SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 14
A Poesia como Documento Histórico:
    Reflexões Transdisciplinares
                               Renata Cardoso de Sousa
                       Orientador: Fábio de Souza Lessa
            Laboratório de História Antiga (LHIA-UFRJ)
      Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
                                    Tecnológico (CNPq)
Apresentação

• Nosso objetivo nessa comunicação é mostrar
  como a poesia pode servir de documentação
  histórica, bem como dialogar com os
  pesquisadores oriundos da área de Letras no
  tocante à análise da epopeia.
• Apresentaremos, também, um método de
  análise que pode ajudar a compreender o
  universo histórico e cultural dos poemas
  homéricos.
O tratamento da documentação
             escrita

• Positivismo: corrente que se expandiu para várias
  áreas do conhecimento no século XIX. Na História,
  acreditava-se poder chegar à verdade absoluta dos
  acontecimentos através da utilização de documentos
  escritos oficiais; ideia de prova e primazia da história
  política.
• Mesmo com o surgimento quase concomitante da
  Antropologia e da Arqueologia, essas ciências eram
  pouco utilizadas no meio historiográfico, visto que se
  ocupavam de povos primitivos, ágrafos.
O tratamento da documentação
             escrita

• A partir do final da década de 1920, a Escola dos
  Annales, outra corrente historiográfica, chamou
  atenção para outros objetos, abrindo o leque de
  fontes para a História, e permitu que outras ciências
  auxiliassem no estudo deles.
• Um desses objetos incorporados foi a fonte literária.
O tratamento das obras de
             Homero

• Mesmo sendo escritas, as epopeias homéricas
  não foram sempre um objeto de estudo no
  campo historiográfico: elas contavam mitos.
• A “Questão Homérica”: desde a Antiguidade,
  havia indagações sobre a unidade das
  epopeias, sobre a existência de Homero,
  sobre a precisão das descrições. A partir do
  século XVIII, esse debate ficou concentrado
  em duas correntes (analistas e unitaristas).
O tratamento das obras de
             Homero

• Heinrich Schliemann (1822-1890), um
  comerciante alemão, embevecido pelos
  poemas homéricos, decidiu investir na
  descoberta de Troia, a fim de provar a
  veracidade da Ilíada e da Odisseia.
• Cada artefato encontrado pertencia a um
  personagem da guerra para ele: a máscara
  funerária de Agamêmnon, a taça de Nestor, as
  joias de Hécuba.
O tratamento das obras de
             Homero

• Algumas décadas depois, arqueólogos
  profissionais recomeçaram as escavações no
  local e acabaram descobrindo onze “Troias”,
  sobrepostas umas às outras, sendo a Troia
  homérica a VIIa.
• Com a Arqueologia, descobriu-se uma
  imiscuidade de períodos nas obras homéricas.
O tratamento das obras de
                Homero

•    Isso se dá porque “É possível que o período descrito na obra
    [de Homero] abarque um milênio completo, do ano 1600 ao
    600 a.C.” (COLOMBANI, 2005, p. 8).
•    As escavações em Hissarlik não estão sendo feitas para
    comprovar a Ilíada ou a Odisseia; do mesmo modo, não é a
    função do historiador que se debruça sobre as obras
    homéricas tentar provar que a guerra de Troia, ou o “rapto”
    de Helena, ou as viagens de Odisseu de fato aconteceram.
    Não é nossa função provar que Páris, Heitor, Príamo, Aquiles,
    Ájax ou Agamêmnon existiram realmente.
A função do historiador das obras
            homéricas

• “(...) o aproveitamento histórico da obra homérica
  será seguro e maior sempre que apontar para o
  estudo de aspectos como família, vida social e
  política, instituições e normas, princípios éticos,
  comportamento religioso, cultura material, ou
  fatores econômicos.” (GABBA, 1986, p. 45).



  GABBA, Emilio. Homero. In: CRAWFORD, Michael (Org.). Fuentes para el Estudio de la Historia
  Antigua. Madrid: Taurus, 1986, p. 38-45.
Exemplo de análise: Páris

• Não basta analisar um herói apenas em sua
  singularidade: é preciso levar em conta a
  sociedade em que ele vive.
• Para isso, realizamos uma leitura isotópica da
  obra, a fim de verificar, em nível axiológico,
  quais são os elementos euforizados,
  disforizados e aforizados.
Exemplo de análise: Páris

• O que se espera de um membro dessa sociedade?
 Que tenha honra (timé);       Que tenha justa-medida
 Que tenha virtude (areté);     (métron) em seus atos;
 Que tenha coragem na          Que respeite os anciãos;
  guerra;                       Que se case;
 Que respeite os deuses,       Que       participe      das
  oferecendo-lhes libações;      discussões na agorá;
 Que respeite os ritos de      Que cozinhe os alimentos,
  hospitalidade (xénia);         bem como não beba o
                                 vinho puro.
Exemplo de análise: Páris

• Como Páris é representado na Ilíada?
 “divo” (theoeidés), (vários          “sedutor de mulheres” (III, v.
  versos);                              39);
 “marido de Helena cacheada”          “careces de força e coragem”
  (vários versos);                      (III, v. 45);
 “Páris funesto” (Dýsparis), (III,    “Esses cabelos, a cítara, os
  v. 39);                               dons de Afrodite, a beleza” (III,
 “fautor desta guerra” (III, v.        v. 54);
  87; VII, v. 374);                    “Mas, voluntário, te escusas;
 “fautor de desgraças” (VI, v.         não queres lutar” (VI, v. 523);
  282);                                “Este, porém, nunca teve
 “de belas feições” (III, v. 39);      firmeza, nem nunca há de tê-
                                        la” (VI, v. 352).
Exemplo de análise: Páris

• A priori, Páris parece ser um anti-herói.
• Entretanto, ao continuarmos a leitura da Ilíada,
  vemos que ele retorna ao combate, mata outros
  guerreiros, demonstrando sua habilidade com o arco
  e flecha.
• Desse modo, Páris configura-se em um modelo de
  como proceder, visto que age de maneira vil mas
  procura consertar seus erros.
• As obras homéricas têm uma função paidêutica.
Considerações finais

• Demonstramos aqui que a poesia pode ser um documento
  histórico, à medida que possui elementos reveladores da
  cultura helênica políade, por ser uma obra de cunho
  paidêutico.
• Além disso, mostramos uma abordagem desses poemas que
  pode auxiliar àquele que se debruça sobre eles.
• Mostramos, também, como é importante ir ao texto e
  analisar de que forma ele é construído para se estudar essa
  sociedade e as personagens descritas na epopeia. O
  aproveitamento é ainda maior quando voltamos ao texto em
  sua língua original, visto que cada termo engendra uma noção
  que pode se perder na tradução.

Weitere ähnliche Inhalte

Ähnlich wie A poesia como documento histórico: análise da Ilíada e da Odisseia

Renascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoRenascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoAntónio Fernandes
 
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]Pedro Andrade
 
Revisão de literatura- mitologia grega- prof anne
Revisão de literatura- mitologia grega- prof anneRevisão de literatura- mitologia grega- prof anne
Revisão de literatura- mitologia grega- prof anneAnne Clea Lima
 
Páris homérico e Páris trágico
Páris homérico e Páris trágicoPáris homérico e Páris trágico
Páris homérico e Páris trágicoRenata Cardoso
 
Sociedade e indivíduo na Ilíada de Homero
Sociedade e indivíduo na Ilíada de HomeroSociedade e indivíduo na Ilíada de Homero
Sociedade e indivíduo na Ilíada de HomeroRenata Cardoso
 
Cap05 humanismo liter
Cap05 humanismo literCap05 humanismo liter
Cap05 humanismo literwhybells
 
Produção do conhecimento histórico
Produção do conhecimento históricoProdução do conhecimento histórico
Produção do conhecimento históricoMunis Pedro
 
História dos annales trajetória
História dos annales   trajetóriaHistória dos annales   trajetória
História dos annales trajetóriaHelio Smoly
 
488939247-re-npl11-solucoes-unidade-3-docx.pdf
488939247-re-npl11-solucoes-unidade-3-docx.pdf488939247-re-npl11-solucoes-unidade-3-docx.pdf
488939247-re-npl11-solucoes-unidade-3-docx.pdfLeonorSoares13
 
toaz.info-re-npl11-solucoes-unidade-3-pr_a8df58330ffe93653f978a8843527a3d.pdf
toaz.info-re-npl11-solucoes-unidade-3-pr_a8df58330ffe93653f978a8843527a3d.pdftoaz.info-re-npl11-solucoes-unidade-3-pr_a8df58330ffe93653f978a8843527a3d.pdf
toaz.info-re-npl11-solucoes-unidade-3-pr_a8df58330ffe93653f978a8843527a3d.pdfpatriciasousa978346
 
Sofocles e antigona kathrin rosenfield (1)
Sofocles e antigona   kathrin rosenfield (1)Sofocles e antigona   kathrin rosenfield (1)
Sofocles e antigona kathrin rosenfield (1)Marcio da Mota Silva
 

Ähnlich wie A poesia como documento histórico: análise da Ilíada e da Odisseia (20)

APOSTILA DE LITERATURA
APOSTILA DE LITERATURAAPOSTILA DE LITERATURA
APOSTILA DE LITERATURA
 
Seminário Antiga I
Seminário Antiga ISeminário Antiga I
Seminário Antiga I
 
Homero e seus poemas
Homero e seus poemasHomero e seus poemas
Homero e seus poemas
 
Renascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoRenascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e Classicismo
 
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
Literatura Brasileira [Quinhentismo, Barroco, Arcadismo]
 
Revisão de literatura- mitologia grega- prof anne
Revisão de literatura- mitologia grega- prof anneRevisão de literatura- mitologia grega- prof anne
Revisão de literatura- mitologia grega- prof anne
 
Páris homérico e Páris trágico
Páris homérico e Páris trágicoPáris homérico e Páris trágico
Páris homérico e Páris trágico
 
Sociedade e indivíduo na Ilíada de Homero
Sociedade e indivíduo na Ilíada de HomeroSociedade e indivíduo na Ilíada de Homero
Sociedade e indivíduo na Ilíada de Homero
 
Humanismo
HumanismoHumanismo
Humanismo
 
Cap05 humanismo liter
Cap05 humanismo literCap05 humanismo liter
Cap05 humanismo liter
 
Introdução ao estudo da história
Introdução ao estudo da históriaIntrodução ao estudo da história
Introdução ao estudo da história
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Produção do conhecimento histórico
Produção do conhecimento históricoProdução do conhecimento histórico
Produção do conhecimento histórico
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 
Imaginário e matérias
Imaginário e matériasImaginário e matérias
Imaginário e matérias
 
História dos annales trajetória
História dos annales   trajetóriaHistória dos annales   trajetória
História dos annales trajetória
 
488939247-re-npl11-solucoes-unidade-3-docx.pdf
488939247-re-npl11-solucoes-unidade-3-docx.pdf488939247-re-npl11-solucoes-unidade-3-docx.pdf
488939247-re-npl11-solucoes-unidade-3-docx.pdf
 
toaz.info-re-npl11-solucoes-unidade-3-pr_a8df58330ffe93653f978a8843527a3d.pdf
toaz.info-re-npl11-solucoes-unidade-3-pr_a8df58330ffe93653f978a8843527a3d.pdftoaz.info-re-npl11-solucoes-unidade-3-pr_a8df58330ffe93653f978a8843527a3d.pdf
toaz.info-re-npl11-solucoes-unidade-3-pr_a8df58330ffe93653f978a8843527a3d.pdf
 
Humanismo
HumanismoHumanismo
Humanismo
 
Sofocles e antigona kathrin rosenfield (1)
Sofocles e antigona   kathrin rosenfield (1)Sofocles e antigona   kathrin rosenfield (1)
Sofocles e antigona kathrin rosenfield (1)
 

Mehr von Renata Cardoso

Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang Petersen
Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang PetersenPáris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang Petersen
Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang PetersenRenata Cardoso
 
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de Discurso
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de DiscursoA Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de Discurso
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de DiscursoRenata Cardoso
 
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógicaO Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógicaRenata Cardoso
 
Sociedade Homérica, Sociedade Grega: Noções Importantes para o Estudo da “Pai...
Sociedade Homérica, Sociedade Grega: Noções Importantes para o Estudo da “Pai...Sociedade Homérica, Sociedade Grega: Noções Importantes para o Estudo da “Pai...
Sociedade Homérica, Sociedade Grega: Noções Importantes para o Estudo da “Pai...Renata Cardoso
 
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de..."Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...Renata Cardoso
 
A individualidade do herói na "Ilíada" de Homero - SOUSA, Renata Cardoso de.
A individualidade do herói na "Ilíada" de Homero - SOUSA, Renata Cardoso de.A individualidade do herói na "Ilíada" de Homero - SOUSA, Renata Cardoso de.
A individualidade do herói na "Ilíada" de Homero - SOUSA, Renata Cardoso de.Renata Cardoso
 
Mas muito medrosos [são] os troianos - SOUSA, Renata Cardoso de.
Mas muito medrosos [são] os troianos - SOUSA, Renata Cardoso de.Mas muito medrosos [são] os troianos - SOUSA, Renata Cardoso de.
Mas muito medrosos [são] os troianos - SOUSA, Renata Cardoso de.Renata Cardoso
 
Apresentação de "Introdução a Homero"
Apresentação de "Introdução a Homero"Apresentação de "Introdução a Homero"
Apresentação de "Introdução a Homero"Renata Cardoso
 

Mehr von Renata Cardoso (8)

Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang Petersen
Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang PetersenPáris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang Petersen
Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang Petersen
 
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de Discurso
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de DiscursoA Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de Discurso
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de Discurso
 
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógicaO Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
 
Sociedade Homérica, Sociedade Grega: Noções Importantes para o Estudo da “Pai...
Sociedade Homérica, Sociedade Grega: Noções Importantes para o Estudo da “Pai...Sociedade Homérica, Sociedade Grega: Noções Importantes para o Estudo da “Pai...
Sociedade Homérica, Sociedade Grega: Noções Importantes para o Estudo da “Pai...
 
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de..."Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...
 
A individualidade do herói na "Ilíada" de Homero - SOUSA, Renata Cardoso de.
A individualidade do herói na "Ilíada" de Homero - SOUSA, Renata Cardoso de.A individualidade do herói na "Ilíada" de Homero - SOUSA, Renata Cardoso de.
A individualidade do herói na "Ilíada" de Homero - SOUSA, Renata Cardoso de.
 
Mas muito medrosos [são] os troianos - SOUSA, Renata Cardoso de.
Mas muito medrosos [são] os troianos - SOUSA, Renata Cardoso de.Mas muito medrosos [são] os troianos - SOUSA, Renata Cardoso de.
Mas muito medrosos [são] os troianos - SOUSA, Renata Cardoso de.
 
Apresentação de "Introdução a Homero"
Apresentação de "Introdução a Homero"Apresentação de "Introdução a Homero"
Apresentação de "Introdução a Homero"
 

Kürzlich hochgeladen

Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecniCleidianeCarvalhoPer
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇJaineCarolaineLima
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxkellyneamaral
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 

Kürzlich hochgeladen (20)

Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 

A poesia como documento histórico: análise da Ilíada e da Odisseia

  • 1. A Poesia como Documento Histórico: Reflexões Transdisciplinares Renata Cardoso de Sousa Orientador: Fábio de Souza Lessa Laboratório de História Antiga (LHIA-UFRJ) Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
  • 2. Apresentação • Nosso objetivo nessa comunicação é mostrar como a poesia pode servir de documentação histórica, bem como dialogar com os pesquisadores oriundos da área de Letras no tocante à análise da epopeia. • Apresentaremos, também, um método de análise que pode ajudar a compreender o universo histórico e cultural dos poemas homéricos.
  • 3. O tratamento da documentação escrita • Positivismo: corrente que se expandiu para várias áreas do conhecimento no século XIX. Na História, acreditava-se poder chegar à verdade absoluta dos acontecimentos através da utilização de documentos escritos oficiais; ideia de prova e primazia da história política. • Mesmo com o surgimento quase concomitante da Antropologia e da Arqueologia, essas ciências eram pouco utilizadas no meio historiográfico, visto que se ocupavam de povos primitivos, ágrafos.
  • 4. O tratamento da documentação escrita • A partir do final da década de 1920, a Escola dos Annales, outra corrente historiográfica, chamou atenção para outros objetos, abrindo o leque de fontes para a História, e permitu que outras ciências auxiliassem no estudo deles. • Um desses objetos incorporados foi a fonte literária.
  • 5. O tratamento das obras de Homero • Mesmo sendo escritas, as epopeias homéricas não foram sempre um objeto de estudo no campo historiográfico: elas contavam mitos. • A “Questão Homérica”: desde a Antiguidade, havia indagações sobre a unidade das epopeias, sobre a existência de Homero, sobre a precisão das descrições. A partir do século XVIII, esse debate ficou concentrado em duas correntes (analistas e unitaristas).
  • 6. O tratamento das obras de Homero • Heinrich Schliemann (1822-1890), um comerciante alemão, embevecido pelos poemas homéricos, decidiu investir na descoberta de Troia, a fim de provar a veracidade da Ilíada e da Odisseia. • Cada artefato encontrado pertencia a um personagem da guerra para ele: a máscara funerária de Agamêmnon, a taça de Nestor, as joias de Hécuba.
  • 7. O tratamento das obras de Homero • Algumas décadas depois, arqueólogos profissionais recomeçaram as escavações no local e acabaram descobrindo onze “Troias”, sobrepostas umas às outras, sendo a Troia homérica a VIIa. • Com a Arqueologia, descobriu-se uma imiscuidade de períodos nas obras homéricas.
  • 8. O tratamento das obras de Homero • Isso se dá porque “É possível que o período descrito na obra [de Homero] abarque um milênio completo, do ano 1600 ao 600 a.C.” (COLOMBANI, 2005, p. 8). • As escavações em Hissarlik não estão sendo feitas para comprovar a Ilíada ou a Odisseia; do mesmo modo, não é a função do historiador que se debruça sobre as obras homéricas tentar provar que a guerra de Troia, ou o “rapto” de Helena, ou as viagens de Odisseu de fato aconteceram. Não é nossa função provar que Páris, Heitor, Príamo, Aquiles, Ájax ou Agamêmnon existiram realmente.
  • 9. A função do historiador das obras homéricas • “(...) o aproveitamento histórico da obra homérica será seguro e maior sempre que apontar para o estudo de aspectos como família, vida social e política, instituições e normas, princípios éticos, comportamento religioso, cultura material, ou fatores econômicos.” (GABBA, 1986, p. 45). GABBA, Emilio. Homero. In: CRAWFORD, Michael (Org.). Fuentes para el Estudio de la Historia Antigua. Madrid: Taurus, 1986, p. 38-45.
  • 10. Exemplo de análise: Páris • Não basta analisar um herói apenas em sua singularidade: é preciso levar em conta a sociedade em que ele vive. • Para isso, realizamos uma leitura isotópica da obra, a fim de verificar, em nível axiológico, quais são os elementos euforizados, disforizados e aforizados.
  • 11. Exemplo de análise: Páris • O que se espera de um membro dessa sociedade?  Que tenha honra (timé);  Que tenha justa-medida  Que tenha virtude (areté); (métron) em seus atos;  Que tenha coragem na  Que respeite os anciãos; guerra;  Que se case;  Que respeite os deuses,  Que participe das oferecendo-lhes libações; discussões na agorá;  Que respeite os ritos de  Que cozinhe os alimentos, hospitalidade (xénia); bem como não beba o vinho puro.
  • 12. Exemplo de análise: Páris • Como Páris é representado na Ilíada?  “divo” (theoeidés), (vários  “sedutor de mulheres” (III, v. versos); 39);  “marido de Helena cacheada”  “careces de força e coragem” (vários versos); (III, v. 45);  “Páris funesto” (Dýsparis), (III,  “Esses cabelos, a cítara, os v. 39); dons de Afrodite, a beleza” (III,  “fautor desta guerra” (III, v. v. 54); 87; VII, v. 374);  “Mas, voluntário, te escusas;  “fautor de desgraças” (VI, v. não queres lutar” (VI, v. 523); 282);  “Este, porém, nunca teve  “de belas feições” (III, v. 39); firmeza, nem nunca há de tê- la” (VI, v. 352).
  • 13. Exemplo de análise: Páris • A priori, Páris parece ser um anti-herói. • Entretanto, ao continuarmos a leitura da Ilíada, vemos que ele retorna ao combate, mata outros guerreiros, demonstrando sua habilidade com o arco e flecha. • Desse modo, Páris configura-se em um modelo de como proceder, visto que age de maneira vil mas procura consertar seus erros. • As obras homéricas têm uma função paidêutica.
  • 14. Considerações finais • Demonstramos aqui que a poesia pode ser um documento histórico, à medida que possui elementos reveladores da cultura helênica políade, por ser uma obra de cunho paidêutico. • Além disso, mostramos uma abordagem desses poemas que pode auxiliar àquele que se debruça sobre eles. • Mostramos, também, como é importante ir ao texto e analisar de que forma ele é construído para se estudar essa sociedade e as personagens descritas na epopeia. O aproveitamento é ainda maior quando voltamos ao texto em sua língua original, visto que cada termo engendra uma noção que pode se perder na tradução.