O documento discute três temas principais:
1) Os recentes protestos e greves no Brasil que estão causando problemas em diversos setores;
2) A proposta de isenção de impostos sobre itens da cesta básica que beneficiaria os mais pobres, mas que o governo não apoia;
3) A falta de alternativas do governo petista para lidar com os impostos excessivos que oneram os brasileiros.
1. A2 CORREIO POPULAR
Campinas, sábado, 18 de agosto de 2012 Editor: Rui Motta rui@rac.com.br - Editora-assistente: Ana Carolina Martins carol@rac.com.br - Correio do Leitor leitor@rac.com.br
“Brasileiro não quer ver jagunços na tela”
Opinião opinião@rac.com.br
Fernando Meirelles, no Festival de Gramado, ao anunciar por que desistiu de dirigir Grande Sertão: Veredas, de Gui-
marães Rosa.
dalcio
dines
Risco-Brasil:
motins
O Rio de Janeiro foi seques- O governo demorou mui-
trado na última quarta-feira to para reagir, esquecido da
durante grande parte do sua condição de defensor
dia por conta de uma car- do interesse público. Só na
reata de três mil vans que sexta-feira acordou quando
parou a cidade de ponta a o Advogado-Geral da
ponta. “Queremos usar nos- União, Luís Inácio Adams,
sa ferramenta de trabalho condenou os excessos dos
para obrigar a prefeitura a grevistas, o absurdo de algu-
aceitar nossas reivindica- mas reclamações e a radica-
ções”, declarou um dos or- lização das manifestações.
ganizadores referindo-se, A esta altura, diante do mo-
com certeza, aos tecelões in- dismo dos motins, o murro
gleses que usaram martelos na mesa deveria ter sido da-
para quebrar os teares me- do de forma mais robusta,
canizados no início da Revo- ruidosa e explícita, de prefe-
lução Industrial há mais de rência pela grande especia- AMBIENTE
três séculos. lista em matéria de broncas
A manifestação foi orga- arrasadoras — Sua Excelên-
nizada por um candidato a
vereador, algumas das rei-
vindicações são justas e es-
tavam sendo examinadas
cia, a Presidente da Repúbli-
ca.
A Justiça do Trabalho
precisa capacitar-se de que
A desarborização de
pelas autoridades, mas só
poderão ser atendidas de-
pois das eleições por força
da legislação. Para quem
o direito de greve não pode
sobrepor-se aos interesses
majoritários, a disputa legíti-
ma entre empregados e em-
Campinas
não vive no Rio: o sistema pregadores não pode sacrifi-
de vans da cidade está infil- car os inocentes, aqueles JOSÉ HAMILTON DE poda, em nossa cidade, tem mutilados, vandalizados e de maneira subterrânea é
trado por milícias crimino- que merecem as atenções AGUIRRE JUNIOR E sido realizada indiscrimina- destruídos. Nossa cidade es- usual nas localidades desen-
sas como forma de lavagem de ambos. Os chamados CARLOS ALBERTO GOMES damente e desprovida de cri- tá árida e desprovida dos be- volvidas, menos em Campi-
de dinheiro. “serviços mínimos” consti- HENRIQUES térios técnicos. Extrações nefícios desfrutáveis quando nas, polo nacional de tecno-
Uma “operação-padrão” tuem um avanço democráti- têm seguido a mesma condi- se convive, harmoniosamen- logia e um dos maiores PIBs
da Polícia Federal parou ae- co que não podem ser des- ção. te, com o verde. do País!
roportos e portos na alta considerados, apesar do no- Evidenciam-se, a cada Assistimos ao reinado ab- A realidade municipal só
temporada quando chegam me não podem ser minimi- Os ataques à arborização ur- operação de manejo da arbo- soluto da rede de energia ex- mudará quando agirmos cor-
os turistas do Hemisfério zados, ao contrário, a socie- bana de Campinas recome- rização viária e das áreas pú- posta e obsoleta! A poluição retamente, e compreender-
Norte; uma parede da polí- dade justa e desenvolvida çaram. Em plena véspera blicas municipais, o despre- visual, a degradação urbana mos a arborização como
cia rodoviária federal seccio- exige que sejam maximiza- eleitoral, percebem-se ações paro e a má gestão de nossa e ambiental dessa alternati- uma grande rede viva, presta-
nou o País e impediu a cir- dos. A queda de braço entre absurdas de depredação do vegetação: uma política pre- va deletéria, persiste como dora de serviços ambientais.
culação de mercadorias, al- o capital e o trabalho ou, no nosso patrimônio ambiental. judicial continuada, seguida- marca de operação da con- A sustentabilidade e a sobre-
gumas perecíveis, no mo- caso, entre poder e contra- Nossas árvores, tão maltrata- mente alardeada, sem, no en- cessionária local. vivência urbana dependem
mento em que a economia poder, não pode sacrificar o das, combalidas, descaracte- tanto, obterem-se quaisquer Mundialmente, em na- dela. Doenças causadas pela
do País emitia sinais de es- bem-estar da sociedade rizadas e mutiladas enfren- reversões comportamentais. ções e lugares que prezam o poluição, baixa umidade do
tagnação; a greve nas uni- nem a sua segurança. tam nova devastação, no ru- Acompanhamos, dia a bem-estar de sua população, ar e exposição ao sol, junta-
versidades federais está A “operação-padrão” é mo a seu triste e tenebroso fi- dia, a derrocada das majesto- o enterramento da rede de mente aos problemas das ci-
comprometendo drastica- um duplo escárnio: escan- nal. sas paineiras da Orosimbo energia aérea, a remoção de dades como ilhas de calor,
mente o atendimento médi- cara as deficiências dos nos- A mais nova e perceptível Maia e de incontáveis outras postes, o rebaixamento da poluição, enchentes, descon-
co da população em todo o sos paradigmas de atendi- destruição está evidenciada árvores urbanas, abandona- iluminação pública e o com- forto ambiental e térmico po-
País, em alguns estados es- mento e exibe a estultice na Praça José M. de Souza, das à própria sorte. partilhamento de redes de dem ser amenizados e evita-
tão praticamente suspen- dos que imaginam estar na ao final da Av. Nossa Sra. de Campinas, no passado, re- serviços públicos, permitem dos, utilizando-se, racional-
sos os transplantes de ór- vanguarda dos movimen- Fátima, no Taquaral. Ela é o ferência nacional pela sua a preservação das árvores e mente, árvores.
gãos; uma greve dos servi- tos sociais. O que se con- resultado da mesma política, qualidade de vida e exem- de todo o seu potencial de O conhecimento técnico
dores do Judiciário em Bra- vencionou chamar de Risco- de subsequentes administra- plar arborização é, hoje, um benefícios, na área urbana. A devidamente aplicado, o pla-
sília quase impede o início Brasil é um sistema múlti- ções municipais. grande cemitério de árvores, locação adequada dessas re- nejamento urbano, o ade-
do julgamento da Ação Pe- plo de complacências com Elevaram e mutilaram as além de campo de vegetais des, nos leitos carroçáveis, quado uso do erário, o cum-
nal 470, vulgo “Mensalão”. a baderna. De nada adianta- copas das árvores deste lo- primento efetivo da Lei
Um motim tomou conta rá investir 80 bilhões de cal, até a composição de 11571/03, a mudança do pa-
do Brasil e, ironicamente, reais em logística e infraes- aberrações e de exemplares radigma social priorizando a
os amotinados são designa- truturas se a superestrutura de risco, pela sua total fragili- qualidade de vida, a reestru-
dos como “servidores públi- — nossa consciência social zação. Lindíssimos ipês ama- turação técnica e material
cos”. São servidores de seus — está minada pela cruel- relos e roxos (Handroanthus do Departamento de Par-
interesses e de suas corpora- dade. spp.), tipuanas (Tipuana ti- ques e Jardins além da vonta-
ções, o bem público está pu), jacarandás (Jacaranda de política para transferi-lo
acima das manobras e joga- mimosaefolia), dentre inúme- para a Secretaria de Meio
das de guildas e gangues. I I Alberto Dines é jornalista ras outras árvores foram des- Ambiente são as nossas ne-
truídos! O espetáculo das flo- cessidades nesse momento
rações, as copas excepcio- tão desastroso. Não pode-
nais, o oferecimento gratuito mos presenciar a desarbori-
e generoso de sombra úmi- zação de Campinas silencio-
da, protetora e refrescante, samente; pagaremos caro
foram comprometidos por por esse engano.
podas radicais, desnecessá- Precisamos das árvores
rias. A ação do poder públi- bem cuidadas em Campi-
co campineiro destruiu déca- nas, de civilidade e de com-
das de crescimento, irrespon- prometimento social. Assim,
savelmente. elas nos refletirão todas as
Na praça e em seu entor- suas contribuições!
no restaram a aridez, a deso-
lação e a total desconfigura-
ção paisagístico-ambiental. I I José Hamilton de Aguirre Junior é
engenheiro florestal, mestre em Arborização
Infelizmente, a situação não Urbana; Carlos Alberto Gomes Henriques é
é distinta nas ruas, praças e engenheiro-agrônomo, membro da
Sociedade Protetora da Diversidade das
áreas verdes de Campinas. A Espécies (Proesp)
POLÍTICA cial inigualável neste mo- visível no governo petista a
mento. falta de interesse de aprova-
Por um País de todos
A emenda, aprovada pela ção deste projeto que eleva
Câmara dos Deputados e pe- o pão de cada dia, bem ao
lo Senado, agora está nas contrário da atuação para
mãos da presidente Dilma atender as gigantes compa-
Rousseff. nhias como a retirada do im-
zem bloqueio armados em ro- Os discursos alimentavam sória 563/2012 em favor da Segundo dados recentes posto dos automóveis novos
VANDERLEI
MACRIS dovias, passeatas nas princi- sonhos de “a nossa vez” e retirada dos impostos da ces- do Departamento Intersindi- e da linha branca.
dep.vanderleimacris@camara.gov.br pais capitais, servidores acam- “fim dos impostos”, quando ta básica. Sem impostos, os cal de Estatística e Estudos A isenção de impostos na
pam em faculdades, portos nem um e nem outro objeti- alimentos podem ficar até Socioeconômicos (Dieese) a cesta básica teria grande im-
estão paralisados, agentes da vo foi atingido. R$ 28 mais baratos, deixan- cesta básica ficou mais cara pacto em todo o País, afinal,
polícia federal interrompe- Por anos, o Partido dos do a mesa dos brasileiros em 17 capitais do País. uma boa alimentação garan-
A cada dia o nosso País, deno- ram investigações e o setor Trabalhadores fez alarde mais farta e beneficiando Como nas famílias pobres a te mais saúde e menos pes-
minado “de todos” por um mais sensível de todos está com a reivindicação de refor- realmente os que mais preci- parcela de gastos com ali- soas nos hospitais, mais
partido que diz ser dos traba- sendo afetado: a saúde. ma tributária. No governo, o sam. Com a proposta, os 13 mentação é maior, a tributa- crianças dispostas nas esco-
lhadores, caminha a passos Estamos à beira do caos e que vemos é uma política alimentos que compõem a ção excessiva dos alimentos las, dignidade, enfim, um
lentos rumo ao primeiro a indignação maior se dá a completamente contrária. cesta básica teriam diminui- acaba prejudicando a distri- Brasil mais forte.
mundo. partir do momento em que o Os impostos estão atropelan- ção em reais de 15%, estabe- buição de renda e contribuin- Porém, enquanto o Brasil
Notícias de que 28 setores Partido dos Trabalhadores do os brasileiros e não há al- lecendo isenção total de im- do para manter um maior nú- for apenas maquiado como
do funcionalismo público fe- (PT), que mantinha um diálo- ternativa para o cidadão. postos federais (IPI e PIS/Co- mero de pessoas abaixo da li- um “país de todos”, estare-
deral estão em greve ganham go aberto com a classe operá- Buscando novas alternati- fins) para carne, leite, arroz, nha da pobreza. Nesta popu- mos distantes dessa realida-
destaque nas manchetes e o ria — quando lhe parecia inte- vas para beneficiar as famí- feijão, batata, farinha, pão, lação, o gasto com alimenta- de.
resultado é assombroso: aero- ressante — vira as costas aos lias de baixa renda, o PSDB café, óleo, açúcar, manteiga, ção representa mais de dois
portos ganham mais filas, po- trabalhadores, vira as costas recentemente apresentou tomate e banana, uma medi- terços da renda familiar. I I Vanderlei Macris é deputado federal
liciais rodoviários federais fa- ao povo brasileiro. uma emenda à Medida Provi- da que teria um alcance so- Contudo, ainda assim, é pelo PSDB-SP