O documento discute fatores de risco comportamentais para o câncer como consumo de álcool, excesso de peso, carne processada e inatividade física. Aponta que a prevalência desses fatores aumentou no Brasil e impacta os gastos crescentes com câncer. Defende que estratégias de prevenção focadas em estilos de vida saudáveis podem reduzir casos e custos de câncer.
1. Médica do programa médicos pelo Brasil
Pós-graduada em saúde pública
Pós-graduada em Psiquiatria
2. • O câncer não tem uma causa única! Fatores ambientais e comportamentais
aumentam o risco de desenvolvimento da doença.
• Você sabia que o consumo de álcool, o excesso de peso corporal, o
consumo de carne processada e a inatividade física aumentam o risco de
câncer?
• Sim, há pelo menos 12 tipos de câncer que estão associados a esses fatores!
• Essa relação precisa se tornar conhecida.
• Pesquisas internacionais e nacionais, que incluíram a população brasileira,
apontam um baixíssimo reconhecimento dos fatores de risco para o câncer
na sociedade. Ou seja, a maioria das pessoas não sabe que é possível
prevenir o câncer, nem muito menos como.
3. Peso corporal
• Para a prevenção do câncer, o INCA recomenda que, ao longo da vida, a
população mantenha o peso corporal dentro dos limites recomendados de
índice de massa corporal (IMC) (Clique aqui e saiba como calcular seu peso
ideal). O limite saudável para adultos é o IMC de 18,5 a 24,9 kg/m².
• Comparando os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar de 2008-2009
(abre em nova janela) e da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (abre em
nova janela), observamos que a prevalência de excesso de peso em adultos
com idade ≥20 anos, que dependem exclusivamente do SUS, aumentou de
47% para 58% em homens, e de 48% para 59% em mulheres.
• Os gastos totais com os cânceres que têm associação com o excesso de
peso em 2018 foram de R$ 2,36 bilhões no Brasil. Se nada for feito, estima-
se que esses valores serão de R$ 4,18 bilhões em 2030 e de R$ 5,66 bilhões
em 2040. Do montante gasto em 2018, R$ 61,03 milhões foram atribuídos
exclusivamente ao excesso de peso corporal.
4. Bebida alcoólica
• Para a prevenção do câncer, o INCA recomenda evitar o consumo
de qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica, pois não há
limite seguro de ingestão. Comparando os dados da Pesquisa
Nacional de Saúde de 2013 e 2019 (abre em nova janela),
observamos que a prevalência de consumo de bebida alcoólica
(qualquer quantidade), em adultos com idade ≥20 anos que
dependem exclusivamente do SUS, aumentou de 50% para 96% em
homens, e de 23% para 97% em mulheres.
• Os gastos totais com os cânceres que têm associação com o
consumo de bebida alcoólica em 2018 foram de R$ 1,7 bilhão no
Brasil. Se nada for feito, estima-se que esses valores serão de cerca
de R$ 3 bilhões em 2030 e de R$ 4 bilhões em 2040. Do montante
gasto em 2018, R$ 81,51 milhões foram atribuídos exclusivamente
ao consumo de bebida alcoólica.
5. Carne processada
• Para a prevenção do câncer, o INCA recomenda evitar o consumo de carnes
processadas, tais como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame,
mortadela e peito de peru defumado, pois não há limite seguro de ingestão.
• Comparando os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar de 2008-
2009 (abre em nova janela) e 2017-2018, observamos que a prevalência de
consumo de carne processada (qualquer quantidade), em adultos com idade
≥20 anos que dependem exclusivamente do SUS, aumentou de 34% para
64% em homens, e de 31% para 60% em mulheres.
• Os gastos totais com o câncer de intestino (colorretal), que tem associação
com o consumo de carne processada, em 2018 foram de R$ 545,22 milhões
no Brasil. Se nada for feito, estima-se que esses valores serão de cerca de R$
1,03 bilhão em 2030 e de R$ 1,42 bilhão em 2040. Do montante gasto em
2018, R$ 28,02 milhões foram atribuídos exclusivamente ao consumo de
carne processada.
6. Atividade física
• Para a prevenção do câncer, o INCA recomenda ser fisicamente
ativo como parte da rotina diária, limitando os hábitos sedentários,
como passar muito tempo assistindo televisão e usando o celular ou
o computador.
• A Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (abre em nova
janela) observou que a prevalência de atividade física insuficiente no
lazer, em adultos com idade ≥20 anos que dependem
exclusivamente do SUS, foi de 70% em homens e de 77% em
mulheres.
• Os gastos totais com os cânceres que têm associação com a
atividade física insuficiente no lazer em 2018 foram de R$ 1,4 bilhão
no Brasil. Se nada for feito, estima-se que esses valores serão de
cerca de R$ 2,52 bilhões em 2030 e de R$ 3,44 bilhões em 2040. Do
montante gasto em 2018, R$ 94,66 milhões foram atribuídos
exclusivamente a atividade física insuficiente no lazer.
7. Prevenção do câncer e
investimento no SUS
• Este aumento dos fatores de risco vem impactando diretamente o número de casos de
câncer que poderiam ser evitados.
• Estratégias de prevenção voltadas à promoção da alimentação saudável, da manutenção de
peso corporal adequado, da prática de atividade física no lazer e da redução do consumo
de bebidas alcoólicas podem evitar os casos da doença, bem como reduzir os gastos com
câncer no Brasil.
• Políticas ou programas efetivos de prevenção de câncer requerem um conjunto abrangente
de ações integradas que incluem ambientes promotores de saúde, ações de educação e
aconselhamento nos serviços de saúde e ações integradas intersetoriais. Ações conjuntas
têm maior potencial de promover hábitos e escolhas saudáveis e contribuir com a redução
do número de casos e mortes por câncer no Brasil, bem como com os gastos associados.
• É por isso que o INCA convoca profissionais da saúde e a população a se unirem a esta
campanha!
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• Mudar alguns hábitos já é cuidar e prevenir. Começar pode não ser fácil, mas
qualquer mudança já traz benefícios!
• Se você for um profissional de saúde, incentive e apoie mudanças de hábitos. Cada
contato é uma oportunidade para informar e prevenir.