SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 60
Introdução à
Filosofia
Priscilla Tomazi Vieira da Costa
UNIDADE 1 – FILOSOFIA, EDUCAÇÃO E
SOCIEDADE
A palavra “filosofia”, de origem grega, é
composta de duas outras: philo e sophía.
Philo quer dizer “aquele ou aquela que tem um
sentimento amigável”, pois deriva de philía, que
significa “amizade e amor fraterno”. Sophía quer
dizer “sabedoria”.
Filosofia, portanto, é somente o desejo, a
procura dessa sofia (sabedoria).
A filosofia não determina,
questiona, e está aberta aos
questionamentos de valores sociais,
éticos, políticos, da ciência, arte e
cultura, ou seja, da vida humana.
A filosofia não aceita uma afirmação do
tipo “porque sim”, pois qualquer
afirmação é questionada criticamente.
Repensar é retomar por nossa própria
conta os pensamentos já pensados por
outros, ou seja, é renovar.
A filosofia é uma forma de conhecer e
analisar a realidade, com o objetivo de
compreender a significação da própria
existência”.
Quem pode filosofar?
Todo indivíduo que busca compreender o
homem.
O filósofo é aquele que
ama a sabedoria, sendo a
filosofia explicada como a
busca incessante pelo
conhecimento.
Na Antiguidade, a
filosofia era entendida
como a disposição
interior de quem estima,
respeita e procura o
conhecimento.
No decorrer da Idade Medieval, por
exemplo, a filosofia esteve atrelada ao
poder ideológico da Igreja. Na Idade
Moderna, movimentos de contestação da
doutrina e da autoridade católica, como o
Humanismo, o Renascimento, as
Revoluções Burguesas etc., reavivaram o
caráter autônomo e racional da filosofia,
buscando uma compreensão de mundo
menos teocêntrica.
Já na atualidade, é comum
conceber a filosofia como um
movimento de pensamento que
investiga a relação entre a
sociedade, a cultura, e os
conhecimentos científicos, a fim
de depreender as influências
políticas, econômicas e culturais
que sustentam os interesses das
classes dominantes.
O ato de filosofar só pode ser empreendido
por aqueles que assumem uma atitude
diferenciada perante a vida, negando-se a
aceitar, previamente, aquilo que é transmitido
e imposto como algo natural e imutável. Ao
desenvolver a atitude filosófica, o sujeito
transforma a recusa em aceitar as crenças, pré-
juízos e pré-conceitos cotidianos em
movimento de análise.
O verdadeiro filósofo nunca esmorece na arte de
conhecer.
Esse movimento de investigação da vida, da
natureza e da sociedade requer o entendimento
da relação histórica existente entre os conceitos
de homem, cultura, linguagem e trabalho,
imprescindível à compreensão da evolução e do
desenvolvimento do pensamento humano e da
própria sociedade, como evidencia o tópico
seguinte.
2 - A
linguagem,
o trabalho e
a cultura
O que é o homem?
O conceito do que
é ser homem varia
em cada cultura.
A busca, resultante da incerteza,
expressa-se nas máximas de Sócrates,
“Só sei que nada sei” e “Conhece-te a
ti mesmo”, que, em última análise,
representam o projeto da razão
nascente de estabelecer critérios para
a compreensão do homem.
Na Idade Moderna, assim como na Idade
Contemporânea, prevalece a explicação
antropocêntrica: o homem constitui o ponto de
partida de onde se origina.
A existência dessa natureza exclusivamente
humana tem sido atestada, no decorrer da
história, com base em determinadas
características, tais como: liberdade; raciocínio;
presença de alma ou espírito; valores morais;
cultura; linguagem etc.
O homem primitivo distingue-se dos animais
na medida em que passa a viver em grupo.
Esse agrupamento ocorre instintivamente,
tendo como finalidade a sobrevivência e a
conservação da espécie, já que a coletividade
fortalece a reprodução, a proteção contra
possíveis predadores e a procura por alimentos
(caça, pesca e coleta de vegetais).
O convívio social produz a linguagem, a
qual exigiu do homem muito mais que a
criação de sons particulares.
A sistematização da linguagem oral e
escrita é um fenômeno social, que
possibilita a difusão da cultura, ou seja, a
propagação de valores, normas, saberes e
práticas.
Simultânea e gradativamente, o homem cria
instrumentos de trabalho: utiliza a pedra (lascada,
polida) como utensílio de corte; aprende a desenvolver
e utilizar o fogo; cria o arco e a flecha e outros
instrumentos; domestica animais e inicia o cultivo da
terra (agricultura), etc. Contudo, tal evolução do
trabalho humano, vinculada à vida social e ao
desenvolvimento da linguagem, só pode ser explicada
mediante o desenvolvimento do pensamento.
Há, portanto, diferenças significativas entre
um animal que utiliza um pedaço de madeira
para alcançar uma fruta (ação não planejada)
e um ser humano que planeja a melhor
forma de colher o mesmo alimento. O
animal utiliza os instrumentos disponíveis na
natureza; o homem cria os próprios
instrumentos, e isso requer intenção e
racionalidade.
Daí a afirmação de que o pensamento humano
surge na medida em que o homem, vivendo em
comunidade, desenvolve a linguagem e,
concomitantemente, o trabalho - ação planejada
que requer a criação e o aperfeiçoamento de
instrumentos para alcançar uma finalidade
previamente estabelecida.
Envolvendo raciocínio, planejamento e
organização.
2.1 - O
homem e
a cultura
Em antropologia, cultura significa tudo que o
homem produz ao construir sua existência: as
práticas, as teorias, as instituições, os valores
materiais e espirituais.
A cultura caracteriza o homem como um ser
em constante mutação, um ser que
transforma.
Ao nascer, a criança encontra o
mundo de valores dados, no qual vai
se situar. Por exemplo, a língua que
aprende, a maneira de se alimentar, o
jeito de sentar, andar, correr, brincar,
as relações familiares; tudo, enfim,
encontra-se codificado.
CULTURA DE MASSA: indústria cultura. A
produção de um tipo de cultura voltado
predominantemente ao entretenimento. Isso
explica o seu caráter mercadológico, por meio da
imposição velada de valores e atitudes, que
tornam as pessoas mais passivas, acríticas e
propensas ao consumo exacerbado. Seu principal
instrumento de propagação são os Meios de
Comunicação Social.
CULTURA POPULAR: conhecimento
espontâneo (senso comum), ou seja, aos
conhecimentos transmitidos entre as
gerações, por meio de narrativas (contos,
lendas, folclore) e experiências acumuladas
histórica e socialmente. É o conjunto de
saberes e práticas que não se aprende nas
instituições de ensino.
CULTURA ERUDITA: refere-se ao saber
institucionalizado, derivado do pensamento
científico, ou seja, do estudo sistematizado nos
meios acadêmicos. Produzida pela elite
intelectual, social, política e econômica. Seu
domínio limita-se às universidades e demais
instituições de ensino, conservatórios musicais,
bibliotecas, escolas de arte, dança, teatro etc.
Geralmente, na cultura erudita implica em
desvalorização das outras formas de cultura,
especialmente a cultura popular.
X X
2.2 O homem e a
técnica
A denominação homo faber é usada quando nos
referimos à capacidade de fabricar utensílios,
com os quais o homem se torna capaz de
transformar a natureza. Homo sapiens e homo
faber são dois aspectos da mesma realidade
humana. Pensar e agir são inseparáveis, isto é, o
homem é um ser técnico, porque tem
consciência; e tem consciência, porque é capaz
de agir e de transformar a realidade.
O telefone, fotografia,
cinema, rádio,
televisão,
comunicação via
satélite, Internet
certamente “influiu e
influi” na estrutura do
pensamento.
A influência da técnica na ciência e na
sociedade.
Os escravos e servos no exercício das atividades
manuais sempre levou à desvalorização desse
tipo de trabalho, enquanto apenas as atividades
intelectuais eram consideradas
verdadeiramente dignas do homem.
Ligados ao artesanato e comércio, os
burgueses valorizavam o trabalho e
tinham espírito empreendedor.
Para a ampliação dos negócios: houve a
construção de navios mais ágeis, utilização
da bússola para a orientação nos mares
em busca de novos portos,
aperfeiçoamento dos relógios etc.
O auge do desenvolvimento do sistema fabril
ocorre no século XIX. O setor secundário
(indústria) sobrepõe-se em importância ao setor
primário (agricultura)/
Características dos países industrializados:
urbanização, utilização de várias formas de
energia, organização hierarquizada da empresa,
técnico especializado versus operário
semiqualificado.
O setor secundário (industrial) sofreu
alterações decorrentes da informatização.
2.3 O trabalho
Através do trabalho o “homem” coloca suas teorias
em prática.
Trabalho: atividade coletiva.
Além de transformar a natureza, humanizando-a, o
trabalho transforma o próprio homem.
Por meio do trabalho, o homem se autoproduz, isto é,
desenvolve habilidades e imaginação; aprende a
conhecer as forças da natureza e a desafiá-las;
conhece as próprias forças e limitações; pois
relaciona-se com os companheiros; impõe-se uma
disciplina.
Curiosidade - trabalho:
aparelho de tortura, formado por três paus, ao qual
eram atados os condenados; também servia para
manter presos os animais difíceis de ferrar. Daí a
associação do trabalho com tortura, sofrimento,
pena, labuta
Na antiguidade grega, todo trabalho manual era
desvalorizado por ser feito por escravos, enquanto a
atividade teórica, considerada a mais digna do
homem, representava a essência fundamental de
todo o ser racional. Na Idade Média, Santo Tomás de
Aquino procura reabilitar o trabalho manual, dizendo
que todos os trabalhos se equivalem.
Na Idade Moderna, a situação começou a se alterar,
houve o crescente interesse pelas artes mecânicas e
pelo trabalho em geral.
No século XIX, a exploração do trabalho e das condições
subumanas de vida: extensas jornadas de trabalho, de
dezesseis horas a dezoito horas, sem direito a férias, sem
garantia para a velhice, doença ou invalidez;
arregimentação de crianças e mulheres, mão-de-obra mais
barata; condições insalubres de trabalho em locais mal-
iluminados e sem higiene; mal pagos, os trabalhadores
também viviam mal-alojados e em promiscuidade. No
século XIX, surgiram os movimentos socialistas e
anarquistas, que pretendiam denunciar e alterar a situação
vigente naquele momento.
2.4 Tecnocracia
O desenvolvimento acelerado da técnica cria o mito
do progresso. Se tudo evolui para melhor, o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia faria só
acelerar esse processo.
É natural a necessidade do aumento crescente da
produção (ideal de produtividade); para tanto é
estimulada a competitividade (a fim de que cada
empresa seja melhor naquilo que produz), bem
como a especialização (para garantir a qualidade e
eficiência da produção).
As formas de controle de produção e divisão do
trabalho tornaram-se mais rigorosas, com a
“racionalização” do trabalho, e objetivos de
produtividade, competitividade e especialização. O
mundo da produção, assim configurado, leva
fatalmente à tecnocracia.
2.5 A influência de Marx e Engels
Karl Marx e Friedrich Engels escreveram juntos o
Manifesto comunista e A Ideologia Alemã. Entre
outras obras, Marx e Engels formularam suas ideias a
partir da realidade social por eles observada: de um
lado, o avanço técnico, o aumento do poder do
homem sobre a natureza, o enriquecimento e o
progresso; de outro, e contraditório, a escravização
crescente da classe operária, cada vez mais
empobrecida.
Marx ao analisar o ser social do homem: não
existe uma “natureza humana” idêntica em
todo tempo e lugar. Para esse filósofo, o
existir humano decorre do agir, pois o
homem se autoproduz à medida que
transforma a natureza pelo trabalho. Sendo o
trabalho uma ação coletiva, a condição
humana depende de sua existência social.
Marx chama de práxis a ação humana de
transformar a realidade. Nesse contexto, o
conceito de práxis, que significa a união da
teoria e da prática. A filosofia marxista é
também conhecida como filosofia da práxis.
2.5.1 Ideologia e Alienação
Ideologia: exploração econômica, a
desigualdade social e a dominação política.
Ideias e valores, de normas ou regras (de
conduta) que indicam e prescrevem aos
membros da sociedade o que devem pensar e
como devem pensar, o que devem sentir, o
que devem fazer e como devem fazer.
(ver conceito de ideologia na página 30)
Na Idade antiga, a educação serviu à formação de
guerreiros e, posteriormente, à formação de
indivíduos capazes de administrar as cidades
(polis). Na Idade Medieval, tornou-se instrumento
de legitimação dos dogmas cristãos. Na Idade
Moderna, assumiu-se a premissa da escola pública
e laica, mas o que se concretizou foi a polarização
de modelos educativos distintos para ricos e
pobres, contradição que permanece até os dias
atuais.
Na medida em que o indivíduo apropria-se da
cultura por meio da educação, corre-se o risco de
perpetuar tais interesses. Nisto também reside a
importância da filosofia como suporte teórico-
reflexivo: possibilitar ao sujeito a compreensão
desse processo de alienação.
Para ser capaz de empreender a reflexão
filosófica na esfera educacional, é preciso
entender que o desenvolvimento humano
está atrelado à vida em sociedade e,
consequentemente, ao processo de
formação da cultura, de assimilação da
linguagem e de aperfeiçoamento do
trabalho.
Os conceitos de ideologia e alienação só podem ser
compreendidos profundamente quando se consideram
as relações produtivas que caracterizam o trabalho na
atualidade.
Se na sociedade primitiva, a evolução do trabalho
favorecia o desenvolvimento do pensamento, na
sociedade capitalista, a divisão do trabalho entre
aqueles que pensam e organizam os processos
produtivos e aqueles que executam o trabalho já não
contribui para esse processo.
Ou a educação cumpre esse papel ou
fatalmente legitimará os interesses das
classes dominantes, oferecendo uma
educação alinhada às necessidades do
mercado e, portanto, incapaz de promover
o desenvolvimento do pensamento.
Dúvidas???
Obrigada.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

O surgimento da filosofia
O surgimento da filosofiaO surgimento da filosofia
O surgimento da filosofia
Alison Nunes
 
1 introdução à reflexão filosofica
1 introdução à reflexão filosofica1 introdução à reflexão filosofica
1 introdução à reflexão filosofica
Daniele Rubim
 
Slide a origem da filosofia1
Slide a origem da filosofia1Slide a origem da filosofia1
Slide a origem da filosofia1
iranildespm
 
Filosofia I - 3º ano
Filosofia I -   3º anoFilosofia I -   3º ano
Filosofia I - 3º ano
Euza Raquel
 
Aulas de filosofia platão
Aulas de filosofia platãoAulas de filosofia platão
Aulas de filosofia platão
Péricles Penuel
 
Aula 01 filosofia mito, natureza e razão
Aula 01   filosofia mito, natureza e razãoAula 01   filosofia mito, natureza e razão
Aula 01 filosofia mito, natureza e razão
Elizeu Nascimento Silva
 

Was ist angesagt? (20)

Mito e filosofia
Mito e filosofiaMito e filosofia
Mito e filosofia
 
Cidadania e democracia
Cidadania e democraciaCidadania e democracia
Cidadania e democracia
 
Filosofia.1º ano
Filosofia.1º anoFilosofia.1º ano
Filosofia.1º ano
 
Filosofia
Filosofia Filosofia
Filosofia
 
O surgimento da filosofia
O surgimento da filosofiaO surgimento da filosofia
O surgimento da filosofia
 
Platão
PlatãoPlatão
Platão
 
Origem e divisão da filosofia
Origem e divisão da filosofiaOrigem e divisão da filosofia
Origem e divisão da filosofia
 
1 introdução à reflexão filosofica
1 introdução à reflexão filosofica1 introdução à reflexão filosofica
1 introdução à reflexão filosofica
 
Sociologia - Aula Introdutória
Sociologia - Aula IntrodutóriaSociologia - Aula Introdutória
Sociologia - Aula Introdutória
 
Aula de filosofia antiga, tema: Sócrates
Aula de filosofia antiga, tema: SócratesAula de filosofia antiga, tema: Sócrates
Aula de filosofia antiga, tema: Sócrates
 
Slide a origem da filosofia1
Slide a origem da filosofia1Slide a origem da filosofia1
Slide a origem da filosofia1
 
Filosofia I - 3º ano
Filosofia I -   3º anoFilosofia I -   3º ano
Filosofia I - 3º ano
 
Filosofia política
Filosofia políticaFilosofia política
Filosofia política
 
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre A Liberdade Filosófica
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre A Liberdade FilosóficaSlides da aula de Filosofia (João Luís) sobre A Liberdade Filosófica
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre A Liberdade Filosófica
 
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Ética e Moral
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Ética e MoralSlides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Ética e Moral
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Ética e Moral
 
Aulas de filosofia platão
Aulas de filosofia platãoAulas de filosofia platão
Aulas de filosofia platão
 
Sócrates
SócratesSócrates
Sócrates
 
Aula 01 filosofia mito, natureza e razão
Aula 01   filosofia mito, natureza e razãoAula 01   filosofia mito, natureza e razão
Aula 01 filosofia mito, natureza e razão
 
Filosofia medieval
Filosofia medievalFilosofia medieval
Filosofia medieval
 
Razão filosofia
Razão   filosofiaRazão   filosofia
Razão filosofia
 

Andere mochten auch

Quadro de analise filosofando
Quadro de analise filosofandoQuadro de analise filosofando
Quadro de analise filosofando
Erica Frau
 
Filosofia da Educação
Filosofia da Educação  Filosofia da Educação
Filosofia da Educação
unieubra
 
Filosofia e educação
Filosofia e educaçãoFilosofia e educação
Filosofia e educação
Peedagogia
 
O nascimento da filosofia
O nascimento da filosofiaO nascimento da filosofia
O nascimento da filosofia
Raniery Braga
 
Slide a origem da filosofia
Slide a origem da filosofiaSlide a origem da filosofia
Slide a origem da filosofia
iranildespm
 
Introdução à Sociologia
Introdução à SociologiaIntrodução à Sociologia
Introdução à Sociologia
Alison Nunes
 
Apresentacaodolivro2
Apresentacaodolivro2Apresentacaodolivro2
Apresentacaodolivro2
Luiz
 
Palestra saber 2007
Palestra saber 2007Palestra saber 2007
Palestra saber 2007
Luiz
 

Andere mochten auch (20)

Introdução à filosofia
Introdução à filosofiaIntrodução à filosofia
Introdução à filosofia
 
Aula de filosofia
Aula de filosofia Aula de filosofia
Aula de filosofia
 
História da Filosofia
História da FilosofiaHistória da Filosofia
História da Filosofia
 
Origem Da Filosofia
Origem Da FilosofiaOrigem Da Filosofia
Origem Da Filosofia
 
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre O que é Filosofia e Origem da F...
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre O que é Filosofia e Origem da F...Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre O que é Filosofia e Origem da F...
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre O que é Filosofia e Origem da F...
 
Quadro de analise filosofando
Quadro de analise filosofandoQuadro de analise filosofando
Quadro de analise filosofando
 
O Que é Filosofia?
O Que é Filosofia?O Que é Filosofia?
O Que é Filosofia?
 
Filosofia
FilosofiaFilosofia
Filosofia
 
Introdução a Filosofia - Ética
Introdução a Filosofia - ÉticaIntrodução a Filosofia - Ética
Introdução a Filosofia - Ética
 
História da filosofia antiga
História da filosofia antigaHistória da filosofia antiga
História da filosofia antiga
 
Filosofia da Educação
Filosofia da Educação  Filosofia da Educação
Filosofia da Educação
 
Filosofia e educação
Filosofia e educaçãoFilosofia e educação
Filosofia e educação
 
O nascimento da filosofia
O nascimento da filosofiaO nascimento da filosofia
O nascimento da filosofia
 
Slide a origem da filosofia
Slide a origem da filosofiaSlide a origem da filosofia
Slide a origem da filosofia
 
Introdução à Sociologia
Introdução à SociologiaIntrodução à Sociologia
Introdução à Sociologia
 
Slide sociologia 1
Slide sociologia 1Slide sociologia 1
Slide sociologia 1
 
Filosofia da Mente
Filosofia da MenteFilosofia da Mente
Filosofia da Mente
 
A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA PARA EDUCAÇÃO
A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA PARA EDUCAÇÃOA CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA PARA EDUCAÇÃO
A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA PARA EDUCAÇÃO
 
Apresentacaodolivro2
Apresentacaodolivro2Apresentacaodolivro2
Apresentacaodolivro2
 
Palestra saber 2007
Palestra saber 2007Palestra saber 2007
Palestra saber 2007
 

Ähnlich wie Introdução à filosofia

Antropologia e Educação
Antropologia e EducaçãoAntropologia e Educação
Antropologia e Educação
Clarim Natal
 
Antropologiajurdica anotaesdeaula-130226213353-phpapp02
Antropologiajurdica anotaesdeaula-130226213353-phpapp02Antropologiajurdica anotaesdeaula-130226213353-phpapp02
Antropologiajurdica anotaesdeaula-130226213353-phpapp02
Claudia araujo
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
aulasgege
 
Antropologia jurídica.
Antropologia jurídica. Antropologia jurídica.
Antropologia jurídica.
Direito2012sl08
 
Apresentacao de antropologia psicologia
Apresentacao de antropologia psicologia  Apresentacao de antropologia psicologia
Apresentacao de antropologia psicologia
faculdade11
 
Aulão.soc.ideologia e cultura. mudança e transforma ç ão social. filo. filos...
Aulão.soc.ideologia e cultura. mudança e transforma ç ão  social. filo. filos...Aulão.soc.ideologia e cultura. mudança e transforma ç ão  social. filo. filos...
Aulão.soc.ideologia e cultura. mudança e transforma ç ão social. filo. filos...
Silvana
 
Cap 21 religião, mitos e magias
Cap 21 religião, mitos e magiasCap 21 religião, mitos e magias
Cap 21 religião, mitos e magias
Joao Balbi
 
Cap 21 religião, mitos e magia
Cap 21 religião, mitos e magiaCap 21 religião, mitos e magia
Cap 21 religião, mitos e magia
Joao Balbi
 

Ähnlich wie Introdução à filosofia (20)

Antropologia e Educação
Antropologia e EducaçãoAntropologia e Educação
Antropologia e Educação
 
Antropologia da educação
Antropologia da educaçãoAntropologia da educação
Antropologia da educação
 
Antropologiajurdica anotaesdeaula-130226213353-phpapp02
Antropologiajurdica anotaesdeaula-130226213353-phpapp02Antropologiajurdica anotaesdeaula-130226213353-phpapp02
Antropologiajurdica anotaesdeaula-130226213353-phpapp02
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
Trabalho de filosofia ensino médio
Trabalho de filosofia ensino médioTrabalho de filosofia ensino médio
Trabalho de filosofia ensino médio
 
Antropologia jurídica.
Antropologia jurídica. Antropologia jurídica.
Antropologia jurídica.
 
Aula de filosofia antiga, tema: Antropogênese
Aula de filosofia antiga, tema: AntropogêneseAula de filosofia antiga, tema: Antropogênese
Aula de filosofia antiga, tema: Antropogênese
 
Apresentacao de antropologia psicologia
Apresentacao de antropologia psicologia  Apresentacao de antropologia psicologia
Apresentacao de antropologia psicologia
 
Aulão.soc.ideologia e cultura. mudança e transforma ç ão social. filo. filos...
Aulão.soc.ideologia e cultura. mudança e transforma ç ão  social. filo. filos...Aulão.soc.ideologia e cultura. mudança e transforma ç ão  social. filo. filos...
Aulão.soc.ideologia e cultura. mudança e transforma ç ão social. filo. filos...
 
Mudanças e Transformações Sociais - Ciência e Tecnologia
Mudanças e Transformações Sociais - Ciência e TecnologiaMudanças e Transformações Sociais - Ciência e Tecnologia
Mudanças e Transformações Sociais - Ciência e Tecnologia
 
Sociologia1
Sociologia1Sociologia1
Sociologia1
 
Conceitos filosofia (1) 14t 02
Conceitos filosofia (1) 14t 02Conceitos filosofia (1) 14t 02
Conceitos filosofia (1) 14t 02
 
2º anos (Filosofia) Consciência
2º anos (Filosofia) Consciência2º anos (Filosofia) Consciência
2º anos (Filosofia) Consciência
 
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 02
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 02FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 02
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 02
 
Como o ser humano se tornou ser humano
Como o ser humano se tornou ser humanoComo o ser humano se tornou ser humano
Como o ser humano se tornou ser humano
 
Trabalho de filosofia pronto
Trabalho de filosofia prontoTrabalho de filosofia pronto
Trabalho de filosofia pronto
 
Apostila de sociologia - Volume 2 (2° ano do EM)
Apostila de sociologia - Volume 2 (2° ano do EM)Apostila de sociologia - Volume 2 (2° ano do EM)
Apostila de sociologia - Volume 2 (2° ano do EM)
 
Cap 21 religião, mitos e magias
Cap 21 religião, mitos e magiasCap 21 religião, mitos e magias
Cap 21 religião, mitos e magias
 
Cap 21 religião, mitos e magia
Cap 21 religião, mitos e magiaCap 21 religião, mitos e magia
Cap 21 religião, mitos e magia
 
Antropologia e cultura tylor boas e malinowski
Antropologia e cultura tylor boas e malinowskiAntropologia e cultura tylor boas e malinowski
Antropologia e cultura tylor boas e malinowski
 

Mehr von PriscillaTomazi2015 (9)

Introdução à Filosofia
Introdução à FilosofiaIntrodução à Filosofia
Introdução à Filosofia
 
Introdução à Filosofia
Introdução à FilosofiaIntrodução à Filosofia
Introdução à Filosofia
 
Psicologia do desenvolvimento
Psicologia do desenvolvimentoPsicologia do desenvolvimento
Psicologia do desenvolvimento
 
O desenvolvimento humano aspecto emocional
O desenvolvimento humano aspecto emocionalO desenvolvimento humano aspecto emocional
O desenvolvimento humano aspecto emocional
 
Aplicações da psicanálise à educação
Aplicações da psicanálise à educaçãoAplicações da psicanálise à educação
Aplicações da psicanálise à educação
 
Políticas públicas
Políticas públicasPolíticas públicas
Políticas públicas
 
Plano Nacional de Educação
Plano Nacional de EducaçãoPlano Nacional de Educação
Plano Nacional de Educação
 
Estrutura e legislação da educação
Estrutura e legislação da educaçãoEstrutura e legislação da educação
Estrutura e legislação da educação
 
Estatuto da Criança e do Adolescente
Estatuto da Criança e do AdolescenteEstatuto da Criança e do Adolescente
Estatuto da Criança e do Adolescente
 

Kürzlich hochgeladen

Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
rfmbrandao
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
azulassessoria9
 

Kürzlich hochgeladen (20)

Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
 
3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx
3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx
3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
Slides 9º ano 2024.pptx- Geografia - exercicios
Slides 9º ano 2024.pptx- Geografia - exerciciosSlides 9º ano 2024.pptx- Geografia - exercicios
Slides 9º ano 2024.pptx- Geografia - exercicios
 
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
Apresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
Apresentação | Símbolos e Valores da União EuropeiaApresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
Apresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
 

Introdução à filosofia

  • 2. UNIDADE 1 – FILOSOFIA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE
  • 3. A palavra “filosofia”, de origem grega, é composta de duas outras: philo e sophía. Philo quer dizer “aquele ou aquela que tem um sentimento amigável”, pois deriva de philía, que significa “amizade e amor fraterno”. Sophía quer dizer “sabedoria”. Filosofia, portanto, é somente o desejo, a procura dessa sofia (sabedoria).
  • 4. A filosofia não determina, questiona, e está aberta aos questionamentos de valores sociais, éticos, políticos, da ciência, arte e cultura, ou seja, da vida humana.
  • 5. A filosofia não aceita uma afirmação do tipo “porque sim”, pois qualquer afirmação é questionada criticamente. Repensar é retomar por nossa própria conta os pensamentos já pensados por outros, ou seja, é renovar.
  • 6. A filosofia é uma forma de conhecer e analisar a realidade, com o objetivo de compreender a significação da própria existência”. Quem pode filosofar? Todo indivíduo que busca compreender o homem.
  • 7. O filósofo é aquele que ama a sabedoria, sendo a filosofia explicada como a busca incessante pelo conhecimento.
  • 8. Na Antiguidade, a filosofia era entendida como a disposição interior de quem estima, respeita e procura o conhecimento.
  • 9. No decorrer da Idade Medieval, por exemplo, a filosofia esteve atrelada ao poder ideológico da Igreja. Na Idade Moderna, movimentos de contestação da doutrina e da autoridade católica, como o Humanismo, o Renascimento, as Revoluções Burguesas etc., reavivaram o caráter autônomo e racional da filosofia, buscando uma compreensão de mundo menos teocêntrica.
  • 10. Já na atualidade, é comum conceber a filosofia como um movimento de pensamento que investiga a relação entre a sociedade, a cultura, e os conhecimentos científicos, a fim de depreender as influências políticas, econômicas e culturais que sustentam os interesses das classes dominantes.
  • 11. O ato de filosofar só pode ser empreendido por aqueles que assumem uma atitude diferenciada perante a vida, negando-se a aceitar, previamente, aquilo que é transmitido e imposto como algo natural e imutável. Ao desenvolver a atitude filosófica, o sujeito transforma a recusa em aceitar as crenças, pré- juízos e pré-conceitos cotidianos em movimento de análise.
  • 12. O verdadeiro filósofo nunca esmorece na arte de conhecer. Esse movimento de investigação da vida, da natureza e da sociedade requer o entendimento da relação histórica existente entre os conceitos de homem, cultura, linguagem e trabalho, imprescindível à compreensão da evolução e do desenvolvimento do pensamento humano e da própria sociedade, como evidencia o tópico seguinte.
  • 13. 2 - A linguagem, o trabalho e a cultura
  • 14. O que é o homem?
  • 15. O conceito do que é ser homem varia em cada cultura.
  • 16. A busca, resultante da incerteza, expressa-se nas máximas de Sócrates, “Só sei que nada sei” e “Conhece-te a ti mesmo”, que, em última análise, representam o projeto da razão nascente de estabelecer critérios para a compreensão do homem.
  • 17. Na Idade Moderna, assim como na Idade Contemporânea, prevalece a explicação antropocêntrica: o homem constitui o ponto de partida de onde se origina. A existência dessa natureza exclusivamente humana tem sido atestada, no decorrer da história, com base em determinadas características, tais como: liberdade; raciocínio; presença de alma ou espírito; valores morais; cultura; linguagem etc.
  • 18. O homem primitivo distingue-se dos animais na medida em que passa a viver em grupo. Esse agrupamento ocorre instintivamente, tendo como finalidade a sobrevivência e a conservação da espécie, já que a coletividade fortalece a reprodução, a proteção contra possíveis predadores e a procura por alimentos (caça, pesca e coleta de vegetais).
  • 19. O convívio social produz a linguagem, a qual exigiu do homem muito mais que a criação de sons particulares. A sistematização da linguagem oral e escrita é um fenômeno social, que possibilita a difusão da cultura, ou seja, a propagação de valores, normas, saberes e práticas.
  • 20.
  • 21. Simultânea e gradativamente, o homem cria instrumentos de trabalho: utiliza a pedra (lascada, polida) como utensílio de corte; aprende a desenvolver e utilizar o fogo; cria o arco e a flecha e outros instrumentos; domestica animais e inicia o cultivo da terra (agricultura), etc. Contudo, tal evolução do trabalho humano, vinculada à vida social e ao desenvolvimento da linguagem, só pode ser explicada mediante o desenvolvimento do pensamento.
  • 22. Há, portanto, diferenças significativas entre um animal que utiliza um pedaço de madeira para alcançar uma fruta (ação não planejada) e um ser humano que planeja a melhor forma de colher o mesmo alimento. O animal utiliza os instrumentos disponíveis na natureza; o homem cria os próprios instrumentos, e isso requer intenção e racionalidade.
  • 23. Daí a afirmação de que o pensamento humano surge na medida em que o homem, vivendo em comunidade, desenvolve a linguagem e, concomitantemente, o trabalho - ação planejada que requer a criação e o aperfeiçoamento de instrumentos para alcançar uma finalidade previamente estabelecida. Envolvendo raciocínio, planejamento e organização.
  • 24. 2.1 - O homem e a cultura
  • 25. Em antropologia, cultura significa tudo que o homem produz ao construir sua existência: as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais e espirituais. A cultura caracteriza o homem como um ser em constante mutação, um ser que transforma.
  • 26. Ao nascer, a criança encontra o mundo de valores dados, no qual vai se situar. Por exemplo, a língua que aprende, a maneira de se alimentar, o jeito de sentar, andar, correr, brincar, as relações familiares; tudo, enfim, encontra-se codificado.
  • 27.
  • 28. CULTURA DE MASSA: indústria cultura. A produção de um tipo de cultura voltado predominantemente ao entretenimento. Isso explica o seu caráter mercadológico, por meio da imposição velada de valores e atitudes, que tornam as pessoas mais passivas, acríticas e propensas ao consumo exacerbado. Seu principal instrumento de propagação são os Meios de Comunicação Social.
  • 29. CULTURA POPULAR: conhecimento espontâneo (senso comum), ou seja, aos conhecimentos transmitidos entre as gerações, por meio de narrativas (contos, lendas, folclore) e experiências acumuladas histórica e socialmente. É o conjunto de saberes e práticas que não se aprende nas instituições de ensino.
  • 30. CULTURA ERUDITA: refere-se ao saber institucionalizado, derivado do pensamento científico, ou seja, do estudo sistematizado nos meios acadêmicos. Produzida pela elite intelectual, social, política e econômica. Seu domínio limita-se às universidades e demais instituições de ensino, conservatórios musicais, bibliotecas, escolas de arte, dança, teatro etc.
  • 31. Geralmente, na cultura erudita implica em desvalorização das outras formas de cultura, especialmente a cultura popular. X X
  • 32. 2.2 O homem e a técnica
  • 33. A denominação homo faber é usada quando nos referimos à capacidade de fabricar utensílios, com os quais o homem se torna capaz de transformar a natureza. Homo sapiens e homo faber são dois aspectos da mesma realidade humana. Pensar e agir são inseparáveis, isto é, o homem é um ser técnico, porque tem consciência; e tem consciência, porque é capaz de agir e de transformar a realidade.
  • 34.
  • 35. O telefone, fotografia, cinema, rádio, televisão, comunicação via satélite, Internet certamente “influiu e influi” na estrutura do pensamento.
  • 36. A influência da técnica na ciência e na sociedade. Os escravos e servos no exercício das atividades manuais sempre levou à desvalorização desse tipo de trabalho, enquanto apenas as atividades intelectuais eram consideradas verdadeiramente dignas do homem.
  • 37. Ligados ao artesanato e comércio, os burgueses valorizavam o trabalho e tinham espírito empreendedor. Para a ampliação dos negócios: houve a construção de navios mais ágeis, utilização da bússola para a orientação nos mares em busca de novos portos, aperfeiçoamento dos relógios etc.
  • 38. O auge do desenvolvimento do sistema fabril ocorre no século XIX. O setor secundário (indústria) sobrepõe-se em importância ao setor primário (agricultura)/ Características dos países industrializados: urbanização, utilização de várias formas de energia, organização hierarquizada da empresa, técnico especializado versus operário semiqualificado.
  • 39. O setor secundário (industrial) sofreu alterações decorrentes da informatização.
  • 41. Através do trabalho o “homem” coloca suas teorias em prática. Trabalho: atividade coletiva. Além de transformar a natureza, humanizando-a, o trabalho transforma o próprio homem. Por meio do trabalho, o homem se autoproduz, isto é, desenvolve habilidades e imaginação; aprende a conhecer as forças da natureza e a desafiá-las; conhece as próprias forças e limitações; pois relaciona-se com os companheiros; impõe-se uma disciplina.
  • 42. Curiosidade - trabalho: aparelho de tortura, formado por três paus, ao qual eram atados os condenados; também servia para manter presos os animais difíceis de ferrar. Daí a associação do trabalho com tortura, sofrimento, pena, labuta
  • 43. Na antiguidade grega, todo trabalho manual era desvalorizado por ser feito por escravos, enquanto a atividade teórica, considerada a mais digna do homem, representava a essência fundamental de todo o ser racional. Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino procura reabilitar o trabalho manual, dizendo que todos os trabalhos se equivalem. Na Idade Moderna, a situação começou a se alterar, houve o crescente interesse pelas artes mecânicas e pelo trabalho em geral.
  • 44. No século XIX, a exploração do trabalho e das condições subumanas de vida: extensas jornadas de trabalho, de dezesseis horas a dezoito horas, sem direito a férias, sem garantia para a velhice, doença ou invalidez; arregimentação de crianças e mulheres, mão-de-obra mais barata; condições insalubres de trabalho em locais mal- iluminados e sem higiene; mal pagos, os trabalhadores também viviam mal-alojados e em promiscuidade. No século XIX, surgiram os movimentos socialistas e anarquistas, que pretendiam denunciar e alterar a situação vigente naquele momento.
  • 46. O desenvolvimento acelerado da técnica cria o mito do progresso. Se tudo evolui para melhor, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia faria só acelerar esse processo. É natural a necessidade do aumento crescente da produção (ideal de produtividade); para tanto é estimulada a competitividade (a fim de que cada empresa seja melhor naquilo que produz), bem como a especialização (para garantir a qualidade e eficiência da produção).
  • 47. As formas de controle de produção e divisão do trabalho tornaram-se mais rigorosas, com a “racionalização” do trabalho, e objetivos de produtividade, competitividade e especialização. O mundo da produção, assim configurado, leva fatalmente à tecnocracia.
  • 48. 2.5 A influência de Marx e Engels
  • 49. Karl Marx e Friedrich Engels escreveram juntos o Manifesto comunista e A Ideologia Alemã. Entre outras obras, Marx e Engels formularam suas ideias a partir da realidade social por eles observada: de um lado, o avanço técnico, o aumento do poder do homem sobre a natureza, o enriquecimento e o progresso; de outro, e contraditório, a escravização crescente da classe operária, cada vez mais empobrecida.
  • 50. Marx ao analisar o ser social do homem: não existe uma “natureza humana” idêntica em todo tempo e lugar. Para esse filósofo, o existir humano decorre do agir, pois o homem se autoproduz à medida que transforma a natureza pelo trabalho. Sendo o trabalho uma ação coletiva, a condição humana depende de sua existência social.
  • 51. Marx chama de práxis a ação humana de transformar a realidade. Nesse contexto, o conceito de práxis, que significa a união da teoria e da prática. A filosofia marxista é também conhecida como filosofia da práxis.
  • 52. 2.5.1 Ideologia e Alienação
  • 53. Ideologia: exploração econômica, a desigualdade social e a dominação política. Ideias e valores, de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer. (ver conceito de ideologia na página 30)
  • 54. Na Idade antiga, a educação serviu à formação de guerreiros e, posteriormente, à formação de indivíduos capazes de administrar as cidades (polis). Na Idade Medieval, tornou-se instrumento de legitimação dos dogmas cristãos. Na Idade Moderna, assumiu-se a premissa da escola pública e laica, mas o que se concretizou foi a polarização de modelos educativos distintos para ricos e pobres, contradição que permanece até os dias atuais.
  • 55. Na medida em que o indivíduo apropria-se da cultura por meio da educação, corre-se o risco de perpetuar tais interesses. Nisto também reside a importância da filosofia como suporte teórico- reflexivo: possibilitar ao sujeito a compreensão desse processo de alienação.
  • 56. Para ser capaz de empreender a reflexão filosófica na esfera educacional, é preciso entender que o desenvolvimento humano está atrelado à vida em sociedade e, consequentemente, ao processo de formação da cultura, de assimilação da linguagem e de aperfeiçoamento do trabalho.
  • 57. Os conceitos de ideologia e alienação só podem ser compreendidos profundamente quando se consideram as relações produtivas que caracterizam o trabalho na atualidade. Se na sociedade primitiva, a evolução do trabalho favorecia o desenvolvimento do pensamento, na sociedade capitalista, a divisão do trabalho entre aqueles que pensam e organizam os processos produtivos e aqueles que executam o trabalho já não contribui para esse processo.
  • 58. Ou a educação cumpre esse papel ou fatalmente legitimará os interesses das classes dominantes, oferecendo uma educação alinhada às necessidades do mercado e, portanto, incapaz de promover o desenvolvimento do pensamento.
  • 59.