O documento descreve a transição entre o Academicismo e o Modernismo nas artes plásticas brasileiras, representada pelos trabalhos de Belmiro de Almeida e Eliseu Visconti. Visconti reflete mais esta transição por ter trabalhado por quase sessenta anos, parte no século XIX e parte no século XX. O documento também discute os principais eventos e artistas associados ao início do Modernismo no Brasil, como a Semana de Arte Moderna de 1922.
Transição do Academicismo para o Modernismo na Arte Brasileira
1. Nas artes plásticas, a transição entre o Academicismo e o
Modernismo é representado pelos trabalhos de Belmiro de
Almeida e Eliseu Visconti.
O delineamento do desenho deixa de ser importante para que os
efeitos cromáticos de luz deixem a pincelada mais solta.
Características principais:
Recusa aos modelos renascentistas
Negação da linha
Ênfase na luz e nas cores
Incorporação do pontilismo
Belmiro de Almeida.
Arrufos, 1887
Origens da Modernidade
3. E. Visconti,
Paisagem, 1941
É Visconti quem reflete
mais a transição. Colabora
neste sentido a amplitude
temporal de sua atividade:
quase sessenta anos de
trabalho, parte no século
XIX e parte maior no século
XX. Vindo de formação
acadêmica no fim do
Império, ele é o primeiro
artista a receber o premio
de viagem ao exterior
instituído em 1892, pela
recém criada Escola
Nacional de Belas Artes
6. O Ambiente Modernista
A mudança do século e a prosperidade na agricultura
do café promovem o enriquecimento das metrópoles,
principalmente São Paulo.
Era bem natural que isto fosse ocorrendo. A
conjunção de dois fatores de enriquecimento – a
lavoura do café, mais antiga, e a industrialização,
emergente – começava a fazer dessa cidade, nos
primeiros decênios do século, um núcleo de
confluência e de ebulição.
Entre 1910 e 1920 a população de São Paulo dobrou,
subindo de 240 mil para 500 mil habitantes.
A América do Norte já principiava a assumir um papel
de proeminência que o segundo pós-guerra definiria
com toda extensão e clareza.
7. O Ambiente Modernista
A cidade modernizava-se, na arquitetura, nos meios
de locomoção, nos equipamentos da vida diária.
Mas apesar de tanta disposição para o atual e o
nacional caberia a um estrangeiro, então de
passagem, realizar a primeira mostra de arte
moderna, ou pelos menos não acadêmica, no Brasil.
O lituano Lasar Segal apresenta por duas vezes seus
trabalhos em São Paulo e Campinas no ano de 1913.
Ele permanece no Brasil por oito meses.
Em 1916 de volta ao Brasil, depois de ter passado um
período na Europa e nos Estados Unidos, Anita
Mafaldi é a grande artista brasileira a atrair atenção
de “uma nova arte”.
8. São Paulo se caracteriza como o centro das
idéias modernistas, onde se encontra o
fermento do novo. Do encontro de jovens
intelectuais com artistas plásticos eclodirá a
vanguarda modernista. Diferentemente do Rio
de Janeiro, reduto da burguesia tradicionalista
e conservadora, São Paulo, incentivado pelo
progresso e pelo afluxo de imigrantes
italianos será o cenário propício para o
desenvolvimento do processo do Modernismo.
Este processo teve eventos como a primeira
exposição de arte moderna com obras
expressionistas de Lasar Segall em 1913, o
escândalo provocado pela exposição de Anita
Malfatti entre dezembro de 1917 e janeiro de
1918 e a 'descoberta' do escultor Victor
Brecheret em 1920. Com maior ou menor peso
estes três artistas constituem, no período
heróico do Modernismo Brasileiro, os
antecedentes da semana de 22.
A partir das tendências européias, mas com
feição tropical, o Modernismo mostra suas
primeiras manifestações no Brasil.
Victor Brecheret
Ascensão, década de 1920
14. “A verdade é que nas letras e nas artes visuais, a atmosfera para a
ruptura com o passado estava bem preparada lá por volta de 1920.
Houvera tempo de arregimentar intelectuais, escritores, poetas e
artistas plásticos de São Paulo e do Rio de Janeiro em torno dos
princípios de rebeldia anti-acadêmica e de arejamento internacional
aflorados com a exposição de Anita Mafalti em 1917. A
oportunidade da comemoração dos cem anos da independência
política do pais avultava como a melhor maneira de provar que uma
outra independência , cultural e artística, ainda estava por ser
conquistada.
Daí que a idéia de aproveitar o ano de 1922 como marco inicial do
movimento modernista tenha aos poucos se fixado com a
naturalidade de um elo a mais em fluxo evidente.
A crônica dos acontecimentos indica, no entanto, ter cabido mesmo
ao pintor e desenhista Di Cavalcanti a sugestão de que acabaria
resultando a Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo.”
(Pontual, 1987)
15. Convém igualmente assinalar que a quase totalidade dos artistas
participantes da Semana de Arte Moderna vinha de vivencia direta da
Europa ou, num caso único, da America do Norte. É claro que esta
circunstancia repercutia fortemente na linguagem de cada um. A única
exceção era Di Cavalcanti, que só em 1923 deixou o Brasil.
Em fevereiro de 1922 reuniram-se no
Teatro Municipal de São Paulo os pintores:
Anita Malfati, Vicente do Rego Monteiro,
Vicente do Rego Monteiro, Oswaldo
Goeldi, o escultor Victor Brecheret, os
músicos Villa-Lobos e Guiomar Novaes,
além de arquitetos, escritores, desenhitas
(Ronald de Carvalho, Graça Aranha,
Oswald de Andrade, Mario de
Andrade,Menotti del Picchia) e mostraram
o que se fazia de mais moderno.
A KLAXON - Mensário de Arte Moderna - foi a primeira revista Modernista do
Brasil e começou a circular logo após a realização da Semana de Arte Moderna. O
primeiro, dos seus nove números, foi publicado em 15 de maio de 1922 e o último,
(edição dupla, de números 8 e 9) em janeiro de 1923.
16. O Ambiente Modernista
Depois do impulso inicial dado pela Semana de Arte
Moderna, escritores e poetas novos de todos os
cantos do país aderiram aos princípios libertários do
modernismo.
Muitos grupos diferentes foram surgindo, com
propostas às vezes um pouco divergente, mas
sempre ligadas à idéia de modernidade. os
programas estéticos mais importantes foram:
Manifesto Pau-Brasil (1925) e Manifesto
Antropofágico (1928).
A antropofagia foi um movimento que propunha a
incorporação transformada e abrasileirada das
influencias estrangeiras. O escritor Oswald de
Andrade e sua esposa Tarsila do Amaral lideraram
essas idéias, que tinham também um cunho político
e social.
33. Acontecimentos importantes
O radio instalou-se em 1922 e houve a popularização do
disco. A música popular, principalmente o samba,
avançou significativamente com as produções de
Alfredo Viana Filho, o Pixinguinha, Noel Rosa, Ary
Barroso, entre outros. Os intérpretes tornam-se
ídolos populares: Carmen Miranda, Francisco Alves e
Mario Reis. Lirismo e humor combinavam-se para
registrar o cotidiano brasileiro.
Em 1929, é produzido o primeiro filme nacional
inteiramente sonorizado: Acabaram-se os otários, de
Luis de Barros. Mario Peixoto realiza em 1930 seu
filme Limite. Em 1930, é fundada a Cinédia e em
1941, é criada a Atlântida que privilegia as
Chanchadas, comédias de baixo custo e de grande
ajeitação popular.
34. Em 1931, Lucio Costa, arquiteto
totalmente imbuído do espírito
moderno, dirige a Escola Nacional
de Belas Artes, no Rio de Janeiro,
onde se abre espaço para os
modernos.
Na pintura, o modernismo,
inicialmente, assume um
figurativismo com características
mais expressionistas, temas
regionalistas e preocupação
social, principais nomes: Candido
Portinari, Oswaldo Goeldi, Ismael
Nery e Alberto Guinard
Figura, Ismael Nery
c.1927-1928
41. Os artistas que trabalhavam solitariamente começam a se reunir
por afinidades estéticas em grupos e associações. Assim,
organizam salões e exposições. Surgem os núcleos: Bernadelli no
qual se destacam Milton Dacosta e José Pancetti. Em São Paulo,
Lasar Segal lidera a Sociedade Pró-Arte Moderna e Flavio
Carvalho é o principal nome do Clube dos Artistas Modernos.
Se reúnem no grupo Santa Helena: Alfredo Volpi, Francisco
Rebolo e Clovis Graciano, entre outros.
Dança das Bandeirolas, Clóvis Graciano
1943
43. São criados também o Salão de Maio e a Família Artística Paulista,
que revelam Livio Abramo e Carlos Scliar.
Em todo o Brasil o modernismo vai fincando suas raízes
renovadoras. Artistas do país inteiro começam a ter projeção
nacional.
Destacam-se Djanira, Carybé, Iberê Camargo, Glenio Bianchetti,
Aldemir Martins, Brennand.
Em 1947, Assis Chateaubriand funda o Museu de Arte de São
Paulo – MASP.
O Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM- SP é fundado em
1948. Logo em seguida é criado o MAM – RJ.
Em 1951, realiza-se a primeira Bienal Internacional de Arte de São
Paulo, marcando a presença do abstracionismo na pintura e na
escultura do país.