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Prática Curricular IV: Fontes Escritas, visuais e sonoras-construindo texto didático Prof. Valdemir Lopes
Algumas definições preliminares SENSO COMUM,  SABER,  CIÊNCIA,  IDEOLOGIA EPISTEMOLOGIA:
Senso comum -  CIÊNCIA  - Ideologia Senso comum: conhecimento acrítico, imediatista, crédulo. Ideologia: é intrinsecamente tendenciosa, fazendo uma leitura da realidade a partir de interesses determinados (políticos, sociais, econômicos). Nas ciência sociais, o fenômeno ideológico é intrínseco. A ciência, o fazer científico é também uma relação social, está inserido numa sociedade específica, serve a determinados interesses, reproduz uma leitura da realidade, que se tornou hegemônica. O cientificismo é a ideologia de que a ciência tem resposta para tudo, que é onipotente para explicar e resolver os problemas humanos.
EPISTEMOLOGIA: Etimologicamente significa discurso (logos) sobre a ciência (episteme); É o “estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências, destinado a determinar a sua origem lógica, o seu valor e a sua importância objetiva” (Lalande, 1993). Consiste no “estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus produtos intelectuais”. (Japiassu, 1986).
Ciência, filosofia, religião e arte Representam as quatro modalidades principais de interpretação da realidade e descrevem formas de acesso, de leitura, de conhecimento e relação com o mundo. O pensamento se define por três grandes formas: a arte, a ciência e a filosofia, que são formas de “enfrentar o caos” do mundo:  a filosofia cria conceitos para dar consistência ao mundo;  a ciência trabalha a partir de uma referência, de um plano de coordenadas, que definem estado de coisas, funções ou proposições referenciais sob a ação de observadores parciais; A arte traça um plano de composição, engendrando blocos de sensações (perceptos e afectos), sob a ação de figuras estéticas. Portanto, o pensamento envolve esses elementos heterogêneos, não é nunca apenas racionalidade instrumental
REALIDADE E IDEOLOGIA A realidade é algo dado, exterior ao sujeito, impondo-se objetivamente ou é uma construção (inter)subjetiva? Concepção crítica de realidade: a realidade é construída social, histórica e culturalmente. A ideologia apresenta a realidade sem historicidade, isto é, “apagando” os conflitos sócio-políticos que interferem nos atos de conhecimento da realidade. As noções de progresso científico, neutralidade, objetividade podem servir para uma justificação cientificista da realidade estabelecida.
Os atos epistemológicos da pesquisa: ver, ouvir, ler e escrever Atos de construção do conhecimento:
VER ,[object Object]
No processo de construção da pesquisa, distinguir no campo regimes de luz/visibilidade do objeto de pesquisa.
Quando olhamos para a realidade, o que lá encontramos?
Alguns exercícios para “re-aprender a olhar” (Goldenberg, 2003):,[object Object]
Mulher sentada no Café du Tambourin (1887), de Van Gogh Van Gogh
[object Object],Edvard Munch       O grito
Ouvir ,[object Object]
Na pesquisa com base intersubjetiva (pesquisa com grupos e populações), qual a postura ética a ser empregada: Dar a voz ou dialogar com os sujeitos pesquisados?,[object Object]
Ler: legere etimologicamente quer dizer colheita, lavoura.
Como ler um texto? Quem lê, quando se lê um texto? O que provoca o desejo de leitura? Podemos ler o mundo? ,[object Object]
A re/trans-criação do mundo pela escrita A poesia de Manoel de Barros: “Poesia é voar fora da asa”… “o esplendor da manhã não se abre com faca”… “um sapo engole as auroras”… “Não tem altura o silêncio das pedras”… “Ontem choveu no futuro”… (Fonte: O livro das ignorãças)
Rosa para gertrude, 1988 - Haroldo de Campos
Olho por olho, 1964 - Haroldo de Campos
Estudar, ler, interpretar textos Pensar é “promover um passeio na alma” (Chauí). “Ler é aprender a pensar na esteira deixada pelo pensamento do outro. Ler é retomar a reflexão de outrem como matéria prima para o trabalho de nossa própria reflexão” (Chauí). Práticas enviesadas de leitura: ler de modo exterior; ler pinçando o  que interessa; ler de maneira fragmentária. Ler é colher (legere): “é colher tudo quanto vem escrito”. Interpretar é eleger (ex-legere: escolher), decifrar o enigma do texto: o que diz o autor e, metodologicamente por que ele o faz deste modo (Bosi), é reconstruir o itinerário de construção do pensamento do outro. Seduções na leitura e na escrita: “os textos se querem ser lidos”. “O brio do texto (sem o qual, em suma, não há texto) seria a sua vontade de fruição” (Roland Barthes). “O leitor é produtor de jardins, Robinson de uma ilha a descobrir mas possuído também por seu próprio carnaval que introduz o múltiplo e a diferença no sistema escrito de uma sociedade e de um texto... Os leitores são viajantes; circulam nas terras alheias, nômades caçando por conta própria através dos campos que não escreveram, arrebatando os bens do Egito para usufruí-los” (Michel de Certeau).
Estudar, ler, interpretar textos (II) A leitura é também leitura do mundo. O texto, aí, serve como mediador entre leitor e mundo. Estudar, numa acepção ampla, significa “o ato pelo qual cada pessoa humana enfrenta a realidade para compreendê-la e elucidá-la” (Luckesi), de modo direto e/ou indireto. Estudar é o ato de conhecer o mundo de forma crítica. A vida universitária é o lugar onde o leitor se apresenta  como uma figura constante: leitura em casa, na sala de aula, na biblioteca. (Luckesi) Na leitura, é importante passar de uma posição de leitor-objeto para a de leitor-sujeito. O leitor como sujeito da leitura procura compreender ( e não memorizar) a mensagem, avalia o que lê e, mediante constante questionamento, dialoga com o autor do texto. Na postura de leitor-sujeito, passamos a ser leitor-autor: podemos não só receber mensagens, mas também criar novas interpretações e sentidos.

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Prática Curricular IV: Leitura Crítica, Construção de Texto

  • 1. Prática Curricular IV: Fontes Escritas, visuais e sonoras-construindo texto didático Prof. Valdemir Lopes
  • 2. Algumas definições preliminares SENSO COMUM, SABER, CIÊNCIA, IDEOLOGIA EPISTEMOLOGIA:
  • 3. Senso comum - CIÊNCIA - Ideologia Senso comum: conhecimento acrítico, imediatista, crédulo. Ideologia: é intrinsecamente tendenciosa, fazendo uma leitura da realidade a partir de interesses determinados (políticos, sociais, econômicos). Nas ciência sociais, o fenômeno ideológico é intrínseco. A ciência, o fazer científico é também uma relação social, está inserido numa sociedade específica, serve a determinados interesses, reproduz uma leitura da realidade, que se tornou hegemônica. O cientificismo é a ideologia de que a ciência tem resposta para tudo, que é onipotente para explicar e resolver os problemas humanos.
  • 4. EPISTEMOLOGIA: Etimologicamente significa discurso (logos) sobre a ciência (episteme); É o “estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências, destinado a determinar a sua origem lógica, o seu valor e a sua importância objetiva” (Lalande, 1993). Consiste no “estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus produtos intelectuais”. (Japiassu, 1986).
  • 5. Ciência, filosofia, religião e arte Representam as quatro modalidades principais de interpretação da realidade e descrevem formas de acesso, de leitura, de conhecimento e relação com o mundo. O pensamento se define por três grandes formas: a arte, a ciência e a filosofia, que são formas de “enfrentar o caos” do mundo: a filosofia cria conceitos para dar consistência ao mundo; a ciência trabalha a partir de uma referência, de um plano de coordenadas, que definem estado de coisas, funções ou proposições referenciais sob a ação de observadores parciais; A arte traça um plano de composição, engendrando blocos de sensações (perceptos e afectos), sob a ação de figuras estéticas. Portanto, o pensamento envolve esses elementos heterogêneos, não é nunca apenas racionalidade instrumental
  • 6. REALIDADE E IDEOLOGIA A realidade é algo dado, exterior ao sujeito, impondo-se objetivamente ou é uma construção (inter)subjetiva? Concepção crítica de realidade: a realidade é construída social, histórica e culturalmente. A ideologia apresenta a realidade sem historicidade, isto é, “apagando” os conflitos sócio-políticos que interferem nos atos de conhecimento da realidade. As noções de progresso científico, neutralidade, objetividade podem servir para uma justificação cientificista da realidade estabelecida.
  • 7. Os atos epistemológicos da pesquisa: ver, ouvir, ler e escrever Atos de construção do conhecimento:
  • 8.
  • 9. No processo de construção da pesquisa, distinguir no campo regimes de luz/visibilidade do objeto de pesquisa.
  • 10. Quando olhamos para a realidade, o que lá encontramos?
  • 11.
  • 12. Mulher sentada no Café du Tambourin (1887), de Van Gogh Van Gogh
  • 13.
  • 14.
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  • 17.
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  • 20. Ler: legere etimologicamente quer dizer colheita, lavoura.
  • 21.
  • 22. A re/trans-criação do mundo pela escrita A poesia de Manoel de Barros: “Poesia é voar fora da asa”… “o esplendor da manhã não se abre com faca”… “um sapo engole as auroras”… “Não tem altura o silêncio das pedras”… “Ontem choveu no futuro”… (Fonte: O livro das ignorãças)
  • 23. Rosa para gertrude, 1988 - Haroldo de Campos
  • 24. Olho por olho, 1964 - Haroldo de Campos
  • 25. Estudar, ler, interpretar textos Pensar é “promover um passeio na alma” (Chauí). “Ler é aprender a pensar na esteira deixada pelo pensamento do outro. Ler é retomar a reflexão de outrem como matéria prima para o trabalho de nossa própria reflexão” (Chauí). Práticas enviesadas de leitura: ler de modo exterior; ler pinçando o que interessa; ler de maneira fragmentária. Ler é colher (legere): “é colher tudo quanto vem escrito”. Interpretar é eleger (ex-legere: escolher), decifrar o enigma do texto: o que diz o autor e, metodologicamente por que ele o faz deste modo (Bosi), é reconstruir o itinerário de construção do pensamento do outro. Seduções na leitura e na escrita: “os textos se querem ser lidos”. “O brio do texto (sem o qual, em suma, não há texto) seria a sua vontade de fruição” (Roland Barthes). “O leitor é produtor de jardins, Robinson de uma ilha a descobrir mas possuído também por seu próprio carnaval que introduz o múltiplo e a diferença no sistema escrito de uma sociedade e de um texto... Os leitores são viajantes; circulam nas terras alheias, nômades caçando por conta própria através dos campos que não escreveram, arrebatando os bens do Egito para usufruí-los” (Michel de Certeau).
  • 26. Estudar, ler, interpretar textos (II) A leitura é também leitura do mundo. O texto, aí, serve como mediador entre leitor e mundo. Estudar, numa acepção ampla, significa “o ato pelo qual cada pessoa humana enfrenta a realidade para compreendê-la e elucidá-la” (Luckesi), de modo direto e/ou indireto. Estudar é o ato de conhecer o mundo de forma crítica. A vida universitária é o lugar onde o leitor se apresenta como uma figura constante: leitura em casa, na sala de aula, na biblioteca. (Luckesi) Na leitura, é importante passar de uma posição de leitor-objeto para a de leitor-sujeito. O leitor como sujeito da leitura procura compreender ( e não memorizar) a mensagem, avalia o que lê e, mediante constante questionamento, dialoga com o autor do texto. Na postura de leitor-sujeito, passamos a ser leitor-autor: podemos não só receber mensagens, mas também criar novas interpretações e sentidos.
  • 27. Processo de leitura crítica (LUCKESI, 1986) A leitura crítica de um texto propõe a sua leitura contextualizada, dialógica, envolvendo um conjunto de atividades: 1. Elementos subsidiários da leitura (referência bibliográfica, extensão da leitura, identificação do tipo de texto, dados biográficos do autor, estudo de componentes desconhecidos do texto); 2. Elementos da leitura propriamente dita: estudo temático do texto (identificação e análise do título do texto; identificação do tema abordado; identificação da problematização feita pelo autor em torno do tema; identificação do ponto de vista ou idéia central; identificação da argumentação); 3. Elementos de avaliação ( avaliação do texto lido levando em conta sua estrutura lógica, sua validade enquanto verdade e seu valor social) e proposição (de novos temas para a pesquisa, para o estudo, momento de criação do leitor).
  • 28. Fichamento e tomada de notas A leitura dos textos deve ser acompanhada de tomada de notas no próprio texto (sublinhar o texto, criar sinais de identificação, siglas para destacar a importância das informações, palavras-resumo, etc.) e/ou em fichas de leitura. Fichar um texto é extrair os elementos essenciais da leitura: referência bibliográfica, proposta do autor, hipóteses, argumentação, conclusões e apreciação crítica. O fichamento não é apenas um resumo, é uma apropriação do texto segundo interesses de pesquisa do leitor. Serve para utilizar o texto lido em outras circunstâncias (apresentação de aulas, fonte para escrita de trabalhos e/ou pesquisas, etc.). Há várias formas de tomada de notas em ficha: 1. ficha bibliográfica. 2. fichas de leitura de livros ou artigos. 3. fichas temáticas (citação). 4. fichas de idéias e/ou de trabalho.