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Projeto Pedagógico
do curso de Medicina
2
FUNDAÇÃO TÉCNICO-EDUCACIONAL
SOUZA MARQUES
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Presidente
PPPrrrooofff... MMMAAAGGGNNNOOO dddeee AAAGGGUUUIIIAAARRR MMMAAARRRAAANNNHHHÃÃÃOOO
Superintendente
ESCOLA DE MEDICINA
SOUZA MARQUES
PPPrrrooofff... DDDrrr... AAANNNTTTÔÔÔNNNIIIOOO PPPAAATTTRRROOOCCCÍÍÍNNNIIIOOO LLLOOOCCCOOOSSSEEELLLLLLIII
Diretor
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DiretorAcadêmico
PPPrrrooofffaaa... DDDrrraaa... YYYAAARRRAAA CCCUUURRRVVVAAACCCHHHOOO MMMAAALLLVVVEEEZZZZZZIII
CoordenadoradeEnsino
PPPrrrooofff... DDDrrr... FFFEEERRRNNNAAANNNDDDOOO AAANNNTTTOOONNNIIIOOO PPPIIINNNTTTOOO NNNAAASSSCCCIIIMMMEEENNNTTTOOO
CoordenadornaSantaCasa
PPPrrrooofffaaa... LLLEEEOOOPPPOOOLLLDDDIIINNNAAA DDDEEE SSSOOOUUUZZZAAA MMMAAARRRQQQUUUEEESSS
SecretáriaGeral
CURSO DE MEDICINA
ÍNDICE
Breve Notícia Histórica 7
Introdução à Programação 13
Apresentação 15
1. Dos Compromissos 15
2. Do Ideal de Saúde 15
3. Das Responsabilidades 17
4. Das Proposições 17
5. Dos Objetivos 17
6. Da Síntese 17
Parâmetros da Programação 19
1. Dos Critérios para o Perfil dos Objetivos 21
2. Dos Critérios para o Perfil do Graduando 22
Organização Curricular 23
1. Do Ciclo de Formação 25
1. A. Dos Fundamentos de Medicina Social 25
1. B. Dos Fundamentos de Medicina Curativa 25
2. Do Ciclo de Internato 26
Currículo: Referências Conceituais 27
1ª Referência: do Estudo da Saúde 29
1. Da Concepção da Promoção da Saúde 29
2. Do Estudo da Saúde Humana: A Higiologia 31
3. Da Atenção Primária à Saúde 32
4. Da Medicina Social 33
2ª Referência: da Formação do Médico 34
5. Das Bases da Formação Médica 34
6. Da Morfologia Funcional 35
7. Dos Mecanismos de Agressão e de Defesa 35
3ª Referência: da Prática Médica 36
8. Da Medicina Curativa 36
9. Da Iniciação à Prática Médica 36
10. Da Propedêutica e da Semiologia 37
11. Da Medicina Clínica 39
Medicina Interna 39
Pediatria 39
Tocoginecologia 40
12. Especialidades 40
13. Terapêutica 41
4ª Referência: da Educação Médica 42
Da Educação Médica 45
Da Educação Médica 47
Portaria nº07/2008 50
Referências Bibliográficas 53
Referências Bibliográficas 53
4
Programação 55
Programação Curricular 57
Critérios Adotados 57
Programação do 1º Ano 59
Programação do 2º Ano 59
Programação do 3º Ano 59
Programação do 4º Ano 60
Programação do 5º Ano 60
Programação do 6º Ano 61
Consolidação das Cargas Horárias 62
Organização Curricular: Estrutura Matricial 62
Ementas 63
Ementas 1º ano 65
Iniciação à Prática Médica 1 67
Iniciação Científica 68
Linguagem Médica 69
Medicina Social 1 70
Morfologia Funcional 1 74
Orientação e Tutoria 76
Ementas 2º ano 77
Farmacologia Básica 79
Fisiopatologia 80
Iniciação à Prática Médica 2 82
Medicina Social 2 83
Morfologia Funcional 2 85
Patógeno Hospedeiro: Interrelações 87
Ementas 3º ano 89
Diagnóstico Médico 91
Farmacologia Clínica 93
Infectologia 94
Iniciação à Prática Cirúrgica 95
Medicina Social 3 96
Psicologia 99
Puericultura 100
Semiologia e Propedêutica Especial 101
Semiologia e Propedêutica Geral 104
Ementas 4º ano 107
Especialidades 109
Medicina Interna 111
Medicina Social 4 114
Pediatria 118
Terapêutica 119
Tocoginecologia 120
Ementas Internato 123
Internato 125
Ciclo de Internato: Normas Gerais 126
Bibliografia Indicada 129
Bibliografia Indicada 131
Bibliografia Complementar 139
Organização Administrativa 143
Organização Administrativa 145
Avaliação do Desempenho Escolar 147
Avaliação do Desempenho Escolar: Regulamento Interno 149
Avaliação do Internato: Regulamento Interno 153
Complemento aos Critérios de Avaliação 155
Deliberações Complementares 157
Internato: Ficha de Avaliação 164
Código de ética 167
Introdução 169
Da Moral 169
Da Ética 169
Da Universidade 170
Da Área da Saúde: da Medicina 171
Código de Ética 172
Capítulo 1: Dos Preceitos Fundamentais 172
Capítulo 2: Dos Preceitos Universitários 172
Secção I - Dos Bens Comuns 172
Secção II – Das Tradições 173
Secção III – Do Convívio Humano 173
Secção IV – Das Produções 173
Secção V – Do Ensino e da Docência 173
Secção VI – Da Pesquisa e do Saber 174
Secção VII – Da Extensão e dos Serviços 174
Secção VIII – Dos Docentes 174
Secção IX – Dos Discentes 175
Secção X – Dos Técnicos 175
Secção XI – Dos Pacientes 175
Secção XII – Da Atenção ao Humano 175
Capítulo 3: Das Disposições Gerais 176
6
Breve Notícia Histórica
8
CURSO DE MEDICINA
BREVE NOTÍCIA HISTÓRICA
01. A ideia de criação de uma Escola de Medicina pela Fundação Técnico-Educacional Souza
Marques resultou de uma proposta apresentada em abril de 1967 na Congregação da Escola de
Pós-Graduação Médica Carlos Chagas, fundada pela Associação de Livre-Docentes da Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro.
Os membros dessa Congregação, todos com titulação de livre-docência e com larga experiência
de magistério, na sua maioria, chefes de enfermarias da Santa Casa da Misericórdia do Rio de
Janeiro, julgaram oportuno o momento para a criação de uma escola médica tendo em vista o
grande número de jovens aprovados nos vestibulares sem que existissem vagas para que pudes-
sem se matricular. Eram os denominados excedentes.
O fato da existência de excedentes criava problemas políticos preocupantes para o Mi-
nistério da Educação e para a própria Presidência da República.
Assim a iniciativa da criação da Escola de Medicina Souza Marques foi tida como uma ideia fe-
liz por ir ao encontro da política do governo, interessado em aumentar o número de vagas oferecidas
pelas poucas escolas de medicina então existentes.
02. Uma vez aprovada a sugestão, foi constituída uma comissão que iniciou as negociações junto
ao então Conselho Federal de Educação (CFE), presidido na ocasião pelo Professor Deolindo
Augusto de Nunes Couto, ao Ministro da Educação, Professor Tarso de Moraes Dutra e fi-
nalmente junto ao Presidente da República, General Artur da Costa e Silva.
A ideia teve boa receptividade por parte de todas as autoridades consultadas e foi iniciada a ela-
boração do Projeto Pedagógico da nova escola médica.
Desde o início definiu-se com precisão o perfil do profissional que se desejava formar. Respeita-
do o Currículo Mínimo de Medicina (CFE Resolução nº 8/69 de 8 de outubro de 1969), nascente a esta
época, a metodologia de ensino projetada obedecia a mais moderna orientação para a época, com de-
terminação de objetivos para cada uma das disciplinas e com um esquema que, sem realizar a plena
integração interdisciplinar, o que seria impossível numa escola de professores em tempo parcial, organi-
zava de modo lógico e concatenado o ensino entre as disciplinas do ciclo básico e, sempre que possível,
entre estas e as do ciclo profissional.
Foram constituídas duas comissões: uma, para a redação do Regimento e outra, para a elabo-
ração do Projeto Pedagógico, as quais em setembro de 1969 deram o trabalho por concluído.
Para enfatizar o valor da proposta efetivada, basta dizer que nessa ocasião, fim da década de
sessenta, quando poucas faculdades pensavam em recorrer ao auxílio de especialistas em ensino médi-
co, já organizava a Escola Souza Marques, mesmo antes do início de seu funcionamento, cursos de
didática médica e tecnologia educacional para a área da saúde.
Foram ministrados cursos de organização de currículos, formulação de objetivos, de avaliação e
muitos outros ministrados pelos poucos especialistas que, à época, atuavam na área. Entre os professo-
res que participaram desses cursos importa citar Agnelo Collet, consultor de Educação Médica da Or-
ganização Mundial de Saúde, um dos precursores (se não o precursor) dos que se dedicaram à nova
especialidade da Pedagogia Médica.
O Projeto Pedagógico da nova Escola ficou pronto e acordos com a Santa Casa da Misericór-
dia do Rio de Janeiro, que por tantos anos já havia abrigado a antiga Faculdade Nacional de Medicina,
asseguraram as enfermarias do tradicional Hospital como o ambiente propício e apropriado para o ensi-
no da escola médica nascente.
03. Era, como ainda é, exigência legal a existência de uma entidade mantenedora a qual seria a
pessoa jurídica responsável pela Escola. Após vários entendimentos foi firmado um pacto entre
os fundadores da Escola e o Professor José de Souza Marques, então presidente da Funda-
ção Técnico-Educacional Souza Marques, que já possuía vários cursos de nível superior, o
10
que tornava a FTESM na entidade mantenedora da nova Escola.
Então, já com a denominação de Escola de Medicina da Fundação Técnico-Educacional
Souza Marques, faltava, no entanto, a base física para instalação de sua administração e para o ensino
das disciplinas do ciclo básico.
Novamente a Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro veio apoiar a ideia, colocando à dis-
posição da Escola o histórico prédio da rua do Catete nº 6, no Bairro da Glória.
Esse prédio, que havia sido a residência de uma figura tradicional do império, fora deixado por
morte de seu proprietário à Santa Casa, com a cláusula que restringia seu uso a finalidades educacio-
nais.
Nele havia sido instalado e funcionou durante anos um asilo para jovens órfãs: o Asilo São Cor-
nélio. A dificuldade em manter o asilo levou a Santa Casa a desativá-lo e, assim, nesta ocasião, o edifí-
cio estava desocupado.
Necessitava de reformas, construção de novas instalações e equipamentos para as cadeiras bá-
sicas. O Ministério da Educação, interessado ainda em resolver o problema dos alunos excedentes,
prontificou-se em custear as obras necessárias, com a condição de que a Escola absorvesse 192 exce-
dentes do último vestibular que há pouco se realizara e que criava um difícil problema político para o
governo.
Deve ser destacado este fato, pois muitas vezes a Escola tem sido citada por ter número exces-
sivo de alunos, mas as 192 vagas resultaram de uma imposição do Ministério da Educação.
04. Em 15 de outubro de 1969, o Conselho Federal de Educação (CFE) autorizou, através do
Parecer CFE nº 795/69, o funcionamento da Escola e em 29 de janeiro de 1970 o DOU publicou
o Decreto nº 66.141 que legitimou a autorização de funcionamento da Escola de Medicina Sou-
za Marques.
No dia 15 de maio de 1971 foi proferida a aula inaugural da Escola de Medicina da Fundação
Técnico-Educacional Souza Marques.
Em 1976, antes de formar a primeira turma, a Escola de Medicina obteve o seu reconhecimen-
to oficialmente pelo Parecer CFE nº 2937/76 de 02 de setembro de 1976 e o Decreto nº 78665/76, pu-
blicado no DOU em 05 de novembro de 1976, legalizou o reconhecimento da Escola de Medicina
Souza Marques.
Sucessivamente a Escola de Medicina Souza Marques tem tido o seu reconhecimento de
funcionamento renovado, sendo que o último ocorreu em 2008 (Portaria SESu no
1180/05 de 23 de
dezembro de 2008, publicada no DOU de 26 de dezembro de 2008).
ÁREAS DE ATUAÇÃO
A Escola de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques é Instituição de
Ensino Superior fundamentalmente voltada ao ensino de graduação da medicina.
Desde o seu reconhecimento, há trinta e três anos, já graduou acima de 5.000 médicos, dos
quais, hoje, muitos ensinam a medicina, praticam com eficiência a arte médica e desenvolvem conheci-
mentos e técnicas que auxiliam a evolução dos procedimentos médicos.
Porém, a atuação da Escola de Medicina Souza Marques não tem se limitado ao ensino de
graduação, pois, promove, em convênio com o Hospital Aristarcho Pessoa da Secretaria de Estado
da Defesa Civil – SEDEC-RJ (Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro), programa de Resi-
dência Médica nas áreas de clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, tocoginecologia e ortopedia. E
mais, estudos estão sendo realizados para a implantação de programa de Residência Médica na área da
Saúde da Família em colaboração com o Hospital Central do Exército.
A Escola de Medicina Souza Marques atua ainda no ensino de pós-graduação lato senso, por
meio de programas de especialização como os de Especialização em Dermatologia, Especialização em
Medicina Estética e outros
Estão sendo desenvolvidos Projetos para a futura implantação de programas de pós-graduação,
estrito senso, com áreas de concentração no campo das ciências morfológicas, da medicina experimen-
tal e da cirurgia experimental.
Como atividade essencial ao ensino de graduação e pós-graduação, programas sociais de
atenção à saúde são promovidos para a comunidade que acorre aos seus serviços e serviços conveni-
ados.
No Pólo de Atendimento Itanhangá (Pólo Comunidade Sítio do Pai João), na Creche Casulo
Padre Aleixo (Paróquia da Santíssima Trindade) e mais recentemente no Pólo de Saúde da Família:
Unidade Souza Marques (Comunidade do Fubá) em Cascadura são exercidas atividades de extensão
pela Escola de Medicina como programas docentes e discentes assistenciais em colaboração aos servi-
ços de saúde municipais e estaduais.
Cabe dizer, enfim, que a Escola de Medicina Souza Marques, tem mantido, nesses anos,
continuado processo de desenvolvimento e atualização da consecução de suas precípuas finalidades de
Escola Médica.
12
Introdução à Programação
14
CURSO DE MEDICINA
INTRODUÇÃO À PROGRAMAÇÃO
APRESENTAÇÃO
1. DOS COMPROMISSOS
Três são os compromissos que norteiam as diretivas principais da programação do curso da
Escola de Medicina Souza Marques.
A. O Compromisso Educacional:
O qual é o fundamento dos seus objetivos de centro formador de recursos humanos, habilitados e
qualificados, para atuar com proficiência na promoção da saúde humana, em todos os seus diferen-
tes níveis;
B. O Compromisso Social:
O qual é o fundamento dos seus objetivos de centro de atenção à saúde, prestador de serviços de
manutenção, recuperação e prevenção da saúde humana, como ação de extensão assistencial à
comunidade da localidade geopolítica na qual se insere, para contribuir, com isto, na elevação da
qualidade de vida desta comunidade;
C. O Compromisso Cultural:
O qual é o fundamento dos seus objetivos de um centro produtor de conhecimentos, científicos e
filosóficos, e de tecnologias, que almejam não só o desenvolvimento do saber sobre a realidade do
homem nas suas dimensões: física, mental, sócio-cultural e política, quanto a produção de recursos
e meios para melhorar a saúde e a qualidade de vida do ser humano.
Como Instituição de Ensino Superior, a preocupação com a formação integral do homem e a
colaboração na transformação sócio-cultural da realidade de seu contexto geopolítico são, naturalmente,
partes integrantes dos seus compromissos.
2. DO IDEAL DE SAÚDE
Assim, os três compromissos, como fundamentos, que emergem em todas as intenções de a-
tuação, delineadas nos objetivos do Curso da Escola de Medicina Souza Marques, se reúnem na pro-
posta de que o ensino médico, a atenção à saúde e a pesquisa para o desenvolvimento das ciên-
cias da saúde são interdependentes e interativos nos seus processos de consecução e de evolução.
Por isto, cabe à Escola Médica um papel de centralizador na convergência do aprendizado, da
assistência e da ciência que almejam o mais alto ideal da saúde humana, como o proposto pela Orga-
nização Mundial de Saúde:
“Saúde, um direito humano fundamental, é um estado de completo bem-estar físico,
mental, sócio-cultural e político, e não simplesmente a ausência de doença ou enfer-
midade”.
3. DAS RESPONSABILIDADES
Os três compromissos, o educacional, o social e o cultural, assumidos para argumentos de
base das diretrizes do Curso desta Escola de Medicina, por serem, na sua realização e implementação,
convergentes e interdependentes, fundamentam, na formulação dos propósitos e finalidades da progra-
mação pedagógica, a valorização de três responsabilidades:
16
A. No Campo da Educação:
A de formar o aluno com preparo para uma atuação consciente da realidade, tanto da saúde da po-
pulação, quanto do sistema de saúde do Brasil, e disso, a de o qualificar para prestar serviços mé-
dicos que contribuam para a elevação do nível de saúde do cidadão brasileiro;
B. No Campo da Assistência:
A de implementar, desenvolver e consolidar, em consonância com as diretrizes do Sistema Único
de Saúde, SUS, um modelo de serviços de atenção à saúde para a comunidade geopolítica, na qual
se insere. Este modelo deve propiciar, pelo padrão de sua estruturação, uma Promoção da Saúde
transformada e diferenciada, como decorrência da prestação de serviços médicos, biomédicos e pa-
ramédicos, mais adequados, qualificados e atualizados;
C. No Campo da Pesquisa Científica:
A de ajustar o seu processo de ensino-aprendizagem, viabilizando a inter-relação entre a erudição e
a técnica, no sentido de, por um lado, recuperar, proteger e manter a saúde humana cada vez de
modo mais efetivo e, por outro, promover conhecimentos para a educação integral do homem e para
uma qualidade de vida humana cada vez melhor.
4. DAS PROPOSIÇÕES
Como consequência, o Curso de Medicina da Escola Souza Marques se realiza, assim, co-
mo um núcleo real de progresso comunitário, pois tem inserido nos seus propósitos a função de centrali-
zar, como um intermediário ativo, toda a integração que a educação médica, a atenção à saúde e as
ciências da saúde pressupõem.
Em decorrência, este curso médico valoriza como seus propósitos:
I. De Ensino:
Qualificar profissionais médicos habilitados a atuar nas diferentes instâncias da promoção da sa-
úde e nos diferentes níveis de atenção à saúde e que priorize os atendimentos primários e secundá-
rios. Objetiva, deste modo, graduar um médico com formação geral capaz de atuar nas necessi-
dades mais básicas de saúde do homem brasileiro;
Educar profissionais médicos para procedimentos que valorizem uma continuada preocupação
com o ideal de saúde do homem, na sua plena realização de “bem-estar físico, mental, sócio-cultural
e político”, preparando-o, em virtude disto, para um continuado aprimoramento e atualização de suas
qualificações profissionais.
II. De Assistência:
Atuar, por integração e interação, nos sistemas promotores de saúde da região geopolítica na qual
se localiza, pois, com isso, propiciará, pela atuação de seus docentes e discentes, uma colaboração
de serviços médicos qualificados à comunidade da região;
Interagir, como co-participante, as suas estruturas com as dos sistemas promotores de saúde da
sua localização geopolítica para não só realizar seu compromisso social, como também gerar condi-
ções de adequar o ensino que ministra às necessidades básicas de saúde da sociedade na qual se
insere. Este propósito almeja promover uma continuada evolução da atenção à saúde humana em
todos os seus diferentes níveis, como também, colaborar na melhoria dos níveis da saúde humana e
nas transformações exigidas pelos níveis de saúde do seu contexto sócio-cultural.
III. De Pesquisa:
Desenvolver conhecimentos, científicos e filosóficos, e tecnologias que, fundamentados nas priori-
dades das questões de saúde da comunidade, na qual atua em interação com os sistemas locais
promotores de saúde, objetivem a elevação do nível de atenção à saúde, e, com isto, a melhor qua-
lidade de vida, nesta coletividade;
Implementar um núcleo de desenvolvimento voltado a contribuir nas grandes questões de saúde,
que afligem a sociedade da região geopolítica na qual se insere. Esse núcleo deve se prestar, por
um lado, para adequar melhor o ensino ministrado e, por outro, para melhor ajustar a prestação de
serviços na assistência à saúde realizada.
Assim, promover uma atenção integral ao ser humano almejando o ideal do “bem-estar físico,
mental, sociocultural e político” é a mais importante das proposições do curso da Escola de Medicina
Souza Marques.
5. DOS OBJETIVOS
Agora, ao se apreciar estes que devem ser os propósitos e metas do Curso de Medicina da
Escola Souza Marques, quando são avocados os seus compromissos, educacional, social e cultural,
infere-se que todos eles convergem para uma participação atuante, interativa e integrativa, da escola
médica na atenção à saúde e no sistema de saúde local, por ter esta escola preocupação em qualificar
médicos com uma formação geral e abrangente.
Então, por meio dessa inserção, integração e interação, no sistema de saúde local e na atenção
à saúde, é que este Curso poderá então, abranger os objetivos de:
A. Graduar futuros médicos, com formação geral, para atuar na atenção primária e
secundária à saúde, sem esquecer a terciária, pois poderá treiná-los, com currículos
adequados, em programas de integração docente-discente-assistencial;
B. Prestar serviços médicos mais qualificados à comunidade, visando à elevação
do nível de saúde dessa, pois, através de seus recursos estruturais, de seus servi-
ços e de seus programas de integração docente-discente-assistencial, poderá cum-
prir o seu papel de núcleo transformador da realidade de sua localidade;
C. Contribuir com conhecimentos, científicos e filosóficos, e tecnologias, não só pa-
ra a solução das grandes questões de saúde da população, mas, também para a
qualificação mais completa e efetiva em medicina de seus docentes e discentes e,
ainda, dos membros do sistema de saúde local.
E deste modo, a elevação do nível de saúde e, por extensão, da qualidade de vida da comuni-
dade na qual se insere a Instituição, estão contidos nos objetivos deste Curso de Medicina.
6. DA SÍNTESE
Em síntese, a formulação dos objetivos do Curso da Escola de Medicina Souza Marques é
delineada tendo como fundamentos, por um lado, os compromissos educacional, social e cultural
que, necessariamente, devem ser assumidos por uma Instituição de Ensino Superior, e, por outro, a
intenção de uma ação integrada e interativa a qual a Instituição deve realizar com o Sistema de Saúde
da localidade geopolítica de sua inserção.
Disto decorre que os objetivos do Curso de Medicina da Escola Souza Marques são estabele-
cidos valorizando a formação do médico generalista, por um lado, preparado para uma prestação de
serviços de promoção da saúde qualificados, atualizados e diferenciados, e, por outro, do médico ha-
bilitado a atuar nas diferentes instâncias do sistema de saúde do país (Sistema Único de Saúde).
Além disto, este curso está estruturado com a proposição de graduar médicos empenhados tanto
na melhoria dos níveis da saúde da sociedade, quanto da qualidade de vida da população brasileira.
Em suma, a intenção que contém a esperança e o ideal que pretendem um profissional médico
que promova com competência e atualidade a atenção integral à saúde do homem, almejando o seu
mais completo estado de “bem-estar físico, mental, sociocultural e político”, é o fundamento mais
intrínseco na formulação dos objetivos do Curso da Escola de Medicina Souza Marques.
18
Parâmetros da Programação
20
CURSO DE MEDICINA
PARÂMETROS DA PROGRAMAÇÃO
O curso da Escola de Medicina Souza Marques pretende com a sua programação, por um
lado, estar fundamentado na Resolução CNE nº 4, de 7 de novembro de 2001 que fixa as Diretrizes
Curriculares Nacionais para Curso de Medicina e, por outro, valorizar as muitas proposições que ao
longo dos anos têm emanado da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), da Comissão
de Ensino Médico do MEC e mesmo da Declaração de Edimburgo e, ainda que incorpore algumas
inovações e visões da modernidade, ter a intenção fundamental de resgatar valores da formação ética,
humanística e cívica para o médico que pretende graduar.
Para isto, a estruturação de seu Currículo Pleno, o planejamento de sua seriação e das se-
quências, programações e matérias de suas disciplinas têm referência em alguns critérios que, de início,
merecem ser destacados.
Numa apresentação ordenada, estes critérios podem ser categorizados em:
1. Critérios para o perfil dos objetivos;
2. Critérios para o perfil dos graduandos.
1. DOS CRITÉRIOS PARA O PERFIL DOS OBJETIVOS
Para a estruturação do currículo pleno e programação do curso médico da Escola de Medi-
cina Souza Marques, respeitados os objetivos já propostos para a IES, os quais decorrem de seus
compromissos educacionais, sociais e culturais, utilizados como argumento, para ser a primeira
referência no estabelecimento do projeto de organização deste currículo (composição, seriação, sequên-
cias, conteúdos), a intenção de cumprir a propósito de:
Graduar médicos de formação geral, médicos generalistas.
E este propósito subentende que:
A Medicina é profissão que tem como vocação:
Contribuir com a expectativa da sociedade em saúde e em qualidade de vida;
Educar o ser humano para o seu bem-estar físico, mental, sócio-cultural e político;
Respeitar ao ser humano valorizando o direito à vida de cada homem;
Proteger e salvaguardar a vida humana;
Acompanhar a gestação, o crescimento, o desenvolvimento e a maturação da pes-
soa;
Manter, promover e recuperar a saúde humana;
Compreender, controlar e erradicar as enfermidades;
Amparar, acolher e solidarizar com quem padece enfermo;
Aliviar as dores e amainar os sofrimentos;
Protelar e dignificar a morte do homem.
Assim, o perfil de um médico de formação geral (o médico generalista) é o de um profissional
de saúde habilitado e treinado para:
22
B. Atuar na atenção à saúde humana principalmente com os procedimentos preventivos e curativos exigidos
pela atenção em nível primário e secundário, porém com conhecimentos dos procedimentos do nível terciá-
rio;
C. Atuar nos agravos à saúde estando habilitado às ações de pronto atendimento e de emergência e a reali-
zar os procedimentos cirúrgicos básicos;
D. Atuar como médico da família estando preparado, por seu treinamento, para os diagnósticos e tratamentos
corretos das principais enfermidades do ser humano e para as ações preventivas e curativas que garantam um
acompanhamento do crescimento, desenvolvimento e vitalidade dos membros da família;
E. Atuar na Promoção da Saúde, no seu nível de competência, e atuar com proficiência na manutenção, pro-
teção e recuperação da saúde humana tanto em nível individual quanto em nível coletivo;
F. Atuar nas questões da saúde coletiva e ser um agente educador da sociedade para uma melhoria da
qualidade de vida desta, no que é pertinente à saúde;
G. Atuar profissionalmente sempre com ética, humanismo, civilidade e atualidade científica.
2. DOS CRITÉRIOS PARA O PERFIL DO GRADUANDO
Graduado o futuro médico, observados os princípios aqui formulados, este deverá, então, estar apto a:
A. Atuar no sistema hierarquizado de saúde, Sistema Único de Saúde, SUS, obedecendo aos princípios de
referência e contrarreferência;
Praticar a medicina de forma a garantir a integralidade da atenção à saúde;
Atuar como médico generalista e como médico da família;
Comunicar-se adequadamente com os colegas, os pacientes e os familiares destes;
Atuar, com cooperação, em equipe multidisciplinar de saúde;
Considerar a relação custo-benefício nas suas decisões, solicitações e indicações médicas;
B. Realizar com proficiência a anamnese e a consequente construção da história clínica;
Dominar a arte e a técnica semiológica e propedêutica e o uso dos recursos propedêuticos especiais;
Utilizar adequadamente recursos complementares de diagnóstico;
Ser capaz de diagnosticar, a partir da anamnese, da semiologia e propedêutica, as principais enfermida-
des que acometem ao homem;
Indicar adequadamente recursos terapêuticos;
Realizar com proficiência procedimentos cirúrgicos básicos;
C. Atuar profissionalmente sempre com compromisso ético;
Ter uma visão crítica do papel do médico tanto social quanto nos procedimentos de promoção da saúde;
Lidar judiciosamente com o mercado de trabalho e com as políticas de saúde;
Informar e educar para a saúde seus pacientes, os familiares desses e a coletividade;
Promover e contribuir com estilos de vida saudável;
Atualizar continuamente os seus conhecimentos profissionais;
Zelar sempre pela própria saúde, apresentação e por sua pulcritude.
Organização Curricular
24
CURSO DE MEDICINA
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
Em decorrência do propósito de graduar o médico de formação geral, a programação do cur-
so da Escola de Medicina Souza Marques, se organiza com a seguinte estrutura:
Duração de seis anos, divididos em dois ciclos de estudos, com atividades di-
dático-pedagógicas em tempo integral:
1. Ciclo de Formação
(com duração de quatro anos);
2. Ciclo de Internato ou de Estágios
(com duração de dois anos).
1. DO CICLO DE FORMAÇÃO
O Ciclo Formativo nas suas atividades de ensino, como seus fundamentos, tem nas suas fi-
nalidades integrar os conhecimentos da medicina social e os conhecimentos da medicina curativa.
1. A Dos Fundamentos de Medicina Social:
Estas atividades de ensino têm por objetivo orientar o aluno para:
1. Compreender o ser humano como um indivíduo, a sua origem, sua história evolutiva, as su-
as principais características de pessoa física, mental e espiritual;
2. Conhecer o corpo como o instrumento da vida humana, a vida física, ambiental, comunitá-
ria, sociocultural e política do homem;
3. Compreender a saúde, os seus determinantes, os seus principais meios de manutenção, de
prevenção e recuperação, a educação em saúde e sua importância na qualidade de vida do
homem;
4. Compreender as funções da medicina na evolução e história humana, na atualidade, nos
seus compromissos científicos e filosóficos, nos seus princípios humanísticos e éticos, no
seu papel na qualidade da vida humana;
5. Compreender os conhecimentos que embasam os saberes e as práticas médicas e promo-
ver a iniciação científica do futuro médico;
6. Conhecer as funções da medicina na Promoção da Saúde, nos diferentes níveis de aten-
ção à saúde, na assistência aos agravos à saúde e aos traumas mais frequentes.
1. B Dos Fundamentos de Medicina Curativa:
Estas atividades de ensino têm por objetivo orientar o aluno para:
1. Conhecer a morfologia e a fisiologia, normal e patológica, do corpo humano e os mecanis-
mos de agressão e defesa do organismo, como argumentos para o aprendizado dos princí-
pios da proteção, manutenção e recuperação da saúde humana e das ações médicas de di-
agnóstico e tratamento das enfermidades;
2. Conhecer as bases físico-químicas e biológicas dos recursos do diagnóstico médico (diag-
nósticos laboratoriais, por imagem e por exames gráficos), seus níveis de confiabilidade,
custos e as bases e princípios dos tratamentos médico e cirúrgico;
3. Assimilar os conhecimentos que garantam os saberes e as habilidades requeridas de um
médico de formação geral, para que possa promover a proteção, a manutenção e a recupe-
ração da saúde de seus pacientes;
26
4. Adquirir as habilidades da elaboração da história clínica, da coleta de informações e dos in-
terrogatórios para compor a anamnese;
5. Apreender as técnicas da relação médico-paciente e apreender a ética do ato médico e o
compromisso profissional do médico;
6. Adquirir as habilidades para realizar o exame físico dos pacientes (inspeção, palpação, per-
cussão e ausculta) e para interpretar sinais e sintomas das enfermidades;
7. Apreender as habilidades para a formulação de diagnósticos diferenciais e de diferenciação
do diagnóstico principal;
8. Desenvolver a proficiência em tratamentos e condutas clínicas e procedimentos cirúrgicos
básicos para ações de atenção básica, pronto atendimento e de emergência;
9. Adquirir os conhecimentos das clínicas: cirúrgica, médica, pediátrica e tocoginecológica e
das especialidades e ainda da medicina social, para o desenvolvimento da proficiência nas
ações de diagnóstico e tratamento que são utilizadas principalmente na atenção à saúde em
níveis primário e secundário, porém, sem esquecer os procedimentos do nível terciário.
2. DO CICLO DE INTERNATO:
O Ciclo de Internato ou de Estágios tem por finalidade precípua proporcionar ao aluno da
graduação médica, as condições para que desenvolva, por meio do treinamento prático em serviço, po-
rém com supervisão docente, as habilidades que lhe garantam uma efetiva utilização dos conhecimentos
e das competências, que fundamentam os saberes e os procedimentos médicos, para:
1. Praticar, como um profissional, nas estruturas de diferentes serviços de saúde, as compe-
tências requeridas de um médico de formação geral;
2. Praticar em serviços do SUS como centros de saúde, unidades básicas de saúde, ambulató-
rios, enfermarias e serviços diversos, a desenvoltura requerida do médico geral;
3. Praticar as ações curativas e preventivas das clínicas: cirúrgica, médica, pediátrica e tocogi-
necológica e de especialidades médicas e ainda da medicina social;
4. Praticar a solicitação criteriosa e a utilização coerente dos diferentes recursos complementa-
res de diagnósticos médicos;
5. Praticar os procedimentos de prevenção e de educação em saúde da Promoção da Saúde e
do Programa de Saúde da Família;
6. Praticar, objetivando a maior eficiência, as ações médicas de atenção integral à saúde que
propiciem a proteção, a manutenção e a recuperação da saúde humana, principalmente as
que são utilizadas na atenção à saúde em níveis primário e secundário, porém se valendo
também dos conhecimentos e procedimentos do nível terciário.
OBSERVAÇÕES
Nesta estrutura geral que valoriza a qualificação do médico generalista, estão compre-
endidos ensinamentos fundamentais da ética médica, sempre almejando o humanismo e a ur-
banidade pressupostos na arte médica.
Cabe observar, ainda, que a divisão da estrutura do curso em ciclos e atividades de en-
sino está estabelecida tão só para uma apresentação sistemática de objetivos em paradigmas
conceituais, uma vez que as várias propostas de conteúdos das disciplinas a serem lecionadas
se entrecruzam, em longitude, com esses paradigmas para resultando numa estruturação matri-
cial para o Curso de Medicina.
Currículo:
Referências Conceituais
28
CURSO DE MEDICINA
CURRÍCULO PLENO
REFERÊNCIAS CONCEITUAIS
Para estabelecer a organização do novo currículo pleno do curso da Escola de Medicina
Souza Marques foram adotadas quatro referências conceituais como norteadoras dos objetivos, conteú-
dos e distribuição das disciplinas do curso.
1ª Referência: do Estudo da Saúde
Compreendendo a Medicina Social enquanto os conhecimentos que abrangem o estudo da
concepção da saúde humana, da atenção básica à saúde e da promoção da saúde.
2ª Referência: da Formação Médica
Compreendendo as bases da Medicina contidas nos conhecimentos da morfologia funcional,
dos mecanismos de agressão e defesa do organismo humano e da fisiopatologia e, ainda, conti-
das nos fundamentos dos diagnósticos e dos procedimentos médicos.
3ª Referência: da Prática Médica
Compreendendo a Medicina Curativa constituída, por um lado, pelo estudo da Propedêutica e
da Semiologia e, por outro, pelo estudo da Medicina Clínica e da Terapêutica.
4ª Referência: da Educação Médica
Compreendendo a fundamental preocupação com a Educação Médica, a continuidade da for-
mação profissional, a formação ética e humanística do futuro médico e com a valoração dos
princípios e compromissos do Profissionalismo Médico.
1ª REFERÊNCIA: DO ESTUDO DA SAÚDE
1. DA CONCEPÇÃO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE
A Promoção da Saúde é um processo abrangente e contínuo que almeja idealizar e desenca-
dear ações que possibilitem o ideal de saúde, como direito humano fundamental, para todos os homens.
É também o processo que busca efetivar pela prevenção, manutenção e recuperação da saúde
a melhor qualidade de vida humana.
Assim sendo, a Promoção da Saúde deve ser entendida como a resultante da participação de
diferentes setores da sociedade numa elaboração de estratégias que permitam a consecução da saúde
plena para todos os seres humanos.
Sendo a prevenção baseada na concepção do risco, ou probabilidade, do homem se tornar en-
fermo e que toda e qualquer ação para evitar a enfermidade ou agravos à saúde deve ser olhada como
preventiva e sendo a educação em saúde a transmissão de informações relativas à saúde que objetiva
a mudança de comportamentos e a adoção de estilos e hábitos de vida saudáveis, nos quais cada indi-
víduo é o principal agente pela manutenção de seu estado de saúde, depreende-se que a Promoção da
Saúde transcende as atividades e decisões individuais para tornar-se numa atividade coletiva quando a
abrangência das medidas preventivas é considerada.
O modelo tradicional de saúde, o Modelo Biomédico, tem o seu foco principal na etiologia, di-
agnóstico e tratamento das enfermidades e dos agravos à saúde e dá uma grande importância à atua-
ção, contribuição e desenvolvimento da assistência médica.
O moderno modelo de saúde, o Modelo Social, entende a Promoção da Saúde como um pro-
cesso amplo e complexo de parcerias, de atuações intersetoriais e de participação popular que envolve a
sociedade civil organizada, as instituições públicas e privadas e as organizações internacionais e que
objetiva a soma de esforços no sentido de atuação conjunta que possibilite alcançar resultados que se
traduzam em mais e melhores condições e qualidade de vida para os seres humanos.
A Promoção da Saúde, portanto, é a modo moderno e eficaz de enfrentar os desafios referen-
tes à saúde e à qualidade de vida, introduzindo a noção de responsabilidade civil dos gestores, compar-
tilhada com a sociedade organizada.
30
A concepção da Promoção da Saúde compreende:
1. lidar com as condições socioeconômicas dos segmentos populacionais mais carentes;
2. lidar com a pobreza e toda a desestruturação no seu entorno marcada pela falta de em-
prego, de infra-estrutura adequada às necessidades humanas (água potável, esgoto, des-
tino adequado do lixo e dejetos), pela poluição dos ambientes, pelas carências alimenta-
res e educacionais;
3. lidar com estilos de vida e as formas de viver constituídas nas sociedades modernas,
onde mesmo os segmentos mais favorecidos da população perdem de vista o que é uma
vida saudável, adaptando-se à vida sedentária e estressante, geradora de angústia, ansi-
edade e depressão, sentimentos que expressam legítimas insatisfações e que têm como
consequência o uso de drogas, lícitas ou não;
4. lidar com a mobilização comunitária, combatendo o individualismo que se tornou uma
das principais características das sociedades modernas, industrializadas, e que nos atinge
igualmente, desmobiliza as pessoas para a luta coletiva por melhores condições de vida,
atualizando a necessidade de resgatar e reforçar valores como a solidariedade e a ética;
5. lidar com o meio ambiente uma vez que as noções prevalentes de progresso vêm esti-
mulando agressões constantes aos rios, mares, terra, floresta, ar etc.;
6. lidar com os ambientes de trabalho muitas vezes não adequados às condições míni-
mas de salubridade;
7. lidar com ambientes escolares nos quais há grandes e persistentes dificuldades para
conter a violência e o desrespeito às regras básicas da convivência social;
8. lidar com a política e a administração pública cuja gestão estatal é geralmente frag-
mentada e burocratizada.
Portanto Promover Saúde é aceitar o imenso, incomensurável, desafio de desencadear um proces-
so amplo e complexo de parcerias, atuações intersetoriais e participação do cidadão que otimize os recursos
disponíveis e garanta a aplicação destes em políticas que respondam mais efetiva e integradamente às ne-
cessidades de vida das diversas comunidades humanas, principalmente as mais carentes.
Cabe lembrar que na Conferência de OTTAWA (Canadá, 1986) foi proposto o processo da Promo-
ção da Saúde, o qual germinou da Conferência de Alma-Ata (Cazaquistão, 1978) de atenção primária de
saúde com a proposição de saúde para todos.
Estas propostas evoluíram nas Conferências: de Adelaide (Austrália, 1988) para as políticas públicas
saudáveis; de Sundswall (Suécia, 1991) para ambientes favoráveis à saúde; de Jakarta (Indonésia, 1997) e
México (México, 2000) para a saúde no século XXI. Na América Latina, na Conferência de Bogotá (Colôm-
bia, 1992) como promoção da saúde e igualdade e com a Carta do Caribe (Port Spain, 1993) na declaração
sobre a saúde da comunidade caribenha. Em síntese, estas propostas evoluíram para os conceitos de vida,
comunidade, ambientes e cidade saudáveis.
Para a Conferência de Alma-Ata as condições e requisitos para a saúde, que estariam contidas na
atenção primária à saúde, seriam:
1. Educação em saúde;
2. Alimentos e nutrição apropriada;
3. Abastecimento de água potável;
4. Saneamento básico;
5. Assistência materno-infantil;
6. Imunização;
7. Prevenção de enfermidades endêmicas;
8. Tratamento apropriado das enfermidades e traumatismos comuns;
9. Disponibilidade de medicamentos.
A atenção primária à saúde compreende, assim, três grandes campos para as ações que obje-
tivam a saúde:
1º o campo das ações sociais:
o abastecimento de água potável, o saneamento básico, o favorecimento de alimentos e nu-
trição apropriada, como também as ações de educação em saúde;
2º o campo das ações preventivas:
a assistência materno-infantil, as campanhas de imunização e de prevenção de enfermida-
des endêmicas;
3º o campo das ações clínicas:
os procedimentos para o tratamento apropriado das enfermidades e traumatismos comuns,
sustentados pela disponibilidade de medicamentos.
A partir de Ottawa, as Conferências Internacionais de Saúde seguintes acrescentaram a es-
tas condições outras circunstâncias de vida como requisitos da saúde:
A paz; a escolaridade; a moradia; a renda; ecossistema estável; o uso sustentável dos
recursos naturais; segurança; relações e justiça sociais; igualdade de direito para as
mulheres, respeito aos diretos dos homens e à equidade humana.
Assumindo-se ser a pobreza, acima de tudo, a maior ameaça à saúde.
Com isto, para o Modelo Social, a saúde brota, vinga e se desenvolve na vida cotidiana, nos
centros educacionais, no trabalho e no lazer.
A saúde é, pois, o resultado dos cuidados que cada um dispensa a si mesmo e aos demais, é a
capacidade de tomar decisões e controlar a própria vida e assegurar que a sociedade em que vive ofe-
reça a cada um dos seus membros a possibilidade de ser saudável.
Deste modo entende-se que o Modelo Social não invalida o Modelo Biomédico da Saúde, pois
estão contidas nas ações coletivas e, além delas, continua existindo nas condições para a saúde, sem-
pre, a necessidade de atenção aos agravos à saúde e à ocorrência de enfermidades. Ou seja, para a
proteção, manutenção e recuperação da saúde humana continua havendo a necessidade da prevenção
de epidemias, da vigilância sanitária e epidemiológica, da imunização, da assistência materno-infantil,
das ações de pronto-atendimento nos traumas frequentes, a assistência às enfermidades endêmicas, os
procedimentos terapêuticos e indicações de medicamentos etc.
E mais, na atualidade ainda são tidas como ameaças à saúde: a urbanização, o aumento no
número de pessoas idosas, a prevalência de doenças crônicas, o comportamento mais sedentário, a
resistência a antibióticos e a outros medicamentos, o uso abusivo de drogas, a violência civil e doméstica
e o mal-estar de centenas de milhões de pessoas. As doenças infecciosas novas e re-emergentes e um
maior conhecimento sobre os problemas de saúde mental, que requerem uma providência urgente, tam-
bém fazem parte deste quadro.
Por tudo isto, entende-se que o ensino moderno da medicina deva privilegiar, com igual impor-
tância, o papel do médico na Promoção da Saúde, como também o seu papel na atenção primária à
saúde, como ainda todos os recursos da assistência médica às enfermidades e aos agravos à saúde
humana. Isto é, o ensino moderno da medicina deve privilegiar tanto o Modelo Social quanto o Modelo
Biomédico de Promoção da Saúde.
2. DO ESTUDO DA SAÚDE HUMANA: A HIGIOLOGIA
Assim, a primeira referência para a estruturação do currículo pleno deste curso, respeitados
os compromissos institucionais, e respeitados os modelos da Promoção da Saúde, está fundamentada
no conceito de saúde e na valorização da atenção à saúde em nível primário como proposta na Confe-
32
rência de Alma-Ata (1978) reiterando a concepção de saúde da Organização Mundial de Saúde:
Saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausên-
cia de doenças ou enfermidades.
Assim sendo, à ideia mais primitiva de que o estado de saúde é um pólo oposto ao daquele em
que estão presentes moléstias e doenças, ou ao originário conceito de que, para que haja saúde deve
existir uma ausência de enfermidades, se estabeleceu, modernamente, a concepção de que a saúde é
uma disposição, uma propensão, um modo de ser. Disto saúde ser o conjunto das condições que garan-
tem ao homem um estado de bem-estar, isto é, um estar de bem, um sentir-se bem, com a realidade do
seu organismo, do seu psiquismo, com a realidade da sua vida e do seu mundo.
Pode-se até afirmar que, quando o ser humano, apesar da sua constituição física e psíquica e
das suas circunstâncias ambientais, sociais e culturais de vida, é feliz, isto é, demonstra ter proficuidade
e satisfação, o prazer de viver, tem, então, saúde.
Neste enfoque, a saúde é concebida mais como um estado existencial subjetivo, do que como
um estado natural no qual não ocorrem doenças e moléstias, pois que, apesar do homem ser portador
destas, ou de seqüelas das mesmas, é possível que se sinta bem consigo mesmo, com a sua vida e com
as circunstâncias de seu mundo.
Mas, é claro que as condições orgânicas e funcionais de normalidade e as da ausência de doen-
ças, enfermidades e moléstias, ou mesmo de sequelas dessas, são as que facilitam o estado de saúde,
muito embora se possa aceitar que estas condições não sejam as indispensáveis para que a saúde se
manifeste, ou exista.
Deste modo, fundados nesta concepção de saúde, os procedimentos para uma educação em
saúde, assim como os de reabilitação e reeducação ganham importância e destaque e complementam
ou substituem os procedimentos curativos, nas ações de proteção, manutenção e de recuperação da
saúde humana, tornando-se assim indispensáveis.
Em decorrência desta concepção, então, o propósito de formar médicos generalistas, que, a-
lém de toda uma boa formação nas práticas curativas para a promoção da saúde, tenham também uma
visão mais abrangente da saúde humana, norteou a programação desse Curso de Medicina para se
estruturar com esta referência como um dos seus eixos de sua construção.
3. DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Reiterando, neste curso toda prioridade e ênfase são dadas, na sua programação, ao estudo
da saúde humana. Antecedendo a preocupação com o ensino das enfermidades, o ensino da saúde
ocupa posição de destaque no projeto pedagógico do curso da Escola de Medicina Souza Marques.
Compreendida, ainda que de um modo simplificado, a atenção primária para a Promoção da
Saúde como o conjunto das ações que, “procurando modificar as circunstâncias de vida de populações
humanas, objetivam permitir aos membros destas conquistarem melhor qualidade de vida e, em decor-
rência disto, terem maiores probabilidades de alcançar o estado de bem-estar que é a saúde”, o saber
promover saúde por meio das ações de atenção primária se torna um conhecimento imprescindível na
formação do médico generalista, o qual deve ter no seu perfil profissional a competência para atuações
de sanitarista e de agente educador em saúde.
“A atenção primária à saúde é a assistência sanitária essencial baseada em métodos e
tecnologias práticas, cientificamente fundamentadas e socialmente aceitáveis, postas ao al-
cance de todos os indivíduos e famílias da comunidade mediante sua plena participação e a
um custo que a comunidade e o país possam suportar”.
[A atenção primária] “... representa o primeiro nível de contato do indivíduo, da família e da
comunidade com o sistema nacional de saúde... e é o primeiro elemento de um processo
permanente de atenção à saúde”.
Assim, muitas das ações de atenção primária, além de outras, se constituem na educação do
homem para a importância da higiene pessoal, dos cuidados com o corpo, da alimentação balanceada,
do uso da água tratada e dos esgotos, da construção e localização da moradia, da escolaridade, da cor-
reção da poluição e contaminação do ambiente de vida e de trabalho etc.
Estas ações, de modo geral, objetivam melhorar, como já dito, a qualidade da vida humana e,
disto, a expectativa de saúde para garantir um melhor crescimento, desenvolvimento e maturidade para
o ser humano.
Numa realidade como a brasileira, estes recursos devem ser do conhecimento de um médico
generalista, que está sendo formado para atuar como agente modificador da realidade de saúde da loca-
lidade na qual se insere a escola médica ou na qual irá exercer futuramente as funções de médico.
Em síntese, apesar da abrangência das ações da Atenção à Saúde e da diversidade das ações
médicas o curso, ainda, objetiva inserir o aluno no contexto mais amplo da participação da medicina no
processo da Promoção da Saúde, quer caracterizada como a assistência à saúde do modelo biomédi-
co, quer caracterizada como a prevenção e manutenção da saúde e a educação em saúde do modelo
social.
4. DA MEDICINA SOCIAL
Além do aprendizado da história natural das doenças e moléstias, o qual deve possibilitar os
argumentos para as ações preventivas e recursos para as ações curativas, existe na programação do
Curso Médico da Escola de Medicina Souza Marques, um empenho em difundir os conhecimentos e
os procedimentos que venham a permitir ao futuro médico atuar como um real agente de saúde o qual
saberá educar o homem para a saúde, entendida esta como “um estado de bem-estar físico, mental,
sócio-cultural e político”.
Por tudo isto se justifica a Medicina Social no projeto pedagógico e o seu ensino se distribuir
por todas as séries letivas deste curso de medicina.
Compete, então, ao Departamento de Medicina Social preparar o futuro médico a ser gradua-
do no curso, para os conhecimentos sobre a moderna concepção de saúde e educá-lo nos conhecimen-
tos e procedimentos requeridos nas ações de atenção à saúde em nível primário e das ações de educa-
ção em saúde e preventivas compreendidas no modelo coletivo de promoção da saúde.
Ainda que não seja desconhecida e nem mesmo desmerecida a importância e o valor das ações
curativas para a proteção, manutenção e recuperação da saúde humana, as disciplinas que compõem
este departamento ocupam uma posição de eixo longitudinal de referência na programação do curso,
almejando, assim, garantir ao Projeto Pedagógico uma unidade de objetivos e finalidades.
Compõem o ensino da Medicina Social os tópicos:
Fundamentos das Ações de Saúde (Medicina Social 1)
Que compreende conhecimentos: da Antropologia Médica; da Higiologia; de uma Iniciação à Sa-
úde Coletiva; da Educação em Saúde; da Ética e Bioética Médica; da Promoção da Saúde.
Organização dos Serviços de Saúde (Medicina Social 1)
Que compreende conhecimentos: dos Sistemas de Atenção à Saúde; do Sistema Único de Saú-
de: SUS; da Organização do Sistema Único de Saúde: SUS.
Epidemiologia (Medicina Social 2)
Que compreende conhecimentos: da Epidemiologia; do Método Epidemiológico; da Medicina
Preventiva.
Atenção à Saúde (Medicina Social 3)
Que compreende conhecimentos: do Planejamento em Saúde; das Políticas Brasileiras de Saú-
de; dos Programas de Saúde; dos Sistemas de Atenção à Saúde.
Medicina Sanitária e Ações de Saúde (Medicina Social 4)
Que compreende conhecimentos: da Medicina Legal; da Medicina Ocupacional; do Programa de
Saúde da Família; da Vigilância em Saúde.
Cabe ainda ao Departamento de Medicina Social a programação das atividades práticas de a-
ções sanitaristas, as quais estarão distribuídas por todas as séries, inclusive no Internato, deste Curso
de Medicina.
34
A formação em atenção primária à saúde se fará centrada em atividades práticas constituídas
principalmente por: visitas domiciliares que objetivarão a educação em saúde por meio do acompanha-
mento das condições sanitárias locais e da qualidade de vida dos moradores; levantamento e ordena-
mento dos problemas da comunidade e propostas de soluções a estes; das atuações em prevenção pela
participação em programas de profilaxia, vacinação e erradicação de endemias e epidemias; das atua-
ções em pronto atendimento por meio de estágios e plantões em centros de saúde ou unidades básicas
de saúde; do pronto atendimento e primeira consulta pelas participações nas diferentes ações do Pro-
grama de Saúde da Família.
2ª REFERÊNCIA: DA FORMAÇÃO MÉDICA
5. DAS BASES DA FORMAÇÃO MÉDICA
Utilizando o modelo dos “Campos de Saúde”, proposto em 1973 por Laframboise, se entende
ser o estado de saúde determinado por um conjunto de fatores que podem ser agrupados em quatro
grandes categorias:
1. Fatores Biológicos
[constituição orgânica do indivíduo]:
Fatores que abrangem a estruturação normal do corpo humano; sua herança genética, seus
processos de desenvolvimento, crescimento e maturação e suas funções;
2. Fatores Ambientais
[circunstâncias ambientais]:
Fatores que abrangem as circunstâncias externas ao organismo humano, isto é, os ambientes
em suas dimensões física (geográfica), humana (ecologia, etologia e etnologia), sociocultural e
política, sobre os quais o indivíduo, de per si, exerce pouco ou nenhum controle;
3. Fatores dos Estilos de Vida
[qualidade e atividades da vida diária]:
Fatores que abrangem o conjunto das atividades da vida humana como o asseio corporal, a a-
limentação, a educação, o trabalho e o lazer, parcialmente sob o controle do indivíduo;
4. Fatores da Atenção à Saúde
[recursos para cuidados com a saúde]:
Fatores que abrangem a quantidade, a qualidade e a disponibilidade dos recursos destinados
aos cuidados com a saúde, principalmente os assistenciais.
Reiterando concepções já referidas, o estado de saúde é decorrente da qualidade da vida hu-
mana que resulta da interação da constituição individual com as circunstâncias ambientais e das dispo-
nibilidades de condições e recursos de manutenção, recuperação e promoção da saúde, compreenden-
do-se entre estas as ações de Atenção à Saúde.
Cabe lembrar que os estudos dos fatores ambientais e dos relativos aos estilos de vida são
considerados, com mais propriedade, pelas disciplinas que compõem o ensino da medicina social, co-
mo já visto atrás.
Já o estudo dos fatores biológicos (constituição orgânica do indivíduo), quer na sua normalida-
de, quer nas suas alterações determinadas, ou pelos agravos ao organismo, ou pelos agentes etiológi-
cos das enfermidades, constituem o objeto do campo de conhecimento que pode ser qualificado como
Fundamentos Biomédicos da formação médica.
Deste modo, a formação do médico deve compreender, integrado ao aprendizado da Medicina
Social, com igual ênfase, também o aprendizado da normalidade da Morfologia Funcional do corpo
humano e o aprendizado dos diferentes Mecanismos de Agressão e de Defesa do organismo envolvi-
dos nos processos das enfermidades.
Já o estudo dos procedimentos, das condições e recursos de manutenção, recuperação e pro-
moção da saúde, relativos às responsabilidades dos médicos, que são compreendidos na Atenção à
Saúde, enquanto procedimentos de assistência à saúde compõem o aprendizado dos fundamentos e
dos procedimentos da Medicina Curativa.
Assim a formação em Medicina Curativa deve compreender o aprendizado e o treinamento prá-
tico nas ações que compõem o ato médico como: a anamnese, a semiologia e propedêutica; os raciocí-
nios para os procedimentos médicos de diagnóstico e tratamento das principais enfermidades; a indica-
ção, valor e custo de exames complementares; as condutas médicas mais efetivas de pronto atendimen-
to e primeiros socorros; as técnicas dos atos cirúrgicos, dos procedimentos anestésicos e cirúrgicos bá-
sicos; as bases da terapêutica e a indicação dos medicamentos mais comuns, baratos e efetivos.
6. DA MORFOLOGIA FUNCIONAL
A Morfologia Funcional abrange o ensino da estruturação e organização normais do corpo
humano (conhecimentos de anatomia, citologia, embriologia, histologia) e da função dos órgãos e dos
sistemas (conhecimentos de fisiologia), objetivando uma visão integrada da forma e da função do orga-
nismo, tendo como referência a integridade equilibrada do corpo humano, quer como meio interno (ho-
meostase), quer com o meio externo (adaptação), a ser considerada como um único todo distinto e
individualizado.
Compõem o ensino da Morfologia Funcional (1 e 2) os tópicos:
O Homem
Introdução à antropologia física e cultural. A evolução do homem.
O Corpo Humano
O corpo como órgão da vida humana. Funções biológicas básicas.
A Construção do Corpo Humano
Estruturação somática: planos e eixos; posição anatômica.
Biotipologia humana.
A Estruturação do Corpo Humano
Organização celular e tissular: morfologia funcional geral.
Morfologia funcional dos órgãos e sistemas.
A Homeostase
A equilibração do meio interno: os mecanismos da homeostase.
A Adaptação
O equilíbrio com o meio externo: os mecanismos da adaptação.
Os Sistemas de Controle da Equilibração
Os controles da homeostase: morfologia funcional.
Regulação da homeostase: humoral, endócrina e nervosa.
Os Mecanismos de Proteção do Corpo
O sistema retículo-endotelial; os órgãos linfóides.
A pele e seus anexos. A regulação térmica do organismo.
As Funções Básicas da Vida
Funções vitais básicas: morfologia funcional.
Funções: energética, de assimilação e excreção, reprodutiva.
O Crescimento e o Desenvolvimento
Os códigos da vida: a herança genética. Embriogenia e nascimento.
Maturação morfológica e funcional: crescimento e desenvolvimento.
As Idades da Vida Humana
Diferenças etárias e sexuais. As diferentes fases da vida.
Do útero a senilidade. O processo da morte.
7. DOS MECANISMOS DE AGRESSÃO E DE DEFESA
O ensino dos Mecanismos de Agressão e de Defesa compreende os conhecimentos das a-
gentes etiológicos, vivos ou não, das alterações morfológicas e funcionais dos tecidos, órgãos e siste-
mas, dos processos fisiopatológicos, dos mecanismos de estabelecimento dos sinais e sintomas das
enfermidades mais freqüentes que acometem o ser humano, bem como o conhecimento dos recursos
laboratoriais para o diagnóstico destas.
36
Esses conhecimentos são os fundamentos para o posterior aprendizado, pelo futuro médico, dos
sinais e sintomas clínicos e do diagnóstico e tratamento das mais diversas enfermidades.
Compõem o ensino dos Mecanismos de Agressão e de Defesa do organismo humano os tópi-
cos:
Fisiopatologia
O estudo das enfermidades: doenças, moléstias e síndromes. Etiologia e fisiopatologia dos
processos patológicos gerais. Fisiopatologia dos sinais e sintomas nos processos patológi-
cos gerais.
As bases moleculares e genéticas das enfermidades.
Alterações orgânicas e sistêmicas decorrentes de processos fisiopatológicos especiais (or-
gânicos e sistêmicos). Procedimentos anatomopatológicos de diagnóstico. Principais entida-
des patológicas.
Patógeno Hospedeiro: Inter-relações
Fundamentos da Infectologia. Noções de doenças infecciosas e parasitárias. Noções de en-
demias e epidemias. Infecções, infestações e parasitismo. Microorganismos e parasitas
causadores de doenças infecciosas endêmicas. Fisiopatologia das principais enfermidades
de origem viral, microbiana, parasitária e por animais peçonhentos. Resposta imune humoral
e celular. Mecanismos de defesa do organismo. Mecanismos imunológicos de defesa do or-
ganismo.Transmissão das doenças infecciosas e parasitárias.
3ª REFERÊNCIA: DA PRÁTICA MÉDICA
8. DA MEDICINA CURATIVA
O modelo tradicional de saúde é o Modelo Biomédico, o qual tem como foco principal: a histó-
ria clínica, o diagnóstico e o tratamento das principais enfermidades, endêmicas e epidêmicas, e a assis-
tência aos agravos à saúde e aos traumas.
Esse é o modelo que não só dá grande importância à formação médica dirigida para a assistên-
cia curativa, cada vez mais especializada, e que se vale de recursos diagnósticos de alto custo, quanto
dá importância enfática à atuação do médico junto a cada enfermo, numa relação individualizada.
No currículo deste curso de medicina, o aprendizado dos principais procedimentos da assistên-
cia curativa, ainda que observem princípios do Modelo Biomédico procuram, no entanto, abarcar os
meios e recursos de diagnóstico e tratamento das enfermidades mais comuns, que devem ser valorados
na formação de um médico generalista.
São valorizados ainda e principalmente os procedimentos a serem realizados nas diferentes ins-
tâncias do Sistema Único de Saúde (SUS), do nível de menor até o de maior complexidade. São valora-
das também as ações de pronto atendimento e os cuidados que devem compor a atenção primária e
secundária à saúde, introduzindo conhecimentos relativos aos cuidados de nível terciário.
9. DA INICIAÇÃO À PRÁTICA MÉDICA
A programação do curso prevê para o aluno, desde o início do seu aprendizado, além das prá-
ticas da medicina social, uma iniciação à prática médica curativa enfatizando a importância dos contatos
iniciais do aluno com pacientes e destacando a postura e a ética do médico, envolvidas nestes contatos.
O objetivo é dar aos discentes uma introdução à medicina como profissão, como prática e como voca-
ção.
Compõem o ensino da Iniciação à Prática Médica os tópicos:
Iniciação à Prática Médica 1
Homeostase e balanço hidroeletrolítico. Bases bioquímicas e biofísicas das funções orgâni-
cas e dos principais exames complementares. A lógica do diagnóstico médico. Os exames
complementares e o laboratório clínico. Enzimas e diagnóstico laboratorial. Clínica e labora-
tório das principais enfermidades. Laboratório e clínica da dieta. Noções de exame de san-
gue, de urina, por imagem e gráficos.
Iniciação à Prática Médica 2
Iniciação ao ato médico. A relação médico-paciente: a postura médica. A abordagem do pa-
ciente. Iniciação ao raciocínio clínico. Iniciação à propedêutica e à semiologia. O exame físi-
co do paciente. A participação do médico em equipes de saúde. O ato médico e o Código de
Ética. Noções de primeiros socorros e de suporte básico de vida. Princípios básicos de tera-
pêutica.
Iniciação à Prática Cirúrgica
Bases biológicas da cirurgia. Princípios da técnica cirúrgica. A equipe, instrumental e centro
cirúrgico. Anti-sepsia, assepsia e degermação. Intubação e extubação. Fios e suturas. Tem-
pos fundamentais da técnica operatória. Feridas e cicatrização. Drenagem. Acesso venoso
periférico. Noções básicas de anestesiologia. Anestesia local e geral, Anestesia loco-
regional, raquiana e peridural. Monitoração anestésica. Recuperação pós-anestésica.
10. DA PROPEDÊUTICA E DA SEMIOLOGIA
O diagnóstico é, tanto para a Medicina Curativa quanto para a Medicina Social, assim como o é
para outras profissões da saúde, o pré-requisito básico e fundamental para o estabelecimento dos pro-
cedimentos necessários.
Mas, sem o reconhecimento dos sinais e dos sintomas, o processo lógico de diagnosticar não
pode acontecer. Assim as atividades e os conhecimentos mais nobres da medicina são os da Semiolo-
gia e da Propedêutica que fundamentam primeiro, a obtenção dos diagnósticos e depois, a formulação
das condutas de tratamento.
Deste modo, prioridade e ênfase são dadas, na programação, ao ensino da Semiologia e da
Propedêutica, que ocupa, por isto, uma posição chave no currículo, pois, este currículo entende que a
boa prática médica é feita fundamentada na semiologia e propedêutica bem realizadas e que, para o
bem diagnosticar é preciso saber-se bem semiologia e propedêutica.
E mais, para a Escola de Medicina Souza Marques o ensino e a prática da Semiologia e da
Propedêutica sempre foram uma das suas marcas diferenciais e de excelência.
O ensino da Propedêutica é desenvolvido em atividades práticas, na beira do leito do enfermo e
abrange, por um lado, a arte da anamnese e do interrogatório que desencadeiam os procedimentos lógi-
cos dos diagnósticos e, por outro, as técnicas dos exames físicos e das avaliações dos sinais que permi-
tem distinguir o diagnóstico principal dos diferenciais.
O ensino da Semiologia médica, realizado principalmente a partir do estudo e da discussão de
casos clínicos, objetiva não só o conhecimento dos sinais e sintomas das enfermidades, como também a
utilização dos recursos dos exames físicos e dos exames subsidiários para auxiliar o médico nos seus
diagnósticos. Assim, o estudo da Semiologia é acima de tudo um treinamento prático no raciocínio e na
lógica médica para a formulação dos diagnósticos que permitam a proposição de condutas apropriadas.
A programação voltada à formação do médico geral tem grande preocupação em preparar os a-
lunos na prática da Semiologia e Propedêutica que garantam os raciocínios que o possibilitem, quando
graduado, mesmo não dispondo de grandes recursos de exames complementares, a levantar hipóteses
de diagnósticos confiáveis, válidas e seguras.
Semiologia
Anamnese e sinais vitais. A importância da anamnese para o clínico. Os principais sinais e
sintomas clínicos. Semiologia das síndromes respiratórias, cardíacas e vasculares. Semiolo-
gia dos principais sinais e sintomas gastrintestinais. Semiologia da insuficiência renal. Semi-
ologia da perda e ganho de peso. Sinais e sintomas das glândulas endócrinas. Semiologia
das artropatias. Semiologia das cefaléias, das alterações da consciência e da linguagem.
Propedêutica
Inspeção geral. Exame físico geral. Exame da cabeça e pescoço. Propedêutica respiratória.
Propedêutica cardíaca. Exame segmentar do aparelho cardiovascular. Propedêutica do ab-
dômen. Exame segmentar do abdômen. Propedêutica dos membros (ossos e articulações).
Propedêutica neurológica: postura e marcha; movimentos e força muscular; tônus e coorde-
nação motora; reflexos; sensibilidades.
38
Além da Semiologia e Propedêutica gerais são ensinadas a Semiologia e a Propedêutica Es-
peciais, complementares e relativas às especialidades médicas da cardiologia, gastroenterologia,
neurologia e pneumologia.
Na Semiologia e Propedêutica Especiais além da ênfase nos sinais e sintomas mais distinti-
vos das enfermidades são também focalizados os exames complementares mais específicos destas
especialidades. O estudo compreende os tópicos:
Semiologia e Propedêutica Cardiológica
A importância da anamnese e do exame físico em cardiologia. A indicação apropriada e os resul-
tados válidos dos principais exames laboratoriais, gráficos e por imagem em cardiologia. Indica-
ções da cinecoronariografia, do estudo eletrofisiológico, do ultra-som coronário e de biópsias.
Semiologia e Propedêutica Gastrenterológica
A importância da anamnese e do exame físico em gastroenterologia. A indicação apropriada
e os resultados válidos dos principais exames laboratoriais, gráficos e por imagem em gas-
troenterologia. Indicações das endoscopias, das punções, de biópsias e anatomopatológi-
cos.
Semiologia e Propedêutica Neurológica
Correlação clínica da morfologia funcional do sistema nervoso. A importância da anamnese e do
exame físico em gastroenterologia. A indicação apropriada e os resultados válidos dos principais
exames laboratoriais, gráficos e por imagem em gastroenterologia. Indicação da eletrencefalo-
grafia e eletromiografia, do exame do líquido cérebro espinhal.
Semiologia e Propedêutica Pneumológica
A importância da anamnese e do exame físico em pneumologia. A indicação apropriada e os re-
sultados válidos dos principais exames laboratoriais, gráficos e por imagem em pneumologia. In-
dicação das provas de função respiratória, da gasometria, do exame de escarro, das punções e
biópsias em pneumologia.
Consolidam o ensino da Semiologia e da Propedêutica as atividades e atribuições da disciplina
de Diagnóstico Médico que orienta os alunos nas discussões de casos clínicos, objetivando a integra-
ção dos conhecimentos necessários para o estabelecimento da etiologia, da fisiopatologia, do diagnósti-
co do quadro clínico. A disciplina acompanha também os alunos na interpretação e correlação dos exa-
mes subsidiários com os resultados dos exames físicos objetivando a lógica da formulação das proposi-
ções de condutas de tratamento das enfermidades mais comuns. Compreende o ensino dos tópicos:
Diagnóstico Médico
A importância da associação de conhecimentos semióticos, de medicina interna e de métodos
complementares na lógica do diagnóstico clínico. A interpretação do resultado de exames labora-
toriais (exames de sangue, urina e fezes, provas funcionais hepática e renal) e de exames por
imagem (a imagem radiográfica, a radiologia do tórax, noções fundamentais de ultra-sonografia e
tomografia computadorizada). Formulação de diagnósticos diferenciais, apreciando a indicação
apropriada e os resultados válidos dos exames subsidiários mais genéricos.
Completam este ensino as noções da Semiologia e Propedêutica da Puericultura, aplicável em
particular à Pediatria, a Psicologia e a Infectologia.
Puericultura
Ações básicas de puericultura e sua importância para a prevenção, manutenção e recupera-
ção da saúde do neonato e do recém-nascido. Ações de atenção integral à saúde da crian-
ça. Imunizações: cartão vacinal. Aleitamento Materno. Indicações nutricionais. Assistência
ao recém nascido. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento sadio das crianças.
Prevenção de acidente e de maus tratos.
Psicologia
Importância da Psicologia para o médico geral. Neurociência e mente humana. Inconsciente
e consciente: mecanismos de defesa. A dinâmica do psiquismo. Introdução à psicopatologia,
à psicossomática. A relação médico-paciente. O atendimento psicológico. Aplicações da psi-
cologia médica: na educação em saúde, na saúde mental.
Infectologia
Controle das doenças transmissíveis. Exames complementares nas infecções. Diagnóstico
em infectologia. Uso clínico de antimicrobiano, antiparasitário e de quimioterapia. Antibióti-
cos e quimioterápicos. Quimioterapia antiparasitária, antiviral, anti-retroviral. O Programa
Nacional de Imunizações. Diarreias infecciosas e parasitoses intestinais. Síndrome febril.
Doenças respiratórias agudas. Acidentes por animais peçonhentos. Mordeduras por mamífe-
ros. Tétano e raiva.
Vale reforçar que as atividades do ensino da Propedêutica são eminentemente práticas e são
realizadas preferencialmente junto a pacientes internados em enfermarias, mas, também junto a pacien-
tes usuários de ambulatórios de clínicas gerais ou especializadas.
Cabe considerar também que a discussão de Casos Clínicos é atividade fundamental nesta
programação, pois objetiva o treinamento do aluno no raciocínio médico de integração de conhecimentos
fisiopatológicos, semiológicos, propedêuticos e clínicos para a formulação de diagnósticos principais e
diferenciais e para as sugestões de condutas de tratamento.
11. DA MEDICINA CLÍNICA
A medicina clínica é ensinada através de quatro grandes áreas da erudição médica que con-
centram os conhecimentos médicos a serem assimilados pelos alunos: a clínica cirúrgica, a clínica
médica, a pediatria e a tocoginecologia (ginecologia e obstetrícia).
Cada uma destas áreas valoriza os conhecimentos e as práticas médicas que importam a um
generalista, porém, sem perder de vista os avanços dos conhecimentos nas diversas especialidades que
compõem a sabedoria da medicina. Para que isto ocorra, as programações dessas áreas são estabele-
cidas a partir das grandes questões de saúde e das ocorrências mórbidas de maior incidência e preva-
lência, bem como nos procedimentos e técnicas que um médico de formação geral, ao se graduar, deva
estar apto a realizar.
Ainda, que o concurso de especialistas e recursos especializados sejam necessários para que a
formação mais plena do médico geral se faça, nem a organização departamental e nem a programação
do curso destacarão as muitas especialidades que, hoje, os avanços científicos da medicina promovem.
Em síntese, o ensino da medicina se fará objetivando os conhecimentos e práticas que um mé-
dico recém-formado deva estar qualificado e habilitado a realizar com proficiência para poder, com isto,
recuperar, manter e proteger a saúde de seus pacientes.
DA MEDICINA INTERNA
A Medicina Interna é ensinada, não só fundamentalmente a partir da discussão de casos clí-
nicos, como também com atividades que envolvem a participação conjunta de clínicos e cirurgiões, na
intenção de garantir ao estudante uma visão abrangente da medicina atual.
O ensino da Medicina interna se organiza em quatro blocos que compreendem o ensino de:
Bloco I: enfermidades e síndromes do sistema digestivo;
Bloco II: enfermidades e síndromes cardiovasculares e respiratórias;
Bloco III: enfermidades e síndromes do sistema urinário, das glândulas endócrinas, do co-
lágeno e neoplasias;
Bloco IV: enfermidades e síndrome neurológicas e ortopédicas; traumatologia e suporte
básico de vida.
O ensino da Clínica Cirúrgica e o da Clínica Médica abrangem os sinais e sintomas e o quadro
clínico das enfermidades prevalentes cujos procedimentos de seus tratamentos operatórios e medica-
mentosos são da competência do médico geral.
Nesse curso o ensino da clínica cirúrgica e da clínica médica é desenvolvido de forma integrada,
no que se denomina Medicina Interna.
DA PEDIATRIA
Na formação do médico generalista, assim como daquele que deverá atuar como médico da
família, a Pediatria é campo de conhecimento fundamental. E, por isto, o seu ensino deve compreender
a neonatologia, a pediatria do recém-nascido e a geral e ainda a infectologia pediátrica, e o pronto aten-
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dimento nas urgências pediátricas. O ensino é desenvolvido essencialmente a partir dos principais sinais
e sintomas que se verificam na criança.
Semiologia dos principais sinais e sintomas pediátricos. Desnutrição, desidratação e reidra-
tação. Infecções. Insuficiência cardíaca. Distúrbios respiratórios. Dor abdominal. Parasitoses
intestinais. Infecções do trato urinário. Síndrome nefrítica e nefrótica. Doenças exantemáti-
cas e doenças neoplásicas. Distúrbios do peso e do crescimento.
DA TOCOGINECOLOGIA
O aprendizado da Ginecologia e da Obstetrícia, a Tocoginecologia, deve completar a for-
mação do médico geral. Devem ser bem apreendidos pelo médico generalista, graduado neste curso,
não só a valorização da atenção à saúde da mulher, quanto os cuidados materno-infantis. A integração
dos conhecimentos ginecológicos, obstétricos, concorde com os Programas de Saúde da Mulher, é fun-
damental para uma visão diferenciada da atenção à saúde da mulher a ser realizada pelo médico geral e
da família.
Obstetrícia
Gestação: anamnese, exame físico, cálculo da idade gestacional. Estática fetal. Medicina fe-
tal. Pré-natal. Gravidez e enfermidades. Drogas e gravidez. Mecanismo do parto. Cesariana.
Fórcipe. Prenhez ectópica. Abortamento. Puerpério normal e patológico. Lactação.
Ginecologia
Propedêutica ginecológica: dor pélvica. Malformações genitais. Amenorréia, dismenorreia.
Anticoncepção. Climatério. Patologias do ovário, do trato genital inferior, do corpo e colo ute-
rino, da mama. Doenças sexualmente transmissíveis na mulher. Reprodução humana.
O ensino prático da Medicina Clínica é realizado preferencialmente em ambulatórios, sem es-
quecer o treinamento do futuro médico em unidades básicas de saúde, em centros de saúde, em unida-
des de saúde da família e ainda em enfermarias.
Não custa enfatizar, ainda que redundando, que esse Curso Médico pretende preparar futuros
médicos com uma formação geral voltada para a atenção primária e secundária à saúde, sem esquecer,
no entanto, a importância da atenção terciária nesta formação e, por isto, a importância assumida pela
prática no aprendizado da Medicina Clínica.
A discussão de casos clínicos, por outro lado é o caminho adotado para um aprendizado mais
dinâmico dos temas teóricos e doutrinários da Medicina Clínica ou Medicina Curativa.
12. DAS ESPECIALIDADES
Para complementar a formação do médico generalista, apesar da programação do ensino
da medicina objetivar as grandes áreas de concentração dos conhecimentos médicos, já referidos,
algumas especialidades, no que têm importância para ações preventivas, para o diagnóstico e
tratamento de endemias e epidemias, para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
das crianças, para ações de reabilitação e reeducação, para atenção à saúde dos idosos, para as
ações de atenção à saúde de nível primário, compõem o currículo do curso.
Assim, são destacadas para serem discutidas em teorias e práticas de diagnóstico e de
tratamento, noções fundamentais de Dermatologia, de Infectologia, de Oftalmologia e Otorrino-
laringologia e de Psiquiatria e Saúde Mental.
Dermatologia
As doenças sexualmente transmissíveis. Sífilis. Eczemas. Micoses. Hanseníase. Der-
matoviroses. Piodermites. Dermatozoonoses.
Infectologia
Dengue. Febre Amarela. Malária. Leptospirose. Estreptococcias. Estafilococcias. Me-
ningoencefalites. Infecções transfusionais e Aids.
Oftalmologia e Otorrinolaringologia
Semiologia em otorrinolaringologia. Sinusites. Otites. Urgências em otorrinolaringolo-
gia. Semiologia em oftalmologia. Vícios de refração. Fundo de olho. Urgências em of-
talmologia. Estrabismo.
Psiquiatria e Saúde Mental
Introdução à psicopatologia. Anamnese e diagnóstico em psiquiatria. Terapêutica psi-
cofarmacológica. Atendimento para a promoção da saúde mental.
13. DA TERAPÊUTICA
Além das informações que fundamentam o entendimento, a interpretação e valoração dos si-
nais e sintomas, da fisiopatologia e quadro clínico das enfermidades estão as informações que subsidi-
am a compreensão e a escolha das condutas médicas de tratamentos, principalmente as da terapêutica
medicamentosa e as dos procedimentos cirúrgicos.
Como subsídios para o aprendizado do Tratamento Médico, os conhecimentos farmaco-
lógicos (farmacologia básica) são as bases (farmacologia clínica) e os princípios da terapêutica
medicamentosa (terapêutica), e as já referidas noções da Técnica Cirúrgica são os princípios
dos recursos para procedimentos cirúrgicos constituídos pela prática da anestesia e técnicas ci-
rúrgicas básicas, os quais devem compor as habilidades do médico geral. A farmacologia básica e
a farmacologia clínica também subsidiam os conhecimentos dos anestésicos, suas ações, indica-
ções e problemas.
O ensino do emprego e indicação de medicamentos como agentes efetivos da proteção,
manutenção e recuperação da saúde humana, também é destacado na programação do Curso,
como na disciplina de Terapêutica.
O ensino de terapêutica compreende principalmente as disciplinas:
Farmacologia Básica
Princípios da ação dos fármacos e seus destinos no organismo humano. Métodos de ad-
ministração e de eliminação de medicamentos. Locais e formas de ação dos medicamen-
tos: indicações, efeitos adversos. Interações medicamentosas. Ativadores e inibidores da
função adrenérgica e colinérgica. Farmacologia dos músculos e dos neurotransmissores.
Farmacologia da inflamação e da dor. Fundamentos farmacológicos da anestesia. Reações
alérgicas.
Farmacologia Clínica
Bases farmacológicas do tratamento de enfermidades orgânicas e sistêmicas. Usos da te-
rapêutica medicamentosa. Corticoides e antibióticos. Interferências farmacológicas nas ati-
vidades simpáticas e parassimpáticas. Tratamento farmacológico da dor, das doenças in-
flamatórias e auto-imunes, das doenças respiratórias, das cardiopatias, dos transtornos di-
gestivos e dos distúrbios psiquiátricos e neurológicos. Farmacologia da anticoncepção e
do parto. Dependência e abuso medicamentoso.
O conhecimento das medicações mais comuns do mercado e os seus usos para lidar com
as ocorrências mórbidas mais freqüentes estão incluídos neste ensino, bem como os conhecimen-
tos sobre os principais medicamentos genéricos que devem ser receitados pelo generalista.
Terapêutica
Princípios gerais da terapêutica clínica. As indicações do uso de analgésico. O uso de anti-
inflamatórios não hormonais. Princípios gerais do uso de antibióticos. O tratamento medi-
camentoso das enfermidades prevalentes e da competência do médico de formação geral.
Além disso, o currículo do curso propõe ampliar o ensino das condutas de tratamento indo
além da terapêutica medicamentosa clássica incorporando o ensino de práticas alternativas de
tratamento, que já possuam comprovação científica.
Em síntese, o curso da Escola de Medicina Souza Marques espera, com a formação em
medicina clínica, que o aluno se torne competente em:
42
Ouvir os queixumes do paciente;
Inquirir para obter a história da enfermidade;
Perguntar por informações complementares;
Construir a história clínica;
Examinar fisicamente o paciente
(exame geral: inspeção, palpação, percussão, ausculta);
Realizar exames físicos especiais básicos;
Solicitar exames complementares;
Apreciar resultados de exames complementares e avaliações;
Consolidar o diagnóstico de síndromes;
Estabelecer condutas para terapêutica e tratamento;
Acompanhar a evolução do paciente;
Buscar auxílio nas dúvidas e necessidades.
Cabe observar que o ensino da Medicina Social e da Medicina Curativa atravessa toda a es-
trutura do curso, se dispondo, assim, do primeiro a sexto ano. Deste modo, nesse Curso de Medicina os
dois modelos de Promoção da Saúde, o Social e o Biomédico, co-existem e interagem ao longo de todo
o curso.
4ª REFERÊNCIA: DA EDUCAÇÃO MÉDICA
Cabe sempre lembrar que a Medicina é a arte e a ciência para promover, com sabedoria
e amor, a saúde humana e que, por isto, o ato médico é sempre um ato de respeito pelo ser hu-
mano, pela sua vida e sua saúde.
Deste modo a escola médica deve, além de favorecer a instrução médica, buscando ori-
entar o aluno nas técnicas e procedimentos, nas informações e conhecimentos os mais hodiernos,
desenvolvidos pela ciência médica, prestigiar também a educação médica objetivando formar o
aluno na sabedoria da medicina.
A educação médica é mais do que a instrução médica e depende, por isto, da participação
ativa do aluno na sua formação, pois, como dizia o professor Renato Locchi, para esta vale o
princípio:
“Cada homem consciente é, ainda que orientado, antes de tudo, o resultado do
que faz, ele próprio de si mesmo”.
Assim a formação do médico, antes de tudo, é uma autoeducação.
Deste modo, sem o compromisso individual e consciente do próprio aluno, a sua educação
médica não se consolidará, embora até possa ocorrer a sua instrução médica.
Cabe, pois, à escola médica despertar o aluno para além da sua vocação original, alme-
jando uma motivação interior que o dirija para ter papel ativo na sua instrução e, além desta, na
sua educação médica.
É com a educação médica que a moral e a ética, o afeto e o respeito e o humanismo que
devem envolver todos os atos da arte médica se consolidam.
E mais, o humanismo esperado na prática da medicina é forjado na educação médica.
Assim sendo o estudo da medicina é um acordo que se estabelece no compromisso do a-
luno com a sua família, com a sua sociedade e, antes de tudo, do aluno para consigo mesmo,
para viver o ideal humanístico de manter, recuperar e promover a saúde de seus semelhantes, o
qual deve desabrochar na orientação recebida no ensino médico.
Portanto, o estudo da medicina é um entendimento que parte do individual e alcança o so-
cial o qual, apoiado nos sentimentos e razões íntimas, deve ser norteado pelo amor ao próximo.
A formação do médico, germinada no sonho do ideal vertido como vocação, é forjada des-
de o lar e nas escolas, mas, que só se consolida no compromisso do próprio estudante com a
medicina.
A arte que é a medicina pressupõe, pois, o amor à humanidade o qual, germinado na inti-
midade da vocação, idealiza o sonho de promover o bem-estar, que é a saúde, para cada ser hu-
mano. Assim a prática médica é compromisso sócio-cultural com civilidade, urbanidade e humani-
dade.
Uma das principais intenções deste Curso de Medicina está em ir além da instrução do
futuro médico, tanto no modelo biomédico, quanto no modelo social da prática da medicina, para
procurar educá-lo numa prática médica assentada em procedimentos humanísticos, éticos e de
civilidade.
Deste modo, o propósito de além de instruir o aluno na prática médica, educá-lo para a ar-
te de uma medicina humanística, permeia todo o processo de ensino do Curso de Medicina da
Escola de Medicina Souza Marques.
Para complementar, ainda, a formação do aluno este Curso de Medicina possibilita aos
seus alunos atividades curriculares de Iniciação Científica, com o desenvolvimento de traba-
lhos de campo para a coleta de informações e dados e também de atividades extracurriculares
com a realização de pesquisa experimental e elaboração de trabalhos científicos em Programa de
Iniciação Científica que o permitam aprender a metodologia dos procedimentos e técnicas cientí-
ficas para a produção de conhecimentos médicos.
A disciplina de Iniciação Científica compreende os tópicos:
Iniciação Científica
O método científico. Modelos de pesquisa médica. O conhecimento dedutivo e induti-
vo. Normas de pesquisas científicas e de suas divulgações. Delineamento de um estu-
do científico. A elaboração, composição e edição do trabalho científico. Elaboração de
uma monografia. Ética e bioética em pesquisa.
A disciplina de Iniciação Científica objetiva ainda favorecer ao aluno a realização inicial
de um trabalho científico baseado em pesquisas aplicáveis às disciplinas do curso.
Reforçam os conhecimentos dos discentes, na medida que colaboram no aprendizado de
seus colegas, as atividades de Monitoria. Também colaboram na sua formação atividades que o
permitam desde o início de sua formação atuar junto à comunidade local nos Programas Sociais
como atividades de Extensão à Comunidade do saber universitário.
Para favorecer não só o aprendizado da medicina, como também a formação científica do
aluno, e, ainda, acima de tudo, a sua educação médica, é instituído para os primeiros anos curso
um Programa de Tutoria realizado pelos docentes.
Está contida na tutoria a preocupação com a saúde do aluno e também o desenvolvimento
desta preocupação em nível individual.
Foi instituído, em 2004, como um incentivo à produção científica de alunos, o Prêmio
Souza Marques, com edição anual, tendo a finalidade de premiar os três melhores trabalhos de
pesquisa desenvolvidos por discentes da Escola.
Por último, cabe ainda lembrar que o Internato, como um tempo de treinamento efetivo em
serviço, é momento fundamental na estrutura deste curso, pois, é nesse tempo que o desenvolvi-
mento intensivo do futuro profissional médico ocorre e é que o Internato é o tempo em que se dá
o treinamento efetivo deste na proficiência da sua atuação em medicina geral.
Por tudo isto, este Curso de Medicina espera que o egresso esteja preparado para cum-
prir e praticar os três princípios e os dez compromissos do Profissionalismo Médico, proposto na
Carta de Princípios da Abim Foundation, ACP-ASSIM Foundation & European Federation of Inter-
nal Medicine, publicada sob o título, Medical Professionalism in the new Millennium: a Physician
Charter, no Annals of Internal Medicine. v. 136, p.: 243 a 246, ano 2002.
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Princípios e Compromissos do Profissionalismo Médico
Princípios:
1. Priorizar o bem-estar do paciente: estabelecendo com altruísmo uma relação médico-
paciente de confiança;
2. Garantir autonomia ao paciente, nas suas opções: informando corretamente e sendo
honesto com estes, porém respeitando o código de ética médica;
3. Almejar e promover a justiça social na atenção à saúde: procurando eliminar formas de
discriminação das pessoas.
Compromissos:
4. Atuar com competência profissional, sempre crescente;
5. Agir com honestidade com os pacientes, informando-os antes e depois do tratamento;
6. Manter o sigilo profissional;
7. Buscar um relacionamento ético e moral com os pacientes;
8. Garantir qualidade no atendimento;
9. Facilitar sempre o acesso aos cuidados médicos;
10. Distribuir com justiça recursos financeiros para a saúde;
11. Atualizar, continuadamente, conhecimentos científicos;
12. Manter a sua integridade e a integridade da medicina nos conflitos de interesse;
13. Atuar sempre com a maior responsabilidade profissional.
Da Educação Médica
46
Da Educação Médica
Mais do que conhecimento, a arte médica exige atitude adequada e condizente com o
respeito que o médico deve ter pela saúde e vida de seu semelhante. E, desde os tempos de Hipócra-
tes, sempre tem sido importante a apresentação social do médico a qual vai, desde a sua higiene e ves-
tuário, até o seu vocabulário e ética profissional, obviamente compreendendo o seu conhecimento médi-
co.
Cabe sempre lembrar que o médico é o profissional responsável pelo nascimento, pela
preservação da vida e pela garantia da dignidade a ser dada à morte do homem; profissional que é res-
ponsável pela promoção, manutenção e preservação da saúde do ser humano; que luta contra as en-
fermidades e doenças; que é guardião de segredos íntimos de seus pacientes; que adentra a intimidade
dos lares e aconselha na vida de famílias; enfim, o profissional que é o continuador de uma profissão, de
história milenar, que não é só conhecimento, mas, acima de tudo, é sabedoria e cujo exercício é arte,
ciência e humanismo; profissão que, por tudo isto, é exercida no amor e no respeito aos semelhantes.
Entende-se, deste modo, que desde os primeiros dias de faculdade até a sua titulação
deve ser cobrado do estudante atitude, apuro na aparência e vestuário, vocabulário, enfim, pulcritude
ou elegância médica.
Assim, faz parte do aprendizado da medicina o aprender a se apresentar como médico.
A escola médica deve, portanto, além de favorecer a instrução médica, buscando ori-
entar o aluno nas técnicas e procedimentos, nas informações e conhecimentos desenvolvidos pela ciên-
cia médica, prestigiar também a educação médica objetivando formar o aluno na sabedoria da medici-
na.
A educação médica é mais do que a instrução médica e depende da participação ativa
do aluno na sua construção. A educação do médico, antes de tudo, é uma autoeducação.
Sem o compromisso individual e consciente do próprio aluno, a sua educação médica
não se consolidará, embora até possa ocorrer a sua instrução médica. É com a educação médica que a
moral e a ética, o afeto e o respeito, o humanismo e a civilidade, que devem envolver todos os atos da
arte médica, se consolidam. E mais, o amor esperado na prática da medicina é forjado na educação
médica.
O estudo da medicina é, assim, um acordo que se estabelece no compromisso do aluno
com a sua família, com a sua sociedade e, acima de tudo, do aluno para consigo mesmo, para viver o
ideal humanitário de manter, recuperar e promover a saúde de seus semelhantes. E este compromisso
deve desabrochar com as orientações recebidas no ensino da medicina, na escola médica.
A arte que é a medicina pressupõe, pois, o amor à humanidade o qual, germinado na in-
timidade da vocação, idealiza o sonho de promover o bem-estar, que é a saúde, para cada ser humano.
A prática médica é compromisso sócio-cultural com civilidade e humanidade.
Portanto, o estudo da medicina é um entendimento que parte do individual e alcança o
social o qual, apoiado nos sentimentos e razões íntimas do estudante, deve ser norteado pelo amor ao
próximo.
Uma das principais intenções da Escola de Medicina Souza Marques está em ir além
da instrução do futuro médico, tanto no modelo biomédico, quanto no modelo social da prática da medi-
cina, para procurar educá-lo numa atividade médica assentada em procedimentos humanísticos, éticos e
de civilidade.
O propósito, pois, de além de instruir o aluno na prática médica, educá-lo para a arte de
uma medicina humanística, permeia todo o processo de ensino do Curso de Medicina Souza Marques.
“Pulcritude” (qualidade do que é “pulcro”, do latim “pulcher”: belo, formoso, elegante) a
elegância que é uma obrigação do médico.
O termo elegância advém da raiz latina “elegir”. Ao hábito do reto eleger chamavam os
latinos de “eligentia” e, logo em português, elegância. Por isto, o vocábulo elegância refere-se indisso-
luvelmente ao termo eleger, escolher entre.
Observe-se que o vocábulo “inteligência” também provém de “eligencia” e significa, na
sua acepção mais própria escolher entre. A inteligência, como a elegância, se desvela na capacidade
de bem escolher.
48
Eis porque a elegância é uma arte, a arte de escolher o preferível dentre opções. Não é
à toa que o termo elegância não possui só a conotação da boa preferência, mas de algo mais, o de uma
virtude, pois ao final elegância se confunde com a ética, que também é a escolha justa e adequada de
comportamentos, condutas, de atitudes.
Todo médico deve ser elegante (pulcro) não só nas maneiras, no agir, no trajar, mas
principalmente no se relacionar com os pacientes, colegas, alunos, professores, subordinados e chefes.
E eleição pressupõe opções de escolha e, para bem escolher, um homem precisa não
só saber que opções há à sua disposição, mas principalmente as conseqüências de cada uma delas.
O homem não nasce elegante, ele se faz elegante. Por isto faz parte da elegância, a cul-
tura geral, o conhecimento da língua materna, a redação adequada, a proficiência em línguas e, princi-
palmente, o conhecimento dos saberes médicos. Além do conhecimento profissional, deve o médico
também conhecer história, filosofia, literatura, música, pintura, pois a cultura geral é parte fundamental
nas escolhas de opções que resultam na elegância.
Para ser elegante e bem se apresentar e conduzir, o médico deve estar sempre bem as-
seado, unhas cortadas e limpas, barbeado, adequadamente vestido, enfim com aparência elegante. Se
usar barba, que ela seja bem cuidada, se usar branco que seja bem limpo. Como conquistar a confiança
de pacientes se apresentando desleixado e mal arrumado? Podem pensar: “Este doutor não cuida nem
de si, como pode cuidar de mim?”
Assim, o aluno, noviço ou o interno, deve aprender a se vestir, a se apresentar e a se
conduzir não só nas salas de aula e laboratórios, como em ambulatórios, enfermarias e demais locais de
atendimento, como deve aprender a se comportar nestes locais, demonstrando a intenção de vir a ser
um bom profissional da saúde.
Mais importante ainda que o aspecto físico é o aspecto moral.
O amor pela profissão, sem interesse pecuniário, o interesse pelo bem estar daquele
que o procura para aliviar seus males, o interesse e o carinho verdadeiros pelo doente revelam o médico
educado, assim o médico elegante.
Não se pode esquecer, porém, que a família do paciente também merece o carinho do
médico, com explicações cuidadosas sobre o estado do paciente e instruções quanto à melhor maneira
de cuidá-lo, tanto física quanto psicologicamente.
É bom lembrar ainda que valem mais cinco minutos de atenção à beira do leito do que
vinte linhas de prescrição na folha de medicação. E, de acordo com um antigo clínico, uma consulta mé-
dica deveria demorar uma hora: 50 minutos de boa conversa e 10 minutos de exame físico.
Sempre cabe enfatizar que a Medicina é a arte e a ciência para promover, com sabedo-
ria, civilidade, humanismo e amor, a saúde do homem e que, por isto, o ato médico é sempre um ato de
respeito pelo ser humano, pela sua vida e sua saúde.
Ouçamos o que Hipócrates diz em “A Sabedoria do Médico”:
(...) pois as coisas relacionadas à sabedoria estão todas na medicina: desamor ao
dinheiro, recato, capacidade de ruborizar, decência, reputação, decisão, tranquilida-
de, capacidade de responder, pureza, linguagem sentenciosa, conhecimento das
coisas úteis e necessárias à vida, rejeição da impureza, ausência de superstição (...)
Hipócrates nos legou a obra Do Médico (Peri Ietroy), c. 450-375 a.C.
É um pequeno tratado, de estilo claro e didático, dirigido aparentemente a iniciantes. O
texto foi escrito provavelmente em algum momento do final do século IV a.C. ou início do século III a.C.
Na passagem selecionada são mencionas regras básicas de “etiqueta médica”, essenciais à dignidade
da profissão.
A apresentação do médico
O médico deve se apresentar com boa cor e ser também robusto, conforme sua
própria natureza, pois os que não têm uma disposição assim boa são por muitos
Medicina Souza Marques
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Medicina Souza Marques

  • 2. 2 FUNDAÇÃO TÉCNICO-EDUCACIONAL SOUZA MARQUES PPPrrrooofffaaa... SSSTTTEEELLLLLLAAA dddeee SSSOOOUUUZZZAAA MMMAAARRRQQQUUUEEESSS GGGOOOMMMEEESSS LLLEEEAAALLL Presidente PPPrrrooofff... MMMAAAGGGNNNOOO dddeee AAAGGGUUUIIIAAARRR MMMAAARRRAAANNNHHHÃÃÃOOO Superintendente ESCOLA DE MEDICINA SOUZA MARQUES PPPrrrooofff... DDDrrr... AAANNNTTTÔÔÔNNNIIIOOO PPPAAATTTRRROOOCCCÍÍÍNNNIIIOOO LLLOOOCCCOOOSSSEEELLLLLLIII Diretor PPPrrrooofff... DDDrrr... RRRAAAYYYMMMUUUNNNDDDOOO MMMAAANNNNNNOOO VVVIIIEEEIIIRRRAAA DiretorAcadêmico PPPrrrooofffaaa... DDDrrraaa... YYYAAARRRAAA CCCUUURRRVVVAAACCCHHHOOO MMMAAALLLVVVEEEZZZZZZIII CoordenadoradeEnsino PPPrrrooofff... DDDrrr... FFFEEERRRNNNAAANNNDDDOOO AAANNNTTTOOONNNIIIOOO PPPIIINNNTTTOOO NNNAAASSSCCCIIIMMMEEENNNTTTOOO CoordenadornaSantaCasa PPPrrrooofffaaa... LLLEEEOOOPPPOOOLLLDDDIIINNNAAA DDDEEE SSSOOOUUUZZZAAA MMMAAARRRQQQUUUEEESSS SecretáriaGeral
  • 3. CURSO DE MEDICINA ÍNDICE Breve Notícia Histórica 7 Introdução à Programação 13 Apresentação 15 1. Dos Compromissos 15 2. Do Ideal de Saúde 15 3. Das Responsabilidades 17 4. Das Proposições 17 5. Dos Objetivos 17 6. Da Síntese 17 Parâmetros da Programação 19 1. Dos Critérios para o Perfil dos Objetivos 21 2. Dos Critérios para o Perfil do Graduando 22 Organização Curricular 23 1. Do Ciclo de Formação 25 1. A. Dos Fundamentos de Medicina Social 25 1. B. Dos Fundamentos de Medicina Curativa 25 2. Do Ciclo de Internato 26 Currículo: Referências Conceituais 27 1ª Referência: do Estudo da Saúde 29 1. Da Concepção da Promoção da Saúde 29 2. Do Estudo da Saúde Humana: A Higiologia 31 3. Da Atenção Primária à Saúde 32 4. Da Medicina Social 33 2ª Referência: da Formação do Médico 34 5. Das Bases da Formação Médica 34 6. Da Morfologia Funcional 35 7. Dos Mecanismos de Agressão e de Defesa 35 3ª Referência: da Prática Médica 36 8. Da Medicina Curativa 36 9. Da Iniciação à Prática Médica 36 10. Da Propedêutica e da Semiologia 37 11. Da Medicina Clínica 39 Medicina Interna 39 Pediatria 39 Tocoginecologia 40 12. Especialidades 40 13. Terapêutica 41 4ª Referência: da Educação Médica 42 Da Educação Médica 45 Da Educação Médica 47 Portaria nº07/2008 50 Referências Bibliográficas 53 Referências Bibliográficas 53
  • 4. 4 Programação 55 Programação Curricular 57 Critérios Adotados 57 Programação do 1º Ano 59 Programação do 2º Ano 59 Programação do 3º Ano 59 Programação do 4º Ano 60 Programação do 5º Ano 60 Programação do 6º Ano 61 Consolidação das Cargas Horárias 62 Organização Curricular: Estrutura Matricial 62 Ementas 63 Ementas 1º ano 65 Iniciação à Prática Médica 1 67 Iniciação Científica 68 Linguagem Médica 69 Medicina Social 1 70 Morfologia Funcional 1 74 Orientação e Tutoria 76 Ementas 2º ano 77 Farmacologia Básica 79 Fisiopatologia 80 Iniciação à Prática Médica 2 82 Medicina Social 2 83 Morfologia Funcional 2 85 Patógeno Hospedeiro: Interrelações 87 Ementas 3º ano 89 Diagnóstico Médico 91 Farmacologia Clínica 93 Infectologia 94 Iniciação à Prática Cirúrgica 95 Medicina Social 3 96 Psicologia 99 Puericultura 100 Semiologia e Propedêutica Especial 101 Semiologia e Propedêutica Geral 104 Ementas 4º ano 107 Especialidades 109 Medicina Interna 111 Medicina Social 4 114 Pediatria 118 Terapêutica 119 Tocoginecologia 120 Ementas Internato 123 Internato 125 Ciclo de Internato: Normas Gerais 126 Bibliografia Indicada 129 Bibliografia Indicada 131 Bibliografia Complementar 139
  • 5. Organização Administrativa 143 Organização Administrativa 145 Avaliação do Desempenho Escolar 147 Avaliação do Desempenho Escolar: Regulamento Interno 149 Avaliação do Internato: Regulamento Interno 153 Complemento aos Critérios de Avaliação 155 Deliberações Complementares 157 Internato: Ficha de Avaliação 164 Código de ética 167 Introdução 169 Da Moral 169 Da Ética 169 Da Universidade 170 Da Área da Saúde: da Medicina 171 Código de Ética 172 Capítulo 1: Dos Preceitos Fundamentais 172 Capítulo 2: Dos Preceitos Universitários 172 Secção I - Dos Bens Comuns 172 Secção II – Das Tradições 173 Secção III – Do Convívio Humano 173 Secção IV – Das Produções 173 Secção V – Do Ensino e da Docência 173 Secção VI – Da Pesquisa e do Saber 174 Secção VII – Da Extensão e dos Serviços 174 Secção VIII – Dos Docentes 174 Secção IX – Dos Discentes 175 Secção X – Dos Técnicos 175 Secção XI – Dos Pacientes 175 Secção XII – Da Atenção ao Humano 175 Capítulo 3: Das Disposições Gerais 176
  • 6. 6
  • 8. 8
  • 9. CURSO DE MEDICINA BREVE NOTÍCIA HISTÓRICA 01. A ideia de criação de uma Escola de Medicina pela Fundação Técnico-Educacional Souza Marques resultou de uma proposta apresentada em abril de 1967 na Congregação da Escola de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas, fundada pela Associação de Livre-Docentes da Univer- sidade Federal do Rio de Janeiro. Os membros dessa Congregação, todos com titulação de livre-docência e com larga experiência de magistério, na sua maioria, chefes de enfermarias da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, julgaram oportuno o momento para a criação de uma escola médica tendo em vista o grande número de jovens aprovados nos vestibulares sem que existissem vagas para que pudes- sem se matricular. Eram os denominados excedentes. O fato da existência de excedentes criava problemas políticos preocupantes para o Mi- nistério da Educação e para a própria Presidência da República. Assim a iniciativa da criação da Escola de Medicina Souza Marques foi tida como uma ideia fe- liz por ir ao encontro da política do governo, interessado em aumentar o número de vagas oferecidas pelas poucas escolas de medicina então existentes. 02. Uma vez aprovada a sugestão, foi constituída uma comissão que iniciou as negociações junto ao então Conselho Federal de Educação (CFE), presidido na ocasião pelo Professor Deolindo Augusto de Nunes Couto, ao Ministro da Educação, Professor Tarso de Moraes Dutra e fi- nalmente junto ao Presidente da República, General Artur da Costa e Silva. A ideia teve boa receptividade por parte de todas as autoridades consultadas e foi iniciada a ela- boração do Projeto Pedagógico da nova escola médica. Desde o início definiu-se com precisão o perfil do profissional que se desejava formar. Respeita- do o Currículo Mínimo de Medicina (CFE Resolução nº 8/69 de 8 de outubro de 1969), nascente a esta época, a metodologia de ensino projetada obedecia a mais moderna orientação para a época, com de- terminação de objetivos para cada uma das disciplinas e com um esquema que, sem realizar a plena integração interdisciplinar, o que seria impossível numa escola de professores em tempo parcial, organi- zava de modo lógico e concatenado o ensino entre as disciplinas do ciclo básico e, sempre que possível, entre estas e as do ciclo profissional. Foram constituídas duas comissões: uma, para a redação do Regimento e outra, para a elabo- ração do Projeto Pedagógico, as quais em setembro de 1969 deram o trabalho por concluído. Para enfatizar o valor da proposta efetivada, basta dizer que nessa ocasião, fim da década de sessenta, quando poucas faculdades pensavam em recorrer ao auxílio de especialistas em ensino médi- co, já organizava a Escola Souza Marques, mesmo antes do início de seu funcionamento, cursos de didática médica e tecnologia educacional para a área da saúde. Foram ministrados cursos de organização de currículos, formulação de objetivos, de avaliação e muitos outros ministrados pelos poucos especialistas que, à época, atuavam na área. Entre os professo- res que participaram desses cursos importa citar Agnelo Collet, consultor de Educação Médica da Or- ganização Mundial de Saúde, um dos precursores (se não o precursor) dos que se dedicaram à nova especialidade da Pedagogia Médica. O Projeto Pedagógico da nova Escola ficou pronto e acordos com a Santa Casa da Misericór- dia do Rio de Janeiro, que por tantos anos já havia abrigado a antiga Faculdade Nacional de Medicina, asseguraram as enfermarias do tradicional Hospital como o ambiente propício e apropriado para o ensi- no da escola médica nascente. 03. Era, como ainda é, exigência legal a existência de uma entidade mantenedora a qual seria a pessoa jurídica responsável pela Escola. Após vários entendimentos foi firmado um pacto entre os fundadores da Escola e o Professor José de Souza Marques, então presidente da Funda- ção Técnico-Educacional Souza Marques, que já possuía vários cursos de nível superior, o
  • 10. 10 que tornava a FTESM na entidade mantenedora da nova Escola. Então, já com a denominação de Escola de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques, faltava, no entanto, a base física para instalação de sua administração e para o ensino das disciplinas do ciclo básico. Novamente a Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro veio apoiar a ideia, colocando à dis- posição da Escola o histórico prédio da rua do Catete nº 6, no Bairro da Glória. Esse prédio, que havia sido a residência de uma figura tradicional do império, fora deixado por morte de seu proprietário à Santa Casa, com a cláusula que restringia seu uso a finalidades educacio- nais. Nele havia sido instalado e funcionou durante anos um asilo para jovens órfãs: o Asilo São Cor- nélio. A dificuldade em manter o asilo levou a Santa Casa a desativá-lo e, assim, nesta ocasião, o edifí- cio estava desocupado. Necessitava de reformas, construção de novas instalações e equipamentos para as cadeiras bá- sicas. O Ministério da Educação, interessado ainda em resolver o problema dos alunos excedentes, prontificou-se em custear as obras necessárias, com a condição de que a Escola absorvesse 192 exce- dentes do último vestibular que há pouco se realizara e que criava um difícil problema político para o governo. Deve ser destacado este fato, pois muitas vezes a Escola tem sido citada por ter número exces- sivo de alunos, mas as 192 vagas resultaram de uma imposição do Ministério da Educação. 04. Em 15 de outubro de 1969, o Conselho Federal de Educação (CFE) autorizou, através do Parecer CFE nº 795/69, o funcionamento da Escola e em 29 de janeiro de 1970 o DOU publicou o Decreto nº 66.141 que legitimou a autorização de funcionamento da Escola de Medicina Sou- za Marques. No dia 15 de maio de 1971 foi proferida a aula inaugural da Escola de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques. Em 1976, antes de formar a primeira turma, a Escola de Medicina obteve o seu reconhecimen- to oficialmente pelo Parecer CFE nº 2937/76 de 02 de setembro de 1976 e o Decreto nº 78665/76, pu- blicado no DOU em 05 de novembro de 1976, legalizou o reconhecimento da Escola de Medicina Souza Marques. Sucessivamente a Escola de Medicina Souza Marques tem tido o seu reconhecimento de funcionamento renovado, sendo que o último ocorreu em 2008 (Portaria SESu no 1180/05 de 23 de dezembro de 2008, publicada no DOU de 26 de dezembro de 2008). ÁREAS DE ATUAÇÃO A Escola de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques é Instituição de Ensino Superior fundamentalmente voltada ao ensino de graduação da medicina. Desde o seu reconhecimento, há trinta e três anos, já graduou acima de 5.000 médicos, dos quais, hoje, muitos ensinam a medicina, praticam com eficiência a arte médica e desenvolvem conheci- mentos e técnicas que auxiliam a evolução dos procedimentos médicos. Porém, a atuação da Escola de Medicina Souza Marques não tem se limitado ao ensino de graduação, pois, promove, em convênio com o Hospital Aristarcho Pessoa da Secretaria de Estado da Defesa Civil – SEDEC-RJ (Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro), programa de Resi- dência Médica nas áreas de clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, tocoginecologia e ortopedia. E mais, estudos estão sendo realizados para a implantação de programa de Residência Médica na área da Saúde da Família em colaboração com o Hospital Central do Exército. A Escola de Medicina Souza Marques atua ainda no ensino de pós-graduação lato senso, por meio de programas de especialização como os de Especialização em Dermatologia, Especialização em Medicina Estética e outros Estão sendo desenvolvidos Projetos para a futura implantação de programas de pós-graduação, estrito senso, com áreas de concentração no campo das ciências morfológicas, da medicina experimen- tal e da cirurgia experimental.
  • 11. Como atividade essencial ao ensino de graduação e pós-graduação, programas sociais de atenção à saúde são promovidos para a comunidade que acorre aos seus serviços e serviços conveni- ados. No Pólo de Atendimento Itanhangá (Pólo Comunidade Sítio do Pai João), na Creche Casulo Padre Aleixo (Paróquia da Santíssima Trindade) e mais recentemente no Pólo de Saúde da Família: Unidade Souza Marques (Comunidade do Fubá) em Cascadura são exercidas atividades de extensão pela Escola de Medicina como programas docentes e discentes assistenciais em colaboração aos servi- ços de saúde municipais e estaduais. Cabe dizer, enfim, que a Escola de Medicina Souza Marques, tem mantido, nesses anos, continuado processo de desenvolvimento e atualização da consecução de suas precípuas finalidades de Escola Médica.
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  • 15. CURSO DE MEDICINA INTRODUÇÃO À PROGRAMAÇÃO APRESENTAÇÃO 1. DOS COMPROMISSOS Três são os compromissos que norteiam as diretivas principais da programação do curso da Escola de Medicina Souza Marques. A. O Compromisso Educacional: O qual é o fundamento dos seus objetivos de centro formador de recursos humanos, habilitados e qualificados, para atuar com proficiência na promoção da saúde humana, em todos os seus diferen- tes níveis; B. O Compromisso Social: O qual é o fundamento dos seus objetivos de centro de atenção à saúde, prestador de serviços de manutenção, recuperação e prevenção da saúde humana, como ação de extensão assistencial à comunidade da localidade geopolítica na qual se insere, para contribuir, com isto, na elevação da qualidade de vida desta comunidade; C. O Compromisso Cultural: O qual é o fundamento dos seus objetivos de um centro produtor de conhecimentos, científicos e filosóficos, e de tecnologias, que almejam não só o desenvolvimento do saber sobre a realidade do homem nas suas dimensões: física, mental, sócio-cultural e política, quanto a produção de recursos e meios para melhorar a saúde e a qualidade de vida do ser humano. Como Instituição de Ensino Superior, a preocupação com a formação integral do homem e a colaboração na transformação sócio-cultural da realidade de seu contexto geopolítico são, naturalmente, partes integrantes dos seus compromissos. 2. DO IDEAL DE SAÚDE Assim, os três compromissos, como fundamentos, que emergem em todas as intenções de a- tuação, delineadas nos objetivos do Curso da Escola de Medicina Souza Marques, se reúnem na pro- posta de que o ensino médico, a atenção à saúde e a pesquisa para o desenvolvimento das ciên- cias da saúde são interdependentes e interativos nos seus processos de consecução e de evolução. Por isto, cabe à Escola Médica um papel de centralizador na convergência do aprendizado, da assistência e da ciência que almejam o mais alto ideal da saúde humana, como o proposto pela Orga- nização Mundial de Saúde: “Saúde, um direito humano fundamental, é um estado de completo bem-estar físico, mental, sócio-cultural e político, e não simplesmente a ausência de doença ou enfer- midade”. 3. DAS RESPONSABILIDADES Os três compromissos, o educacional, o social e o cultural, assumidos para argumentos de base das diretrizes do Curso desta Escola de Medicina, por serem, na sua realização e implementação, convergentes e interdependentes, fundamentam, na formulação dos propósitos e finalidades da progra- mação pedagógica, a valorização de três responsabilidades:
  • 16. 16 A. No Campo da Educação: A de formar o aluno com preparo para uma atuação consciente da realidade, tanto da saúde da po- pulação, quanto do sistema de saúde do Brasil, e disso, a de o qualificar para prestar serviços mé- dicos que contribuam para a elevação do nível de saúde do cidadão brasileiro; B. No Campo da Assistência: A de implementar, desenvolver e consolidar, em consonância com as diretrizes do Sistema Único de Saúde, SUS, um modelo de serviços de atenção à saúde para a comunidade geopolítica, na qual se insere. Este modelo deve propiciar, pelo padrão de sua estruturação, uma Promoção da Saúde transformada e diferenciada, como decorrência da prestação de serviços médicos, biomédicos e pa- ramédicos, mais adequados, qualificados e atualizados; C. No Campo da Pesquisa Científica: A de ajustar o seu processo de ensino-aprendizagem, viabilizando a inter-relação entre a erudição e a técnica, no sentido de, por um lado, recuperar, proteger e manter a saúde humana cada vez de modo mais efetivo e, por outro, promover conhecimentos para a educação integral do homem e para uma qualidade de vida humana cada vez melhor. 4. DAS PROPOSIÇÕES Como consequência, o Curso de Medicina da Escola Souza Marques se realiza, assim, co- mo um núcleo real de progresso comunitário, pois tem inserido nos seus propósitos a função de centrali- zar, como um intermediário ativo, toda a integração que a educação médica, a atenção à saúde e as ciências da saúde pressupõem. Em decorrência, este curso médico valoriza como seus propósitos: I. De Ensino: Qualificar profissionais médicos habilitados a atuar nas diferentes instâncias da promoção da sa- úde e nos diferentes níveis de atenção à saúde e que priorize os atendimentos primários e secundá- rios. Objetiva, deste modo, graduar um médico com formação geral capaz de atuar nas necessi- dades mais básicas de saúde do homem brasileiro; Educar profissionais médicos para procedimentos que valorizem uma continuada preocupação com o ideal de saúde do homem, na sua plena realização de “bem-estar físico, mental, sócio-cultural e político”, preparando-o, em virtude disto, para um continuado aprimoramento e atualização de suas qualificações profissionais. II. De Assistência: Atuar, por integração e interação, nos sistemas promotores de saúde da região geopolítica na qual se localiza, pois, com isso, propiciará, pela atuação de seus docentes e discentes, uma colaboração de serviços médicos qualificados à comunidade da região; Interagir, como co-participante, as suas estruturas com as dos sistemas promotores de saúde da sua localização geopolítica para não só realizar seu compromisso social, como também gerar condi- ções de adequar o ensino que ministra às necessidades básicas de saúde da sociedade na qual se insere. Este propósito almeja promover uma continuada evolução da atenção à saúde humana em todos os seus diferentes níveis, como também, colaborar na melhoria dos níveis da saúde humana e nas transformações exigidas pelos níveis de saúde do seu contexto sócio-cultural. III. De Pesquisa: Desenvolver conhecimentos, científicos e filosóficos, e tecnologias que, fundamentados nas priori- dades das questões de saúde da comunidade, na qual atua em interação com os sistemas locais promotores de saúde, objetivem a elevação do nível de atenção à saúde, e, com isto, a melhor qua- lidade de vida, nesta coletividade; Implementar um núcleo de desenvolvimento voltado a contribuir nas grandes questões de saúde, que afligem a sociedade da região geopolítica na qual se insere. Esse núcleo deve se prestar, por um lado, para adequar melhor o ensino ministrado e, por outro, para melhor ajustar a prestação de serviços na assistência à saúde realizada.
  • 17. Assim, promover uma atenção integral ao ser humano almejando o ideal do “bem-estar físico, mental, sociocultural e político” é a mais importante das proposições do curso da Escola de Medicina Souza Marques. 5. DOS OBJETIVOS Agora, ao se apreciar estes que devem ser os propósitos e metas do Curso de Medicina da Escola Souza Marques, quando são avocados os seus compromissos, educacional, social e cultural, infere-se que todos eles convergem para uma participação atuante, interativa e integrativa, da escola médica na atenção à saúde e no sistema de saúde local, por ter esta escola preocupação em qualificar médicos com uma formação geral e abrangente. Então, por meio dessa inserção, integração e interação, no sistema de saúde local e na atenção à saúde, é que este Curso poderá então, abranger os objetivos de: A. Graduar futuros médicos, com formação geral, para atuar na atenção primária e secundária à saúde, sem esquecer a terciária, pois poderá treiná-los, com currículos adequados, em programas de integração docente-discente-assistencial; B. Prestar serviços médicos mais qualificados à comunidade, visando à elevação do nível de saúde dessa, pois, através de seus recursos estruturais, de seus servi- ços e de seus programas de integração docente-discente-assistencial, poderá cum- prir o seu papel de núcleo transformador da realidade de sua localidade; C. Contribuir com conhecimentos, científicos e filosóficos, e tecnologias, não só pa- ra a solução das grandes questões de saúde da população, mas, também para a qualificação mais completa e efetiva em medicina de seus docentes e discentes e, ainda, dos membros do sistema de saúde local. E deste modo, a elevação do nível de saúde e, por extensão, da qualidade de vida da comuni- dade na qual se insere a Instituição, estão contidos nos objetivos deste Curso de Medicina. 6. DA SÍNTESE Em síntese, a formulação dos objetivos do Curso da Escola de Medicina Souza Marques é delineada tendo como fundamentos, por um lado, os compromissos educacional, social e cultural que, necessariamente, devem ser assumidos por uma Instituição de Ensino Superior, e, por outro, a intenção de uma ação integrada e interativa a qual a Instituição deve realizar com o Sistema de Saúde da localidade geopolítica de sua inserção. Disto decorre que os objetivos do Curso de Medicina da Escola Souza Marques são estabele- cidos valorizando a formação do médico generalista, por um lado, preparado para uma prestação de serviços de promoção da saúde qualificados, atualizados e diferenciados, e, por outro, do médico ha- bilitado a atuar nas diferentes instâncias do sistema de saúde do país (Sistema Único de Saúde). Além disto, este curso está estruturado com a proposição de graduar médicos empenhados tanto na melhoria dos níveis da saúde da sociedade, quanto da qualidade de vida da população brasileira. Em suma, a intenção que contém a esperança e o ideal que pretendem um profissional médico que promova com competência e atualidade a atenção integral à saúde do homem, almejando o seu mais completo estado de “bem-estar físico, mental, sociocultural e político”, é o fundamento mais intrínseco na formulação dos objetivos do Curso da Escola de Medicina Souza Marques.
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  • 21. CURSO DE MEDICINA PARÂMETROS DA PROGRAMAÇÃO O curso da Escola de Medicina Souza Marques pretende com a sua programação, por um lado, estar fundamentado na Resolução CNE nº 4, de 7 de novembro de 2001 que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para Curso de Medicina e, por outro, valorizar as muitas proposições que ao longo dos anos têm emanado da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), da Comissão de Ensino Médico do MEC e mesmo da Declaração de Edimburgo e, ainda que incorpore algumas inovações e visões da modernidade, ter a intenção fundamental de resgatar valores da formação ética, humanística e cívica para o médico que pretende graduar. Para isto, a estruturação de seu Currículo Pleno, o planejamento de sua seriação e das se- quências, programações e matérias de suas disciplinas têm referência em alguns critérios que, de início, merecem ser destacados. Numa apresentação ordenada, estes critérios podem ser categorizados em: 1. Critérios para o perfil dos objetivos; 2. Critérios para o perfil dos graduandos. 1. DOS CRITÉRIOS PARA O PERFIL DOS OBJETIVOS Para a estruturação do currículo pleno e programação do curso médico da Escola de Medi- cina Souza Marques, respeitados os objetivos já propostos para a IES, os quais decorrem de seus compromissos educacionais, sociais e culturais, utilizados como argumento, para ser a primeira referência no estabelecimento do projeto de organização deste currículo (composição, seriação, sequên- cias, conteúdos), a intenção de cumprir a propósito de: Graduar médicos de formação geral, médicos generalistas. E este propósito subentende que: A Medicina é profissão que tem como vocação: Contribuir com a expectativa da sociedade em saúde e em qualidade de vida; Educar o ser humano para o seu bem-estar físico, mental, sócio-cultural e político; Respeitar ao ser humano valorizando o direito à vida de cada homem; Proteger e salvaguardar a vida humana; Acompanhar a gestação, o crescimento, o desenvolvimento e a maturação da pes- soa; Manter, promover e recuperar a saúde humana; Compreender, controlar e erradicar as enfermidades; Amparar, acolher e solidarizar com quem padece enfermo; Aliviar as dores e amainar os sofrimentos; Protelar e dignificar a morte do homem. Assim, o perfil de um médico de formação geral (o médico generalista) é o de um profissional de saúde habilitado e treinado para:
  • 22. 22 B. Atuar na atenção à saúde humana principalmente com os procedimentos preventivos e curativos exigidos pela atenção em nível primário e secundário, porém com conhecimentos dos procedimentos do nível terciá- rio; C. Atuar nos agravos à saúde estando habilitado às ações de pronto atendimento e de emergência e a reali- zar os procedimentos cirúrgicos básicos; D. Atuar como médico da família estando preparado, por seu treinamento, para os diagnósticos e tratamentos corretos das principais enfermidades do ser humano e para as ações preventivas e curativas que garantam um acompanhamento do crescimento, desenvolvimento e vitalidade dos membros da família; E. Atuar na Promoção da Saúde, no seu nível de competência, e atuar com proficiência na manutenção, pro- teção e recuperação da saúde humana tanto em nível individual quanto em nível coletivo; F. Atuar nas questões da saúde coletiva e ser um agente educador da sociedade para uma melhoria da qualidade de vida desta, no que é pertinente à saúde; G. Atuar profissionalmente sempre com ética, humanismo, civilidade e atualidade científica. 2. DOS CRITÉRIOS PARA O PERFIL DO GRADUANDO Graduado o futuro médico, observados os princípios aqui formulados, este deverá, então, estar apto a: A. Atuar no sistema hierarquizado de saúde, Sistema Único de Saúde, SUS, obedecendo aos princípios de referência e contrarreferência; Praticar a medicina de forma a garantir a integralidade da atenção à saúde; Atuar como médico generalista e como médico da família; Comunicar-se adequadamente com os colegas, os pacientes e os familiares destes; Atuar, com cooperação, em equipe multidisciplinar de saúde; Considerar a relação custo-benefício nas suas decisões, solicitações e indicações médicas; B. Realizar com proficiência a anamnese e a consequente construção da história clínica; Dominar a arte e a técnica semiológica e propedêutica e o uso dos recursos propedêuticos especiais; Utilizar adequadamente recursos complementares de diagnóstico; Ser capaz de diagnosticar, a partir da anamnese, da semiologia e propedêutica, as principais enfermida- des que acometem ao homem; Indicar adequadamente recursos terapêuticos; Realizar com proficiência procedimentos cirúrgicos básicos; C. Atuar profissionalmente sempre com compromisso ético; Ter uma visão crítica do papel do médico tanto social quanto nos procedimentos de promoção da saúde; Lidar judiciosamente com o mercado de trabalho e com as políticas de saúde; Informar e educar para a saúde seus pacientes, os familiares desses e a coletividade; Promover e contribuir com estilos de vida saudável; Atualizar continuamente os seus conhecimentos profissionais; Zelar sempre pela própria saúde, apresentação e por sua pulcritude.
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  • 25. CURSO DE MEDICINA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR Em decorrência do propósito de graduar o médico de formação geral, a programação do cur- so da Escola de Medicina Souza Marques, se organiza com a seguinte estrutura: Duração de seis anos, divididos em dois ciclos de estudos, com atividades di- dático-pedagógicas em tempo integral: 1. Ciclo de Formação (com duração de quatro anos); 2. Ciclo de Internato ou de Estágios (com duração de dois anos). 1. DO CICLO DE FORMAÇÃO O Ciclo Formativo nas suas atividades de ensino, como seus fundamentos, tem nas suas fi- nalidades integrar os conhecimentos da medicina social e os conhecimentos da medicina curativa. 1. A Dos Fundamentos de Medicina Social: Estas atividades de ensino têm por objetivo orientar o aluno para: 1. Compreender o ser humano como um indivíduo, a sua origem, sua história evolutiva, as su- as principais características de pessoa física, mental e espiritual; 2. Conhecer o corpo como o instrumento da vida humana, a vida física, ambiental, comunitá- ria, sociocultural e política do homem; 3. Compreender a saúde, os seus determinantes, os seus principais meios de manutenção, de prevenção e recuperação, a educação em saúde e sua importância na qualidade de vida do homem; 4. Compreender as funções da medicina na evolução e história humana, na atualidade, nos seus compromissos científicos e filosóficos, nos seus princípios humanísticos e éticos, no seu papel na qualidade da vida humana; 5. Compreender os conhecimentos que embasam os saberes e as práticas médicas e promo- ver a iniciação científica do futuro médico; 6. Conhecer as funções da medicina na Promoção da Saúde, nos diferentes níveis de aten- ção à saúde, na assistência aos agravos à saúde e aos traumas mais frequentes. 1. B Dos Fundamentos de Medicina Curativa: Estas atividades de ensino têm por objetivo orientar o aluno para: 1. Conhecer a morfologia e a fisiologia, normal e patológica, do corpo humano e os mecanis- mos de agressão e defesa do organismo, como argumentos para o aprendizado dos princí- pios da proteção, manutenção e recuperação da saúde humana e das ações médicas de di- agnóstico e tratamento das enfermidades; 2. Conhecer as bases físico-químicas e biológicas dos recursos do diagnóstico médico (diag- nósticos laboratoriais, por imagem e por exames gráficos), seus níveis de confiabilidade, custos e as bases e princípios dos tratamentos médico e cirúrgico; 3. Assimilar os conhecimentos que garantam os saberes e as habilidades requeridas de um médico de formação geral, para que possa promover a proteção, a manutenção e a recupe- ração da saúde de seus pacientes;
  • 26. 26 4. Adquirir as habilidades da elaboração da história clínica, da coleta de informações e dos in- terrogatórios para compor a anamnese; 5. Apreender as técnicas da relação médico-paciente e apreender a ética do ato médico e o compromisso profissional do médico; 6. Adquirir as habilidades para realizar o exame físico dos pacientes (inspeção, palpação, per- cussão e ausculta) e para interpretar sinais e sintomas das enfermidades; 7. Apreender as habilidades para a formulação de diagnósticos diferenciais e de diferenciação do diagnóstico principal; 8. Desenvolver a proficiência em tratamentos e condutas clínicas e procedimentos cirúrgicos básicos para ações de atenção básica, pronto atendimento e de emergência; 9. Adquirir os conhecimentos das clínicas: cirúrgica, médica, pediátrica e tocoginecológica e das especialidades e ainda da medicina social, para o desenvolvimento da proficiência nas ações de diagnóstico e tratamento que são utilizadas principalmente na atenção à saúde em níveis primário e secundário, porém, sem esquecer os procedimentos do nível terciário. 2. DO CICLO DE INTERNATO: O Ciclo de Internato ou de Estágios tem por finalidade precípua proporcionar ao aluno da graduação médica, as condições para que desenvolva, por meio do treinamento prático em serviço, po- rém com supervisão docente, as habilidades que lhe garantam uma efetiva utilização dos conhecimentos e das competências, que fundamentam os saberes e os procedimentos médicos, para: 1. Praticar, como um profissional, nas estruturas de diferentes serviços de saúde, as compe- tências requeridas de um médico de formação geral; 2. Praticar em serviços do SUS como centros de saúde, unidades básicas de saúde, ambulató- rios, enfermarias e serviços diversos, a desenvoltura requerida do médico geral; 3. Praticar as ações curativas e preventivas das clínicas: cirúrgica, médica, pediátrica e tocogi- necológica e de especialidades médicas e ainda da medicina social; 4. Praticar a solicitação criteriosa e a utilização coerente dos diferentes recursos complementa- res de diagnósticos médicos; 5. Praticar os procedimentos de prevenção e de educação em saúde da Promoção da Saúde e do Programa de Saúde da Família; 6. Praticar, objetivando a maior eficiência, as ações médicas de atenção integral à saúde que propiciem a proteção, a manutenção e a recuperação da saúde humana, principalmente as que são utilizadas na atenção à saúde em níveis primário e secundário, porém se valendo também dos conhecimentos e procedimentos do nível terciário. OBSERVAÇÕES Nesta estrutura geral que valoriza a qualificação do médico generalista, estão compre- endidos ensinamentos fundamentais da ética médica, sempre almejando o humanismo e a ur- banidade pressupostos na arte médica. Cabe observar, ainda, que a divisão da estrutura do curso em ciclos e atividades de en- sino está estabelecida tão só para uma apresentação sistemática de objetivos em paradigmas conceituais, uma vez que as várias propostas de conteúdos das disciplinas a serem lecionadas se entrecruzam, em longitude, com esses paradigmas para resultando numa estruturação matri- cial para o Curso de Medicina.
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  • 29. CURSO DE MEDICINA CURRÍCULO PLENO REFERÊNCIAS CONCEITUAIS Para estabelecer a organização do novo currículo pleno do curso da Escola de Medicina Souza Marques foram adotadas quatro referências conceituais como norteadoras dos objetivos, conteú- dos e distribuição das disciplinas do curso. 1ª Referência: do Estudo da Saúde Compreendendo a Medicina Social enquanto os conhecimentos que abrangem o estudo da concepção da saúde humana, da atenção básica à saúde e da promoção da saúde. 2ª Referência: da Formação Médica Compreendendo as bases da Medicina contidas nos conhecimentos da morfologia funcional, dos mecanismos de agressão e defesa do organismo humano e da fisiopatologia e, ainda, conti- das nos fundamentos dos diagnósticos e dos procedimentos médicos. 3ª Referência: da Prática Médica Compreendendo a Medicina Curativa constituída, por um lado, pelo estudo da Propedêutica e da Semiologia e, por outro, pelo estudo da Medicina Clínica e da Terapêutica. 4ª Referência: da Educação Médica Compreendendo a fundamental preocupação com a Educação Médica, a continuidade da for- mação profissional, a formação ética e humanística do futuro médico e com a valoração dos princípios e compromissos do Profissionalismo Médico. 1ª REFERÊNCIA: DO ESTUDO DA SAÚDE 1. DA CONCEPÇÃO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE A Promoção da Saúde é um processo abrangente e contínuo que almeja idealizar e desenca- dear ações que possibilitem o ideal de saúde, como direito humano fundamental, para todos os homens. É também o processo que busca efetivar pela prevenção, manutenção e recuperação da saúde a melhor qualidade de vida humana. Assim sendo, a Promoção da Saúde deve ser entendida como a resultante da participação de diferentes setores da sociedade numa elaboração de estratégias que permitam a consecução da saúde plena para todos os seres humanos. Sendo a prevenção baseada na concepção do risco, ou probabilidade, do homem se tornar en- fermo e que toda e qualquer ação para evitar a enfermidade ou agravos à saúde deve ser olhada como preventiva e sendo a educação em saúde a transmissão de informações relativas à saúde que objetiva a mudança de comportamentos e a adoção de estilos e hábitos de vida saudáveis, nos quais cada indi- víduo é o principal agente pela manutenção de seu estado de saúde, depreende-se que a Promoção da Saúde transcende as atividades e decisões individuais para tornar-se numa atividade coletiva quando a abrangência das medidas preventivas é considerada. O modelo tradicional de saúde, o Modelo Biomédico, tem o seu foco principal na etiologia, di- agnóstico e tratamento das enfermidades e dos agravos à saúde e dá uma grande importância à atua- ção, contribuição e desenvolvimento da assistência médica. O moderno modelo de saúde, o Modelo Social, entende a Promoção da Saúde como um pro- cesso amplo e complexo de parcerias, de atuações intersetoriais e de participação popular que envolve a sociedade civil organizada, as instituições públicas e privadas e as organizações internacionais e que objetiva a soma de esforços no sentido de atuação conjunta que possibilite alcançar resultados que se traduzam em mais e melhores condições e qualidade de vida para os seres humanos. A Promoção da Saúde, portanto, é a modo moderno e eficaz de enfrentar os desafios referen- tes à saúde e à qualidade de vida, introduzindo a noção de responsabilidade civil dos gestores, compar- tilhada com a sociedade organizada.
  • 30. 30 A concepção da Promoção da Saúde compreende: 1. lidar com as condições socioeconômicas dos segmentos populacionais mais carentes; 2. lidar com a pobreza e toda a desestruturação no seu entorno marcada pela falta de em- prego, de infra-estrutura adequada às necessidades humanas (água potável, esgoto, des- tino adequado do lixo e dejetos), pela poluição dos ambientes, pelas carências alimenta- res e educacionais; 3. lidar com estilos de vida e as formas de viver constituídas nas sociedades modernas, onde mesmo os segmentos mais favorecidos da população perdem de vista o que é uma vida saudável, adaptando-se à vida sedentária e estressante, geradora de angústia, ansi- edade e depressão, sentimentos que expressam legítimas insatisfações e que têm como consequência o uso de drogas, lícitas ou não; 4. lidar com a mobilização comunitária, combatendo o individualismo que se tornou uma das principais características das sociedades modernas, industrializadas, e que nos atinge igualmente, desmobiliza as pessoas para a luta coletiva por melhores condições de vida, atualizando a necessidade de resgatar e reforçar valores como a solidariedade e a ética; 5. lidar com o meio ambiente uma vez que as noções prevalentes de progresso vêm esti- mulando agressões constantes aos rios, mares, terra, floresta, ar etc.; 6. lidar com os ambientes de trabalho muitas vezes não adequados às condições míni- mas de salubridade; 7. lidar com ambientes escolares nos quais há grandes e persistentes dificuldades para conter a violência e o desrespeito às regras básicas da convivência social; 8. lidar com a política e a administração pública cuja gestão estatal é geralmente frag- mentada e burocratizada. Portanto Promover Saúde é aceitar o imenso, incomensurável, desafio de desencadear um proces- so amplo e complexo de parcerias, atuações intersetoriais e participação do cidadão que otimize os recursos disponíveis e garanta a aplicação destes em políticas que respondam mais efetiva e integradamente às ne- cessidades de vida das diversas comunidades humanas, principalmente as mais carentes. Cabe lembrar que na Conferência de OTTAWA (Canadá, 1986) foi proposto o processo da Promo- ção da Saúde, o qual germinou da Conferência de Alma-Ata (Cazaquistão, 1978) de atenção primária de saúde com a proposição de saúde para todos. Estas propostas evoluíram nas Conferências: de Adelaide (Austrália, 1988) para as políticas públicas saudáveis; de Sundswall (Suécia, 1991) para ambientes favoráveis à saúde; de Jakarta (Indonésia, 1997) e México (México, 2000) para a saúde no século XXI. Na América Latina, na Conferência de Bogotá (Colôm- bia, 1992) como promoção da saúde e igualdade e com a Carta do Caribe (Port Spain, 1993) na declaração sobre a saúde da comunidade caribenha. Em síntese, estas propostas evoluíram para os conceitos de vida, comunidade, ambientes e cidade saudáveis. Para a Conferência de Alma-Ata as condições e requisitos para a saúde, que estariam contidas na atenção primária à saúde, seriam: 1. Educação em saúde; 2. Alimentos e nutrição apropriada; 3. Abastecimento de água potável; 4. Saneamento básico; 5. Assistência materno-infantil; 6. Imunização; 7. Prevenção de enfermidades endêmicas; 8. Tratamento apropriado das enfermidades e traumatismos comuns; 9. Disponibilidade de medicamentos.
  • 31. A atenção primária à saúde compreende, assim, três grandes campos para as ações que obje- tivam a saúde: 1º o campo das ações sociais: o abastecimento de água potável, o saneamento básico, o favorecimento de alimentos e nu- trição apropriada, como também as ações de educação em saúde; 2º o campo das ações preventivas: a assistência materno-infantil, as campanhas de imunização e de prevenção de enfermida- des endêmicas; 3º o campo das ações clínicas: os procedimentos para o tratamento apropriado das enfermidades e traumatismos comuns, sustentados pela disponibilidade de medicamentos. A partir de Ottawa, as Conferências Internacionais de Saúde seguintes acrescentaram a es- tas condições outras circunstâncias de vida como requisitos da saúde: A paz; a escolaridade; a moradia; a renda; ecossistema estável; o uso sustentável dos recursos naturais; segurança; relações e justiça sociais; igualdade de direito para as mulheres, respeito aos diretos dos homens e à equidade humana. Assumindo-se ser a pobreza, acima de tudo, a maior ameaça à saúde. Com isto, para o Modelo Social, a saúde brota, vinga e se desenvolve na vida cotidiana, nos centros educacionais, no trabalho e no lazer. A saúde é, pois, o resultado dos cuidados que cada um dispensa a si mesmo e aos demais, é a capacidade de tomar decisões e controlar a própria vida e assegurar que a sociedade em que vive ofe- reça a cada um dos seus membros a possibilidade de ser saudável. Deste modo entende-se que o Modelo Social não invalida o Modelo Biomédico da Saúde, pois estão contidas nas ações coletivas e, além delas, continua existindo nas condições para a saúde, sem- pre, a necessidade de atenção aos agravos à saúde e à ocorrência de enfermidades. Ou seja, para a proteção, manutenção e recuperação da saúde humana continua havendo a necessidade da prevenção de epidemias, da vigilância sanitária e epidemiológica, da imunização, da assistência materno-infantil, das ações de pronto-atendimento nos traumas frequentes, a assistência às enfermidades endêmicas, os procedimentos terapêuticos e indicações de medicamentos etc. E mais, na atualidade ainda são tidas como ameaças à saúde: a urbanização, o aumento no número de pessoas idosas, a prevalência de doenças crônicas, o comportamento mais sedentário, a resistência a antibióticos e a outros medicamentos, o uso abusivo de drogas, a violência civil e doméstica e o mal-estar de centenas de milhões de pessoas. As doenças infecciosas novas e re-emergentes e um maior conhecimento sobre os problemas de saúde mental, que requerem uma providência urgente, tam- bém fazem parte deste quadro. Por tudo isto, entende-se que o ensino moderno da medicina deva privilegiar, com igual impor- tância, o papel do médico na Promoção da Saúde, como também o seu papel na atenção primária à saúde, como ainda todos os recursos da assistência médica às enfermidades e aos agravos à saúde humana. Isto é, o ensino moderno da medicina deve privilegiar tanto o Modelo Social quanto o Modelo Biomédico de Promoção da Saúde. 2. DO ESTUDO DA SAÚDE HUMANA: A HIGIOLOGIA Assim, a primeira referência para a estruturação do currículo pleno deste curso, respeitados os compromissos institucionais, e respeitados os modelos da Promoção da Saúde, está fundamentada no conceito de saúde e na valorização da atenção à saúde em nível primário como proposta na Confe-
  • 32. 32 rência de Alma-Ata (1978) reiterando a concepção de saúde da Organização Mundial de Saúde: Saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausên- cia de doenças ou enfermidades. Assim sendo, à ideia mais primitiva de que o estado de saúde é um pólo oposto ao daquele em que estão presentes moléstias e doenças, ou ao originário conceito de que, para que haja saúde deve existir uma ausência de enfermidades, se estabeleceu, modernamente, a concepção de que a saúde é uma disposição, uma propensão, um modo de ser. Disto saúde ser o conjunto das condições que garan- tem ao homem um estado de bem-estar, isto é, um estar de bem, um sentir-se bem, com a realidade do seu organismo, do seu psiquismo, com a realidade da sua vida e do seu mundo. Pode-se até afirmar que, quando o ser humano, apesar da sua constituição física e psíquica e das suas circunstâncias ambientais, sociais e culturais de vida, é feliz, isto é, demonstra ter proficuidade e satisfação, o prazer de viver, tem, então, saúde. Neste enfoque, a saúde é concebida mais como um estado existencial subjetivo, do que como um estado natural no qual não ocorrem doenças e moléstias, pois que, apesar do homem ser portador destas, ou de seqüelas das mesmas, é possível que se sinta bem consigo mesmo, com a sua vida e com as circunstâncias de seu mundo. Mas, é claro que as condições orgânicas e funcionais de normalidade e as da ausência de doen- ças, enfermidades e moléstias, ou mesmo de sequelas dessas, são as que facilitam o estado de saúde, muito embora se possa aceitar que estas condições não sejam as indispensáveis para que a saúde se manifeste, ou exista. Deste modo, fundados nesta concepção de saúde, os procedimentos para uma educação em saúde, assim como os de reabilitação e reeducação ganham importância e destaque e complementam ou substituem os procedimentos curativos, nas ações de proteção, manutenção e de recuperação da saúde humana, tornando-se assim indispensáveis. Em decorrência desta concepção, então, o propósito de formar médicos generalistas, que, a- lém de toda uma boa formação nas práticas curativas para a promoção da saúde, tenham também uma visão mais abrangente da saúde humana, norteou a programação desse Curso de Medicina para se estruturar com esta referência como um dos seus eixos de sua construção. 3. DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Reiterando, neste curso toda prioridade e ênfase são dadas, na sua programação, ao estudo da saúde humana. Antecedendo a preocupação com o ensino das enfermidades, o ensino da saúde ocupa posição de destaque no projeto pedagógico do curso da Escola de Medicina Souza Marques. Compreendida, ainda que de um modo simplificado, a atenção primária para a Promoção da Saúde como o conjunto das ações que, “procurando modificar as circunstâncias de vida de populações humanas, objetivam permitir aos membros destas conquistarem melhor qualidade de vida e, em decor- rência disto, terem maiores probabilidades de alcançar o estado de bem-estar que é a saúde”, o saber promover saúde por meio das ações de atenção primária se torna um conhecimento imprescindível na formação do médico generalista, o qual deve ter no seu perfil profissional a competência para atuações de sanitarista e de agente educador em saúde. “A atenção primária à saúde é a assistência sanitária essencial baseada em métodos e tecnologias práticas, cientificamente fundamentadas e socialmente aceitáveis, postas ao al- cance de todos os indivíduos e famílias da comunidade mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país possam suportar”. [A atenção primária] “... representa o primeiro nível de contato do indivíduo, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde... e é o primeiro elemento de um processo permanente de atenção à saúde”.
  • 33. Assim, muitas das ações de atenção primária, além de outras, se constituem na educação do homem para a importância da higiene pessoal, dos cuidados com o corpo, da alimentação balanceada, do uso da água tratada e dos esgotos, da construção e localização da moradia, da escolaridade, da cor- reção da poluição e contaminação do ambiente de vida e de trabalho etc. Estas ações, de modo geral, objetivam melhorar, como já dito, a qualidade da vida humana e, disto, a expectativa de saúde para garantir um melhor crescimento, desenvolvimento e maturidade para o ser humano. Numa realidade como a brasileira, estes recursos devem ser do conhecimento de um médico generalista, que está sendo formado para atuar como agente modificador da realidade de saúde da loca- lidade na qual se insere a escola médica ou na qual irá exercer futuramente as funções de médico. Em síntese, apesar da abrangência das ações da Atenção à Saúde e da diversidade das ações médicas o curso, ainda, objetiva inserir o aluno no contexto mais amplo da participação da medicina no processo da Promoção da Saúde, quer caracterizada como a assistência à saúde do modelo biomédi- co, quer caracterizada como a prevenção e manutenção da saúde e a educação em saúde do modelo social. 4. DA MEDICINA SOCIAL Além do aprendizado da história natural das doenças e moléstias, o qual deve possibilitar os argumentos para as ações preventivas e recursos para as ações curativas, existe na programação do Curso Médico da Escola de Medicina Souza Marques, um empenho em difundir os conhecimentos e os procedimentos que venham a permitir ao futuro médico atuar como um real agente de saúde o qual saberá educar o homem para a saúde, entendida esta como “um estado de bem-estar físico, mental, sócio-cultural e político”. Por tudo isto se justifica a Medicina Social no projeto pedagógico e o seu ensino se distribuir por todas as séries letivas deste curso de medicina. Compete, então, ao Departamento de Medicina Social preparar o futuro médico a ser gradua- do no curso, para os conhecimentos sobre a moderna concepção de saúde e educá-lo nos conhecimen- tos e procedimentos requeridos nas ações de atenção à saúde em nível primário e das ações de educa- ção em saúde e preventivas compreendidas no modelo coletivo de promoção da saúde. Ainda que não seja desconhecida e nem mesmo desmerecida a importância e o valor das ações curativas para a proteção, manutenção e recuperação da saúde humana, as disciplinas que compõem este departamento ocupam uma posição de eixo longitudinal de referência na programação do curso, almejando, assim, garantir ao Projeto Pedagógico uma unidade de objetivos e finalidades. Compõem o ensino da Medicina Social os tópicos: Fundamentos das Ações de Saúde (Medicina Social 1) Que compreende conhecimentos: da Antropologia Médica; da Higiologia; de uma Iniciação à Sa- úde Coletiva; da Educação em Saúde; da Ética e Bioética Médica; da Promoção da Saúde. Organização dos Serviços de Saúde (Medicina Social 1) Que compreende conhecimentos: dos Sistemas de Atenção à Saúde; do Sistema Único de Saú- de: SUS; da Organização do Sistema Único de Saúde: SUS. Epidemiologia (Medicina Social 2) Que compreende conhecimentos: da Epidemiologia; do Método Epidemiológico; da Medicina Preventiva. Atenção à Saúde (Medicina Social 3) Que compreende conhecimentos: do Planejamento em Saúde; das Políticas Brasileiras de Saú- de; dos Programas de Saúde; dos Sistemas de Atenção à Saúde. Medicina Sanitária e Ações de Saúde (Medicina Social 4) Que compreende conhecimentos: da Medicina Legal; da Medicina Ocupacional; do Programa de Saúde da Família; da Vigilância em Saúde. Cabe ainda ao Departamento de Medicina Social a programação das atividades práticas de a- ções sanitaristas, as quais estarão distribuídas por todas as séries, inclusive no Internato, deste Curso de Medicina.
  • 34. 34 A formação em atenção primária à saúde se fará centrada em atividades práticas constituídas principalmente por: visitas domiciliares que objetivarão a educação em saúde por meio do acompanha- mento das condições sanitárias locais e da qualidade de vida dos moradores; levantamento e ordena- mento dos problemas da comunidade e propostas de soluções a estes; das atuações em prevenção pela participação em programas de profilaxia, vacinação e erradicação de endemias e epidemias; das atua- ções em pronto atendimento por meio de estágios e plantões em centros de saúde ou unidades básicas de saúde; do pronto atendimento e primeira consulta pelas participações nas diferentes ações do Pro- grama de Saúde da Família. 2ª REFERÊNCIA: DA FORMAÇÃO MÉDICA 5. DAS BASES DA FORMAÇÃO MÉDICA Utilizando o modelo dos “Campos de Saúde”, proposto em 1973 por Laframboise, se entende ser o estado de saúde determinado por um conjunto de fatores que podem ser agrupados em quatro grandes categorias: 1. Fatores Biológicos [constituição orgânica do indivíduo]: Fatores que abrangem a estruturação normal do corpo humano; sua herança genética, seus processos de desenvolvimento, crescimento e maturação e suas funções; 2. Fatores Ambientais [circunstâncias ambientais]: Fatores que abrangem as circunstâncias externas ao organismo humano, isto é, os ambientes em suas dimensões física (geográfica), humana (ecologia, etologia e etnologia), sociocultural e política, sobre os quais o indivíduo, de per si, exerce pouco ou nenhum controle; 3. Fatores dos Estilos de Vida [qualidade e atividades da vida diária]: Fatores que abrangem o conjunto das atividades da vida humana como o asseio corporal, a a- limentação, a educação, o trabalho e o lazer, parcialmente sob o controle do indivíduo; 4. Fatores da Atenção à Saúde [recursos para cuidados com a saúde]: Fatores que abrangem a quantidade, a qualidade e a disponibilidade dos recursos destinados aos cuidados com a saúde, principalmente os assistenciais. Reiterando concepções já referidas, o estado de saúde é decorrente da qualidade da vida hu- mana que resulta da interação da constituição individual com as circunstâncias ambientais e das dispo- nibilidades de condições e recursos de manutenção, recuperação e promoção da saúde, compreenden- do-se entre estas as ações de Atenção à Saúde. Cabe lembrar que os estudos dos fatores ambientais e dos relativos aos estilos de vida são considerados, com mais propriedade, pelas disciplinas que compõem o ensino da medicina social, co- mo já visto atrás. Já o estudo dos fatores biológicos (constituição orgânica do indivíduo), quer na sua normalida- de, quer nas suas alterações determinadas, ou pelos agravos ao organismo, ou pelos agentes etiológi- cos das enfermidades, constituem o objeto do campo de conhecimento que pode ser qualificado como Fundamentos Biomédicos da formação médica. Deste modo, a formação do médico deve compreender, integrado ao aprendizado da Medicina Social, com igual ênfase, também o aprendizado da normalidade da Morfologia Funcional do corpo humano e o aprendizado dos diferentes Mecanismos de Agressão e de Defesa do organismo envolvi- dos nos processos das enfermidades. Já o estudo dos procedimentos, das condições e recursos de manutenção, recuperação e pro- moção da saúde, relativos às responsabilidades dos médicos, que são compreendidos na Atenção à Saúde, enquanto procedimentos de assistência à saúde compõem o aprendizado dos fundamentos e dos procedimentos da Medicina Curativa. Assim a formação em Medicina Curativa deve compreender o aprendizado e o treinamento prá- tico nas ações que compõem o ato médico como: a anamnese, a semiologia e propedêutica; os raciocí-
  • 35. nios para os procedimentos médicos de diagnóstico e tratamento das principais enfermidades; a indica- ção, valor e custo de exames complementares; as condutas médicas mais efetivas de pronto atendimen- to e primeiros socorros; as técnicas dos atos cirúrgicos, dos procedimentos anestésicos e cirúrgicos bá- sicos; as bases da terapêutica e a indicação dos medicamentos mais comuns, baratos e efetivos. 6. DA MORFOLOGIA FUNCIONAL A Morfologia Funcional abrange o ensino da estruturação e organização normais do corpo humano (conhecimentos de anatomia, citologia, embriologia, histologia) e da função dos órgãos e dos sistemas (conhecimentos de fisiologia), objetivando uma visão integrada da forma e da função do orga- nismo, tendo como referência a integridade equilibrada do corpo humano, quer como meio interno (ho- meostase), quer com o meio externo (adaptação), a ser considerada como um único todo distinto e individualizado. Compõem o ensino da Morfologia Funcional (1 e 2) os tópicos: O Homem Introdução à antropologia física e cultural. A evolução do homem. O Corpo Humano O corpo como órgão da vida humana. Funções biológicas básicas. A Construção do Corpo Humano Estruturação somática: planos e eixos; posição anatômica. Biotipologia humana. A Estruturação do Corpo Humano Organização celular e tissular: morfologia funcional geral. Morfologia funcional dos órgãos e sistemas. A Homeostase A equilibração do meio interno: os mecanismos da homeostase. A Adaptação O equilíbrio com o meio externo: os mecanismos da adaptação. Os Sistemas de Controle da Equilibração Os controles da homeostase: morfologia funcional. Regulação da homeostase: humoral, endócrina e nervosa. Os Mecanismos de Proteção do Corpo O sistema retículo-endotelial; os órgãos linfóides. A pele e seus anexos. A regulação térmica do organismo. As Funções Básicas da Vida Funções vitais básicas: morfologia funcional. Funções: energética, de assimilação e excreção, reprodutiva. O Crescimento e o Desenvolvimento Os códigos da vida: a herança genética. Embriogenia e nascimento. Maturação morfológica e funcional: crescimento e desenvolvimento. As Idades da Vida Humana Diferenças etárias e sexuais. As diferentes fases da vida. Do útero a senilidade. O processo da morte. 7. DOS MECANISMOS DE AGRESSÃO E DE DEFESA O ensino dos Mecanismos de Agressão e de Defesa compreende os conhecimentos das a- gentes etiológicos, vivos ou não, das alterações morfológicas e funcionais dos tecidos, órgãos e siste- mas, dos processos fisiopatológicos, dos mecanismos de estabelecimento dos sinais e sintomas das enfermidades mais freqüentes que acometem o ser humano, bem como o conhecimento dos recursos laboratoriais para o diagnóstico destas.
  • 36. 36 Esses conhecimentos são os fundamentos para o posterior aprendizado, pelo futuro médico, dos sinais e sintomas clínicos e do diagnóstico e tratamento das mais diversas enfermidades. Compõem o ensino dos Mecanismos de Agressão e de Defesa do organismo humano os tópi- cos: Fisiopatologia O estudo das enfermidades: doenças, moléstias e síndromes. Etiologia e fisiopatologia dos processos patológicos gerais. Fisiopatologia dos sinais e sintomas nos processos patológi- cos gerais. As bases moleculares e genéticas das enfermidades. Alterações orgânicas e sistêmicas decorrentes de processos fisiopatológicos especiais (or- gânicos e sistêmicos). Procedimentos anatomopatológicos de diagnóstico. Principais entida- des patológicas. Patógeno Hospedeiro: Inter-relações Fundamentos da Infectologia. Noções de doenças infecciosas e parasitárias. Noções de en- demias e epidemias. Infecções, infestações e parasitismo. Microorganismos e parasitas causadores de doenças infecciosas endêmicas. Fisiopatologia das principais enfermidades de origem viral, microbiana, parasitária e por animais peçonhentos. Resposta imune humoral e celular. Mecanismos de defesa do organismo. Mecanismos imunológicos de defesa do or- ganismo.Transmissão das doenças infecciosas e parasitárias. 3ª REFERÊNCIA: DA PRÁTICA MÉDICA 8. DA MEDICINA CURATIVA O modelo tradicional de saúde é o Modelo Biomédico, o qual tem como foco principal: a histó- ria clínica, o diagnóstico e o tratamento das principais enfermidades, endêmicas e epidêmicas, e a assis- tência aos agravos à saúde e aos traumas. Esse é o modelo que não só dá grande importância à formação médica dirigida para a assistên- cia curativa, cada vez mais especializada, e que se vale de recursos diagnósticos de alto custo, quanto dá importância enfática à atuação do médico junto a cada enfermo, numa relação individualizada. No currículo deste curso de medicina, o aprendizado dos principais procedimentos da assistên- cia curativa, ainda que observem princípios do Modelo Biomédico procuram, no entanto, abarcar os meios e recursos de diagnóstico e tratamento das enfermidades mais comuns, que devem ser valorados na formação de um médico generalista. São valorizados ainda e principalmente os procedimentos a serem realizados nas diferentes ins- tâncias do Sistema Único de Saúde (SUS), do nível de menor até o de maior complexidade. São valora- das também as ações de pronto atendimento e os cuidados que devem compor a atenção primária e secundária à saúde, introduzindo conhecimentos relativos aos cuidados de nível terciário. 9. DA INICIAÇÃO À PRÁTICA MÉDICA A programação do curso prevê para o aluno, desde o início do seu aprendizado, além das prá- ticas da medicina social, uma iniciação à prática médica curativa enfatizando a importância dos contatos iniciais do aluno com pacientes e destacando a postura e a ética do médico, envolvidas nestes contatos. O objetivo é dar aos discentes uma introdução à medicina como profissão, como prática e como voca- ção. Compõem o ensino da Iniciação à Prática Médica os tópicos: Iniciação à Prática Médica 1 Homeostase e balanço hidroeletrolítico. Bases bioquímicas e biofísicas das funções orgâni- cas e dos principais exames complementares. A lógica do diagnóstico médico. Os exames complementares e o laboratório clínico. Enzimas e diagnóstico laboratorial. Clínica e labora- tório das principais enfermidades. Laboratório e clínica da dieta. Noções de exame de san- gue, de urina, por imagem e gráficos.
  • 37. Iniciação à Prática Médica 2 Iniciação ao ato médico. A relação médico-paciente: a postura médica. A abordagem do pa- ciente. Iniciação ao raciocínio clínico. Iniciação à propedêutica e à semiologia. O exame físi- co do paciente. A participação do médico em equipes de saúde. O ato médico e o Código de Ética. Noções de primeiros socorros e de suporte básico de vida. Princípios básicos de tera- pêutica. Iniciação à Prática Cirúrgica Bases biológicas da cirurgia. Princípios da técnica cirúrgica. A equipe, instrumental e centro cirúrgico. Anti-sepsia, assepsia e degermação. Intubação e extubação. Fios e suturas. Tem- pos fundamentais da técnica operatória. Feridas e cicatrização. Drenagem. Acesso venoso periférico. Noções básicas de anestesiologia. Anestesia local e geral, Anestesia loco- regional, raquiana e peridural. Monitoração anestésica. Recuperação pós-anestésica. 10. DA PROPEDÊUTICA E DA SEMIOLOGIA O diagnóstico é, tanto para a Medicina Curativa quanto para a Medicina Social, assim como o é para outras profissões da saúde, o pré-requisito básico e fundamental para o estabelecimento dos pro- cedimentos necessários. Mas, sem o reconhecimento dos sinais e dos sintomas, o processo lógico de diagnosticar não pode acontecer. Assim as atividades e os conhecimentos mais nobres da medicina são os da Semiolo- gia e da Propedêutica que fundamentam primeiro, a obtenção dos diagnósticos e depois, a formulação das condutas de tratamento. Deste modo, prioridade e ênfase são dadas, na programação, ao ensino da Semiologia e da Propedêutica, que ocupa, por isto, uma posição chave no currículo, pois, este currículo entende que a boa prática médica é feita fundamentada na semiologia e propedêutica bem realizadas e que, para o bem diagnosticar é preciso saber-se bem semiologia e propedêutica. E mais, para a Escola de Medicina Souza Marques o ensino e a prática da Semiologia e da Propedêutica sempre foram uma das suas marcas diferenciais e de excelência. O ensino da Propedêutica é desenvolvido em atividades práticas, na beira do leito do enfermo e abrange, por um lado, a arte da anamnese e do interrogatório que desencadeiam os procedimentos lógi- cos dos diagnósticos e, por outro, as técnicas dos exames físicos e das avaliações dos sinais que permi- tem distinguir o diagnóstico principal dos diferenciais. O ensino da Semiologia médica, realizado principalmente a partir do estudo e da discussão de casos clínicos, objetiva não só o conhecimento dos sinais e sintomas das enfermidades, como também a utilização dos recursos dos exames físicos e dos exames subsidiários para auxiliar o médico nos seus diagnósticos. Assim, o estudo da Semiologia é acima de tudo um treinamento prático no raciocínio e na lógica médica para a formulação dos diagnósticos que permitam a proposição de condutas apropriadas. A programação voltada à formação do médico geral tem grande preocupação em preparar os a- lunos na prática da Semiologia e Propedêutica que garantam os raciocínios que o possibilitem, quando graduado, mesmo não dispondo de grandes recursos de exames complementares, a levantar hipóteses de diagnósticos confiáveis, válidas e seguras. Semiologia Anamnese e sinais vitais. A importância da anamnese para o clínico. Os principais sinais e sintomas clínicos. Semiologia das síndromes respiratórias, cardíacas e vasculares. Semiolo- gia dos principais sinais e sintomas gastrintestinais. Semiologia da insuficiência renal. Semi- ologia da perda e ganho de peso. Sinais e sintomas das glândulas endócrinas. Semiologia das artropatias. Semiologia das cefaléias, das alterações da consciência e da linguagem. Propedêutica Inspeção geral. Exame físico geral. Exame da cabeça e pescoço. Propedêutica respiratória. Propedêutica cardíaca. Exame segmentar do aparelho cardiovascular. Propedêutica do ab- dômen. Exame segmentar do abdômen. Propedêutica dos membros (ossos e articulações). Propedêutica neurológica: postura e marcha; movimentos e força muscular; tônus e coorde- nação motora; reflexos; sensibilidades.
  • 38. 38 Além da Semiologia e Propedêutica gerais são ensinadas a Semiologia e a Propedêutica Es- peciais, complementares e relativas às especialidades médicas da cardiologia, gastroenterologia, neurologia e pneumologia. Na Semiologia e Propedêutica Especiais além da ênfase nos sinais e sintomas mais distinti- vos das enfermidades são também focalizados os exames complementares mais específicos destas especialidades. O estudo compreende os tópicos: Semiologia e Propedêutica Cardiológica A importância da anamnese e do exame físico em cardiologia. A indicação apropriada e os resul- tados válidos dos principais exames laboratoriais, gráficos e por imagem em cardiologia. Indica- ções da cinecoronariografia, do estudo eletrofisiológico, do ultra-som coronário e de biópsias. Semiologia e Propedêutica Gastrenterológica A importância da anamnese e do exame físico em gastroenterologia. A indicação apropriada e os resultados válidos dos principais exames laboratoriais, gráficos e por imagem em gas- troenterologia. Indicações das endoscopias, das punções, de biópsias e anatomopatológi- cos. Semiologia e Propedêutica Neurológica Correlação clínica da morfologia funcional do sistema nervoso. A importância da anamnese e do exame físico em gastroenterologia. A indicação apropriada e os resultados válidos dos principais exames laboratoriais, gráficos e por imagem em gastroenterologia. Indicação da eletrencefalo- grafia e eletromiografia, do exame do líquido cérebro espinhal. Semiologia e Propedêutica Pneumológica A importância da anamnese e do exame físico em pneumologia. A indicação apropriada e os re- sultados válidos dos principais exames laboratoriais, gráficos e por imagem em pneumologia. In- dicação das provas de função respiratória, da gasometria, do exame de escarro, das punções e biópsias em pneumologia. Consolidam o ensino da Semiologia e da Propedêutica as atividades e atribuições da disciplina de Diagnóstico Médico que orienta os alunos nas discussões de casos clínicos, objetivando a integra- ção dos conhecimentos necessários para o estabelecimento da etiologia, da fisiopatologia, do diagnósti- co do quadro clínico. A disciplina acompanha também os alunos na interpretação e correlação dos exa- mes subsidiários com os resultados dos exames físicos objetivando a lógica da formulação das proposi- ções de condutas de tratamento das enfermidades mais comuns. Compreende o ensino dos tópicos: Diagnóstico Médico A importância da associação de conhecimentos semióticos, de medicina interna e de métodos complementares na lógica do diagnóstico clínico. A interpretação do resultado de exames labora- toriais (exames de sangue, urina e fezes, provas funcionais hepática e renal) e de exames por imagem (a imagem radiográfica, a radiologia do tórax, noções fundamentais de ultra-sonografia e tomografia computadorizada). Formulação de diagnósticos diferenciais, apreciando a indicação apropriada e os resultados válidos dos exames subsidiários mais genéricos. Completam este ensino as noções da Semiologia e Propedêutica da Puericultura, aplicável em particular à Pediatria, a Psicologia e a Infectologia. Puericultura Ações básicas de puericultura e sua importância para a prevenção, manutenção e recupera- ção da saúde do neonato e do recém-nascido. Ações de atenção integral à saúde da crian- ça. Imunizações: cartão vacinal. Aleitamento Materno. Indicações nutricionais. Assistência ao recém nascido. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento sadio das crianças. Prevenção de acidente e de maus tratos. Psicologia Importância da Psicologia para o médico geral. Neurociência e mente humana. Inconsciente e consciente: mecanismos de defesa. A dinâmica do psiquismo. Introdução à psicopatologia, à psicossomática. A relação médico-paciente. O atendimento psicológico. Aplicações da psi- cologia médica: na educação em saúde, na saúde mental.
  • 39. Infectologia Controle das doenças transmissíveis. Exames complementares nas infecções. Diagnóstico em infectologia. Uso clínico de antimicrobiano, antiparasitário e de quimioterapia. Antibióti- cos e quimioterápicos. Quimioterapia antiparasitária, antiviral, anti-retroviral. O Programa Nacional de Imunizações. Diarreias infecciosas e parasitoses intestinais. Síndrome febril. Doenças respiratórias agudas. Acidentes por animais peçonhentos. Mordeduras por mamífe- ros. Tétano e raiva. Vale reforçar que as atividades do ensino da Propedêutica são eminentemente práticas e são realizadas preferencialmente junto a pacientes internados em enfermarias, mas, também junto a pacien- tes usuários de ambulatórios de clínicas gerais ou especializadas. Cabe considerar também que a discussão de Casos Clínicos é atividade fundamental nesta programação, pois objetiva o treinamento do aluno no raciocínio médico de integração de conhecimentos fisiopatológicos, semiológicos, propedêuticos e clínicos para a formulação de diagnósticos principais e diferenciais e para as sugestões de condutas de tratamento. 11. DA MEDICINA CLÍNICA A medicina clínica é ensinada através de quatro grandes áreas da erudição médica que con- centram os conhecimentos médicos a serem assimilados pelos alunos: a clínica cirúrgica, a clínica médica, a pediatria e a tocoginecologia (ginecologia e obstetrícia). Cada uma destas áreas valoriza os conhecimentos e as práticas médicas que importam a um generalista, porém, sem perder de vista os avanços dos conhecimentos nas diversas especialidades que compõem a sabedoria da medicina. Para que isto ocorra, as programações dessas áreas são estabele- cidas a partir das grandes questões de saúde e das ocorrências mórbidas de maior incidência e preva- lência, bem como nos procedimentos e técnicas que um médico de formação geral, ao se graduar, deva estar apto a realizar. Ainda, que o concurso de especialistas e recursos especializados sejam necessários para que a formação mais plena do médico geral se faça, nem a organização departamental e nem a programação do curso destacarão as muitas especialidades que, hoje, os avanços científicos da medicina promovem. Em síntese, o ensino da medicina se fará objetivando os conhecimentos e práticas que um mé- dico recém-formado deva estar qualificado e habilitado a realizar com proficiência para poder, com isto, recuperar, manter e proteger a saúde de seus pacientes. DA MEDICINA INTERNA A Medicina Interna é ensinada, não só fundamentalmente a partir da discussão de casos clí- nicos, como também com atividades que envolvem a participação conjunta de clínicos e cirurgiões, na intenção de garantir ao estudante uma visão abrangente da medicina atual. O ensino da Medicina interna se organiza em quatro blocos que compreendem o ensino de: Bloco I: enfermidades e síndromes do sistema digestivo; Bloco II: enfermidades e síndromes cardiovasculares e respiratórias; Bloco III: enfermidades e síndromes do sistema urinário, das glândulas endócrinas, do co- lágeno e neoplasias; Bloco IV: enfermidades e síndrome neurológicas e ortopédicas; traumatologia e suporte básico de vida. O ensino da Clínica Cirúrgica e o da Clínica Médica abrangem os sinais e sintomas e o quadro clínico das enfermidades prevalentes cujos procedimentos de seus tratamentos operatórios e medica- mentosos são da competência do médico geral. Nesse curso o ensino da clínica cirúrgica e da clínica médica é desenvolvido de forma integrada, no que se denomina Medicina Interna. DA PEDIATRIA Na formação do médico generalista, assim como daquele que deverá atuar como médico da família, a Pediatria é campo de conhecimento fundamental. E, por isto, o seu ensino deve compreender a neonatologia, a pediatria do recém-nascido e a geral e ainda a infectologia pediátrica, e o pronto aten-
  • 40. 40 dimento nas urgências pediátricas. O ensino é desenvolvido essencialmente a partir dos principais sinais e sintomas que se verificam na criança. Semiologia dos principais sinais e sintomas pediátricos. Desnutrição, desidratação e reidra- tação. Infecções. Insuficiência cardíaca. Distúrbios respiratórios. Dor abdominal. Parasitoses intestinais. Infecções do trato urinário. Síndrome nefrítica e nefrótica. Doenças exantemáti- cas e doenças neoplásicas. Distúrbios do peso e do crescimento. DA TOCOGINECOLOGIA O aprendizado da Ginecologia e da Obstetrícia, a Tocoginecologia, deve completar a for- mação do médico geral. Devem ser bem apreendidos pelo médico generalista, graduado neste curso, não só a valorização da atenção à saúde da mulher, quanto os cuidados materno-infantis. A integração dos conhecimentos ginecológicos, obstétricos, concorde com os Programas de Saúde da Mulher, é fun- damental para uma visão diferenciada da atenção à saúde da mulher a ser realizada pelo médico geral e da família. Obstetrícia Gestação: anamnese, exame físico, cálculo da idade gestacional. Estática fetal. Medicina fe- tal. Pré-natal. Gravidez e enfermidades. Drogas e gravidez. Mecanismo do parto. Cesariana. Fórcipe. Prenhez ectópica. Abortamento. Puerpério normal e patológico. Lactação. Ginecologia Propedêutica ginecológica: dor pélvica. Malformações genitais. Amenorréia, dismenorreia. Anticoncepção. Climatério. Patologias do ovário, do trato genital inferior, do corpo e colo ute- rino, da mama. Doenças sexualmente transmissíveis na mulher. Reprodução humana. O ensino prático da Medicina Clínica é realizado preferencialmente em ambulatórios, sem es- quecer o treinamento do futuro médico em unidades básicas de saúde, em centros de saúde, em unida- des de saúde da família e ainda em enfermarias. Não custa enfatizar, ainda que redundando, que esse Curso Médico pretende preparar futuros médicos com uma formação geral voltada para a atenção primária e secundária à saúde, sem esquecer, no entanto, a importância da atenção terciária nesta formação e, por isto, a importância assumida pela prática no aprendizado da Medicina Clínica. A discussão de casos clínicos, por outro lado é o caminho adotado para um aprendizado mais dinâmico dos temas teóricos e doutrinários da Medicina Clínica ou Medicina Curativa. 12. DAS ESPECIALIDADES Para complementar a formação do médico generalista, apesar da programação do ensino da medicina objetivar as grandes áreas de concentração dos conhecimentos médicos, já referidos, algumas especialidades, no que têm importância para ações preventivas, para o diagnóstico e tratamento de endemias e epidemias, para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças, para ações de reabilitação e reeducação, para atenção à saúde dos idosos, para as ações de atenção à saúde de nível primário, compõem o currículo do curso. Assim, são destacadas para serem discutidas em teorias e práticas de diagnóstico e de tratamento, noções fundamentais de Dermatologia, de Infectologia, de Oftalmologia e Otorrino- laringologia e de Psiquiatria e Saúde Mental. Dermatologia As doenças sexualmente transmissíveis. Sífilis. Eczemas. Micoses. Hanseníase. Der- matoviroses. Piodermites. Dermatozoonoses. Infectologia Dengue. Febre Amarela. Malária. Leptospirose. Estreptococcias. Estafilococcias. Me- ningoencefalites. Infecções transfusionais e Aids. Oftalmologia e Otorrinolaringologia Semiologia em otorrinolaringologia. Sinusites. Otites. Urgências em otorrinolaringolo- gia. Semiologia em oftalmologia. Vícios de refração. Fundo de olho. Urgências em of-
  • 41. talmologia. Estrabismo. Psiquiatria e Saúde Mental Introdução à psicopatologia. Anamnese e diagnóstico em psiquiatria. Terapêutica psi- cofarmacológica. Atendimento para a promoção da saúde mental. 13. DA TERAPÊUTICA Além das informações que fundamentam o entendimento, a interpretação e valoração dos si- nais e sintomas, da fisiopatologia e quadro clínico das enfermidades estão as informações que subsidi- am a compreensão e a escolha das condutas médicas de tratamentos, principalmente as da terapêutica medicamentosa e as dos procedimentos cirúrgicos. Como subsídios para o aprendizado do Tratamento Médico, os conhecimentos farmaco- lógicos (farmacologia básica) são as bases (farmacologia clínica) e os princípios da terapêutica medicamentosa (terapêutica), e as já referidas noções da Técnica Cirúrgica são os princípios dos recursos para procedimentos cirúrgicos constituídos pela prática da anestesia e técnicas ci- rúrgicas básicas, os quais devem compor as habilidades do médico geral. A farmacologia básica e a farmacologia clínica também subsidiam os conhecimentos dos anestésicos, suas ações, indica- ções e problemas. O ensino do emprego e indicação de medicamentos como agentes efetivos da proteção, manutenção e recuperação da saúde humana, também é destacado na programação do Curso, como na disciplina de Terapêutica. O ensino de terapêutica compreende principalmente as disciplinas: Farmacologia Básica Princípios da ação dos fármacos e seus destinos no organismo humano. Métodos de ad- ministração e de eliminação de medicamentos. Locais e formas de ação dos medicamen- tos: indicações, efeitos adversos. Interações medicamentosas. Ativadores e inibidores da função adrenérgica e colinérgica. Farmacologia dos músculos e dos neurotransmissores. Farmacologia da inflamação e da dor. Fundamentos farmacológicos da anestesia. Reações alérgicas. Farmacologia Clínica Bases farmacológicas do tratamento de enfermidades orgânicas e sistêmicas. Usos da te- rapêutica medicamentosa. Corticoides e antibióticos. Interferências farmacológicas nas ati- vidades simpáticas e parassimpáticas. Tratamento farmacológico da dor, das doenças in- flamatórias e auto-imunes, das doenças respiratórias, das cardiopatias, dos transtornos di- gestivos e dos distúrbios psiquiátricos e neurológicos. Farmacologia da anticoncepção e do parto. Dependência e abuso medicamentoso. O conhecimento das medicações mais comuns do mercado e os seus usos para lidar com as ocorrências mórbidas mais freqüentes estão incluídos neste ensino, bem como os conhecimen- tos sobre os principais medicamentos genéricos que devem ser receitados pelo generalista. Terapêutica Princípios gerais da terapêutica clínica. As indicações do uso de analgésico. O uso de anti- inflamatórios não hormonais. Princípios gerais do uso de antibióticos. O tratamento medi- camentoso das enfermidades prevalentes e da competência do médico de formação geral. Além disso, o currículo do curso propõe ampliar o ensino das condutas de tratamento indo além da terapêutica medicamentosa clássica incorporando o ensino de práticas alternativas de tratamento, que já possuam comprovação científica. Em síntese, o curso da Escola de Medicina Souza Marques espera, com a formação em medicina clínica, que o aluno se torne competente em:
  • 42. 42 Ouvir os queixumes do paciente; Inquirir para obter a história da enfermidade; Perguntar por informações complementares; Construir a história clínica; Examinar fisicamente o paciente (exame geral: inspeção, palpação, percussão, ausculta); Realizar exames físicos especiais básicos; Solicitar exames complementares; Apreciar resultados de exames complementares e avaliações; Consolidar o diagnóstico de síndromes; Estabelecer condutas para terapêutica e tratamento; Acompanhar a evolução do paciente; Buscar auxílio nas dúvidas e necessidades. Cabe observar que o ensino da Medicina Social e da Medicina Curativa atravessa toda a es- trutura do curso, se dispondo, assim, do primeiro a sexto ano. Deste modo, nesse Curso de Medicina os dois modelos de Promoção da Saúde, o Social e o Biomédico, co-existem e interagem ao longo de todo o curso. 4ª REFERÊNCIA: DA EDUCAÇÃO MÉDICA Cabe sempre lembrar que a Medicina é a arte e a ciência para promover, com sabedoria e amor, a saúde humana e que, por isto, o ato médico é sempre um ato de respeito pelo ser hu- mano, pela sua vida e sua saúde. Deste modo a escola médica deve, além de favorecer a instrução médica, buscando ori- entar o aluno nas técnicas e procedimentos, nas informações e conhecimentos os mais hodiernos, desenvolvidos pela ciência médica, prestigiar também a educação médica objetivando formar o aluno na sabedoria da medicina. A educação médica é mais do que a instrução médica e depende, por isto, da participação ativa do aluno na sua formação, pois, como dizia o professor Renato Locchi, para esta vale o princípio: “Cada homem consciente é, ainda que orientado, antes de tudo, o resultado do que faz, ele próprio de si mesmo”. Assim a formação do médico, antes de tudo, é uma autoeducação. Deste modo, sem o compromisso individual e consciente do próprio aluno, a sua educação médica não se consolidará, embora até possa ocorrer a sua instrução médica. Cabe, pois, à escola médica despertar o aluno para além da sua vocação original, alme- jando uma motivação interior que o dirija para ter papel ativo na sua instrução e, além desta, na sua educação médica. É com a educação médica que a moral e a ética, o afeto e o respeito e o humanismo que devem envolver todos os atos da arte médica se consolidam. E mais, o humanismo esperado na prática da medicina é forjado na educação médica. Assim sendo o estudo da medicina é um acordo que se estabelece no compromisso do a- luno com a sua família, com a sua sociedade e, antes de tudo, do aluno para consigo mesmo, para viver o ideal humanístico de manter, recuperar e promover a saúde de seus semelhantes, o qual deve desabrochar na orientação recebida no ensino médico. Portanto, o estudo da medicina é um entendimento que parte do individual e alcança o so- cial o qual, apoiado nos sentimentos e razões íntimas, deve ser norteado pelo amor ao próximo.
  • 43. A formação do médico, germinada no sonho do ideal vertido como vocação, é forjada des- de o lar e nas escolas, mas, que só se consolida no compromisso do próprio estudante com a medicina. A arte que é a medicina pressupõe, pois, o amor à humanidade o qual, germinado na inti- midade da vocação, idealiza o sonho de promover o bem-estar, que é a saúde, para cada ser hu- mano. Assim a prática médica é compromisso sócio-cultural com civilidade, urbanidade e humani- dade. Uma das principais intenções deste Curso de Medicina está em ir além da instrução do futuro médico, tanto no modelo biomédico, quanto no modelo social da prática da medicina, para procurar educá-lo numa prática médica assentada em procedimentos humanísticos, éticos e de civilidade. Deste modo, o propósito de além de instruir o aluno na prática médica, educá-lo para a ar- te de uma medicina humanística, permeia todo o processo de ensino do Curso de Medicina da Escola de Medicina Souza Marques. Para complementar, ainda, a formação do aluno este Curso de Medicina possibilita aos seus alunos atividades curriculares de Iniciação Científica, com o desenvolvimento de traba- lhos de campo para a coleta de informações e dados e também de atividades extracurriculares com a realização de pesquisa experimental e elaboração de trabalhos científicos em Programa de Iniciação Científica que o permitam aprender a metodologia dos procedimentos e técnicas cientí- ficas para a produção de conhecimentos médicos. A disciplina de Iniciação Científica compreende os tópicos: Iniciação Científica O método científico. Modelos de pesquisa médica. O conhecimento dedutivo e induti- vo. Normas de pesquisas científicas e de suas divulgações. Delineamento de um estu- do científico. A elaboração, composição e edição do trabalho científico. Elaboração de uma monografia. Ética e bioética em pesquisa. A disciplina de Iniciação Científica objetiva ainda favorecer ao aluno a realização inicial de um trabalho científico baseado em pesquisas aplicáveis às disciplinas do curso. Reforçam os conhecimentos dos discentes, na medida que colaboram no aprendizado de seus colegas, as atividades de Monitoria. Também colaboram na sua formação atividades que o permitam desde o início de sua formação atuar junto à comunidade local nos Programas Sociais como atividades de Extensão à Comunidade do saber universitário. Para favorecer não só o aprendizado da medicina, como também a formação científica do aluno, e, ainda, acima de tudo, a sua educação médica, é instituído para os primeiros anos curso um Programa de Tutoria realizado pelos docentes. Está contida na tutoria a preocupação com a saúde do aluno e também o desenvolvimento desta preocupação em nível individual. Foi instituído, em 2004, como um incentivo à produção científica de alunos, o Prêmio Souza Marques, com edição anual, tendo a finalidade de premiar os três melhores trabalhos de pesquisa desenvolvidos por discentes da Escola. Por último, cabe ainda lembrar que o Internato, como um tempo de treinamento efetivo em serviço, é momento fundamental na estrutura deste curso, pois, é nesse tempo que o desenvolvi- mento intensivo do futuro profissional médico ocorre e é que o Internato é o tempo em que se dá o treinamento efetivo deste na proficiência da sua atuação em medicina geral. Por tudo isto, este Curso de Medicina espera que o egresso esteja preparado para cum- prir e praticar os três princípios e os dez compromissos do Profissionalismo Médico, proposto na Carta de Princípios da Abim Foundation, ACP-ASSIM Foundation & European Federation of Inter- nal Medicine, publicada sob o título, Medical Professionalism in the new Millennium: a Physician Charter, no Annals of Internal Medicine. v. 136, p.: 243 a 246, ano 2002.
  • 44. 44 Princípios e Compromissos do Profissionalismo Médico Princípios: 1. Priorizar o bem-estar do paciente: estabelecendo com altruísmo uma relação médico- paciente de confiança; 2. Garantir autonomia ao paciente, nas suas opções: informando corretamente e sendo honesto com estes, porém respeitando o código de ética médica; 3. Almejar e promover a justiça social na atenção à saúde: procurando eliminar formas de discriminação das pessoas. Compromissos: 4. Atuar com competência profissional, sempre crescente; 5. Agir com honestidade com os pacientes, informando-os antes e depois do tratamento; 6. Manter o sigilo profissional; 7. Buscar um relacionamento ético e moral com os pacientes; 8. Garantir qualidade no atendimento; 9. Facilitar sempre o acesso aos cuidados médicos; 10. Distribuir com justiça recursos financeiros para a saúde; 11. Atualizar, continuadamente, conhecimentos científicos; 12. Manter a sua integridade e a integridade da medicina nos conflitos de interesse; 13. Atuar sempre com a maior responsabilidade profissional.
  • 46. 46
  • 47. Da Educação Médica Mais do que conhecimento, a arte médica exige atitude adequada e condizente com o respeito que o médico deve ter pela saúde e vida de seu semelhante. E, desde os tempos de Hipócra- tes, sempre tem sido importante a apresentação social do médico a qual vai, desde a sua higiene e ves- tuário, até o seu vocabulário e ética profissional, obviamente compreendendo o seu conhecimento médi- co. Cabe sempre lembrar que o médico é o profissional responsável pelo nascimento, pela preservação da vida e pela garantia da dignidade a ser dada à morte do homem; profissional que é res- ponsável pela promoção, manutenção e preservação da saúde do ser humano; que luta contra as en- fermidades e doenças; que é guardião de segredos íntimos de seus pacientes; que adentra a intimidade dos lares e aconselha na vida de famílias; enfim, o profissional que é o continuador de uma profissão, de história milenar, que não é só conhecimento, mas, acima de tudo, é sabedoria e cujo exercício é arte, ciência e humanismo; profissão que, por tudo isto, é exercida no amor e no respeito aos semelhantes. Entende-se, deste modo, que desde os primeiros dias de faculdade até a sua titulação deve ser cobrado do estudante atitude, apuro na aparência e vestuário, vocabulário, enfim, pulcritude ou elegância médica. Assim, faz parte do aprendizado da medicina o aprender a se apresentar como médico. A escola médica deve, portanto, além de favorecer a instrução médica, buscando ori- entar o aluno nas técnicas e procedimentos, nas informações e conhecimentos desenvolvidos pela ciên- cia médica, prestigiar também a educação médica objetivando formar o aluno na sabedoria da medici- na. A educação médica é mais do que a instrução médica e depende da participação ativa do aluno na sua construção. A educação do médico, antes de tudo, é uma autoeducação. Sem o compromisso individual e consciente do próprio aluno, a sua educação médica não se consolidará, embora até possa ocorrer a sua instrução médica. É com a educação médica que a moral e a ética, o afeto e o respeito, o humanismo e a civilidade, que devem envolver todos os atos da arte médica, se consolidam. E mais, o amor esperado na prática da medicina é forjado na educação médica. O estudo da medicina é, assim, um acordo que se estabelece no compromisso do aluno com a sua família, com a sua sociedade e, acima de tudo, do aluno para consigo mesmo, para viver o ideal humanitário de manter, recuperar e promover a saúde de seus semelhantes. E este compromisso deve desabrochar com as orientações recebidas no ensino da medicina, na escola médica. A arte que é a medicina pressupõe, pois, o amor à humanidade o qual, germinado na in- timidade da vocação, idealiza o sonho de promover o bem-estar, que é a saúde, para cada ser humano. A prática médica é compromisso sócio-cultural com civilidade e humanidade. Portanto, o estudo da medicina é um entendimento que parte do individual e alcança o social o qual, apoiado nos sentimentos e razões íntimas do estudante, deve ser norteado pelo amor ao próximo. Uma das principais intenções da Escola de Medicina Souza Marques está em ir além da instrução do futuro médico, tanto no modelo biomédico, quanto no modelo social da prática da medi- cina, para procurar educá-lo numa atividade médica assentada em procedimentos humanísticos, éticos e de civilidade. O propósito, pois, de além de instruir o aluno na prática médica, educá-lo para a arte de uma medicina humanística, permeia todo o processo de ensino do Curso de Medicina Souza Marques. “Pulcritude” (qualidade do que é “pulcro”, do latim “pulcher”: belo, formoso, elegante) a elegância que é uma obrigação do médico. O termo elegância advém da raiz latina “elegir”. Ao hábito do reto eleger chamavam os latinos de “eligentia” e, logo em português, elegância. Por isto, o vocábulo elegância refere-se indisso- luvelmente ao termo eleger, escolher entre. Observe-se que o vocábulo “inteligência” também provém de “eligencia” e significa, na sua acepção mais própria escolher entre. A inteligência, como a elegância, se desvela na capacidade de bem escolher.
  • 48. 48 Eis porque a elegância é uma arte, a arte de escolher o preferível dentre opções. Não é à toa que o termo elegância não possui só a conotação da boa preferência, mas de algo mais, o de uma virtude, pois ao final elegância se confunde com a ética, que também é a escolha justa e adequada de comportamentos, condutas, de atitudes. Todo médico deve ser elegante (pulcro) não só nas maneiras, no agir, no trajar, mas principalmente no se relacionar com os pacientes, colegas, alunos, professores, subordinados e chefes. E eleição pressupõe opções de escolha e, para bem escolher, um homem precisa não só saber que opções há à sua disposição, mas principalmente as conseqüências de cada uma delas. O homem não nasce elegante, ele se faz elegante. Por isto faz parte da elegância, a cul- tura geral, o conhecimento da língua materna, a redação adequada, a proficiência em línguas e, princi- palmente, o conhecimento dos saberes médicos. Além do conhecimento profissional, deve o médico também conhecer história, filosofia, literatura, música, pintura, pois a cultura geral é parte fundamental nas escolhas de opções que resultam na elegância. Para ser elegante e bem se apresentar e conduzir, o médico deve estar sempre bem as- seado, unhas cortadas e limpas, barbeado, adequadamente vestido, enfim com aparência elegante. Se usar barba, que ela seja bem cuidada, se usar branco que seja bem limpo. Como conquistar a confiança de pacientes se apresentando desleixado e mal arrumado? Podem pensar: “Este doutor não cuida nem de si, como pode cuidar de mim?” Assim, o aluno, noviço ou o interno, deve aprender a se vestir, a se apresentar e a se conduzir não só nas salas de aula e laboratórios, como em ambulatórios, enfermarias e demais locais de atendimento, como deve aprender a se comportar nestes locais, demonstrando a intenção de vir a ser um bom profissional da saúde. Mais importante ainda que o aspecto físico é o aspecto moral. O amor pela profissão, sem interesse pecuniário, o interesse pelo bem estar daquele que o procura para aliviar seus males, o interesse e o carinho verdadeiros pelo doente revelam o médico educado, assim o médico elegante. Não se pode esquecer, porém, que a família do paciente também merece o carinho do médico, com explicações cuidadosas sobre o estado do paciente e instruções quanto à melhor maneira de cuidá-lo, tanto física quanto psicologicamente. É bom lembrar ainda que valem mais cinco minutos de atenção à beira do leito do que vinte linhas de prescrição na folha de medicação. E, de acordo com um antigo clínico, uma consulta mé- dica deveria demorar uma hora: 50 minutos de boa conversa e 10 minutos de exame físico. Sempre cabe enfatizar que a Medicina é a arte e a ciência para promover, com sabedo- ria, civilidade, humanismo e amor, a saúde do homem e que, por isto, o ato médico é sempre um ato de respeito pelo ser humano, pela sua vida e sua saúde. Ouçamos o que Hipócrates diz em “A Sabedoria do Médico”: (...) pois as coisas relacionadas à sabedoria estão todas na medicina: desamor ao dinheiro, recato, capacidade de ruborizar, decência, reputação, decisão, tranquilida- de, capacidade de responder, pureza, linguagem sentenciosa, conhecimento das coisas úteis e necessárias à vida, rejeição da impureza, ausência de superstição (...) Hipócrates nos legou a obra Do Médico (Peri Ietroy), c. 450-375 a.C. É um pequeno tratado, de estilo claro e didático, dirigido aparentemente a iniciantes. O texto foi escrito provavelmente em algum momento do final do século IV a.C. ou início do século III a.C. Na passagem selecionada são mencionas regras básicas de “etiqueta médica”, essenciais à dignidade da profissão. A apresentação do médico O médico deve se apresentar com boa cor e ser também robusto, conforme sua própria natureza, pois os que não têm uma disposição assim boa são por muitos