIEP a Horta Jardim do Anil
cação Básica) e munidade.
diminuir a evasão escolar. Essasa caso da Escola Municipal Alberto Em particular citamos o CIEP Luiz
tividades são sempre realizadas Rangel que, no final do ano, fez Carlos Prestes, que cedeu o espa‐
por parceiros que podem ou não uma belíssima culminância com ço para a realização de uma ação,
ser da comunidade, conforme o diversos trabalhos: teatro, pes‐ e a Escola Municipal Pedro Alei‐
Projeto Político Pedagógico da quisas, música, grafite com rela‐ xo, que levou a sua banda de per‐
escola. ção ao João Cândido e sua luta cussão num segundo momento.
No ano de 2011 as gestoras do na revolta da Chibata. ‐ Foi desenvolvida na Escola
projeto em Cidade de Deus, Maria ‐ Jornal “O Prestinho”: foi in‐ Municipal José Clemente Pereira
do Socorro e Francisca Assis, centivado pelo Bairro Educador e uma gincana envolvendo toda a
contribuíram com as seguintes desenvolvido em parceria com escola e os projetos que atuam
ações nas escolas: uma turma da professora Ângela, na mesma, como: Bairro Educa‐
‐ Exposição João Cândido do no CIEP Luiz Carlos Prestes, sen‐ dor, SANGARI (Cientistas do
Projeto Memória: Amanhã), IABAS
em parceria com a (Programa Saúde
Agência Banco do nas Escolas) e CE‐
Brasil Cidade de CIP, incentivados
Deus, que foi rea‐ pelo Programa Es‐
lizada nas esco‐ colas do Amanhã e
las: Pedro Aleixo, UNESCO.
Alberto Rangel, ‐ Como o proje‐
José Clemente e to se estende à Es‐
CIEP Luiz Carlos cola Municipal
Prestes. Cada uma Helena Lopes
das escolas apro‐ Abranches, no
veitou a exposi‐ Gardênia Azul,
ção como pôde também contribuí‐
nas suas aulas mos com o PPP
com trabalhos es‐ (Projeto Político
critos, culminân‐ Pedagógico) desta
cias, etc.. Foi o Aula do Curso Daniel Azulay na E.M.Pedro Aleixo escola, que era so‐
16. 16 A NOTÍCIA POR QUEM V IVE | JAN.‐MAR. 2012
bre o Ano com os alunos do ACELERA II, da
Interna‐ professora Sílvia, sobre sexuali‐
cional das dade.
Florestas, Esses são só alguns exemplos
e levamos de atividades, ações, parcerias
duas tur‐ que o Bairro Educador teve em
mas para 2011. Em 2012 outras metas, par‐
visitar a cerias, ações serão desenvolvidas
Horta e esperamos contar com a comu‐
Jardim do nidade para que possamos tornar
Anil. a Cidade de Deus um verdadeiro
Na Es‐ Bairro Educador, e para que nos‐
cola Mu‐ sas crianças se sintam felizes na
nicipal escola e possam se desenvolver
Professo‐ com mais qualidade.
randa Nós, como moradores, pode‐
Leila Bar‐ Professor do PEJA explicando sobre a exposição Joâo mos contribuir com a direção e
cellos de Cândido na E.M.Alberto Rangel com os professores, buscando na
Carvalho, escola como podemos fazer isso,
a partir de um curso e exposição Meu Amigo Portinari com os alu‐ pois, acreditem: muitas coisas
sobre Cândido Portinari ofereci‐ nos da Professora Viviane Cunha. podem ser feitas para contribuir‐
do pela Casa de Cultura em frente Esta atividade foi uma continua‐ mos na Educação de nossas cri‐
à escola, foi realizada a Trilha ção do trabalho que foi iniciado anças.
Lançamento da segunda edição do Jornal "A notícia por quem vive"
por Mônica Rocha e Marília
Gonçalves
No final de 2011, lançamos,
com grande comemoração, a
segunda edição do Jornal da
Cidade de Deus. A Notícia Por
Quem Vive foi uma conquista de
um grupo que não brincou em
serviço. Depois da primeira
edição em outubro de 2010, o
jornal foi contemplado com um
edital do Ministério da Cultura
que permitiu a produção da
segunda edição, a realização de
diversas oficinas e, com o apoio
de parceiros como o
SOLTEC/UFRJ e o SESC, a
consolidação e superação deste
grupo de comunicadores
populares. A Notícia é feita por
uma gente que luta por
autonomia e não abre mão da Acesse o portal da CDD
cidadania. Participe do jornal
enviando uma mensagem de
www.cidadededeus.org.br
interesse através do Portal
Comunitário da Cidade de Deus.