Este documento resume os principais cronistas do período do descobrimento do Brasil entre os séculos XVI e XVII. Apresenta os nomes e breves descrições das obras de Pero Vaz de Caminha, Piloto Anônimo, Pero Lopes de Sousa, Manuel da Nóbrega, André Thevet, Jean de Léry, Hans Staden, José de Anchieta, Pero de Magalhães Gândavo, Fernão Cardim e Gabriel Soares de Sousa.
2. “BRASIS” SOB O OLHAR ESTRANGEIRO
Fera que vive do vento - 1555
André Thevet, Padre franciscano francês
(1502-1590)
3. Cronistas do descobrimento
Os cronistas do descobrimento são pessoas que
escreviam para relatar os acontecimentos das
viagens feitas através dos navios. A isso
denomina-se literatura informativa do
quinhentismo e também jesuítica.
4. OS CRONISTAS
• Pero Vaz de Caminha (Português, ?1450-1500)
• Piloto Anônimo (Português, ?)
• Pero Lopes de Sousa (Português, 1500-1539)
• Manuel da (Português, 1517-1570)
• André Thevet (Francês, 1502-1590)
• Jean de Léry (Francês, 1534-1611)
• Hans Staden (Alemão, 1525-1576)
• José de Anchieta (Português, 1534-1597)
• Pero de Magalhães Gândavo (Português, 1540-1579)
• Fernão Cardim (Português, 1548/49-1625)
• Gabriel Soares de Sousa (Português, 1540-1592)
5. Pero Vaz de Caminha
Carta do achamento do Brasil
• Gênero: Carta
Relatando ao rei de Portugal o descobrimento,
o escrivão da armada de Cabral descreve,
deslumbrado, a terra e seus habitantes,
registrando as emoções do primeiro contato
com os índios.
6. Pero Vaz de Caminha
Carta de achamento do Brasil
• Fragmento
“Entre todos que hoje vieram, não veio mais que
uma mulher moça, a qual esteve sempre à missa
e a quem deram um pano com que se cobrisse.
Puseram-lho a redor de si. Porém, ao assentar,
não fazia grande memória de o estender bem,
para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta
gente é tal, que a de Adão não seria maior,
quanto a vergonha.”
(p. 33)
7. Piloto Anônimo
Relação da viagem de Pedro Álvares Cabral
• Gênero: Relato
De autoria desconhecida, este relato reconstitui
a travessia do oceano Atlântico pela frota de
Cabral, com informações que complementam e
às vezes contradizem o texto de Caminha.
8. Piloto Anônimo
Relação da viagem de Pedro Álvares Cabral
• Fragmento:
“[...] que povos eram aqueles, [...] acharam uma
gente parda, bem-disposta, com cabelos
compridos; andavam todos nus sem vergonha
alguma, e cada um deles trazia seu arco com
frechas, como quem estava ali para defender
aquele rio; […].” (p. 38)
9. Pero Lopes de Sousa
Diário de Navegação
• Gênero: Crônica (Relato)
Verdadeira crônica dos primeiros fatos da história
do Brasil, escrita no calor da hora, este texto
documenta o dia a dia da expedição comandada
por Martim Afonso de Sousa, de quem o autor
era irmão.
10. Pero Lopes de Sousa
Diário de Navegação
• Fragmento
“Quarta-feira 23 do mês fazia-me de terra 10
léguas; e ao meio-dia carregou muito o vento
sueste, com mui grão mar; por não podermos ir
de ló amainamos as velas e lançamos as naus de
mar em través”. (p. 48)
11. Manuel da Nóbrega
Carta e diálogo sobre a conversão do gentio
• Gênero: Carta e Diálogo
Na primeira carta que escreve do Brasil, o jesuíta
relata o trabalho dos padres da Companhia, dando
assistência religiosa aos colonizadores e buscando
catequizar os índios. Em forma de diálogo, Nóbrega
discute aspectos práticos, morais e religiosos da
relação entre os colonizadores e os índios,
defendendo a tese de que estes não devem ser
escravizados, pois têm alma como os cristãos.
12. Manuel da Nóbrega
Carta e diálogo sobre a convenção do gentio
• Fragmento
“Desta maneira ir-lhes-ei ensinando as orações e
doutrinando-os na Fé até serem hábeis para o batismo.
[…] dizem que querem ser como nós, senão que não têm
com que se cubram como nós, e este só inconveniente
têm. Se ouvem tanger a missa, já acodem e quando nos
veem fazer, tudo fazem, assentam-se de giolos, batem
nos peitos, levantam as mãos ao céu e já um dos
principais deles aprende a ler e toma lição cada dia com
grande cuidado e em dois dias soube o A, B, C todo […]”.
(Em defesa das almas indígenas, p. 58).
13. André Thevet
As singularidades da França Antártica
• Gênero: Relato
Apresenta a viagem do autor, desde a partida do
porto do Havre, na França (1555), até o retorno
ao mesmo país no ano seguinte. Refere-se ao
Brasil por meio de observações geográficas,
botânicas e antropológicas.
14. André Thevet
As singularidades da França Antártica
• Fragmento
“[…] os nossos selvagens fazem menção a um
grande senhor, que na língua deles se chama
Tupã e que, morando no céu, faz chover e
trovejar. Mas não têm eles maneira nem hora de
orar a esse Deus ou de cultivá-lo, assim como
tão pouco há lugar próprio para isso.” (p. 71)
15. Jean de Léry
Viagem à terra do Brasil
• Gênero: Relato
Apresenta os momentos iniciais da França
Antártica, detendo-se nas descrições da terra e
do modo de vida dos seus nativos.
16. Jean de Léry
Viagem à terra do Brasil
• Fragmento
“Não poderíamos ter sido mais bem recebidos do
que fomos por aqueles selvagens. Pois estes, depois
de nos ouvirem contar os males por que passáramos
e os perigos a que nos expuséramos, […], vendo-nos
naquele estado, tomaram-se de tão grande piedade
que as recepções hipócritas daqueles que por aqui
consolam os aflitos dizendo coisas da boca para fora
nada são diante da humanidade daquela gente, que
apesar disso chamamos bárbaros.” (p. 89-90).
17. Hans Staden
Viagem ao Brasil
• Gênero: Relato
Narra a chegada do viajante ao país e sua
captura pelos índios, descrevendo, com
precisão etnográfica, os nativos e seu modo de
vida.
18. Hans Staden
Viagem ao Brasil
• Fragmento
“Ao chegarmos perto das moradas vimos que
era uma aldeia com sete casas e se chamava
Ubatuba. […] ali perto estavam as suas
mulheres numa plantação de raízes, a que
chamavam mandioca. […] arrancavam destas
raízes, e fui obrigado então a gritar-lhes na sua
língua […]
‘Eu, vossa comida, cheguei’.” (p. 97)
19. José de Anchieta
“A Santa Inês” e Carta
• Gênero: poema e carta
Os textos poéticos têm a simplicidade de um autor
que pretende transmitir sua fé, utilizando a poesia
como recurso didático. Inês foi uma jovem
romana, decapitada por ter se recusado a perder a
virgindade. Símbolo e guardiã da castidade cristã.
Riquíssima fonte de informações sobre o trabalho
dos jesuítas no Brasil, as cartas de Anchieta
primam pela objetividade e pela abrangência dos
aspectos da vida colonial que apresentam.
20. José de Anchieta
“A Santa Inês” e Carta
• Fragmento
“Há tão poucas coisas dignas de se escrever, que não
sei que escreva, porque, se escrever a Vossa
Paternidade que haja muitos dos Brasis convertidos,
enganar-se-á a sua esperança, porque os adultos a
quem os maus costumes
de seus pais têm convertido em natureza, cerram os
ouvidos para não ouvir a palavra de salvação e
converter se ao verdadeiro culto de Deus, não
obstante que continuamente trabalhamos pelos
trazer à Fé [...]” (p. 109 a 110)
21. Pero de Magalhães Gândavo
• História da província de Santa Cruz
• Estudioso de gramática e amigo de Camões, foi
o primeiro historiador do Brasil. Sua obra
apresenta um abrangente panorama da vida na
Colônia, que expõe com empenho
propagandista.
22. Pero de Magalhães Gândavo
História da província de Santa Cruz
• Fragmento
“Tem esta província, assim como vai lançada da
linha equinocial para o sul, oito capitanias
povoadas de portugueses, que contém cada uma
em si, pouco mais ou menos, cinquenta léguas de
costa, e demarcam-se umas das outras por uma
linha lesteoeste: e assim ficam limitadas por estes
termos entre o mar oceano e a linha da repartição
geral dos reis de Portugal e Castela.” (p. 129).
23. Fernão Cardim
Tratados da terra e gente do Brasil
• Gênero: Tratado
Em verbetes informativos sobre a fauna, a flora
e os habitantes do Brasil, os tratados desse
jesuíta revelam planejamento e organização
metodológica para traçar um painel completo da
Colônia.
24. Fernão Cardim
Tratados da terra e gente do Brasil
• Fragmento
“Mandioca – O mantimento ordinário desta terra
que serve de pão se chama mandioca, e são umas
raízes como de cenouras, ainda que mais grossas e
compridas. Estas deitam umas varas, ou ramos, e
crescem até altura de quinze palmos. […] tirado o
homem, todo o animal se perde por ela crua, e a
todos engorda, e cria grandemente, […]. Destas
raízes espremidas e raladas se faz farinha que se
come; […]”. (p. 142-143).
25. Gabriel Soares de Sousa
Tratado descritivo do Brasil em 1587
• Gênero: Tratado
Para alertar o rei de Portugal sobre as diversas
possibilidades econômicas da Colônia, o autor
redige um texto de caráter enciclopédico,
focalizando desde aspectos políticos e
administrativos, até a exuberância da natureza
e dos nativos.
26. Gabriel Soares de Sousa
Tratado descritivo do Brasil em 1587
• Fragmento
“[…] [os tupinambás] não adoram nenhuma coisa, nem
têm nenhum conhecimento da verdade, nem sabem
mais que há morrer e viver; e qualquer coisa que lhes
digam, se lhes mete na cabeça, e são mais bárbaros que
quantas criaturas Deus criou. [...]faltam-lhes três letras
das do ABC, que são F, L, R [...]porque, se não têm F, é
porque não têm fé em nenhuma coisa que adorem; […].
E se não têm L na sua pronunciação, é porque não têm
lei alguma que guardar, nem preceitos para
governarem; […]. E se não têm a letra R […] é porque
não têm rei que os reja.” (p. 156-157)