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Jornal Valor Econômico - CAD F - ESPECIAIS - 24/10/2013 (15:44) - Página 1- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW
Enxerto

Quinta-feira, 24 de outubro de 2013

| F1

Exemplo de Severino
Lima ilustra a força
da atividade de
catador em Natal F4

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Resíduos urbanos

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No Brasil existem 800
cidades com coleta seletiva e é esse
modelo complementar que
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Os problemas do
Hoje há muitas entre as
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somente o governo e o setor privado com o esgotamento de espaço nos
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dos parceiros das ações, ao lado
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(fundo multilateral de investimentos do BID) e da Coca-Cola.
“Os problemas do desenvolvimento são muito complexos e somente o governo, o banco ou o setor privado, sozinhos, não conseguem resolver”, diz Fernando Jiménez-Ontiveros, vice-diretor do
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Ontiveros. “A Coca-Cola é um parceiro fundamental precisamente
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do material. Para Vitor Bicca, presidente do Compromisso Empresarial pela Reciclagem (Cempre),
pioneiro da aliança global de reciclagem (Garsd), esse é um ponto fundamental na proposta que
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contexto de acordos setoriais pa-

ra a logística reversa de embalagens da PNRS. “Mesmo o modelo
informal tem tido sucesso no
país”, diz Bicca, citando estudo da
consultoria LCA encomendado
pelo Cempre que aponta taxa média de 65,3% de recuperação de
embalagens descartadas. A corrente oficial não assegura que o
material chegue ao reciclador,
afirma. “No Brasil existem 800 cidades com coleta seletiva e é esse
modelo complementar que precisamos reforçar, com garantia de
compra de matérias-primas para
embalagem pela indústria.”
É preciso, porém, ampliar o alcance das iniciativas, avalia Horacio Terraza, especialista em água e
saneamento do BID. Bons exemplos precisam ser replicados. A situação requer, diz, capacidade
técnica e um sistema de tarifas
para os resíduos recicláveis.
Os projetos do Fomin são uma
das facetas do trabalho do BID na
área de resíduos sólidos, cujo
portfólio de investimentos no
campo soma US$ 305 milhões,
traduzidos por empréstimos a sete países. Estão em espera para
aprovação US$ 401 milhões a serem alocados em outros seis países. Os projetos em cooperativas
atingem US$ 10 milhões, em 11
nações, informa Terraza.

Programas capacitam trabalhadores para mercado formal
Sergio Lamucci
De Washington
O avanço nos programas de reciclagem com a participação de catadores caminha hoje com dinheiro e apoio do setor público, das
empresas e de instituições multilaterais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Essa
combinação de recursos e esforços
ajuda a capacitar os trabalhadores,
facilitar a sua organização em cooperativas e contribui para que entrem de modo formal na cadeia de
reciclagem de resíduos sólidos.
Em meados deste ano, teve início a terceira etapa do programa
do governo federal chamado Cata-

forte — Negócios Sustentáveis em
Redes Solidárias, para investir
R$ 200 milhões em empreendimentos de catadores de materiais
recicláveis. Segundo a coordenadora do Comitê Interministerial
de Inclusão Social e Econômica
dos Catadores de Materiais Recicláveis da Secretaria-geral da Presidência da República, Daniela Gomes Mettello, do total de recursos,
R$ 30 milhões devem ser desembolsados em 2013 ano e R$ 100 milhões no ano que vem. O objetivo
do projeto é ajudar a estruturar redes de cooperativas e associações
para que possam prestar serviços
de coleta seletiva para prefeituras,
atuem no mercado de logística re-

versa e na comercialização e beneficiamento de recicláveis.
O presidente do Compromisso
Empresarial para a Reciclagem
(Cempre), Vitor Bicca, diz que o
segmento depende menos de
apoio financeiro do que há alguns
anos. Nota que a inclusão dos catadores é política do governo, mas
que há diferentes níveis de organização das cooperativas. “Há algumas que já têm oportunidades de
trabalhar dentro da cadeira produtiva, enquanto outras ainda estão no começo dela, coletando materiais recicláveis”. Bicca e Daniela
participaram do evento sobre reciclagem promovido pelo BID.
Nesse cenário, há necessidade

de iniciativas como as realizadas
pelo governo para que os catadores e as suas cooperativas ganhem
independência. Bicca observa que
ainda há muitos lixões no Brasil, e
um grande desafio será capacitar
os catadores que trabalham neles.
Parte desses trabalhadores deverá
se integrar a cooperativas e ser absorvida pela seleta coletiva, enquanto outros partirão para outras funções. Segundo Daniela,
ainda existem 2 mil lixões no país,
que devem ser fechados até agosto
de 2014, de acordo com a Política
Nacional de Resíduos Sólidos.
O apoio das empresas ocorre
por meio da capacitação e infraestrutura das organizações, com

equipamentos e com gestão, e
oportunidades de contratos de
fornecimento de material, diz Bicca. “ As cooperativas podem ser os
braços das empresas na coleta do
material”. As organizações de catadores, nesse quadro, fazem parte
do trabalho que normalmente seria feito pelo governo local na coleta seletiva. Hoje, dos mais de 5.500
municípios do Brasil, cerca de 800
realizam coleta seletiva, segundo
dados do Cempre.
A importância de garantir a inclusão dos catadores está foco da
ação do Fundo Multilateral de Investimento (Fomin) do BID. Desde
2008, o Fomin aprovou 19 operações em 15 países, num total de

US$ 14 milhões, dos quais US$ 5
milhões foram para o Brasil, como
o projeto Catação. No centro das
preocupações da instituição, está a
melhora de renda e qualidade de
vida dos catadores e de suas comunidades. Segundo a especialistasênior do Fomin, Estrella PeinadoVara, o fundo trabalha com o setor
público e o setor privado, enfatiza
ela. Os projetos financiados são de
pequeno porte, para que possam
ser replicados e ganhem escala.
A questão econômica também
importa. Segundo Bicca, o Brasil
perde R$ 8 bilhões por ano por
deixar de reciclar resíduos recicláveis encaminhados para aterros sanitários e lixões.

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Modelos de coleta sustentável que beneficiem catadores

  • 1. Jornal Valor --- Página 1 da edição "24/10/2013 1a CAD F" ---- Impressa por edazevedo às 23/10/2013@15:44:23 Jornal Valor Econômico - CAD F - ESPECIAIS - 24/10/2013 (15:44) - Página 1- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW Enxerto Quinta-feira, 24 de outubro de 2013 | F1 Exemplo de Severino Lima ilustra a força da atividade de catador em Natal F4 Especial Resíduos urbanos FOTOS: KEVIN WOLF/AP No Brasil existem 800 cidades com coleta seletiva e é esse modelo complementar que precisamos reforçar Os problemas do Hoje há muitas entre as desenvolvimento são complexos e grandes cidades que já convivem somente o governo e o setor privado com o esgotamento de espaço nos não conseguem resolvê-los aterros sanitários Victor Bicca Fernando Jimenez-Ontiveros Horacio Terraza Cadeia de valor Reunião na sede do BID discute modelo de coleta sustentável que beneficie os catadores. Por Célia Rosemblum, de Washington P arcerias público privadas (PPPs) podem ser uma das bases para solucionar um problema socioambiental comum aos países da América Latina, o mercado informal de resíduos sólidos, que envolve, apenas no vácuo da coleta seletiva de lixo escassamente realizada pelo poder público, um exército de 4 milhões de catadores que, na grande maioria, trabalham em condições precárias. É esse o caminho por onde seguem, com bons resultados em algumas experiências, projetos que contemplam três frentes: organização dos trabalhadores em associações, mudanças na legislação que ajudem a formalizar a rede de coleta e triagem dos materiais, e estímulos ao mercado, para inserir a atividade dos catadores na cadeia de valor da reciclagem. Em torno dessas questões orbitaram os debates das reuniões anual da Aliança Global para a Reciclagem e Desenvolvimento Sustentável (Garsd) e do terceiro conselho consultivo da Iniciativa Regional para a Reciclagem Inclusiva (IRR), segunda e terça-feira, em Washington, na sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), um dos parceiros das ações, ao lado da Fundação Avina, do Fomin (fundo multilateral de investimentos do BID) e da Coca-Cola. “Os problemas do desenvolvimento são muito complexos e somente o governo, o banco ou o setor privado, sozinhos, não conseguem resolver”, diz Fernando Jiménez-Ontiveros, vice-diretor do Fomin, que em 20 anos de operação soma 1700 projetos apoiados em diferentes áreas. No campo dos resíduos sólidos, reforçado há dois anos com a IRR, ele defende a busca de modelos de negócios sustentáveis, “rentáveis não somente para os beneficiários, os catadores, mas para toda a cadeia, inclusive para as finanças públicas, com o pagamento de impostos a partir da formalização da atividade”. A escolha de parceiros que ajudem a multiplicar os projetos é estratégica. “Nesse tema, aprendemos que é importante trabalhar primeiro com uma grande corporação, que pode atrair empresas da cadeia de valor. Ao mesmo tempo, se tivermos sucesso na iniciativa, é muito mais fácil convencer outras corporações”, diz Ontiveros. “A Coca-Cola é um parceiro fundamental precisamente para influir na cadeia de valor.” Mas a presença de uma multinacional também pode provocar resistências. Aí entra em cena a participação da sociedade civil, no caso a Fundação Avina e o próprio BID. “Isso dá uma tranquilidade para esses coletivos que às vezes podem achar que existe problema na correlação de forças”, analisa Ontiveros. Para a fabricante de bebidas, a adesão à iniciativa, traduzida por apoio operacional e por parte dos US$ 8,4 milhões disponíveis para os três anos de operação inicial da IRR, está inserida nas metas socioambientais fixadas para 2020. Ao lado de objetivos como zerar a pegada hídrica da produção, a companhia quer avançar na sustentabilidade das embalagens, explica Rafael Fernández, vicepresidente de assuntos governamentais e comunicação da CocaCola na América Latina. “Acreditamos que podemos promover uma mudança positiva nas comunidades e apoiamos concretamente essa mudança com os catadores”, diz. O apoio a IRR é complementado por ações locais na área de resíduos. Um estudo feito pela Accenture em 15 países da região mostra a complexidade da tarefa. Não existem números oficiais confiá- veis, nem transparência em relação a preços, diz Manuel Torres, executivo sênior da consultoria. “A captura de valor por parte dos atravessadores chega a 200% do preço pago aos catadores”, afirma. No retrato traçado — com as dimensões de regulação, organização e mercado — o Brasil está na liderança. Não se trata de um ranking, mas de desempenho em determinados indicadores, ressalva o executivo. Na outra ponta estão Haiti, Nicarágua e Paraguai. A responsabilidade compartilhada pelos resíduos pós-consumo, introduzida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é um diferencial importante para o Brasil, citado como exemplo de sucesso em vários debates. Governos, empresas e cidadãos devem ser envolvidos no processo de coleta, tratamento e reciclagem da fração seca do lixo. O azeite da engrenagem é a garantia de compra, pela indústria, do material. Para Vitor Bicca, presidente do Compromisso Empresarial pela Reciclagem (Cempre), pioneiro da aliança global de reciclagem (Garsd), esse é um ponto fundamental na proposta que a entidade, junto com 22 associações, apresentou ao governo no contexto de acordos setoriais pa- ra a logística reversa de embalagens da PNRS. “Mesmo o modelo informal tem tido sucesso no país”, diz Bicca, citando estudo da consultoria LCA encomendado pelo Cempre que aponta taxa média de 65,3% de recuperação de embalagens descartadas. A corrente oficial não assegura que o material chegue ao reciclador, afirma. “No Brasil existem 800 cidades com coleta seletiva e é esse modelo complementar que precisamos reforçar, com garantia de compra de matérias-primas para embalagem pela indústria.” É preciso, porém, ampliar o alcance das iniciativas, avalia Horacio Terraza, especialista em água e saneamento do BID. Bons exemplos precisam ser replicados. A situação requer, diz, capacidade técnica e um sistema de tarifas para os resíduos recicláveis. Os projetos do Fomin são uma das facetas do trabalho do BID na área de resíduos sólidos, cujo portfólio de investimentos no campo soma US$ 305 milhões, traduzidos por empréstimos a sete países. Estão em espera para aprovação US$ 401 milhões a serem alocados em outros seis países. Os projetos em cooperativas atingem US$ 10 milhões, em 11 nações, informa Terraza. Programas capacitam trabalhadores para mercado formal Sergio Lamucci De Washington O avanço nos programas de reciclagem com a participação de catadores caminha hoje com dinheiro e apoio do setor público, das empresas e de instituições multilaterais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Essa combinação de recursos e esforços ajuda a capacitar os trabalhadores, facilitar a sua organização em cooperativas e contribui para que entrem de modo formal na cadeia de reciclagem de resíduos sólidos. Em meados deste ano, teve início a terceira etapa do programa do governo federal chamado Cata- forte — Negócios Sustentáveis em Redes Solidárias, para investir R$ 200 milhões em empreendimentos de catadores de materiais recicláveis. Segundo a coordenadora do Comitê Interministerial de Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais Recicláveis da Secretaria-geral da Presidência da República, Daniela Gomes Mettello, do total de recursos, R$ 30 milhões devem ser desembolsados em 2013 ano e R$ 100 milhões no ano que vem. O objetivo do projeto é ajudar a estruturar redes de cooperativas e associações para que possam prestar serviços de coleta seletiva para prefeituras, atuem no mercado de logística re- versa e na comercialização e beneficiamento de recicláveis. O presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), Vitor Bicca, diz que o segmento depende menos de apoio financeiro do que há alguns anos. Nota que a inclusão dos catadores é política do governo, mas que há diferentes níveis de organização das cooperativas. “Há algumas que já têm oportunidades de trabalhar dentro da cadeira produtiva, enquanto outras ainda estão no começo dela, coletando materiais recicláveis”. Bicca e Daniela participaram do evento sobre reciclagem promovido pelo BID. Nesse cenário, há necessidade de iniciativas como as realizadas pelo governo para que os catadores e as suas cooperativas ganhem independência. Bicca observa que ainda há muitos lixões no Brasil, e um grande desafio será capacitar os catadores que trabalham neles. Parte desses trabalhadores deverá se integrar a cooperativas e ser absorvida pela seleta coletiva, enquanto outros partirão para outras funções. Segundo Daniela, ainda existem 2 mil lixões no país, que devem ser fechados até agosto de 2014, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O apoio das empresas ocorre por meio da capacitação e infraestrutura das organizações, com equipamentos e com gestão, e oportunidades de contratos de fornecimento de material, diz Bicca. “ As cooperativas podem ser os braços das empresas na coleta do material”. As organizações de catadores, nesse quadro, fazem parte do trabalho que normalmente seria feito pelo governo local na coleta seletiva. Hoje, dos mais de 5.500 municípios do Brasil, cerca de 800 realizam coleta seletiva, segundo dados do Cempre. A importância de garantir a inclusão dos catadores está foco da ação do Fundo Multilateral de Investimento (Fomin) do BID. Desde 2008, o Fomin aprovou 19 operações em 15 países, num total de US$ 14 milhões, dos quais US$ 5 milhões foram para o Brasil, como o projeto Catação. No centro das preocupações da instituição, está a melhora de renda e qualidade de vida dos catadores e de suas comunidades. Segundo a especialistasênior do Fomin, Estrella PeinadoVara, o fundo trabalha com o setor público e o setor privado, enfatiza ela. Os projetos financiados são de pequeno porte, para que possam ser replicados e ganhem escala. A questão econômica também importa. Segundo Bicca, o Brasil perde R$ 8 bilhões por ano por deixar de reciclar resíduos recicláveis encaminhados para aterros sanitários e lixões.