2. Muito se tem dito, ultimamente, sobre a utilização do
computador na educação como um meio de minorar os
problemas evidenciados pelos baixos índices de
desempenho dos alunos no processo ensino-
aprendizagem e os altos índices de evasão e repetência.
A favor e contra. Infelizmente, grande parte das
afirmações feitas, tanto de um lado como do outro,
reflete, freqüentemente, algum desconhecimento de
causa. As vezes até_ muita desinformação. Tanto do
lado dos defensores como dos críticos há pessoas que,
no fervor do entusiasmo ou no zelo da crítica, não
foram, lamentavelmente, informar-se, antes de tomar
posição. E o essencial, aqui, mesmo mais importante do
que ser a favor ou contra, é compreender do que
efetivamente se trata.
3. Não podemos ignorar que a maioria das escolas
brasileiras tem instalações inadequadas, não tem
recursos para material de consumo e para o mais
elementar material didático etc. etc. Assim sendo, é
possível compreender o sentimento do mal pago e
sobrecarregado professor que, não tendo condições
materiais mínimas para o essencial de seu trabalho
pedagógico, reage negativamente quando vê, de
repente, a ameaça - é assim que ele sente - de que, em
primeiro lugar, os minguados recursos de que a
educação dispõe venham a ser desviados para a
aquisição e manutenção de caros equipamentos; e, em
segundo lugar, ele venha a ter que investir um pouco
de seu já escasso tempo em aprender a lidar com o
computador!
4. Quando temos um sistema de ensino deficiente, o que é claro
pelos resultados dos alunos brasileiros das escolas públicas,
devemos considerar que quaisquer melhorias do processo ensino-
aprendizagem serão bem-vindas. Experiências realizadas em
Santos, na EEPSG Marquês de S. Vicente, sugerem que a
repetência em classes da 1ª série do 1º Grau que usam o
computador como auxiliar no processo da alfabetização é da
ordem de 10%. Suponhamos, para raciocinar, que o Governo
resolvesse empregar recursos para criar 1.000.000 de vagas para a
1ª série do 1º Grau. De acordo com as estatísticas atuais, nos anos
seguintes essas vagas seriam reduzidas a cerca de 500.000, já que
teríamos 50% de repetentes.
O custo operacional do sistema seria alto, já que apenas metade
dos alunos seria aprovada, sendo perdida a metade dos salários,
da merenda, das despesas de manutenção, de amortização do
investimento etc.
5. Por fim, a questão mais importante. Devemo-nos
preocupar com a questão da Informática na Educação
porque a evidência disponível, embora não tão ampla e
contundente quanto se poderia desejar, demonstra que
o contato regrado e orientado da criança com o
computador em situação de ensino-aprendizagem
contribui positivamente para o aceleramento de seu
desenvolvimento cognitivo e intelectual, em especial
no que esse desenvolvimento diz respeito ao raciocínio
lógico e formal, à capacidade de pensar com rigor e
sistematicidade, à habilidade de inventar ou encontrar
soluções para problemas. Mesmo os maiores críticos do
uso do computador na educação não ousam negar esse
fato.