Neste romance, Alencar critica a hipocrisia da sociedade do Segundo Império através da história de Aurélia Camargo e Fernando Seixas. Aurélia, rica e famosa, compra Fernando oferecendo um grande dote. No entanto, ela o humilha para puní-lo por um abandono no passado. Ao longo da narrativa, Fernando se transforma, enquanto Aurélia oscila entre o amor e a vingança. No final, eles se separam após Fernando negociar seu "resgate", mas acabam se reconc
2. A Independência e o desenvolvimento
da ideia romântica:
O desejo de exprimir o orgulho;
A aspiração de criar uma literatura
independente, diversa da antiga metrópole;
A noção de atividade intelectual como tarefa
patriótica na construção nacional.
3. Romance
narrativa complexa e longa;
formas ou tipos mais variados;
personagens - várias (envolvem-se numa série complexa de
ações);
cenário / espaço - variado;
tempo (período de duração - longo);
enredo ( vários fatos: ações contadas pouco a pouco, ao longo de
várias páginas );
narrador ( foco narrativo: 1ª ou 3ª pessoa );
podem ser românticos, de suspense, aventura, policial e muito
mais
Características
4. Foi no século XIX que o romance sofreu o seu
maior impulso, em resposta ao gosto de um
público crescentemente burguês, cada vez mais
alfabetizado e maioritariamente feminino, que
apreciava a fruição das experiências
sentimentais, individuais.
Público-leitor: mulheres em geral, jovens
estudantes, comerciantes.
Narrativa de acontecimentos comuns da vida
das pessoas.
Linguagem simples e direta.
5. Democratização da Literatura
Criação da Imprensa (circulação de jornais,
revistas, livros)
Folhetim (divertimento da família burguesa, a
“válvula de escape” de uma vida monótona,
prosaica)
6. Romance Indianista
Costumes e tradições do índio brasileiro e o contato com o
colonizador
Caráter nacionalista
Principal representante – José de Alencar: O guarani (1857),
Iracema(1865) e Ubirajara (1874)
7. Romance Regionalista
Compreender e valorizar a variedade cultural das regiões
brasileiras, as características étnicas, linguísticas e sociais.
REPRESENTANTES: Visconde de Taunay : Inocência ( centro-
oeste ), José de Alencar : O Gaúcho ( sul ), Franklin Távora : O
Cabeleira ( nordeste )
8. Tipo de romance mais lido no século XIX – costumes e dia a dia
do público leitor
Discute os problemas e valores vividos pela burguesia do século
XIX.
1844 - A Moreninha de Joaquim Manoel de Macedo – 1º romance
romântico.
Temática: amores impossíveis, intrigas amorosas, chantagens,
dúvida entre o dever e o desejo.
Personagens planas: comportamento previsível.
Herói romântico: ser idealizado, forte, honrado, corajoso.
Figura feminina: frágil, sonhadora, submissa.
Romance Urbano
9. REPRESENTANTES:
José de Alencar:
Senhora: tematiza o casamento como forma de ascensão
social.
Diva
Lucíola
Manuel Antônio de Almeida:
Memórias de um sargento de milícias: difere dos demais
romances, pois o protagonista não é herói ou vilão, não há
idealização da mulher e do amor e a linguagem aproxima-se da
jornalística.
10. Rio de Janeiro - meados do século XIX
Lettighe. Street in Rio Janeiro
Migliavacca, ca 1840
Colecção de estampas
- Antonio Feliciano de Castilho
11.
12. Resumindo:
Principais Características
Narrativas de temática amorosa;
Sentimentalismo;
Religiosidade;
Final preferencialmente feliz;
Casamento – redenção ou ascensão social;
Heróis e heroínas idealizados;
Personagens planos;
Narrativas lineares;
Linguagem simples;
Observação dos costumes.
13. Nascimento: 1 de maio de
1829 em Messejana, Ceará
Falecimento:12 de dezembro
de 1877cidade do Rio de
Janeiro, estado do Rio de
Janeiro
Nacionalidade: Brasileiro
Ocupação: Crítico, romancista,
dramaturgo
Escola/tradição: Romantismo
14. Valorização de temas essencialmente nacionalistas, como o
índio e a natureza;
Sentimentalismo: lirismo extremo;
Crítico sutil da sociedade da época;
Expressão, na literatura, do retrato da cultura brasileira,
utilizando o índio como nosso herói nacional;
Caracterização minuciosa das heroínas românticas
(idealização): Aurélia, Diva, Cecília, Iracema, Lúcia etc.
16. “Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. Desde
o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi
proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo
dos noivos em disponibilidade. Era rica e famosa.
Duas opulências, que se realçavam como a flor em vaso de
alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol
no prisma do diamante.
Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o
firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou-se de
repente no meio do deslumbramento que produzira seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na
sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez
informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu
tempo saberemos a verdade,sem os comentos malévolos de que
usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta,
viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na
sociedade.”
17. Na narrativa do livro o autor mostra a hipocrisia da
sociedade daquela época. Segundo Império. Através
do romance entre Aurélia Camargo e Fernando
Seixas, ele leva o leitor a refletir a respeito da
influência do dinheiro nas relações amorosas e
principalmente, sua influência nos casamentos da
época.
18. A NARRATIVA DIVIDE-SE EM QUATRO PARTES, COMO SE
FOSSE UMA TRANSAÇÃO COMERCIAL:
1ª - O PREÇO
2ª - QUITAÇÃO
3ª - POSSE
4ª - O RESGATE
19. PRIMEIRA PARTE:
O PREÇO
AURÉLIA CAMARGO NA SOCIEDADE
FERNANDO SEIXAS, UM JOVEM INDOLENTE E BOM VIVANT
AURÉLIA COMPRA FERNANDO, MAS O FAZ DE FORMA MEIO
MISTERIOSA
FERNANDO ACEITA O DOTE E PEDE UM ADIANTAMENTO
O CASAMENTO
A CARACTERIZAÇÃO DA MULHER TRAÍDA E DO HOMEM
VENDIDO.
20. A principal ação desta primeira parte do romance
começa quando Aurélia pede ao tio que ofereça ao
jovem Fernando Seixas, recémchegado na corte após
uma longa viagem ao Nordeste, a sua mão em
casamento. Entretanto, uma aura de mistério cobre o
pedido, pois Fernando não deve saber a identidade da
pretendente e além disso a quantia do dote proposto
deve ser irrecusável: cem contos de réis ou mais, se
necessário.
21. SEGUNDA PARTE:
A QUITAÇÃO
INÍCIO DO FLASH-BACK
OS PAIS DE AURÉLIA: EMÍLIA E PEDRO CAMARGO
OS PRECONCEITOS CRIANDO EXCLUSÕES
O “APARECER À JANELA”
O NOIVADO DE FERNANDO COM AURÉLIA
O ABANDONO
NOTÍCIAS DO NOIVADO COM ADELAIDE AMARAL
DE MOÇA POBRE E SOZINHA À RIQUEZA E À SOCIEDADE
22. Aqui há um flash-back, um retorno a
acontecimentos anteriores da vida de ambos
os protagonistas, o que explica ao leitor o
procedimento cruel de Aurélia em relação a
Fernando.
23. TERCEIRA PARTE:
A POSSE
A NOITE DE NÚPCIAS
O CASTIGO DE AURÉLIA
A MULHER APAIXONADA
O ORGULHO E A REAÇÃO DE FERNANDO
DUPLO PAPEL: EM PÚBLICO - UM CASAL FELIZ, NA
INTIMIDADE – DOR E SOFRIMENTO
AS HUMILHAÇÕES QUE FERNANDO SOFRE
24. Em Posse assistimos à punição que Aurélia infringe a
Fernando e à reabilitação dele, seduzido pela
grandeza e pelo fascínio de Aurélia. Fiel à palavra
dada, o moço reage, com resignação e firmeza que
não possuía, aos maus tratos da mulher, que tudo faz
para humilhá-lo ao mesmo tempo que em alguns
momentos não consegue esconder que ainda o ama.
25. QUARTA PARTE –
O RESGATE
INTENSIDADE DOS CAPRICHOS E CONTRADIÇÕES DE
AURÉLIA
A TRANSFORMAÇÃO DE FERNANDO
DE MOÇO LEVIANO À DIGNIDADE DE CARÁTER
FERNANDO NEGOCIA SEU RESGATE
A ESPOSA TRAÍDA E O MARIDO COMPRADO SE
REENCONTRAM AMANTES
26. Nesta parte intensificam-se os caprichos e as
contradições do comportamento de Aurélia. Intensifica-
se também a transformação de Fernando, que não
usufrui da riqueza de Aurélia, tornando-se modesto
nos trajes, assíduo na repartição onde trabalhava, e
assim adquirindo, sem perder a elegância, uma
dignidade de caráter que nunca tivera. No final,
Fernando, um ano após o casamento, negocia com
Aurélia o seu resgate.
27. No final, Fernando, um ano após o casamento,
negocia com Aurélia o seu resgate. Devolve-lhe os
vinte contos de réis, que correspondiam ao
adiantamento do montante total do dote com o qual
possibilitava o casamento da irmã, e mais o cheque
que Aurélia lhe dera, de oitenta contos de réis, na
noite de núpcias .
Separam-se, então, a esposa traída e o marido
comprado, para se reencontrarem os amantes, a
última recusa de Seixas sendo debelada quando
Aurélia lhe mostra o testamento que fizera, quando
casaram, revelando-lhe o seu amor e destinando-lhe
toda a sua fortuna.
28. O NARRADOR
TRATA-SE DE UM NARRADOR ONISCIENTE
OBSERVAÇÃO DOS DETALHES EXTERIORES
PSICOLOGIA DAS PERSONAGENS: MISTURA DO ROMANESCO
COM A REALIDADE
ROMANCE CONTEXTUALIZADO NO MUNDO CAPITALISTA
BURGUÊS: A QUESTÃO DO DINHEIRO, DA NECESSIDADE DE
“SUBIR NA VIDA” EM OPOSIÇÃO AO IDEAL DA REALIZAÇÃO
AMOROSA
CONTRADIÇÃO ENTRE ANJO E DEMÔNIO NA DESCRIÇÃO DE
AURÉLIA
29. A INDOLÊNCIA, O COMODISMO, A POSTURA
ARISTOCRÁTICA DE FERNANDO
ELEMENTOS ROMÂNTICOS COMBINADOS COM ELEMENTOS
REALISTAS
A DESCRIÇÃO DOS COSTUMES E MINÚCIAS NOS TRAJES
30. “Em Senhora, que é um dos romances mais bem
constituídos do autor, realizou Alencar uma boa
crítica à educação tradicional, ao casamento por
conveniência – simples contrato de interesse
econômico – construindo, ao mesmo tempo, o mundo
ideal acima da realidade circundante, com as mesmas
personagens que haviam sido vítimas de casamento
por dinheiro. Sublinhou, dessa forma, o caráter do
amor romântico como retificador de conduta e
portador de substância, que é o tema central de
todos os romances desse grupo – Cinco minutos, A
viuvinha, Lucíola, Diva, A pata da gazela, Sonhos
d´ouro, Senhora, Encarnação)”
31. “Não era um triunfo que ela julgasse digno de si, a
torpe humilhação dessa gente ante sua riqueza. Era
um desafio que lançava ao mundo; orgulhosa de
esmagá-lo sob a planta, como a um réptil
venenoso.(...)
As revoltas mais impetuosas de Aurélia eram
justamente contra a riqueza que lhe servia de trono, e
sem a qual nunca por certo, apesar de suas prendas,
receberia como rainha desdenhosa, a vassalagem que
lhe rendiam.” ( continua)
32. “Por isso mesmo considerava ela o ouro um vil metal
que rebaixava os homens; e no íntimo sentia-se
profundamente humilhada pensando que para toda
essa gente que a cercava, ela, a sua pessoa, não
merecia uma só das bajulações que tributavam a cada
um de seus mil contos de réis.”
33. CONCLUSÃO
Pode-se perceber a preocupação com a psicologia dos
personagens e também a mistura do romanesco e da realidade,
que fazem desta obra um exemplo de literatura romântica na qual
se procura imprimir certos traços realistas. Estes traços, assim
como o estilo mais denso de alguns romances urbanos de JA,
especialmente Lucíola e Senhora, revelam a influência de Balzac,
o mestre do realismo francês.
O conflito psicológico em Senhora coloca uma questão central
para o romance realista, contextualizado no mundo capitalista e
burguês: a questão do dinheiro, da necessidade de 'subir na vida',
em oposição ao ideal da realização amorosa.