O documento apresenta uma biografia e análise da obra do escritor brasileiro Lima Barreto. O pré-modernismo no Brasil é caracterizado por ser um período de transição para o modernismo, com influências do realismo, naturalismo e parnasianismo. A obra de Lima Barreto critica a desigualdade da sociedade brasileira da época por meio de personagens marginalizados. Seu livro mais conhecido, Os Bruzundangas, é uma sátira alegórica do Brasil usando um país fictício como pano de fund
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Lima _Barreto.pptx
1. AFONSO HENRIQUES DE LIMA BARRETO
“Mulato, desorganizado,
incompreensível e
incompreendido”(Lima Barreto,
por ele mesmo)
(1881 – 1922)
Uma literatura afiada e muitas pedras no meio do caminho
“Toda a duvidosa e brigona
gramática nacional me tem por
incorreto”.
2. PRÉ-MODERNISMO
Vanguardas
Européias
Localização: Não constitui uma escola literária, mas um
período de transição para o modernismo.
Realismo
Naturalismo
Parnasianismo
Simbolismo
Pré-
Modernismo
1902
Os Sertões
Canaã
1922
Semana
de Arte
Moderna
Modernismo
3. QUE BRASIL É ESTE? É O BRASIL DESIGUAL...
Um País Oligárquico
Rural
São Paulo
(interior)
Aristocracia
Urbana
Minas Gerais
São Paulo
(capital)
Rio de Janeiro
4. O BRASIL DA MARGINALIZAÇÃO URBANA
O negro O funcionário público Os alcoólatras
Lima Barreto Subúrbio
5. CARACTERÍSTICAS DO PERÍODO
RUPTURA COM O PASSADO
DENÚNCIA DA REALIDADE BRASILEIRA
REGIONALISMO
TIPOS HUMANOS MARGINALIZADOS
LIGAÇÃO COM FATOS POLÍTICOS,
ECONÔMICOS E SOCIAIS
CONTEMPORÂNEOS
6. LIMA BARRETO
Mestiço humilde
Socialista
Nasceu e morreu no Rio de
Janeiro
Funcionário público e jornalista
Envolveu-se no alcoolismo
Duas vezes recolhido ao hospício
8. A OBRA
Em sua obra, de temática social, privilegiou os
pobres, os boêmios e os arruinados.
Foi severamente criticado pelos seus
contemporâneos parnasianos por seu estilo
despojado, fluente e coloquial, que acabou
influenciando os escritores modernistas.
Tinha finalidade de criticar o mundo circundante para
despertar alternativas renovadoras dos costumes e
de práticas que, na sociedade, privilegiavam pessoas
e grupos. Para ele, o escritor tinha uma função
social.
9. PERSONAGENS
Saídos dos subúrbios do Rio de Janeiro,
pequenos na sua condição social, mas
grandes enquanto representantes anônimos
de uma gente humilde, que sonha e sofre,
diante do descaso e preconceito daqueles que
são considerados cultos, sábios, detentores da
arte, da educação, do dinheiro e da lei.
10. “A missão da literatura é fazer comunicar
uma almas com as outras,é dar-lhe um
perfeito entendimento entre elas, é ligá-
las mais fortemente, reforçando desse
modo a solidariedade humana, tornando
os homens mais capazes para a
conquista do planeta e se entenderem
melhor, no único intuito de sua
felicidade". Porque “os literatos, os
grandes, sempre souberam morrer de
fome, mas não rebaixaram a sua arte
LITERATURA MILITANTE
11. OS BRUZUNDANGAS
Os bruzundangas (1923) Sátira.(Obra
póstuma) Bruzundanga é um país fictício,
parecidíssimo com o Brasil do começo do
século e o de hoje, cheio de elites incultas
dominando um povo, com racismo (javaneses
lá, mulatos como o autor cá), pobreza,
obsessão com títulos e riquezas e uma
literatura de enfeite, sem sentido e
desatualizada. O livro é um diário de viagem
de um brasileiro que morou tempos na
Bruzundanga.
12. OS BRUZUNDANGAS
"Bruzundangas" é um substantivo feminino que pode
significar "palavreado confuso, mistura de coisas
imprestáveis, mixórdia, trapalhada, embrulhada".
Neste livro, Lima Barreto fala da arte de furtar, de
nepotismos desenfreados, de favorecimentos e
privilégios. A própria sociedade, as eleições, a
religião, os literatos e a imprensa são cáusticamente
abordados por ele e servem de pano de fundo para a
construção de sua obra literária.
13. ALEGORIA – SÁTIRA – CRÔNICA
Alegoria: É uma representação tal que transmite um
outro significado em adição ao significado literal do
texto. Em outras palavras, é uma coisa que é dita
para dar a noção de outra, normalmente por meio
d’alguma ilação moral.
O livro os Bruzundangas é alegoria porque, nele, há
um plano abstrato –a República dos Estados Unidos
da Bruzundanga – e um plano concreto – o Brasil. É
um “discurso que faz entender outro”
14. ALEGORIA – SÁTIRA – CRÔNICA
Sátira: consiste na crítica das instituições ou
pessoas, na censura dos males da sociedade ou dos
indivíduos, com o objetivo de provocar ou evitar uma
mudança.
É sátira como gênero e como “tom narrativo”, porque
todos os textos criticam e denunciam as instituições
daquele país imaginário.
15. ALEGORIA – SÁTIRA – CRÔNICA
Crônica: Classifica-se como expressão híbrida, ou
múltipla. Parte de fatos do cotidiano e tende à
verossimilhança, com o intuito de informar, e fazer as
pessoas refletirem sobre o assunto citado.
É crônica porque sua feição é múltipla, com temas
do cotidiano (para a época, apesar de muitos serem
bem atuais), com um discurso, além de satírico,
irônico, sarcástico, humorístico, ferino, envolvendo
personagens.
16. A OBRA
Na verdade, Os Bruzundangas é uma “coletânea de
artigos publicados em jornais (especialmente o
semanário A.B.C.), em que Lima Barreto traça uma
de suas críticas mais ferinas à realidade brasileira de
seu tempo.”
17. SÍNTESE DE ALGUMAS CRÔNICAS
CAPÍTULO ESPECIAL – OS SAMOIEDAS
Esses poetas da Bruzundanga, para dar uma
origem altissonante e misteriosa à sua escola,
sustentam que ela nasceu do poema de um
príncipe samoieda, que viveu nas margens do
Ártico, nas proximidades do Óbi ou do Lena, na
Sibéria, um original que se alimentava da carne
de mamutes conservados há centenas de
séculos nas geleiras daquelas regiões.
18. SÍNTESE DE ALGUMAS CRÔNICAS
CAPÍTULO ESPECIAL – OS SAMOIEDAS
Vemos as contradições da literatura do país,
numa crítica clara a sua linguagem pomposa.
Diz ele, nesse capítulo: “Quanto mais
incompreensível é ela, mais admirado é o
escritor que a escreve, por todos que não lhe
entenderam o escrito.”(p.67)Criticando também
o leitor, que não entende o q lê, ele satiriza toda
sociedade leitora do período.
19. SÍNTESE DE ALGUMAS CRÔNICAS
UM GRANDE FINANCEIRO
O capítulo refere-se basicamente aos aspectos
econômicos e a gerência dessa economia cheia de
instabilidade. O orçamento da Bruzundanga sempre
estava com déficits, o novo presidente convocou um
deputado para aumentar a receita. Ele aumentou
triplamente a taxa sobre os produtos básicos.
20. SÍNTESE DE ALGUMAS CRÔNICAS
A NOBREZA DA BRUZUNDANGA
O narrador afirma que na Bruzundanga há duas
nobrezas: a doutoral e a de palpite. A nobreza
doutoral era formada pelos que cursaram Medicina,
Direito e Engenharia. O narrador fala do prestígio
dessa nobreza: “ as moças só querem casar com os
pertencentes a essa classe. Os pobre não têm como
alcançar porque os custos são altos”.
21. SÍNTESE DE ALGUMAS CRÔNICAS
A OUTRA NOBREZA DA BRUZUNDANGA
A nobreza de palpite não tem base alguma,
esses nobres conseguem seus títulos através
da compra. Essa nobreza não tem valor para o
povo, são nobres postiços: A outra nobreza da
Bruzundanga, porém, não tem base em coisa
alguma; não é firmada em lei ou costume; não é
documentada por qualquer espécie de papel,
édito, código, carta, diploma, lei ou o que seja.
Foi por isso que eu a chamei de nobreza de
palpite.
22. SÍNTESE DE ALGUMAS CRÔNICAS
A POLÍTICA E OS POLÍTICOS DA BRUZUNDANGA
A classe política sente-se superior. A atuação
desses homens é notoriamente estranha. O
país vive numa situação de miséria. “A
Bruzundanga tem o governo que merece”. “A
primeira coisa que um político de lá pensa,
quando se guinda às altas posições, é supor
que é de carne e sangue diferente do resto da
população.”
23. SÍNTESE DE ALGUMAS CRÔNICAS
AS RIQUESAS DA BRUZUNDANGA
Os livros exaltam o país como a nação mais
rica da terra, seu solo produz em opulência.
Tudo na Bruzundanga tem ares de
grandiosidade, mas no fundo, a realidade é bem
diferente. “A Bruzundanga tem carvão, mas não
queima o seu nas fornalhas de suas
locomotivas. Compra-o à Inglaterra, que o
vende por bom preço. O que se dá,com o
carvão, dá-se com as outras riquezas da
Bruzundanga.” O país rico, o povo pobre.
24. ALGUMAS REFERÊNCIAS
Ao Parnasianismo
“Eu, porém, aduziu Kotelniji, conquanto permita
nos outros certas licenças poéticas, tenho por
princípio obedecer às mais duras e rígidas
regras, não me afastar delas, encarcerar bem o
meu pensamento. No meu caso, eu empregaria
a vogal "a" para a harmonia em vista.”
25. ALGUMAS REFERÊNCIAS
A ESTÉTICA ESTRANGEIRA
“A Bruzundanga, como sabem, fica nas zonas
tropical e subtropical, mas a estética da escola
pedia que eles se vestissem com peles de urso,
de renas, de martas e raposas árticas. É um
vestuário barato para os samoiedas autênticos,
mas caríssimo para os seus parentes literários
dos trópicos.Estes, porém, crentes na eficácia
da vestimenta para a criação artística, morrem
de fome, mas vestem-se à moda da Sibéria”.
26. ALGUMAS REFERÊNCIAS
AUMENTO DA CARGA TRIBUTÁRIA
“Naquele ano, isto há dez anos atrás, surgiu na
sua Câmara um deputado que falava, muito em
assuntos de finanças, orçamentos, impostos
diretos e indiretos e outras coisas cabalísticas
da ciência de obter dinheiro para o Estado.”
27. ALGUMAS REFERÊNCIAS
POLÍTICA DO COMPADRIO
“...e o tal redator da seção - "De Cócoras" -
tinha sempre em mira descobrir os ministros
futuros, para ulteriores serviços de sua
profissão e recompensas conseqüentes.”
28. ALGUMAS REFERÊNCIAS
PENSAMENTO BURGUÊS
“As moças ricas não podem compreender o
casamento senão com o doutor; e as pobres,
quando alcançam um matrimônio dessa
natureza, enchem de orgulho a família toda, os
colaterais, e os afins.”
29. ALGUMAS REFERÊNCIAS
A JUSTIÇA E A LEI
“O nobre doutor tem prisão especial, mesmo
em se tratando dos mais repugnantes crimes.
Ele não pode ser preso como qualquer do povo.
Os regulamentos rezam isto, apesar da
Constituição, etc.,etc.
(...)
Quando lá estive, conheci um bacharel em
direito que era consultor jurídico da principal
estrada de ferro pertencente ao governo,
inspetor dos serviços metalúrgicos do Estado e
examinador das candidatas a irmãs de
30. ALGUMAS REFERÊNCIAS
A INTELIGÊNCIA
“Um doutor de lá que era até lente da Escola dos
Engenheiros, apesar de ter outros empregos
rendosos, quis ser inspetor da carteira cambial do
banco da Bruzundanga. Conseguiu e, ao dia
seguinte de sua nomeação, quando se tratou de
afixar a taxa do câmbio, vendo que, na véspera
havia sido de 15 3/16, o sábio doutor mandou que o
fizesse no valor de 15 3/32. Um empregado objetou:
- Vossa Excelência quer fazer descer o câmbio?
- Como descer? Faça o que estou mandando! Sou
doutor em matemática.”
31. ALGUMAS REFERÊNCIAS
AO ENSINO
“Há diversas espécies de escolas mantidas pelo
governo geral, pelos governos provinciais e por
particulares.
(...)
Passando assim pelo que nós chamamos
preparatórios, os futuros diretores da
República dos Estados Unidos da Bruzundanga
acabam os cursos mais ignorantes e
presunçosos do que quando para lá entraram.”
32. ALGUMAS REFERÊNCIAS
A CONSTRUÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E AOS
PROCEDIMENTOS DE NOMEAÇÃO
“- Qual a Constituição que devemos imitar?
(...) Houve mesmo disposições originais que
merecem ser citadas. Assim, por exemplo, a
exigência principal para ser ministro era a de
que o candidato não entendesse nada das
coisas da pasta que ia gerir. Por exemplo, um
ministro da Agricultura não devia entender
coisa alguma de agronomia. O que se exigia
dele é que fosse um bom especulador, um
agiota, um judeu, sabendo organizar trusts,
33. ALGUMAS REFERÊNCIAS
NO GABINETE DO MINISTRO
“- O senhor quer ser diretor do Serviço
Geológico da Bruzundanga? pergunta o
Ministro. - Quero, Excelência. - Onde estudou
geologia? - Nunca estudei, mas sei o que é
vulcão. - Que é? - Chama-se vulcão a montanha
que, de uma abertura, em geral no cimo, jorra
turbilhões de fogo e substâncias em fusão. -
Bem. O senhor será nomeado.”
34. ALGUMAS REFERÊNCIAS
A MÚSICA
“A música, na Bruzundanga, é, em geral, a arte
das mulheres. É raro aparecer no país uma obra
musical.