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TheThe OneOne SkillSkill
Como dominar a arte de desapegar-se vai mudar a sua vida
LeoLeo BabautaBabauta
Tradução: Priscila Sganzerla
http://devaneiosemetamorfoses.blogspot.com.br
2
Este livro foi escrito por gratidão aos meus
maravilhosos leitores, que têm sido fonte
constante de encorajamento e apoio durante
todos esses anos. Isto significa mais do que
posso expressar.
Obrigado.
3
Sem direitos autorais
Este trabalho é livre de direitos autorais e está
em domínio público. O autor completa e
explicitamente libera de qualquer direito
autoral. Nenhuma permissão é exigida para
reedição de toda e qualquer parte deste livro,
embora atribuir a fonte seja apreciado.
4
Índice
1. Porque desapegar-se...................................................................................................................................... 7
2. Lidando com a procrastinação..................................................................................................................... 11
3. Lidando com o medo................................................................................................................................... 14
4. Lidando com pessoas difíceis...................................................................................................................... 17
5. Lidando com distrações............................................................................................................................... 20
6. Lidando com hábitos................................................................................................................................... 23
7. Lidando com posses.................................................................................................................................... 26
8. Lidando com a resistência alheia................................................................................................................. 29
9. Lidando com a mudança.............................................................................................................................. 32
5
10. Lidando com a perda..................................................................................................................................... 35
11. Desenvolvendo a habilidade de desapegar.................................................................................................... 39
12. A 1ª habilidade – Perceber os sinais............................................................................................................. 42
13. A 2ª habilidade – Identificar o paradigma................................................................................................... 45
14. A 3ª habilidade – Considerar o dano............................................................................................................. 48
15. A 4ª habilidade – Desapegar com amor........................................................................................................ 51
16. A 5ª habilidade – Enxergar a realidade......................................................................................................... 53
17. Praticando as habilidades.............................................................................................................................. 55
18. Como agir após desapegar-se........................................................................................................................ 60
19. O que não é desapego.................................................................................................................................... 62
20. Exemplos de desapego.................................................................................................................................. 67
21. Para onde ir depois........................................................................................................................................ 74
6
Sobre o autor
Leo Babauta é o criador do Zen Habits, um blogue sobre simplicidade, hábitos e
atenção plena. Ele mora em São Francisco com a esposa e seis filhos.
Leo começou sua jornada de mudança de vida em 2005, quando parou de fumar e
então dedicou-se a correr. Durante o ano seguinte, ele correu uma maratona, perdeu
mais de 13 quilos (no final, quase 32 quilos), tornou-se vegetariano e mais tarde
vegano, reduziu e depois eliminou suas dívidas, começou a acordar mais cedo, a
procrastinar menos e livrou-se de toda sua tralha acumulada.
Ele começou o Zen Habits para compartilhar o que aprendeu sobre mudar uma
dúzia de hábitos e hoje auxilia pessoas a mudarem a vida delas através de seus
livros e seu programa Sea Change Habit.
7
Capítulo 1
Porque desapegarPorque desapegar--sese
8
A raiz de todos os nossos problemas é a nossa inabilidade de desapegar.
Há poucos anos eu pincei esta ideia de um livro de Zen Budismo e ela me atingiu por sua simplicidade.
Isto poderia ser verdade?
Considere essa ideia: um pássaro em voo. O pássaro vive totalmente aquele momento, completamente
focado no seu voo, provavelmente usando sua visão afiada para procurar por alimento. Ele não começa a
pensar “Por que está fazendo tanto frio aqui? O que os outros pássaros pensam de mim? O que vou fazer
quando encontrar os outros pássaros mais tarde? Serei bem sucedido na construção do ninho? Por que
não posso ter um peito maior? Por que não posso acordar mais cedo como os outros pássaros?”
E assim por diante.
É claro, como humanos temos cérebros maiores que o pássaro e podemos resolver problemas, criar
poesias e construir arranha-céus. Então possuímos muito mais habilidade e muito mais coisas acontecendo
em nossos cérebros do que o simples flutuar do pássaro ao vento.
Esses grandes cérebros, no entanto, nos causam todos os problemas que temos. Eu não me refiro a
problemas como pobreza e doenças, mas aos problemas relacionados às nossas cismas, sentimentos de
ansiedade, frustração, depressão, raiva sobre as coisas que nos acontecem, podem nos acontecer e já
aconteceram, mas que não conseguimos parar de pensar sobre.
Então eu vim testando essa ideia Zen nos últimos anos e os resultados têm sido surpreendentes: eu reduzi
meu estresse, comecei a procrastinar menos, melhorei meus relacionamentos, aumentei minha habilidade
para lidar com mudanças, aprendi a modificar hábitos difíceis e me tornei mais presente em minha vida.
9
É difícil exagerar no caso da habilidade do desapego. Mas a resistência que a maior parte das pessoas
sente em relação à ideia de desapegar-se é imensa.
Vamos a alguns exemplos (serei mais detalhado nos capítulos seguintes):
* Estresse: nosso estresse se origina de querermos as coisas de uma certa forma – e então nos
estressamos quando as coisas inevitavelmente não acontecem da maneira esperada. Mas se pudéssemos
desapegar de como gostaríamos que fossem, aceitar e apreciar a realidade como ela é, o estresse iria
embora.
* Procrastinação: nós procrastinamos pelo medo do fracasso, considerar tarefas difíceis, confusas,
desconfortáveis. Mas se pudéssemos nos desapegar da ideia de querer que as coisas sejam fáceis, bem
sucedidas, confortáveis... e somente aceitar que há uma vasta gama de experiências, nós apenas faríamos o
que houvesse a ser feito.
* Hábitos e distrações: a propósito, a maior parte das pessoas tem muita dificuldade em mudar hábitos
por essa mesma razão – nós procrastinamos em relação a um hábito assim como procrastinamos em
relação às nossas tarefas. Também nos perdemos em distrações pelas mesmas razões.
* Irritação / Frustração com as pessoas: nós ficamos irritados com as pessoas porque elas não se
comportam como gostaríamos. E isso danifica nossas relações porque ficamos irritados com as pessoas.
Isso nos torna menos felizes. Em vez disso, poderíamos nos desapegar do desejo de querermos que elas
ajam de uma determinada forma, aceitá-las como elas são e somente estar com elas. Tornando a relação
muito melhor – percebi isso com meu pai, minha esposa, meus filhos.
* Perda e morte: quando um ente querido morre, perdemos o emprego ou temos uma doença grave, são
perdas que causam luto e sofrimento. E já que são inevitáveis (e devemos aceitar nosso luto), ser capaz de
desapegar-se nos ajuda a lidar com essa perda.
10
* Estar presente: muitos de nós gostariam de estar mais presentes na vida, para que nós não a percamos
enquanto ela acontece e possamos apreciá-la por completo. Imagine ter um prato delicioso à sua frente e
você o come – porém, está pensando em trabalho enquanto mastiga. Você estará perdendo todos os
sabores presentes no prato. Mas se puder dar-lhe sua atenção plena, poderá apreciá-lo por completo. A
vida é exatamente isso... estamos tão obcecados pensando sobre outras coisas, que não podemos estar
presentes no momento. Podemos aprender as nos desapegar do pensamento orientado para o futuro – ou
passado – e estarmos mais presentes.
* Medo: a fonte dos nossos problemas é o medo – da procrastinação a não iniciar um negócio ou estar
acima do peso – e a origem do medo está atrelada a como gostaríamos que as coisas fossem. Falarei mais
sobre isso depois, mas por agora, é suficiente saber que se nos desapegarmos ou nos desprendermos
sobre como realmente gostaríamos que as coisas fossem, poderemos nos desprender do medo também.
Esta é somente uma amostra, mas você pode começar a perceber como o desapego torna-se uma incrível
habilidade que pode te fazer melhor para lidar com todos os problemas da vida.
E desapego é uma habilidade que pode ser treinada. Não é fácil, mas pode ser aprendida se praticada por
apenas cinco minutos por dia. Espantosamente, esta curta prática diária de 5 minutos, por mais simples
que possa parecer, acrescenta muito.
Neste livro conciso, veremos como o desapego funciona em relação a diferentes tipos de problemas e
como podemos desenvolver e praticar a habilidade do desapego.
11
Capítulo 2
Lidando com aLidando com a
procrastinaprocrastinaççãoão
12
Todo mundo procrastina, mas por que?
Por medo: medo do fracasso, medo de algo difícil, desconfortável ou confuso.
E de onde vem esse medo? De um paradigma: de que vamos ter sucesso, as coisas serão confortáveis e
fáceis, de que vamos saber o que estamos fazendo.
Vamos pegar o caso de Nathan, que tem uma dissertação para escrever. Ele vem adiando isso há meses.
Eu sei, ele é provavelmente a primeira pessoa a adiar a escrita de uma dissertação.
O que está o impedindo? Bem, é uma tarefa árdua, complicada e um pouco confusa. Ele sabe que vai levar
dias, mesmo semanas para trabalhar, e por isso é construída uma imagem em sua cabeça. Ele nem sequer
sabe por onde começar, e o pensamento de ter que fazer toda aquela tediosa pesquisa e escrita é
assustador. É tudo assustador. Assim, o medo de tudo isso faz sua mente querer correr para as coisas mais
fáceis: leitura on-line, mídias sociais, assistir a programas de TV.
O medo de Nathan vem de um paradigma o qual ele nem sequer se dá conta, mas que, no entanto, está
lá. O paradigma é que a vida será confortável e fácil. Que ele vai saber o que está fazendo e sentir-se
competente e bem sucedido. Quando as coisas não vão ao encontro deste paradigma, ele as evita.
Quando você tem um paradigma, você não o refuta. Você se apega a ele e, na sua mente, ele se torna
real.
Então, o que Nathan pode fazer a respeito dessa idealização que está causando o medo e a subsequente
procrastinação? Como é que ele pode superar tudo isso e trabalhar na sua dissertação?
13
Ele pode desapegar do seu paradigma. A vida não tem que ser fácil - na verdade, através de coisas difíceis
é que alcançamos coisas de valor. A vida não tem que ser confortável – pois quando saímos da nossa zona
de conforto, crescemos. Ele não tem que saber o que está fazendo - quando fazemos as coisas sem saber
como, aprendemos coisas novas, novas habilidades e ficamos melhores nelas.
Ele pode ser grato à dificuldade que conduz à realização, ao desconforto que leva ao crescimento, à
incerteza que provoca o aprendizado.
Ele pode abrir mão do paradigma, e então nada será tão assustador.
Ele pode aceitar que as coisas vão ser difíceis e desconfortáveis, compreender isso, e fazê-lo de qualquer
maneira. Ele pode estar presente na tarefa, e fazê-la a seu momento.
Desapegar, aceitar, abraçar, estar presente, fazer. A cura para a procrastinação.
14
Capítulo 3
Lidando com o medoLidando com o medo
15
Não é apenas a procrastinação que é causada pelo medo - praticamente todos os nossos problemas estão
enraizados no medo. Com origens mais profundas em nossos paradigmas/expectativas/fantasias, como
vimos no último capítulo.
Vamos dar uma olhada em alguns outros problemas comuns causados pelo medo:
1. Dívida: Existem muitas causas possíveis, mas muitas vezes você está gastando mais do que você ganha
por causa de um hábito de compras ou o medo de deixar de lado alguns dos confortos aos quais você
está acostumado. O hábito de comprar pode ser causado pela ansiedade (medo de que algo que você
deseja não vai acontecer) ou a solidão (medo de não ser bom o suficiente) ou querer que sua vida seja
melhor do que é (medo de que você não esteja tão bem quanto pensa). Abrir mão do conforto (como a
sua Starbucks matinal, ou sua bela casa ou carro) pode ser difícil se você tem medo de desconforto, medo
de que você não vai ficar bem se a sua vida for menos confortável, medo de que os outros vão julgá-lo se
a sua casa/carro/roupas não forem tão legais.
2. Problemas de relacionamento: Existem, obviamente, muitas causas possíveis (incluindo a de que a
outra pessoa tenha problemas maiores, mas você sempre deve olhar para si mesmo também) ... mas
alguns medos que causam problemas de relacionamento incluem o medo de abrir mão do controle
(aquele que faz com que você deseje controlar a outra pessoa), medo de que você não seja bom o
suficiente, medo de abandono e outros problemas de confiança, o medo de não ser aceito, medo de
concordar com outra pessoa (na verdade, este é um problema de medo do controle).
3. Não conseguir exercitar-se: Mais uma vez, muitas causas, mas algumas delas são: não ter tempo
suficiente (medo de abandonar algo que você está acostumado a fazer), o exercício ser muito difícil (medo
de desconforto), distrações como TV e Internet (medo de perder o que está acontecendo, medo de
desconforto).
4. Não conseguir alterar a dieta: O mesmo que a questão do exercício. Embora, muitas vezes, existam
também questões emocionais, caso em que os medos podem ser muito similares aos que conduzem aos
problemas financeiros e de hábito de compras.
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5. Não estar fazendo o trabalho que ama: Talvez você não saiba o que deseja fazer, o que significa que
você não se comprometeu realmente a explorar suas opções (medo de falhar), ou você sabe, mas não se
jogou de cabeça (medo do fracasso), ou tem receio de não ser bom o suficiente.
6. Estresse com o trabalho escola: Você tem muitas coisas para fazer, mas a quantidade não é o
problema. A quantidade é um fato objetivo e ou você tem tempo suficiente para fazê-lo (e talvez fazê-lo
bem) ou você não tem. O verdadeiro problema é que você está preocupado em fazer tudo, o que significa
que você tem um ideal (eu farei tudo a tempo e de maneira perfeita) e você tem medo de que este ideal
não se torne realidade. Assim, o medo é pautado no paradigma, mas o paradigma não é realista. Você não
vai fazer tudo perfeitamente e a tempo. Ninguém faz. Aceite a realidade de que você vai fazer o possível,
dentro da sua capacidade e, se você falhar, vai aprender a partir disso e é assim que o mundo funciona.
Ninguém é perfeito. O ideal não existe na realidade.
E assim por diante. Todos os outros problemas são uma manifestação do que acontece nos exemplos
acima. O medo do fracasso, medo de não ser bom o suficiente, medo de abrir mão do controle, medo de
ficar sozinho, medo de abandono, medo de desconforto, medo de perder, medo de que você ou a sua
vida não sejam suficientemente bons, medo de que um ideal não se torne realidade.
Todos esses medos decorrem de paradigmas, de uma falta de confiança em si mesmo e no momento
presente.
Se pudermos praticar o desapego dos paradigmas e começarmos a aceitar e confiar em nós mesmos e no
momento presente, então poderemos superar muitos problemas. Os problemas estão enraizados no medo
que, por sua vez, tem origem nos paradigmas. Deixe de lado os paradigmas.
17
Capítulo 4
Lidando comLidando com
pessoas difpessoas difííceisceis
18
As pessoas podem ser frustrantes, de rudes motoristas na estrada, colegas de trabalho cujos hábitos te
irritam até crianças que não fazem o que você solicita.
E embora eu não esteja dizendo que devemos nos contentar com o comportamento horrível de outras
pessoas, deixar de lado a forma como queremos que eles sejam pode nos fazer muito mais felizes.
Vamos pegar Marie como um exemplo: ela ficou brava porque Scott, seu colega de trabalho, estourou com
ela e foi muito rude e ofensivo.
Não há desculpa para o mau comportamento de Scott ... mas Marie responder com raiva, provavelmente
não vai ajudar a situação. Nem deter-se raivosamente sobre ele vai fazer Marie muito feliz.
Existem algumas coisas a serem observadas aqui:
1. Scott é, provavelmente, está tendo um dia ruim. Ou simplesmente não é bom em lidar com o estresse,
ou se expressar muito bem. Seja qual for o problema, está enraizado nele, não em Marie. Assim, ela não
deve tomar suas ações como pessoais - a grosseria e raiva não eram realmente sobre ela.
2. Mesmo que Scott tivesse alguma questão legítima a respeito do comportamento de Marie (talvez ela
tenha feito algo errado), ele poderia ter apontado de maneira calma ou construtiva. Ele não fez isso,
portanto, enquanto Marie compreende o ponto-chave (não use Comic Sans para relatórios comerciais), ela
não precisa se desgastar muito com a raiva dele. Ele tem um problema de raiva, não ela.
3. Marie pode e deve responder a Scott, mas responder com raiva não vai ajudar. Se ela pode abrir mão
da resposta raivosa (que naturalmente cresce), ela pode responder com calma e de maneira construtiva.
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4. Não é responsabilidade de Marie mudar Scott. Ela não pode forçar que ele seja uma pessoa mais
agradável, mesmo que ela tentasse. Em vez disso, ela pode mudar sua própria resposta, que é a sua
responsabilidade.
5. No entanto, Marie pode agir com compaixão aqui, mesmo que ela não sinta que Scott “mereça”. O que
ele merece não é o foco. Se ele está sofrendo, ela pode ser altruísta e tentar ter compaixão pelo
sofrimento dele (e o dela própria). Isso irá melhorar a situação e possivelmente torná-los ambos mais
felizes.
Agora, eu entendo que muitas pessoas vão se ater ao que é "certo" nesta situação. Scott está errado e
merece ser punido ou corrigido, mas definitivamente não deve ser perdoado ou tratado compassivamente.
Este é o problema: o nosso paradigma sobre o que é “certo". Não existe um correto absoluto - este é
apenas um paradigma que nós criamos. Temos a expectativa de que todos agem da maneira "correta",
mas isso não acontece na realidade.
Ater-nos aos nossos paradigmas – que não correspondem à realidade - sobre como todos deveriam agir, é
o que nos causa raiva, frustração, estresse, decepção. Em vez disso, podemos nos desapegar deles e
aceitar a realidade.
Qual é a realidade? Scott está sofrendo, tem problemas de raiva, está estressado em relação a alguma
coisa e agiu mal. Marie pode aceitar isso, abrir mão de seus paradigmas e da raiva resultante e então
responder com compaixão e calma. Ela pode lidar com Scott, da forma apropriada, ao invés de agir com
raiva e de maneira inadequada.
Não é fácil, mas abrir mão de paradigmas, aceitar a realidade e agir de forma adequada e com compaixão
pode ser possível.
20
Capítulo 5
Lidando comLidando com
distradistraççõesões
21
Distrações são a outra face da procrastinação - nós não queremos nos concentrar em apenas uma coisa
porque é desconfortável ou difícil e, por isso, nos deixamos levar por distrações.
Essas distrações são confortáveis e fáceis. Somos bons nisso. Nós não as tememos, não temos receio de
falhar nelas, nem sentimos medo do desconforto ou da incerteza. De videogames, passando pela leitura
on-line, mídias sociais até a TV, são para as distrações que as nossas mentes querem correr.
Então, como vamos lidar com o poder de atração dessas distrações?
Não é de surpreender, podemos praticar o desapego.
Tente esta pequena prática para se desvencilhar:
1. Veja qual tipo de distração te atrai e qual apelo ela tem pra você. Talvez seja sua validação ou uma
pequena dose de alguma coisa interessante ou divertida. Este apelo é o que você está desejando, a razão
pela qual você está atraído por ela.
2. Agora veja as desvantagens desta distração. Como ela está te afetando?
3. Veja a impermanência desta distração - ela lhe dá um prazer temporário mas não uma felicidade
duradoura. Você consegue algum prazer, mas em seguida precisa de outra dose logo em seguida e assim
por diante, infinitamente.
4. Tente abrir mão da distração, apenas por pouco tempo. Em vez disso, pratique o contentamento com
sua vida sem a distração. A que, em sua vida sem distrações, você pode ser grato?
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5. Que outras fontes de felicidade você pode encontrar dentro de si mesmo, e não fora de você (como as
distrações)? Você pode se contentar com você mesmo? Pode desfrutar da atividade que está à sua frente,
como a leitura de um romance, escrever algo ou passar um tempo na natureza?
6. Note a liberdade que resulta do desapegar da distração. Isso é uma coisa boa.
Essa prática, em pequenos passos, não é difícil. Experimente agora, por alguns minutos. E então,
novamente. Você vai ficar melhor com a prática.
23
Capítulo 6
Lidando comLidando com
hháábitosbitos
24
Construir um novo hábito é bastante simples: você coloca em prática o hábito que você deseja (digamos,
exercício) logo após um gatilho (por exemplo após o café da manhã) e vai repetir isso tantas vezes que se
tornará automático. Depois de algum tempo, quando o gatilho acontece, o desejo de realizar o hábito
surge automaticamente.
Então, por que nós temos dificuldade em formar tais hábitos? Acontece que algumas coisas ficam no
caminho desse processo simples:
• Medo de realizar o novo hábito. Exercícios e meditação são dois bons exemplos - as pessoas têm
receios sobre eles (eles são difíceis, desconfortáveis, confusos, etc) e então eles são evitados e, no lugar
deles, corremos para as distrações.
• Estar cansado ou coisas surgindo no caminho. Estas são razões legítimas para não se praticar um
hábito. Mas se estamos comprometidos com o novo hábito, podemos descobrir soluções para esses
obstáculos, como ir para a cama mais cedo ou planejar com antecedência para encontrar tempo para o
hábito caso alguma coisa surja no caminho. Então é um processo de aprendizagem, mas o que realmente
atrapalha é que acabamos desistindo quando falhamos, porque idealizamos que vamos ter sucesso
instantaneamente.
• Os velhos hábitos custam a morrer. Quando começamos um novo hábito, estamos modificando um
velho hábito. Exercitar-se está substituindo a leitura do Facebook e dos blogs na parte da manhã. Então,
instaurar um novo hábito requer abrir mão conscientemente do antigo hábito e voluntariamente realizar o
novo hábito até que se torne mais automático e rotineiro.
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Não são obstáculos intransponíveis, mas cada um exige que se abra mão de alguma coisa:
1. Desapegue do que está te causando medo.
2. Deixe de lado o paradigma de que vai ter sucesso imediatamente, aceite o fracasso como parte do
processo de aprendizagem e, conscientemente, continue a encontrar maneiras de melhorar.
3. Deixe de lado os velhos hábitos e voluntariamente coloque um novo hábito em seu lugar.
E assim, a habilidade de desapegar pode ajudar-nos a formar novos hábitos de maneira consciente.
26
Capítulo 7
Lidando comLidando com
possesposses
27
Uma das melhores coisas que eu já fiz foi destralhar a minha vida, livrando-me de um monte de lixo e
posses desnecessárias - móveis, roupas, gadgets, ferramentas, livros, pratos, relíquias de família e muito
mais.
Ter a casa organizada é uma e alegria para mim. Mas ainda mais importante, eu aprendi sobre mim
mesmo ao longo do processo de desapego das minhas posses.
Por que, afinal, eu tinha acumulado tantas coisas? Acontece que a minha família (inclusive eu) tinha o
hábito de comprar por impulso ou por tradição. Também era comum adquirir coisas sem desfazer-se das
antigas. Nós armazenávamos coisas em depósitos para abrir espaço para outras mais novas e depois
esquecíamos do que tínhamos.
Mas por que eu estava me apegando? Muitas dessas posses eram surpreendentemente fáceis de me livrar
- mas separar-me delas, em muitos momentos, também foi muito difícil. Eu tinha ligações emocionais
com aqueles objetos.
Acontece que eles estavam servindo a necessidades emocionais minhas: eles faziam-me sentir seguro e
protegido, eles me deram conforto, deram-me memórias (e amor), eram a esperança que eu tinha para o
futuro (livros não lidos e equipamentos esportivos). Na verdade, eu não precisava desses itens para suprir
qualquer uma dessas carências emocionais - eu poderia encontrar essas necessidades de outras maneiras,
sem posses.
E assim, desapegar desses objetos significou abrir mão do que eu pensava que esses bens significavam
para mim. Significou abrir mão de quem eu achava que era quando possuía esses objetos. Significou abrir
mão da vida que eu tinha quando essas posses estavam em minha vida.
Foi um processo maravilhoso este desapegar. Ele me ensinou que eu era capaz de viver feliz sem coisas
que eu achava que eram necessidades.
28
Eu aprendi que desapegar pode ser, ao mesmo tempo, doloroso e alegre, um processo de perda e de
libertação.
29
Capítulo 8
Lidando comLidando com
a resistência alheiaa resistência alheia
30
Muitas vezes queremos que as outras pessoas mudem ou queremos fazer uma mudança mas outras
pessoas que resistem a ela.
Por que elas não podem simplesmente desapegar e aceitar a mudança? Porque nós não podemos forçar a
mudança em outras pessoas – nós não as controlamos.
E assim, desapegar torna-se um processo de aceitar que não podemos controlar as outras pessoas ou
mesmo controlar qualquer coisa no mundo. A vida não é algo que possamos controlar não importa o
quanto tentemos.
Desapeguemos da nossa ilusão de controle.
Um bom exemplo disso é quando você se torna pai: no início, você parece poder controlar a vida de seu
filho completamente, porque você tem controle sobre sua casa, roupas, comida, diversão. Você pensa que
está moldando esta criança para ser o ser humano que você gostaria que ela fosse.
À medida que crescem, isso se torna muito frustrante. Eles não se comportam da maneira que você
gostaria. Eles não estão interessados nos hobbies que você gostaria para eles. Eles nem sempre têm os
valores que você desejaria que eles adotassem. Eles não concordam com muito do que você diz.
Você deseja controlá-los, mas eles resistem. Acontece que eles são eles mesmos. São independentes,
pessoas únicas e eles crescerão as pessoas que eles desejam se tornar. Você tem alguma influência nisso, é
claro, mas não controle.
Na verdade, nós nunca tivemos realmente o controle. Mesmo quando eles são bebês e crianças, nós
controlamos seu ambiente mas eles decidem como internalizar isso, e bebês diferentes reagem de formas
diferentes. E nós reagimos às suas reações, então, na verdade, eles nos mudam tanto quanto nós os
mudamos.
31
Isso se aplica a todas as pessoas em nossas vidas. Nós não as controlamos e nem podemos. Podemos
influenciá-las. E elas nos influenciam também.
Abra mão de querer controlar as pessoas, de querer mudá-las. É natural que elas resistam. Em vez disso,
concentre-se em si mesmo e seja exemplo. Tenha compaixão. Veja se você pode ajudar de uma forma que
as pessoas achem útil.
32
Capítulo 9
Lidando comLidando com
a mudana mudanççaa
33
Uma das verdades que eu aprendi é que tudo - cada pessoa, cada situação, cada objeto, cada ser - é
impermanente.
Não somos seres permanentes. Mesmo o “self” que pensamos ser, está em constante mutação - há
alguma continuidade, talvez, mas não o mesmo “self”. Todo mundo é assim.
Mesmo objetos que parecem permanecer os mesmos não são. Eles estão se decompondo, envelhecendo,
fossilizando, sofrendo as ações do tempo, tornando-se frágeis.
Esta impermanência é assustadora e também é libertadora.
Quando podemos enxergar essa natureza impermanente em tudo ao nosso redor, em nós mesmos, em
nossas vidas ... vemos que estamos nos apegando a nada. É como esticar as mãos para agarrar o vento. E
este apego, esta tentativa de agarrar-se a algo que nunca será o mesmo, nunca perdura ... é por isso que
estamos sofrendo. É por isso que temos medo das coisas, é a razão de ficarmos procrastinando e correndo
para distrações e porque ficamos estressados, irritados e frustrados.
Essa mudança constante, essa impermanência e a perda que vem com ela (estamos constantemente
perdendo nossas vidas, perdendo a nós mesmos como nos conhecemos) ... isso é assustador. Queremos
que as coisas permaneçam as mesmas e, ainda assim, isso nunca acontece. É por isso que nós sofremos.
Então, como podemos lidar com esse medo da mudança constante, da impermanência e das perdas?
Podemos começar por aceitá-las. É a realidade da vida. Nós não podemos mudar a impermanência – nossa
e da vida, Podemos lutar contra isso e sofrer ou podemos aceitar.
34
E podemos enxergar liberdade nesta impermanência. Se nunca permanecemos os mesmos, então sim,
estamos perdendo esse paradigma seguro que temos sobre permanecermos os mesmos ... mas também
ganhamos a oportunidade de reinventar a nós mesmos. A cada momento! Esta autotransformação pode
ser reinventada sempre que quisermos. Não estamos atados ao que éramos um minuto atrás.
Um exemplo: um minuto atrás, eu era alguém que estava procrastinando para escrever este livro. Eu
poderia pensar: "Oh, que escritor horrível, que procrastinador eu sou!” E me sentir péssimo. Ou eu poderia
desapegar dessa imagem de mim mesmo, e em vez disso me reinventar como alguém que está realmente
escrevendo. E eu faço isso apenas começando a escrever.
Então, se você for ruim em alguns hábitos, abra mão desse eu do passado porque isso acabou. Inicie um
novo eu. E então um outro novo eu.
Se o seu companheiro ficou com raiva de você, isso é ruim. Porém, a raiva daquele que você ama é
causada por ele mesmo e este sofrimento pode ser modificado, pode ser acalmado. Seu sofrimento como
alguém que tenha sido lesado também pode ser alterado. No lugar disso, você pode se tornar uma
pessoa compassiva, empática, que conforta quem você ama e está sofrendo. Você pode desapegar da sua
versão injustiçada e tornar-se uma versão calma, compassiva. Seu relacionamento pode ser curado porque
está sendo constantemente reinventado.
Isso não quer dizer que o passado não importa. Claro que ele afeta o presente e futuro. Mas nós não nos
sujeitamos completamente ao passado – se tudo está mudando, isso inclui os danos e sofrimento
pregressos.
Pode parecer um pouco precipitado e é. Iremos nos aprofundar em breve, mas é bom para enxergar o que
estamos enfrentando ao lidar com o desapego . A habilidade de desapegar nos ajuda a lidar com a
realidade como ela é em vez de como gostaríamos que ela fosse e sermos mais hábeis dentro dessa
realidade em constante mudança.
35
Capítulo 10
Lidando comLidando com
as perdasas perdas
36
Uma das coisas mais difíceis de lidar é uma grande perda - como a perda de um emprego, de uma casa,
de um ente querido que já morreu ou está morrendo. Mas, na verdade, há perdas menores que sofremos
o tempo todo: a perda de um contrato, a perda da nossa saúde quando pegamos um resfriado, a perda
do que pensávamos que éramos quando sofremos uma situação embaraçosa ou um fracasso.
Essas perdas, grandes e pequenas, nos causam grande sofrimento. E este sofrimento pela perda faz parte
da vida. Mas ele não precisa ser tão grande quanto costuma ser. Nós temos o hábito de prolongar o
sofrimento.
Vamos dar alguns exemplos:
• Minha caneca de café favorita quebra. É uma perda e é claro que eu me sinto triste ou chateado
quando isso acontece. Mas eu poderia desapegar, seguir em frente e meu sofrimento não seria tão ruim.
No entanto, meu hábito poderia ser o de ficar com raiva de quem quebrou a caneca e continuar
ressentido com ele por um tempo. Ou se simplesmente aconteceu, eu poderia perguntar: "Por que isso
aconteceu comigo?" E sofrer por algum tempo, desejando que a caneca estivesse inteira novamente e que
o universo não fosse tão injusto para mim. Este sofrimento prolongado é causado por mim, e não por uma
caneca quebrada. Eu estou me prendendo a como eu gostaria que a vida fosse (eu possuindo minha
caneca) e não aceitando o que ela é agora.
• Amir perde o emprego. Isto, obviamente, é um grande revés, e sua vida é agora, sem dúvida, muito pior
do que antes. E perder o emprego é um grande golpe para o ego – portanto, compreensivelmente, Amir
sofre. Mas, novamente, ele pode abrir mão da perda e aceitar sua nova realidade (ele está desempregado)
e, então, tentar descobrir o que fazer a partir de então. Comece a procurar um emprego, encontrar um
lugar mais barato para se morar, vender seu carro e ter uma moto, etc. Ou ele poderia continuar irritado,
ressentido e magoado pela perda. Esse sofrimento contínuo vai afetar suas entrevistas de emprego e talvez
até mesmo impedi-lo de tomar uma decisão apropriada. Ele pode entrar em uma briga com sua namorada
por estar tão ressentido. Este sofrimento prolongado é causado por Amir, não por sua perda.
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• Tomas, marido de Petra, pede o divórcio e a deixa. Ela, é claro, está compreensivelmente magoada e
irritada com a traição da confiança entre eles, a perda de seu casamento e do seu melhor amigo. Isso é
totalmente natural e não há nada de errado em estar magoado ou com raiva. Na verdade, muitas pessoas
tentam negar seus sentimentos em vez de aceitá-los e isso torna as coisas piores. Mas, depois dessa
reação inicial , ela pode optar por desapegar do que ela era (a mulher casada, com Tomas em sua vida) e
aceitar sua nova realidade (uma mulher solteira passando por um divórcio) e, em seguida, tomar medidas
adequadas, reinventando sua vida e ela mesma. Isso pode ser libertador, esta oportunidade de reinventar-
se. Ou ela pode debruçar sobre a perda, sobre a traição, a dor. Desejando que fosse diferente. Perguntar-
se por que ele não a ama. Persegui-lo no Facebook e odiar sua nova namorada. Chafurdar na pena por
meses, comer para se consolar, ficar doente e acima do peso, nunca sair com mais ninguém porque ainda
se sente presa ao Tomas, ela não gosta de si mesma e acha que seu corpo é feio. Certo, este é um cenário
ruim, mas acontece de várias formas. Petra feriu si mesma por não desapegar.
• O pai de Justin está morrendo de câncer. Isto é extremamente doloroso para Justin, porque ele já está
antecipando a dor da perda de seu pai, em menos de um ano. Sua angústia torna difícil ajudar seu pai
durante deste momento difícil, porque em vez de encontrar formas de ajudar seu pai, ele está focado em
seu próprio sofrimento. Em vez de desfrutar o tempo que lhe resta com o seu pai e apreciá-lo agora, neste
momento, ele está pensando no que vai acontecer. Em vez disso, ele pode parar de antecipar o futuro e
abrir mão do que ele desejaria que fosse a verdade (que seu pai não estaria morrendo), aceitar a situação
e aceitar o seu próprio sofrimento. Ele pode aceitar seu pai moribundo como o único pai que ele tem (não
há mais o pai saudável) e apreciar este novo pai agora. Ele pode ver o sofrimento que seu pai está
passando, aceitar esse sofrimento e encontrar compaixão por seu pai de todas as maneiras que puder. Ele
pode ser grato por cada momento que ele tem com o pai, grato pela sua própria saúde, grato por aquilo
que seu pai lhe deu ao longo dos anos.
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Enquanto a perda pode ser extremamente difícil e dolorosa, não importa quão grande ou pequeno o
prejuízo, nós podemos prolongar ou encurtar o sofrimento de acordo com a nossa habilidade de
desapegar.
Como podemos desapegar depois de uma perda? Bem, em primeiro lugar. podemos aceitar o nosso
sentimento de perda. Não há nada de errado em estar com raiva ou triste por perder. Mas depois do luto,
podemos ver que nós estamos nos apegando a alguma coisa no passado, um ideal do que gostaríamos
que a vida fosse, em vez de aceitá-la como ela é agora. E esse apego a um paradigma, ao que desejamos
que a vida fosse, está nos prejudicando.
Ver o dano nos permite desapegar porque temos uma escolha: manter o paradigma do passado e sofrer,
ou abrir mão e aceitar a realidade como ela é e sofrer menos.
Podemos, então, voltar a nossa atenção sobre a realidade como ela é e ver o lado bom nela. Apreciar o
que temos diante de nós. Enxergar a oportunidade de reinventar-se. Encontrar compaixão por nós mesmos
e por aqueles que nos rodeiam que também podem estar sofrendo desta perda ou outras perdas. Abraçar
a nova vida que se apresenta, pois é tudo o que temos.
Esta é a habilidade de desapegar e ela ajuda tremendamente com qualquer tipo de perda.
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Capítulo 11
Desenvolvendo a habilidadeDesenvolvendo a habilidade
de desapegarde desapegar
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Então vimos alguns dos benefícios de desapegar e podemos começar a ver como isso pode funcionar. Isso
tudo é ótimo, mas como é que nós, na prática, desenvolvemos a habilidade? Ela não acontece com um
estalar de dedos.
Ao contrário, devemos praticar a habilidade de desapegar.
E para praticar uma habilidade, ajuda decompô-la em habilidades menores e analisá-las uma de cada vez,
praticá-las um de cada vez, antes de reuní-las em uma habilidade maior.
Uma dançarina, por exemplo, pode trabalhar em várias etapas de um complexo movimento de dança antes
de colocá-las juntas e fazer todo o movimento. Isso é o que vamos fazer com a habilidade desapego:
quebrá-la em peças e praticar cada peça, cada mini-habilidade. E, em seguida, uní-las como um todo.
Aqui estão as peças:
1. Perceber os Sinais: Quando você está se apegando a algo que é prejudicial, isso aparece em vários
pequenos sinais, em sintomas como raiva ou procrastinação. Ver como esses sinais acontecem é a primeira
mini-habilidade.
2. Identificar o Paradigma: A qual paradigma você está se apegando que está causando um sinal?
3. Considerar o Dano: O paradigma está te causando sofrimento, prejudicando suas relações, impedindo-o
de ser feliz?
4. Desapegar com amor: Se o paradigma está causando dano, então desapegar-se é um ato de amor e
compaixão.
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5. Enxergar a realidade: Agora que você já abriu mão do paradigma, volte a sua atenção à realidade e
enxergue-a como ela é. Aceite-a e reaja de acordo.
Todas essas peças fazem parte da habilidade de desapegar. A prática não se encerra aí. Ainda há a
questão de como agir depois de desapegar. E nós vamos discutir isso também.
Mas primeiro, vamos examinar as habilidades menores e, em seguida, falar sobre como praticá-las e
desenvolver o hábito de desapegar.
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Capítulo 12
A 1A 1ªª habilidade:habilidade:
Perceber os SinaisPerceber os Sinais
43
A primeira habilidade é perceber quando você está se apegando a algo prejudicial - algum tipo de sinal
vai aparecer, um sinal de que você está sofrendo.
Estes são os sinais indicadores de que você deve praticar a habilidade de desapego.
Quais são eles? Há muitos, mas aqui estão alguns mais comuns:
• Raiva
• Irritação
• Frustração
• Estresse/ansiedade
• Depressão
• Ciúmes
• Mágoa
• Querer estar certo
• Vontade de agir precipitadamente
• Procrastinação
• Desejar que as coisas fossem diferentes
• Sentir-se ofendido
• Querer fazer justiça
• Tentar dirigir perigosamente
Não há nada de errado em sentir qualquer uma dessas coisas. Não podemos deixar de sentí-las. E não
querer sentí-las, na verdade, torna o sofrimento pior. Então a primeira coisa a saber é que não há
problema em sentir essas coisas e que devemos simplesmente sentí-las e aceitá-las.
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No entanto, elas são sinais de que algo está acontecendo. Então, depois de nos permitir sentí-los,
podemos fazer uma pausa antes de agir ou tomar uma atitude precipitada da qual possamos nos
arrepender. Podemos começar o processo de desapego, para que não prolonguemos nosso sofrimento.
Como podemos praticar esta primeira habilidade de perceber os sinais? É um processo de aprendizagem,
mas o primeiro passo é apenas comprometer-se a tentar perceber quando essas coisas surgem. Pode te
surpreender, ao observar a si mesmo, quantas vezes você sente um pouco de irritação, frustração ou raiva,
especialmente se você estiver perto de outras pessoas.
Apenas comece a perceber. Você não tem que passar para as outras etapas ainda - apenas praticar,
observando por alguns dias ou mais, até ficar muito bom nisso.
45
Capítulo 13
A 2A 2ªª habilidade:habilidade:
IdentificarIdentificar o Paradigmao Paradigma
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Agora que você já percebeu o sinal, a próxima parte do processo é voltar-se para dentro de si mesmo e
enxergar o que está causando esse sinal, este sintoma.
Ele não aconteceu aleatoriamente - há uma causa para o sinal. Caso você esteja com raiva, a culpa não é
apenas de outra pessoa. Talvez lhe tenham feito alguma coisa mas isso é apenas uma ocorrência no
mundo exterior ao seu redor, como a queda de uma folha, o vento soprando ou uma pedra rolando de
um penhasco. Elas simplesmente acontecem, mas a sua raiva não vem do fato em si, mas em razão de
você não querer que a coisa aconteça.
É o seu não querer que acontecesse o que aconteceu, ou o seu não querer que as coisas sejam do jeito
que são, isso é a causa da sua raiva ou frustração.
Imagine que você fosse apenas uma câmera, gravando o que está acontecendo, neutra e sem desejos para
que as coisas sejam de uma certa maneira ou que as pessoas ajam de uma determinada forma. Neste
caso, se alguém faz alguma coisa, você não iria ficar com raiva porque você é uma ferramenta de
observação neutra, sem quaisquer preferências para o que acontece no mundo.
É claro que, na realidade, você não é uma câmera. Você tem expectativas em relação aos outros, ideais
para si mesmo, paradigmas de como o mundo deveria ser. E são esses paradigmas/expectativas que
causam a raiva e frustração.
Estes paradigmas e expectativas não são a realidade - se eles correspondessem à realidade, você não iria
ficar com raiva. Eles são suas fantasias do que a realidade deveria ser. As fantasias não são a realidade e
elas estão causando a raiva.
Então, volte-se para dentro de si mesmo por um minuto: a qual paradigma você está se apegando que
está causando o sinal?
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Às vezes pode ser difícil ver qual paradigma você tem, mas se você praticar por algum tempo, você vai
ficar melhor nisso.
Apenas alguns paradigmas que você pode ter:
1. As pessoas devem ser atenciosas.
2. As pessoas devem ser justas.
3. As pessoas devem respeitá-lo e não insultá-lo.
4. As pessoas devem ser positivas e não reclamarem ou serem mal-humoradas.
5. Você será bem sucedido no que faz.
6. Você vai se sentir confortável e fazer coisas fáceis.
7. Sua vida será cheia de alegria, prazeres e sem dores.
8. Você vai ser bom em mudança de hábitos.
9. Pessoas na rua ou na calçada não ficarão no seu caminho.
10. As coisas estarão sempre onde você precisar.
11. Sua casa vai ser arrumada e as pessoas que trabalham e vivem com você serão sempre asseadas.
12. Seus filhos vão fazer exatamente o que você diz.
13. Seu cônjuge ou amigos serão animados e apoiarão todas as suas idéias.
14. As pessoas vão ver imediatamente o seu brilho e querer contratar você.
15. Entes queridos não vai ir embora ou morrer.
16. As pessoas vão te amar tanto quanto você as ama.
Este é apenas um começo - há centenas e talvez milhares de paradigmas que temos em vários momentos.
Podemos identificá-los porque quando alguém os viola ou a vida não se mostra de acordo com eles, não
ficamos felizes. Desta forma, o nosso paradigma é o oposto do que nos aconteceu. Depois de praticar e
perceber os sinais por algum tempo, volte-se para dentro de si mesmo e perceba qual paradigma está
causando o sinal. Pratique até que o paradigma seja identificado com facilidade.
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Capítulo 14
A 3A 3ªª habilidade:habilidade:
Considerar o danoConsiderar o dano
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Você já percebeu os sinais e agora você é capaz de ver os paradigmas que são a causa dos sinais. Mas o
que há de errado em ter raiva, frustração, ciúme ou sentimentos feridos? Isso não é parte de ser humano?
Sim, é absolutamente uma parte da experiência humana, e não há nada de errado em sentí-los. No
entanto, agir sobre esse sentimentos e nos apegar a eles, pode nos levar à infelicidade, prolongar o
estresse que vai aumentando até chegar a níveis, prejudicando nossos relacionamentos por nos
reesentirmos com as pessoas em nossas vidas e até prejudicar a nós mesmos e às nossas relações porque
ficamos raivosos e frustrados conosco por nos apegarmos a paradigmas.
Portanto, nem sentimentos nem ter paradigmas é ruim – eles são parte natural da nossa experiência
humana. Mas se os paradigmas estão causando danos a nós mesmos e as pessoas ao nosso redor, talvez
devamos abrir mão deles.
Se os paradigmas estão nos levando a fazer o bem no mundo, então nós não precisamos desapegar deles.
Um paradigma pode nos levar a ser compassivos ou generosos, por exemplo. Não há nada de errado em
ter paradigmas - na verdade, eu penso que não podemos evitar tê-los.
Quando o paradigma causa danos aos outros ou a nós mesmos é que seria benéfico abrir mão deles.
Então assim que você perceber o sinal e o paradigma que o está causando, pergunte a si mesmo se ele
está fazendo mal a você ou a outras pessoas. Em caso de raiva ou outros tipos de infelicidade é quase
certo que ele esteja causando dano.
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Quando você percebe o mal que está sendo causado, então desapegar se torna um ato de compaixão. É
um ato de dar fim ao sofrimento. Desapegar pode ser uma coisa dolorosa - afinal, esses paradigmas são,
muitas vezes, uma grande parte de quem somos e da nossa visão de mundo. Mas a dor do desapego,
com frequência, é muito pequena em comparação aos benefícios de abrir mão de algo que pode
prejudicar a nós mesmos ou outras pessoas ao nosso redor.
Pratique enxergar o dano, quando você percebe o sinal e o paradigma. Você vai ficar muito bom nisso.
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Capítulo 15
A 4A 4ªª habilidade:habilidade:
Desapegar com amorDesapegar com amor
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Então o desapego pode ser um ato de compaixão, se o paradigma está causando dano.
Veja como desapegar com compaixão e amor:
Em primeiro lugar, deseje felicidade a si mesmo e outros ao seu redor.
Veja que o paradigma está causando sofrimento.
Deseje acabar com esse sofrimento desapegando do paradigmas.
Se você não quer abrir mão do paradigma, ao invés de se concentrar em desejá-lo, foque em como as
coisas seriam melhores se você não o tivesse.
Deixe seu coração e mente relaxarem, de modo que você possa deixar o paradigma flutuar para longe. O
peito fica menos apertado, você consegue respirar um pouco mais fundo, um sentimento caloroso de
amor cresce dentro de você e você desapega de o que quer que seja a que tenha se apegado.
Você agora é uma nova pessoa, com menos um paradigma (pelo menos neste momento já que
paradigmas podem e, frequentemente, voltam mais tarde). Esta pessoa é diferente da pessoa que você era,
o que significa que você pode reinventar essa pessoa, torná-la calma e compassiva.
Seja esta nova pessoa.
Uma vez que você desapegar do paradigma (o que requer prática - mais sobre isso daqui a pouco), a
questão é, e agora? Veremos no próximo capítulo (Enxergando a Realidade) e Capítulo 18 (Como agir
depois de desapegar-se).
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Capítulo 16
A 5A 5ªª habilidade:habilidade:
Enxergar a realidadeEnxergar a realidade
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Vamos dizer que você desapegou com sucesso. Isso nem sempre é fácil, e você vai praticar essa habilidade
no próximo capítulo. Mas vamos dizer que você desapegou.
Agora é hora de voltar sua atenção para a realidade e vê-la como ela é. Aceite-a, e reaja de acordo com
ela.
Vamos dizer que você está decepcionado com seu filho por ele não se comportar como você gostaria, não
viver de acordo com suas expectativas. Você percebe que esta decepção e seu paradigma estão lhe
causando mal, então você tenta desapegar do paradigma. E então, você se volta para o seu filho e apenas
tenta vê-lo como ele é. Ele é uma boa pessoa, com a esperança e o desejo de ser feliz, ele está sofrendo e
sem saber como agir em um mundo caótico. Esta é a realidade de seu filho.
Você pode rejeitar isso, ou aceitá-lo como ele é. Tente ser compassivo com o sofrimento dele. Tente ser
grato por quem ele é. Apenas esteja com ele e seja feliz por isso.
Há muito a ser feito uma vez que você o enxergue como ele é, mas você tem que voltar-se para ele uma
primeira vez para enxergá-lo.
Isto é verdadeiro não só com outras pessoas, mas consigo mesmo. Em vez de se validar de acordo com
seus paradigmas sobre como as coisas deveriam ser, olhe para si mesmo como você realmente é.
E seja verdadeiro com a vida ao seu redor: não seja como seus paradigmas afirmam que deveria ser. As
coisas já são incríveis do modo como se apresentam.
Desligue-se da realidade e tente enxergá-la realmente como ela é. Existe mais a ser feito depois disso, mas
vamos praticar estes cinco mini-habilidades primeiro.
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Capítulo 17
Praticando as habilidadesPraticando as habilidades
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Temos cinco mini-habilidades para praticar e colocar juntas em uma única grande habilidade, um processo
de cura.
Seguem minhas recomendações para a prática:
1. Primeiro, comprometa-se a praticá-las por alguns minutos por dia. Você não vai praticar de forma
consistente sem um forte compromisso. Mas este é um compromisso simples - não vai tomar muito do
seu tempo e você vai ser capaz de praticar com facilidade, se você se lembrar disso. Comprometa-se
porque isso é importante - vai ajudar você a ser mais feliz, lidar melhor com as mudanças, procrastinar
menos, ter relações melhores. Comprometa-se com outras pessoas - um ente querido, um sócio ou
colega de trabalho. Comprometer-se com você mesmo é ótimo, mas se você vai levar a sério,
comprometa-se com alguém a praticar diariamente.
2. Reserve algum tempo para sua prática. Poucos minutos da sua manhã, da sua noite ou na hora do
almoço. Reserve um tempo específico ou você vai acabar não praticando.
3. Faça lembretes. Você vai esquecer de praticar. Então coloque um lembrete em seu laptop, crie
lembretes de calendário, lembretes de telefone, peça ao seu sócio para lembrá-lo. Coloque uma nota física
em algum lugar que você vá olhar. Isso é extremamente importante - a maioria das pessoas pula esta
etapa e nunca pratica o seu novo hábito.
4. Sente-se e praticar diariamente. Comece amanhã, apenas 2-3 minutos. Conte ao seu sócio ou grupo
de trabalho quando você concluir. Esta é a prática: pense a respeito dos sinais vistos recentemente que te
mostram que você está se apegando a algo. Pelo menos por alguns dias, tente lembrar dos sinais dos
últimos dias. Quando você ficar bom nisso, tente enxergar o paradigma ao qual você está se apegando e
que estão causando esses sinais. Após mais alguns dias, pratique enxergar os danos que esses paradigmas
estão lhe causando. Dias depois, pratique o desapego desses paradigmas, com amor e compaixão. E então,
depois de ainda mais alguns dias, pratique enxergar as coisas e as pessoas como elas realmente são.
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Você não precisa praticar uma habilidade de cada vez, se estiver sendo fácil pra você. Caso consiga
enxergar com facilidade os sinais, paradigmas e os danos, pratique o desapego imediatamente.
Prática extra: Uma vez que você tenha ficado bom na prática acima, tente em sua sessão diária:
Considere que você vai morrer um dia. Todos ao seu redor vão morrer. As plantas e os animais ao seu
redor também vão morrer. Cada objeto em sua casa um dia vai quebrar ou apodrecer. Este é o processo
natural da vida – tudo está em constante mudança, e no lugar das coisas antigas, coisas novas estão sendo
criadas. Tudo é impermanente. Veja tudo mudando, morrendo, quebrando e sendo criado.
Agora, considere a impossibilidade de tentar manter tudo do mesmo jeito. Veja como tudo é temporário e
querer que seja permanente só fará com que você sofra. Veja que não querer que as coisas morram não
as impede de morrer - mas você desenvolve ansiedade pois fica desejando que as coisas não fossem do
jeito como são. Então, perceba como abrir mão do seu desejo, aceitar a natureza mutável das coisas e
desapegar de cada momento de mudança das coisas vai ajudá-lo a ser mais calmo e mais feliz. Adote o
desapego. Aceite a natureza mutável das coisas. Aceite a impermanência.
Mais uma prática: Esta sessão diária de desapegar-se é apenas o começo. Depois de ficar bom em cada
passo, comprometa-se a enxergar os sinais assim que eles acontecem - durante o dia e não apenas
durante a sessão. Você pode pular para a prática seguinte se tudo isso estiver fácil para você.
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Quando você vê os sinais acontecerem com facilidade, pratique os outros passos. Depois de algum tempo,
você vai ficar bom neste processo, especialmente quando não fizer interrupções longas. Quando suas
emoções estiverem exacerbadas, a prática do desapego pode ser mais difícil. Portanto, é melhor parar e
sentir a emoção, tentando não reagir até ter a chance de se acalmar e praticar o desapego.
Caso tenha dificuldade em desapegar: Muitas vezes, parte do processo de desapego pode ser muito
difícil. Eis o que eu sugiro:
• Pratique primeiro com coisas fáceis: pratique o desapego das posses com as quais você não se importa.
• Faça-o em pequenas doses: pratique abrir mão de um paradigma como se fosse apenas por um dia, não
para sempre.
• Pratique com pessoas que você não tenha dificuldades: Se houver um colega de trabalho ou parente
com quem você tenha um relacionamento conturbado, pode ser difícil desapegar. Pratique com pessoas
que você tenha um melhor relacionamento, já que esta é uma prática mais fácil.
• Pratique o desapego de um desejo por pelo menos 5 minutos, como a compra de algo ou beber um
pouco de vinho. Em seguida, pratique por mais 5 minutos. Somente então realize o desejo.
• Pratique desapegar das distrações por apenas 10 minutos de cada vez. Atenha-se a uma tarefa
importante, como escrever alguma coisa, e não se deixe levar pelas distrações. Deixe-as temporariamente,
enxergue o paradigma (provavelmente querer que as coisas sejam fáceis e confortáveis) e como ele está
prejudicando você.
Melhorando a prática: caso você se esqueça de praticar ou vacile na prática, há algumas coisas que você
pode fazer para melhorar:
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• Reporte-se diariamente ao seu sócio ou parceiro de trabalho. Enviem e-mails um ao outro com notas
sobre sua prática. Ou revise e compartilhe seu diário duas vezes por semana.
• Planeje sua prática para a semana. No final da semana, avalie quão bem você seguiu o plano e que
obstáculos te impediram de segui-lo. O que você pode fazer para superar esses obstáculos no futuro?
Melhore o seu plano na próxima semana, adicionando estas técnicas para superar seus obstáculos. Se você
se ativer a esse processo, você vai ficar melhor na prática ao longo do tempo.
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Capítulo 18
Como agir apComo agir apóós desapegars desapegar--sese
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Desapegar e ver as coisas como elas realmente são ... Este não é o fim. Agora há a questão de como agir
uma vez que você desapegou e voltou a sua atenção para a realidade.
Há algumas boas possibilidades para a prática:
• Aceite o momento pelo que ele é, seja grato por isso, e desfrute-o.
• Aceite as outras pessoas por quem elas são e desfrute da companhia delas. Basta estar com elas em
aceitação.
• Aceite-se por quem você é e seja feliz com você mesmo.
• Entenda que alguém (ou você mesmo) está agindo de determinada forma porque está sofrendo e tente
ter compaixão por ele.
• Veja que há um problema legítimo a ser resolvido, que não é a raiva que você e a outra pessoa estejam
sentindo (a raiva é apenas um sintoma). Mas abrir mão do paradigma e da raiva ajuda a você e a outra
pessoa a resolver o problema com mais calma e com compaixão.
• Desapegue do paradigma, veja a realidade como ela é e reaja a ela apropriadamente. Sem tomar tudo
como pessoal. Apenas aja de acordo com a realidade que se apresenta.
• Basta viver na realidade como ela é, sem julgamentos. Basta ser - não tente resolver um problema ou
alcançar algo, pelo menos por algum tempo.
• Coloque de lado as tentativas de controle – apenas deixe que as coisas aconteçam, estando presente
enquanto elas acontecem, sem tentar controlá-las.
• Veja a natureza impermanente da realidade ... Veja as coisas modificarem e fluirem a cada momento. Este
é um fascinante e esclarecedor processo de aprendizagem.
Existem outras possibilidades, é claro, mas estas são algumas instruções para pensar sobre como agir uma
vez que tenha decidido desapegar.
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Capítulo 19
O que nãoO que não éé desapegodesapego
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Há uma série de equívocos e objeções em relação ao conceito de desapego, principalmente porque ele faz
uma oposição à nossa forma comum de pensar. Estamos acostumados a tentar controlar as coisas,
tentando fazer coisas acontecem, tentando lutar por justiça e por como as coisas deveriam ser, tentando
levar as pessoas a agirem com consideração e equidade, tentando tornar o mundo e nós mesmos
melhores o tempo todo.
Aceitar não faz parte desta visão de mundo. Desapegar não faz parte da nossa visão de mundo.
Mas a compaixão, o amor, a dor e raiva fazem parte da nossa visão de mundo, portanto, devemos ver o
desapego e a aceitação como ferramentas para lidar com esses sentimentos.
O que o desapego não é:
1. Desapegar não é desistir. Vamos dizer que você esteja tendo uma briga – desapegar de um paradigma
faz parecer que você está desistindo e deixando alguém ganhar. Mas, na verdade, a luta não é para
ganhar, trata-se de resolver um problema e tornar o relacionamento melhor. Caso você não consiga
desapegar do que está te deixando com raiva, você pode falar com mais calma e compaixão e ter uma
conversa sadia sobre o que está errado (e não de quem é a culpa) e sobre como corrigir o problema. Você
pode até mesmo falar sobre sentimentos, compaixão, sem lançar sua ira para a outra pessoa. Não se trata
de desistir, mas de como resolver o problema de forma adequada.
2. Desapego não é sobre ser uma vítima. Se alguém fez algo ruim para você, claro que isso é horrível. E,
óbviamente, você ficou magoado, com raiva e sentiu-se violado. Não há nada de errado em sentir-se assim
e, na verdade você deve deixar-se sentir. Mas, muitas vezes, há um desejo de se vingar que é prejudicial
tanto para você quanto para a outra pessoa. E embora possa te fazer sentir melhor magoar a outra pessoa,
isso não torna as coisas realmente melhores.
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Isso não vai te fazer mais feliz . E o que acontece se você não pode realmente magoar a outra pessoa por
alguma razão? Você não se sentirá satisfeito. De qualquer maneira, você continua a sofrer muito mais. Mas
se em vez disso você desapegar do sofrimento (depois de permitir-se sentir a dor por algum tempo), você
pode começar a melhorar. Isso é a coisa mais importante - não a vingança. A cura te permite ser feliz, ao
invés de sofrer pelo crime de outra pessoa pro resto de sua vida.
3. Desapegar não quer dizer não melhorar. Muita gente acha que precisa de paradigmas para melhorar
suas vidas, melhorar a si mesmos. E desapegar dos paradigmas significaria não poder ser melhor. Em
primeiro lugar, se o paradigma ajudá-lo, não há necessidade de desapegar, mas se ele estiver te
prejudicando, então você deve tentar abrir mão dele, mesmo que isso seja difícil. Em segundo lugar, você
realmente só precisa ser melhor se você acha que não é bom o suficiente hoje ... e na verdade, você já
tem tudo o que você precisa para ser feliz. Você é bom o suficiente, se você pode aprender a desapegar
dos paradigmas que definiu para si mesmo e aceitar-se como é. Você já é ótimo. Agora, uma vez que você
aceita a si mesmo, ainda pode criar novos hábitos, não para tentar melhorar a si mesmo por causa de um
paradigma, mas porque é um ato de compaixão para consigo mesmo e para com os outros.
4. Desapegar não é deixar que os outros saiam ilesos. Sim, outras pessoas se comportam mal e sim,
você vai querer que eles paguem por isso ou sejam corrigidos. Mas se sair por aí tentando fazer justiça
neste mundo, você sempre vai estar com raiva, e realmente não vai modificar as pessoas. As pessoas não
mudam porque você grita com elas. Elas podem mudar se você desapegar da sua raiva e conversar com
elas sobre o problema com compaixão. Ou talvez não, mas de qualquer forma, você abriu mão da sua
raiva e está mais feliz.
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5. Desapegar não é deixar a sua casa ficar uma bagunça. Caso você tenha um paradigma de como a sua
casa deva ser (ou qualquer outra coisa similar), você pode ficar frustrado ou com raiva quando outras
pessoas não o ajudam a manter a casa limpa. Então você vai ficar ressentido, talvez insultá-las de alguma
forma. Isso não te fará feliz e não é positivo para os seus relacionamentos. Mas será que isso significa que
você deve injustamente fazer toda a limpeza sozinho ou que deve apenas deixar a casa se tornar um lixo?
Não necessariamente. Primeiro, se você puder desapegar do paradigma de que todos mantêm a casa
limpa, você deixar ir a raiva e o ressentimento. Isso permite que você fique mais calmo e aceite as pessoas
como elas são (e enxergar que eles estão sofrendo e que eles não tem bons hábitos para manter seu
paradigma). Ver as pessoas como elas são te ajuda a ter um relacionamento melhor com elas e também a
conversar com calma e compaixão para solucionar o problema. E se elas não quiserem resolver o
problema? Bem, você pode aceitar que não pode controlar as pessoas e, em vez disso, se concentrar no
que você pode controlar. O que pode ser frustrante somente se você considera que deve ser capaz de
controlar outras pessoas. Vocês podem chegar a um acordo em relação à casa. Você pode mudar-se caso
seus companheiros não forem sensatos. Mais efetivo seria ver se seu exemplo teria alguma influência
sobre eles. E continuar a conversar calmamente sobre seus sentimentos em relação à casa e esperar que
vocês possam chegar a uma solução para a contenda. De qualquer forma, faça isso sem ressentimento ou
raiva.
6. Desapegar não significa não fazer do mundo um lugar melhor. Tornar o mundo um lugar melhor é
ótimo, mas quando o seu paradigma sobre como o mundo deveria ser (que todos devem se comportar
perfeitamente e trabalhar em uníssono em direção das soluções que você deseja) estão te fazendo sofrer,
então é hora de parar de apegar-se a ele. Aceitar que o mundo não é o ideal, mas que é bom do jeito que
é. Uma vez que você se acalmou e aceitou o mundo como ele é, você consegue enxergar o sofrimento das
pessoas e agir com compaixão para tornar a vida delas melhor.
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7. Desapegar não é deixar que as pessoas se considerem certas quando elas estão erradas. Muitas
vezes, uma das maiores fontes de frustração é querer mostrar aos outros que estamos certos e eles estão
errados. Isso nos deixa com raiva e nos tornamos insistentes, levando os outros a agirem da mesma forma.
Essa situação causa infelicidade e prejudica as nossas relações . Em vez disso, podemos abrir mão do
paradigma de estarmos certos e aceitar que temos uma divergência. Como podemos com calma e
compaixão lidar com esta divergência? É importante esfregar na cara da pessoa que você está certo? Ou
ter um bom relacionamento e resolver as coisas é o melhor caminho a seguir?
8. Desapegar não é sobre abrir mão dos padrões de decência na nossa sociedade. As pessoas devem
tratar-se com consideração e respeito. Devem ser justas e não cortar o outro no trânsito. Estas são
algumas das normas que temos em sociedade – abrir mão das normas é abandonar os padrões de
decência na sociedade? Não ... é desapegar do paradigma de que todo mundo vai viver de acordo com
essas normas o tempo todo. Na realidade, muitas pessoas vão viver segundo os padrões e outros vão
violá-lo. Provavelmente eles estão sofrendo de alguma forma, o que não é desculpa para o mau
comportamento, mas pode nos ajudar a ter empatia e lidar com eles de maneira compassiva. Ajuda-nos a
perdoar. Talvez possamos ensiná-los sobre as normas, mas muitas vezes isso não é possível e aí devemos
desapegar da nossa frustração. Podemos ter discussões em grupo sobre os padrões e concordar com eles,
mas também sabemos que eles não serão completamente seguidos. E isso acontece.
Há muitas outras coisas que o desapego também não é, mas você pode notar o traço comum entre elas:
começa com desapego e a aceitação a realidade, para que possamos reagir de forma adequada e não
sofrermos mais do que o necessário.
E isso já é uma mudança tão grande no modo como a maioria de nós se comporta cotidianamente, que
vale a pena um pouco de prática.
67
Capítulo 20
Exemplos de desapegoExemplos de desapego
68
Então, como é desapegar-se no cotidiano? Vamos dar uma olhada em alguns exemplos do que você pode
fazer em diferentes situações através dessa prática.
• Seu colega de trabalho é rude com você. Sua reação inicial pode ser de raiva ou sentir-se ofendido
porque você está se apegando a um paradigma de como as pessoas deveriam tratá-lo. No entanto, a raiva
só vai tornar a situação pior e você vai ficar irritado e infeliz. E então você pratica desapegar do paradigma
e da raiva e, como alternativa, enxerga o sofrimento que seu colega de trabalho pode estar passando para
ter agido de determinada forma. Ou ele está sofrendo especialmente hoje e descontou em você (ele não
está lidando com seus problemas também) ou ele faz isso habitualmente, o que significa que ele está
sofrendo ao longo de sua vida. Você pode sentir empatia pelo sofrimento, como faz consigo mesmo, já
que você também descontou nas pessoas em outros momentos, então você sabe que é um erro humano.
Enxergando este sofrimento, empatizando com ele, você pode reagir de forma adequada, tentando aliviar
o sofrimento. Mais tarde, quando ele se acalmar, você pode tentar expressar de um maneira compassivo
que você sentiu por ter sido tratado de maneira rude e tentar trabalhar com ele um modo razoável para
ambos expressarem suas frustrações.
• Seu filho não limpar o quarto dele. Você está frustrado/irritado porque seu filho deveria se comportar
de forma diferente - ele não está sendo ponderado, você disse isso a ele mil vezes, etc. Sua raiva não é
causada por seu filho, mas por seu paradigma de como ele deveria se comportar. As ações dele não estão
de acordo com seu paradigma, então você está frustrado. Esta raiva fere seu relacionamento com ele
porque você reage e mostra como está infeliz com ele e ele fica na defensiva e cansado de você o atacar,
compreensivelmente. Mas você não está feliz. Então, por um momento, você deixa de lado o seu
paradigma, se acalma e enxerga seu filho pelo que ele é: uma boa pessoa, querendo ser feliz, que não tem
os hábitos corretos (nem você) ou talvez tenha prioridades diferentes das suas. A maneira dele ser feliz é
diferente da sua. Então aprecie seu filho por quem ele é, veja o que o faz feliz, abrace-o, passe um tempo
com ele enquanto você o aceita por quem ele é. E se há um problema com os hábitos de limpeza dele,
talvez você possa conversar calmamente sobre isso e encontrar uma solução que funcione para ambos,
reconhecendo que ele provavelmente vai falhar neste hábito e apenas precisa ser apoiado por você na
criação de novos costumes.
69
• Sua filha tem um chilique. Ela não está se comportando de acordo com seu ideal de uma criança
perfeita e então você está frustrado. Você explode, age com raiva e isso machuca a ambos. Ou em vez
disso, você abandona o seu ideal da maneira perfeita como ela deveria se comportar e aceita o seu
comportamento "mau". E depois vê que, na verdade, ela está frustrada e esta é a única maneira que ela
sabe se comportar quando se sente assim. Ela está lidando com os mesmos problemas de desapego que
você! E lidando mal. Sendo assim, você pode 1) enxergar o seu sofrimento; 2) consolá-la em seu
sofrimento e 3) começar a ensiná-la, pacientemente, melhores formas de lidar com a frustração, quando
ela se acalmar. Mas entenda que a forma como você lida com a sua frustração é o que ela vai aprender e
não o que você disser a ela. Portanto, dê o exemplo, desapegue e coloque a sua frustração de lado - e ela
vai aprender com isso.
• Seu pai está morrendo de câncer. Isto é, compreensivelmente, extremamente triste e você se sente
imediatamente a perda e o luto. Você sente isso por meses, enquanto ele está morrendo. Você gostaria
que ele estivesse melhor. Você gostaria que ele não morresse. Estes são os paradigmas (um pai saudável,
aquele que não vai morrer) e que, naturalmente, não estão em sintonia com a realidade. Então, o que você
pode fazer? Praticar o desapego destes paradigmas e aceitar o seu pai como ele é agora (alguém
morrendo) e também aceitar o seu sofrimento e o dele. Esteja com ele, em aceitação, e apenas o aprecie
por quem ele é. Seja grato por seu tempo com ele e por tudo o que ele lhe deu. Tenha compaixão por
ele, tentando ajudá-lo a passar por seu sofrimento. Reflita sobre a natureza de sua própria vida, veja que
você não tem muito tempo de sobra, e decida como você deseja gastar esse tempo que você tem –
querendo que as coisas fossem diferentes e sofrendo ou construindo relacionamentos, encontrando a
felicidade, fazendo os outros felizes.
70
• Sua esposa parece distante e desinteressada em você. Você está frustrado ou magoado porque ela
não está de acordo com o seu paradigma de como ela deve agir (com amor, calor e carinho o tempo
todo). Isso faz com que você reaja mal, prejudicando ainda mais relação e te tornando infeliz. Em vez
disso, tente abrir mão de como ela deveria agir, e a veja como ela está: sofrendo. Ela está passando por
algo e talvez você possa ter compaixão por ela. Talvez ela vá querer falar com você sobre isso ou ela
precise de espaço. Pense em um momento em que você precisou de espaço porque estava passando por
algum problema. Entenda que não é sobre você, mas sobre algo que ela está passando. Quando as coisas
estiverem mais calmas, você deve, definitivamente, ter uma conversa com ela sobre o que está
acontecendo e os dois podem encontrar uma solução em conjunto.
• Você tem muito o que fazer hoje. Isso faz com que você sinta ansiedade/estresse, porque o paradigma
é ter a quantidade de coisas suficientes a fazer e você realizá-las bem, com calma e felicidade. O estresse
faz com que você tenha um dia ruim e, talvez, você faça mal algumas das coisas que precisa realizar
porque não consegue se concentrar completamente, devido ao estresse. Em vez disso, tente colocar de
lado o seu paradigma. Aceite seu sofrimento, console-se. Aceite a situação: você tem uma tonelada de
trabalho e tempo limitado. Use o tempo com sabedoria, fazendo uma coisa de cada vez, da melhor
maneira possível dadas as suas limitações e, em seguida, faça a próxima coisa. Renegocie demandas se
ficar óbvio que você não conseguirá cumprir os prazos. Você não pode fazer mais de uma coisa por vez,
portanto, mantenha o foco, faça seu trabalho e aceite as suas limitações. E na verdade, se você praticar
este método de uma tarefa por vez, você pode aprender a trabalhar com foco, calma e ser feliz em seu
trabalho.
71
• Você deseja se exercitar mas fica adiando. Você não está vivendo de acordo com os seus paradigmas
de quão disciplinado você deveria ser e isso te frustra e faz você se sentir mal sobre si mesmo. Você
conforta a si mesmo com comida e tv por estar se sentindo mal. Isso só faz você se sentir pior a longo
prazo, porque você não consegue se organizar. Em vez disso, abra mão do paradigma de quão
disciplinado você deve ser. Aceite que você está sofrendo, que você tem muito a fazer, está cansado e isso
faz você querer procrastinar a atividade física. Tenha compaixão por este sofrimento. E veja o exercício
como uma forma compassiva para aliviar o sofrimento - alivia o estresse e faz você se sentir melhor sobre
si mesmo. Esqueça os sentimentos ruins sobre fracassos passados , descubra um plano que irá ajudá-lo a
superar seus obstáculos (dormir mais cedo, se você está cansado, exercitar-se no horário do almoço, se
você não pode fazê-lo depois do trabalho , etc.) Esteja presente no momento do exercício, em vez de ficar
desejando que o exercício seja o que ele não é (fácil e confortável) .
• Você aguardava seu visto para uma viagem ficar pronto para hoje mas isso só vai acontecer na
próxima semana. Isso vai arruinar o planejamento da sua viagem! É incrivelmente frustrante porque você
esteve fantasiando sobre isso por dois meses, já fez planos com os amigos, tem uma importante reunião e
agora você vai ter que desapontar todo mundo. A vida não está de acordo com o seu paradigma de tudo
acontecer perfeitamente, você ter a viagem perfeita, não desapontar ninguém. Então, você está super
frustrado, zangado com o consulado, desejando que as coisas fossem diferentes. Sua raiva não vai fazer o
visto chegar mais rápido, ela só te fará infeliz. Em vez disso, desapegue-se do seu paradigma - que não
existe na realidade e nem vai existir. Ele só está te causando infelicidade. Olhe para o seu sofrimento,
aceite-o, conforte-o. Aceite que a viagem não está vai acontecer como o planejado. Diga às pessoas que
as coisas mudaram. Faça um novo plano baseado na realidade das novas circunstâncias. Entenda que esta
nova realidade não é muito pior do que o que você esperava - só é pior se você compará-la com sua
fantasia. A vida não é a sua fantasia, então desapegar da fantasia e apreciar a realidade vai ajudar muito.
72
• Você está infeliz com seu corpo. Seu corpo não atende à sua idealização de como ele deve parecer -
magro, com seios grandes, músculos ou o que quer que seja. Então você se sente infeliz consigo mesmo, e
para minimizar essa infelicidade talvez você coma e torne as coisas piores. Seu paradigma está causando
infelicidade. Em vez disso, coloque o ideal um pouco de lado. É apenas uma fantasia. Aceite a realidade do
seu corpo – ele é realmente incrível do jeito que é, se você puder aprender a ver beleza nele. Pense sobre
todas as coisas incríveis que ele pode fazer! Lembre como ele te serve todos os dias. Wow! Que ótimo
corpo! OK, ele não atende a imagem de uma modelo de capa de revista, mas isso é apenas uma fantasia
projetada para levá-lo a comprar revistas e roupas. Em vez disso, tenha compaixão pelo seu sofrimento.
Aceite que você está acima do peso, e calmamente descubra o que você pode fazer para ficar mais
saudável. Você nunca vai chegar a um corpo ideal (que é fantasia), mas você pode 1) aprender a ser grato
pelo seu corpo como ele é e 2) focar na saúde. Faça coisas saudáveis como comer vegetais e menos junk
food, exercite-se e medite. Isso é mais produtivo do que ficar comparando o seu corpo com uma fantasia.
Existem, obviamente, dezenas de outros exemplos que eu poderia escrever, mas se você ler
cuidadosamente os exemplos acima, verá um padrão que emerge e será capaz de aplicá-lo a qualquer
situação:
73
1. Veja como o paradigma faz você sofrer;
2. Veja como o paradigma torna a situação pior do que ela é (você ficar com raiva só prejudica o seu
relacionamento, você ficar infeliz o leva a consolar-se com comida, etc.);
3. Tente colocar de lado o seu paradigma e raiva;
4. Olhe para o seu sofrimento, aceite-o e conforte a si mesmo;
5. Veja a outra pessoa ou a situação como ela realmente é. Veja que a outra pessoa sofre muito. Aceite o
outro como ele é, aceite a situação como ela se apresenta;
6. Pratique a compaixão;
7. Lide calmamente e de forma adequada com a situação. Encontre maneiras de torná-la melhor, se houver
um problema a ser resolvido. Seja grato pelas coisas como elas são.
Claro, você não vai sempre estar de acordo com este padrão ideal. Você vai lidar mal com as coisas, como
todos nós fazemos. E não há problemas nisso. Analise o que aconteceu, em retrospecto, e veja como você
poderia ter feito de outra forma, de que forma usar o padrão acima poderia ter ajudado. Em seguida, tente
praticá-lo da próxima vez.
74
Capítulo 21
Para onde ir depoisPara onde ir depois
75
Você chegou ao final deste livro, mas isso pode ser apenas o começo da sua jornada.
Depende de você.
Você vai acenar com a cabeça lendo este livro e dizer "ideias interessantes" e depois seguir em frente com
sua vida como antes?
Ou você vai comprometer-se com a prática do desapego, e ver se ela trará alguns benefícios à sua vida?
Minha hipótese é que se você praticar o desapego, vai perceber-se menos bravo, irritado e frustrado. Vai
desejar que as coisas fossem diferentes com menos frequência, perguntar-se por que tem que sofrer cada
vez menos e vai estar cada vez mais presente.
Mas esta é apenas uma hipótese. Nós realmente não saberemos até que você teste.
Experimente por algumas semanas. Comprometa-se com outra pessoa. Comprometa-se com uma prática
diária de 2-3 minutos. Coloque lembretes.
Sente-se por alguns minutos e pratique.
Veja o que acontece.
E então me conte: Letting Go Results: https://docs.google.com/forms/d/1zb5E7BZNPyxTq8Vo17vkzYof8gAg5NsVxuJEm6H3JuM/viewform
Você pode me contar como foi e se você tiver dúvidas ou obstáculos que você gostaria de compartilhar.
Realmente seria de grande ajuda.
76
Obrigado por lerem isto, meus amigos.
Aproveitem a jornada.
Leo Babauta
Zen Habits
http://zenhabits.net

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O One Skill

  • 1. TheThe OneOne SkillSkill Como dominar a arte de desapegar-se vai mudar a sua vida LeoLeo BabautaBabauta Tradução: Priscila Sganzerla http://devaneiosemetamorfoses.blogspot.com.br
  • 2. 2 Este livro foi escrito por gratidão aos meus maravilhosos leitores, que têm sido fonte constante de encorajamento e apoio durante todos esses anos. Isto significa mais do que posso expressar. Obrigado.
  • 3. 3 Sem direitos autorais Este trabalho é livre de direitos autorais e está em domínio público. O autor completa e explicitamente libera de qualquer direito autoral. Nenhuma permissão é exigida para reedição de toda e qualquer parte deste livro, embora atribuir a fonte seja apreciado.
  • 4. 4 Índice 1. Porque desapegar-se...................................................................................................................................... 7 2. Lidando com a procrastinação..................................................................................................................... 11 3. Lidando com o medo................................................................................................................................... 14 4. Lidando com pessoas difíceis...................................................................................................................... 17 5. Lidando com distrações............................................................................................................................... 20 6. Lidando com hábitos................................................................................................................................... 23 7. Lidando com posses.................................................................................................................................... 26 8. Lidando com a resistência alheia................................................................................................................. 29 9. Lidando com a mudança.............................................................................................................................. 32
  • 5. 5 10. Lidando com a perda..................................................................................................................................... 35 11. Desenvolvendo a habilidade de desapegar.................................................................................................... 39 12. A 1ª habilidade – Perceber os sinais............................................................................................................. 42 13. A 2ª habilidade – Identificar o paradigma................................................................................................... 45 14. A 3ª habilidade – Considerar o dano............................................................................................................. 48 15. A 4ª habilidade – Desapegar com amor........................................................................................................ 51 16. A 5ª habilidade – Enxergar a realidade......................................................................................................... 53 17. Praticando as habilidades.............................................................................................................................. 55 18. Como agir após desapegar-se........................................................................................................................ 60 19. O que não é desapego.................................................................................................................................... 62 20. Exemplos de desapego.................................................................................................................................. 67 21. Para onde ir depois........................................................................................................................................ 74
  • 6. 6 Sobre o autor Leo Babauta é o criador do Zen Habits, um blogue sobre simplicidade, hábitos e atenção plena. Ele mora em São Francisco com a esposa e seis filhos. Leo começou sua jornada de mudança de vida em 2005, quando parou de fumar e então dedicou-se a correr. Durante o ano seguinte, ele correu uma maratona, perdeu mais de 13 quilos (no final, quase 32 quilos), tornou-se vegetariano e mais tarde vegano, reduziu e depois eliminou suas dívidas, começou a acordar mais cedo, a procrastinar menos e livrou-se de toda sua tralha acumulada. Ele começou o Zen Habits para compartilhar o que aprendeu sobre mudar uma dúzia de hábitos e hoje auxilia pessoas a mudarem a vida delas através de seus livros e seu programa Sea Change Habit.
  • 8. 8 A raiz de todos os nossos problemas é a nossa inabilidade de desapegar. Há poucos anos eu pincei esta ideia de um livro de Zen Budismo e ela me atingiu por sua simplicidade. Isto poderia ser verdade? Considere essa ideia: um pássaro em voo. O pássaro vive totalmente aquele momento, completamente focado no seu voo, provavelmente usando sua visão afiada para procurar por alimento. Ele não começa a pensar “Por que está fazendo tanto frio aqui? O que os outros pássaros pensam de mim? O que vou fazer quando encontrar os outros pássaros mais tarde? Serei bem sucedido na construção do ninho? Por que não posso ter um peito maior? Por que não posso acordar mais cedo como os outros pássaros?” E assim por diante. É claro, como humanos temos cérebros maiores que o pássaro e podemos resolver problemas, criar poesias e construir arranha-céus. Então possuímos muito mais habilidade e muito mais coisas acontecendo em nossos cérebros do que o simples flutuar do pássaro ao vento. Esses grandes cérebros, no entanto, nos causam todos os problemas que temos. Eu não me refiro a problemas como pobreza e doenças, mas aos problemas relacionados às nossas cismas, sentimentos de ansiedade, frustração, depressão, raiva sobre as coisas que nos acontecem, podem nos acontecer e já aconteceram, mas que não conseguimos parar de pensar sobre. Então eu vim testando essa ideia Zen nos últimos anos e os resultados têm sido surpreendentes: eu reduzi meu estresse, comecei a procrastinar menos, melhorei meus relacionamentos, aumentei minha habilidade para lidar com mudanças, aprendi a modificar hábitos difíceis e me tornei mais presente em minha vida.
  • 9. 9 É difícil exagerar no caso da habilidade do desapego. Mas a resistência que a maior parte das pessoas sente em relação à ideia de desapegar-se é imensa. Vamos a alguns exemplos (serei mais detalhado nos capítulos seguintes): * Estresse: nosso estresse se origina de querermos as coisas de uma certa forma – e então nos estressamos quando as coisas inevitavelmente não acontecem da maneira esperada. Mas se pudéssemos desapegar de como gostaríamos que fossem, aceitar e apreciar a realidade como ela é, o estresse iria embora. * Procrastinação: nós procrastinamos pelo medo do fracasso, considerar tarefas difíceis, confusas, desconfortáveis. Mas se pudéssemos nos desapegar da ideia de querer que as coisas sejam fáceis, bem sucedidas, confortáveis... e somente aceitar que há uma vasta gama de experiências, nós apenas faríamos o que houvesse a ser feito. * Hábitos e distrações: a propósito, a maior parte das pessoas tem muita dificuldade em mudar hábitos por essa mesma razão – nós procrastinamos em relação a um hábito assim como procrastinamos em relação às nossas tarefas. Também nos perdemos em distrações pelas mesmas razões. * Irritação / Frustração com as pessoas: nós ficamos irritados com as pessoas porque elas não se comportam como gostaríamos. E isso danifica nossas relações porque ficamos irritados com as pessoas. Isso nos torna menos felizes. Em vez disso, poderíamos nos desapegar do desejo de querermos que elas ajam de uma determinada forma, aceitá-las como elas são e somente estar com elas. Tornando a relação muito melhor – percebi isso com meu pai, minha esposa, meus filhos. * Perda e morte: quando um ente querido morre, perdemos o emprego ou temos uma doença grave, são perdas que causam luto e sofrimento. E já que são inevitáveis (e devemos aceitar nosso luto), ser capaz de desapegar-se nos ajuda a lidar com essa perda.
  • 10. 10 * Estar presente: muitos de nós gostariam de estar mais presentes na vida, para que nós não a percamos enquanto ela acontece e possamos apreciá-la por completo. Imagine ter um prato delicioso à sua frente e você o come – porém, está pensando em trabalho enquanto mastiga. Você estará perdendo todos os sabores presentes no prato. Mas se puder dar-lhe sua atenção plena, poderá apreciá-lo por completo. A vida é exatamente isso... estamos tão obcecados pensando sobre outras coisas, que não podemos estar presentes no momento. Podemos aprender as nos desapegar do pensamento orientado para o futuro – ou passado – e estarmos mais presentes. * Medo: a fonte dos nossos problemas é o medo – da procrastinação a não iniciar um negócio ou estar acima do peso – e a origem do medo está atrelada a como gostaríamos que as coisas fossem. Falarei mais sobre isso depois, mas por agora, é suficiente saber que se nos desapegarmos ou nos desprendermos sobre como realmente gostaríamos que as coisas fossem, poderemos nos desprender do medo também. Esta é somente uma amostra, mas você pode começar a perceber como o desapego torna-se uma incrível habilidade que pode te fazer melhor para lidar com todos os problemas da vida. E desapego é uma habilidade que pode ser treinada. Não é fácil, mas pode ser aprendida se praticada por apenas cinco minutos por dia. Espantosamente, esta curta prática diária de 5 minutos, por mais simples que possa parecer, acrescenta muito. Neste livro conciso, veremos como o desapego funciona em relação a diferentes tipos de problemas e como podemos desenvolver e praticar a habilidade do desapego.
  • 11. 11 Capítulo 2 Lidando com aLidando com a procrastinaprocrastinaççãoão
  • 12. 12 Todo mundo procrastina, mas por que? Por medo: medo do fracasso, medo de algo difícil, desconfortável ou confuso. E de onde vem esse medo? De um paradigma: de que vamos ter sucesso, as coisas serão confortáveis e fáceis, de que vamos saber o que estamos fazendo. Vamos pegar o caso de Nathan, que tem uma dissertação para escrever. Ele vem adiando isso há meses. Eu sei, ele é provavelmente a primeira pessoa a adiar a escrita de uma dissertação. O que está o impedindo? Bem, é uma tarefa árdua, complicada e um pouco confusa. Ele sabe que vai levar dias, mesmo semanas para trabalhar, e por isso é construída uma imagem em sua cabeça. Ele nem sequer sabe por onde começar, e o pensamento de ter que fazer toda aquela tediosa pesquisa e escrita é assustador. É tudo assustador. Assim, o medo de tudo isso faz sua mente querer correr para as coisas mais fáceis: leitura on-line, mídias sociais, assistir a programas de TV. O medo de Nathan vem de um paradigma o qual ele nem sequer se dá conta, mas que, no entanto, está lá. O paradigma é que a vida será confortável e fácil. Que ele vai saber o que está fazendo e sentir-se competente e bem sucedido. Quando as coisas não vão ao encontro deste paradigma, ele as evita. Quando você tem um paradigma, você não o refuta. Você se apega a ele e, na sua mente, ele se torna real. Então, o que Nathan pode fazer a respeito dessa idealização que está causando o medo e a subsequente procrastinação? Como é que ele pode superar tudo isso e trabalhar na sua dissertação?
  • 13. 13 Ele pode desapegar do seu paradigma. A vida não tem que ser fácil - na verdade, através de coisas difíceis é que alcançamos coisas de valor. A vida não tem que ser confortável – pois quando saímos da nossa zona de conforto, crescemos. Ele não tem que saber o que está fazendo - quando fazemos as coisas sem saber como, aprendemos coisas novas, novas habilidades e ficamos melhores nelas. Ele pode ser grato à dificuldade que conduz à realização, ao desconforto que leva ao crescimento, à incerteza que provoca o aprendizado. Ele pode abrir mão do paradigma, e então nada será tão assustador. Ele pode aceitar que as coisas vão ser difíceis e desconfortáveis, compreender isso, e fazê-lo de qualquer maneira. Ele pode estar presente na tarefa, e fazê-la a seu momento. Desapegar, aceitar, abraçar, estar presente, fazer. A cura para a procrastinação.
  • 14. 14 Capítulo 3 Lidando com o medoLidando com o medo
  • 15. 15 Não é apenas a procrastinação que é causada pelo medo - praticamente todos os nossos problemas estão enraizados no medo. Com origens mais profundas em nossos paradigmas/expectativas/fantasias, como vimos no último capítulo. Vamos dar uma olhada em alguns outros problemas comuns causados pelo medo: 1. Dívida: Existem muitas causas possíveis, mas muitas vezes você está gastando mais do que você ganha por causa de um hábito de compras ou o medo de deixar de lado alguns dos confortos aos quais você está acostumado. O hábito de comprar pode ser causado pela ansiedade (medo de que algo que você deseja não vai acontecer) ou a solidão (medo de não ser bom o suficiente) ou querer que sua vida seja melhor do que é (medo de que você não esteja tão bem quanto pensa). Abrir mão do conforto (como a sua Starbucks matinal, ou sua bela casa ou carro) pode ser difícil se você tem medo de desconforto, medo de que você não vai ficar bem se a sua vida for menos confortável, medo de que os outros vão julgá-lo se a sua casa/carro/roupas não forem tão legais. 2. Problemas de relacionamento: Existem, obviamente, muitas causas possíveis (incluindo a de que a outra pessoa tenha problemas maiores, mas você sempre deve olhar para si mesmo também) ... mas alguns medos que causam problemas de relacionamento incluem o medo de abrir mão do controle (aquele que faz com que você deseje controlar a outra pessoa), medo de que você não seja bom o suficiente, medo de abandono e outros problemas de confiança, o medo de não ser aceito, medo de concordar com outra pessoa (na verdade, este é um problema de medo do controle). 3. Não conseguir exercitar-se: Mais uma vez, muitas causas, mas algumas delas são: não ter tempo suficiente (medo de abandonar algo que você está acostumado a fazer), o exercício ser muito difícil (medo de desconforto), distrações como TV e Internet (medo de perder o que está acontecendo, medo de desconforto). 4. Não conseguir alterar a dieta: O mesmo que a questão do exercício. Embora, muitas vezes, existam também questões emocionais, caso em que os medos podem ser muito similares aos que conduzem aos problemas financeiros e de hábito de compras.
  • 16. 16 5. Não estar fazendo o trabalho que ama: Talvez você não saiba o que deseja fazer, o que significa que você não se comprometeu realmente a explorar suas opções (medo de falhar), ou você sabe, mas não se jogou de cabeça (medo do fracasso), ou tem receio de não ser bom o suficiente. 6. Estresse com o trabalho escola: Você tem muitas coisas para fazer, mas a quantidade não é o problema. A quantidade é um fato objetivo e ou você tem tempo suficiente para fazê-lo (e talvez fazê-lo bem) ou você não tem. O verdadeiro problema é que você está preocupado em fazer tudo, o que significa que você tem um ideal (eu farei tudo a tempo e de maneira perfeita) e você tem medo de que este ideal não se torne realidade. Assim, o medo é pautado no paradigma, mas o paradigma não é realista. Você não vai fazer tudo perfeitamente e a tempo. Ninguém faz. Aceite a realidade de que você vai fazer o possível, dentro da sua capacidade e, se você falhar, vai aprender a partir disso e é assim que o mundo funciona. Ninguém é perfeito. O ideal não existe na realidade. E assim por diante. Todos os outros problemas são uma manifestação do que acontece nos exemplos acima. O medo do fracasso, medo de não ser bom o suficiente, medo de abrir mão do controle, medo de ficar sozinho, medo de abandono, medo de desconforto, medo de perder, medo de que você ou a sua vida não sejam suficientemente bons, medo de que um ideal não se torne realidade. Todos esses medos decorrem de paradigmas, de uma falta de confiança em si mesmo e no momento presente. Se pudermos praticar o desapego dos paradigmas e começarmos a aceitar e confiar em nós mesmos e no momento presente, então poderemos superar muitos problemas. Os problemas estão enraizados no medo que, por sua vez, tem origem nos paradigmas. Deixe de lado os paradigmas.
  • 17. 17 Capítulo 4 Lidando comLidando com pessoas difpessoas difííceisceis
  • 18. 18 As pessoas podem ser frustrantes, de rudes motoristas na estrada, colegas de trabalho cujos hábitos te irritam até crianças que não fazem o que você solicita. E embora eu não esteja dizendo que devemos nos contentar com o comportamento horrível de outras pessoas, deixar de lado a forma como queremos que eles sejam pode nos fazer muito mais felizes. Vamos pegar Marie como um exemplo: ela ficou brava porque Scott, seu colega de trabalho, estourou com ela e foi muito rude e ofensivo. Não há desculpa para o mau comportamento de Scott ... mas Marie responder com raiva, provavelmente não vai ajudar a situação. Nem deter-se raivosamente sobre ele vai fazer Marie muito feliz. Existem algumas coisas a serem observadas aqui: 1. Scott é, provavelmente, está tendo um dia ruim. Ou simplesmente não é bom em lidar com o estresse, ou se expressar muito bem. Seja qual for o problema, está enraizado nele, não em Marie. Assim, ela não deve tomar suas ações como pessoais - a grosseria e raiva não eram realmente sobre ela. 2. Mesmo que Scott tivesse alguma questão legítima a respeito do comportamento de Marie (talvez ela tenha feito algo errado), ele poderia ter apontado de maneira calma ou construtiva. Ele não fez isso, portanto, enquanto Marie compreende o ponto-chave (não use Comic Sans para relatórios comerciais), ela não precisa se desgastar muito com a raiva dele. Ele tem um problema de raiva, não ela. 3. Marie pode e deve responder a Scott, mas responder com raiva não vai ajudar. Se ela pode abrir mão da resposta raivosa (que naturalmente cresce), ela pode responder com calma e de maneira construtiva.
  • 19. 19 4. Não é responsabilidade de Marie mudar Scott. Ela não pode forçar que ele seja uma pessoa mais agradável, mesmo que ela tentasse. Em vez disso, ela pode mudar sua própria resposta, que é a sua responsabilidade. 5. No entanto, Marie pode agir com compaixão aqui, mesmo que ela não sinta que Scott “mereça”. O que ele merece não é o foco. Se ele está sofrendo, ela pode ser altruísta e tentar ter compaixão pelo sofrimento dele (e o dela própria). Isso irá melhorar a situação e possivelmente torná-los ambos mais felizes. Agora, eu entendo que muitas pessoas vão se ater ao que é "certo" nesta situação. Scott está errado e merece ser punido ou corrigido, mas definitivamente não deve ser perdoado ou tratado compassivamente. Este é o problema: o nosso paradigma sobre o que é “certo". Não existe um correto absoluto - este é apenas um paradigma que nós criamos. Temos a expectativa de que todos agem da maneira "correta", mas isso não acontece na realidade. Ater-nos aos nossos paradigmas – que não correspondem à realidade - sobre como todos deveriam agir, é o que nos causa raiva, frustração, estresse, decepção. Em vez disso, podemos nos desapegar deles e aceitar a realidade. Qual é a realidade? Scott está sofrendo, tem problemas de raiva, está estressado em relação a alguma coisa e agiu mal. Marie pode aceitar isso, abrir mão de seus paradigmas e da raiva resultante e então responder com compaixão e calma. Ela pode lidar com Scott, da forma apropriada, ao invés de agir com raiva e de maneira inadequada. Não é fácil, mas abrir mão de paradigmas, aceitar a realidade e agir de forma adequada e com compaixão pode ser possível.
  • 20. 20 Capítulo 5 Lidando comLidando com distradistraççõesões
  • 21. 21 Distrações são a outra face da procrastinação - nós não queremos nos concentrar em apenas uma coisa porque é desconfortável ou difícil e, por isso, nos deixamos levar por distrações. Essas distrações são confortáveis e fáceis. Somos bons nisso. Nós não as tememos, não temos receio de falhar nelas, nem sentimos medo do desconforto ou da incerteza. De videogames, passando pela leitura on-line, mídias sociais até a TV, são para as distrações que as nossas mentes querem correr. Então, como vamos lidar com o poder de atração dessas distrações? Não é de surpreender, podemos praticar o desapego. Tente esta pequena prática para se desvencilhar: 1. Veja qual tipo de distração te atrai e qual apelo ela tem pra você. Talvez seja sua validação ou uma pequena dose de alguma coisa interessante ou divertida. Este apelo é o que você está desejando, a razão pela qual você está atraído por ela. 2. Agora veja as desvantagens desta distração. Como ela está te afetando? 3. Veja a impermanência desta distração - ela lhe dá um prazer temporário mas não uma felicidade duradoura. Você consegue algum prazer, mas em seguida precisa de outra dose logo em seguida e assim por diante, infinitamente. 4. Tente abrir mão da distração, apenas por pouco tempo. Em vez disso, pratique o contentamento com sua vida sem a distração. A que, em sua vida sem distrações, você pode ser grato?
  • 22. 22 5. Que outras fontes de felicidade você pode encontrar dentro de si mesmo, e não fora de você (como as distrações)? Você pode se contentar com você mesmo? Pode desfrutar da atividade que está à sua frente, como a leitura de um romance, escrever algo ou passar um tempo na natureza? 6. Note a liberdade que resulta do desapegar da distração. Isso é uma coisa boa. Essa prática, em pequenos passos, não é difícil. Experimente agora, por alguns minutos. E então, novamente. Você vai ficar melhor com a prática.
  • 23. 23 Capítulo 6 Lidando comLidando com hháábitosbitos
  • 24. 24 Construir um novo hábito é bastante simples: você coloca em prática o hábito que você deseja (digamos, exercício) logo após um gatilho (por exemplo após o café da manhã) e vai repetir isso tantas vezes que se tornará automático. Depois de algum tempo, quando o gatilho acontece, o desejo de realizar o hábito surge automaticamente. Então, por que nós temos dificuldade em formar tais hábitos? Acontece que algumas coisas ficam no caminho desse processo simples: • Medo de realizar o novo hábito. Exercícios e meditação são dois bons exemplos - as pessoas têm receios sobre eles (eles são difíceis, desconfortáveis, confusos, etc) e então eles são evitados e, no lugar deles, corremos para as distrações. • Estar cansado ou coisas surgindo no caminho. Estas são razões legítimas para não se praticar um hábito. Mas se estamos comprometidos com o novo hábito, podemos descobrir soluções para esses obstáculos, como ir para a cama mais cedo ou planejar com antecedência para encontrar tempo para o hábito caso alguma coisa surja no caminho. Então é um processo de aprendizagem, mas o que realmente atrapalha é que acabamos desistindo quando falhamos, porque idealizamos que vamos ter sucesso instantaneamente. • Os velhos hábitos custam a morrer. Quando começamos um novo hábito, estamos modificando um velho hábito. Exercitar-se está substituindo a leitura do Facebook e dos blogs na parte da manhã. Então, instaurar um novo hábito requer abrir mão conscientemente do antigo hábito e voluntariamente realizar o novo hábito até que se torne mais automático e rotineiro.
  • 25. 25 Não são obstáculos intransponíveis, mas cada um exige que se abra mão de alguma coisa: 1. Desapegue do que está te causando medo. 2. Deixe de lado o paradigma de que vai ter sucesso imediatamente, aceite o fracasso como parte do processo de aprendizagem e, conscientemente, continue a encontrar maneiras de melhorar. 3. Deixe de lado os velhos hábitos e voluntariamente coloque um novo hábito em seu lugar. E assim, a habilidade de desapegar pode ajudar-nos a formar novos hábitos de maneira consciente.
  • 27. 27 Uma das melhores coisas que eu já fiz foi destralhar a minha vida, livrando-me de um monte de lixo e posses desnecessárias - móveis, roupas, gadgets, ferramentas, livros, pratos, relíquias de família e muito mais. Ter a casa organizada é uma e alegria para mim. Mas ainda mais importante, eu aprendi sobre mim mesmo ao longo do processo de desapego das minhas posses. Por que, afinal, eu tinha acumulado tantas coisas? Acontece que a minha família (inclusive eu) tinha o hábito de comprar por impulso ou por tradição. Também era comum adquirir coisas sem desfazer-se das antigas. Nós armazenávamos coisas em depósitos para abrir espaço para outras mais novas e depois esquecíamos do que tínhamos. Mas por que eu estava me apegando? Muitas dessas posses eram surpreendentemente fáceis de me livrar - mas separar-me delas, em muitos momentos, também foi muito difícil. Eu tinha ligações emocionais com aqueles objetos. Acontece que eles estavam servindo a necessidades emocionais minhas: eles faziam-me sentir seguro e protegido, eles me deram conforto, deram-me memórias (e amor), eram a esperança que eu tinha para o futuro (livros não lidos e equipamentos esportivos). Na verdade, eu não precisava desses itens para suprir qualquer uma dessas carências emocionais - eu poderia encontrar essas necessidades de outras maneiras, sem posses. E assim, desapegar desses objetos significou abrir mão do que eu pensava que esses bens significavam para mim. Significou abrir mão de quem eu achava que era quando possuía esses objetos. Significou abrir mão da vida que eu tinha quando essas posses estavam em minha vida. Foi um processo maravilhoso este desapegar. Ele me ensinou que eu era capaz de viver feliz sem coisas que eu achava que eram necessidades.
  • 28. 28 Eu aprendi que desapegar pode ser, ao mesmo tempo, doloroso e alegre, um processo de perda e de libertação.
  • 29. 29 Capítulo 8 Lidando comLidando com a resistência alheiaa resistência alheia
  • 30. 30 Muitas vezes queremos que as outras pessoas mudem ou queremos fazer uma mudança mas outras pessoas que resistem a ela. Por que elas não podem simplesmente desapegar e aceitar a mudança? Porque nós não podemos forçar a mudança em outras pessoas – nós não as controlamos. E assim, desapegar torna-se um processo de aceitar que não podemos controlar as outras pessoas ou mesmo controlar qualquer coisa no mundo. A vida não é algo que possamos controlar não importa o quanto tentemos. Desapeguemos da nossa ilusão de controle. Um bom exemplo disso é quando você se torna pai: no início, você parece poder controlar a vida de seu filho completamente, porque você tem controle sobre sua casa, roupas, comida, diversão. Você pensa que está moldando esta criança para ser o ser humano que você gostaria que ela fosse. À medida que crescem, isso se torna muito frustrante. Eles não se comportam da maneira que você gostaria. Eles não estão interessados nos hobbies que você gostaria para eles. Eles nem sempre têm os valores que você desejaria que eles adotassem. Eles não concordam com muito do que você diz. Você deseja controlá-los, mas eles resistem. Acontece que eles são eles mesmos. São independentes, pessoas únicas e eles crescerão as pessoas que eles desejam se tornar. Você tem alguma influência nisso, é claro, mas não controle. Na verdade, nós nunca tivemos realmente o controle. Mesmo quando eles são bebês e crianças, nós controlamos seu ambiente mas eles decidem como internalizar isso, e bebês diferentes reagem de formas diferentes. E nós reagimos às suas reações, então, na verdade, eles nos mudam tanto quanto nós os mudamos.
  • 31. 31 Isso se aplica a todas as pessoas em nossas vidas. Nós não as controlamos e nem podemos. Podemos influenciá-las. E elas nos influenciam também. Abra mão de querer controlar as pessoas, de querer mudá-las. É natural que elas resistam. Em vez disso, concentre-se em si mesmo e seja exemplo. Tenha compaixão. Veja se você pode ajudar de uma forma que as pessoas achem útil.
  • 32. 32 Capítulo 9 Lidando comLidando com a mudana mudanççaa
  • 33. 33 Uma das verdades que eu aprendi é que tudo - cada pessoa, cada situação, cada objeto, cada ser - é impermanente. Não somos seres permanentes. Mesmo o “self” que pensamos ser, está em constante mutação - há alguma continuidade, talvez, mas não o mesmo “self”. Todo mundo é assim. Mesmo objetos que parecem permanecer os mesmos não são. Eles estão se decompondo, envelhecendo, fossilizando, sofrendo as ações do tempo, tornando-se frágeis. Esta impermanência é assustadora e também é libertadora. Quando podemos enxergar essa natureza impermanente em tudo ao nosso redor, em nós mesmos, em nossas vidas ... vemos que estamos nos apegando a nada. É como esticar as mãos para agarrar o vento. E este apego, esta tentativa de agarrar-se a algo que nunca será o mesmo, nunca perdura ... é por isso que estamos sofrendo. É por isso que temos medo das coisas, é a razão de ficarmos procrastinando e correndo para distrações e porque ficamos estressados, irritados e frustrados. Essa mudança constante, essa impermanência e a perda que vem com ela (estamos constantemente perdendo nossas vidas, perdendo a nós mesmos como nos conhecemos) ... isso é assustador. Queremos que as coisas permaneçam as mesmas e, ainda assim, isso nunca acontece. É por isso que nós sofremos. Então, como podemos lidar com esse medo da mudança constante, da impermanência e das perdas? Podemos começar por aceitá-las. É a realidade da vida. Nós não podemos mudar a impermanência – nossa e da vida, Podemos lutar contra isso e sofrer ou podemos aceitar.
  • 34. 34 E podemos enxergar liberdade nesta impermanência. Se nunca permanecemos os mesmos, então sim, estamos perdendo esse paradigma seguro que temos sobre permanecermos os mesmos ... mas também ganhamos a oportunidade de reinventar a nós mesmos. A cada momento! Esta autotransformação pode ser reinventada sempre que quisermos. Não estamos atados ao que éramos um minuto atrás. Um exemplo: um minuto atrás, eu era alguém que estava procrastinando para escrever este livro. Eu poderia pensar: "Oh, que escritor horrível, que procrastinador eu sou!” E me sentir péssimo. Ou eu poderia desapegar dessa imagem de mim mesmo, e em vez disso me reinventar como alguém que está realmente escrevendo. E eu faço isso apenas começando a escrever. Então, se você for ruim em alguns hábitos, abra mão desse eu do passado porque isso acabou. Inicie um novo eu. E então um outro novo eu. Se o seu companheiro ficou com raiva de você, isso é ruim. Porém, a raiva daquele que você ama é causada por ele mesmo e este sofrimento pode ser modificado, pode ser acalmado. Seu sofrimento como alguém que tenha sido lesado também pode ser alterado. No lugar disso, você pode se tornar uma pessoa compassiva, empática, que conforta quem você ama e está sofrendo. Você pode desapegar da sua versão injustiçada e tornar-se uma versão calma, compassiva. Seu relacionamento pode ser curado porque está sendo constantemente reinventado. Isso não quer dizer que o passado não importa. Claro que ele afeta o presente e futuro. Mas nós não nos sujeitamos completamente ao passado – se tudo está mudando, isso inclui os danos e sofrimento pregressos. Pode parecer um pouco precipitado e é. Iremos nos aprofundar em breve, mas é bom para enxergar o que estamos enfrentando ao lidar com o desapego . A habilidade de desapegar nos ajuda a lidar com a realidade como ela é em vez de como gostaríamos que ela fosse e sermos mais hábeis dentro dessa realidade em constante mudança.
  • 35. 35 Capítulo 10 Lidando comLidando com as perdasas perdas
  • 36. 36 Uma das coisas mais difíceis de lidar é uma grande perda - como a perda de um emprego, de uma casa, de um ente querido que já morreu ou está morrendo. Mas, na verdade, há perdas menores que sofremos o tempo todo: a perda de um contrato, a perda da nossa saúde quando pegamos um resfriado, a perda do que pensávamos que éramos quando sofremos uma situação embaraçosa ou um fracasso. Essas perdas, grandes e pequenas, nos causam grande sofrimento. E este sofrimento pela perda faz parte da vida. Mas ele não precisa ser tão grande quanto costuma ser. Nós temos o hábito de prolongar o sofrimento. Vamos dar alguns exemplos: • Minha caneca de café favorita quebra. É uma perda e é claro que eu me sinto triste ou chateado quando isso acontece. Mas eu poderia desapegar, seguir em frente e meu sofrimento não seria tão ruim. No entanto, meu hábito poderia ser o de ficar com raiva de quem quebrou a caneca e continuar ressentido com ele por um tempo. Ou se simplesmente aconteceu, eu poderia perguntar: "Por que isso aconteceu comigo?" E sofrer por algum tempo, desejando que a caneca estivesse inteira novamente e que o universo não fosse tão injusto para mim. Este sofrimento prolongado é causado por mim, e não por uma caneca quebrada. Eu estou me prendendo a como eu gostaria que a vida fosse (eu possuindo minha caneca) e não aceitando o que ela é agora. • Amir perde o emprego. Isto, obviamente, é um grande revés, e sua vida é agora, sem dúvida, muito pior do que antes. E perder o emprego é um grande golpe para o ego – portanto, compreensivelmente, Amir sofre. Mas, novamente, ele pode abrir mão da perda e aceitar sua nova realidade (ele está desempregado) e, então, tentar descobrir o que fazer a partir de então. Comece a procurar um emprego, encontrar um lugar mais barato para se morar, vender seu carro e ter uma moto, etc. Ou ele poderia continuar irritado, ressentido e magoado pela perda. Esse sofrimento contínuo vai afetar suas entrevistas de emprego e talvez até mesmo impedi-lo de tomar uma decisão apropriada. Ele pode entrar em uma briga com sua namorada por estar tão ressentido. Este sofrimento prolongado é causado por Amir, não por sua perda.
  • 37. 37 • Tomas, marido de Petra, pede o divórcio e a deixa. Ela, é claro, está compreensivelmente magoada e irritada com a traição da confiança entre eles, a perda de seu casamento e do seu melhor amigo. Isso é totalmente natural e não há nada de errado em estar magoado ou com raiva. Na verdade, muitas pessoas tentam negar seus sentimentos em vez de aceitá-los e isso torna as coisas piores. Mas, depois dessa reação inicial , ela pode optar por desapegar do que ela era (a mulher casada, com Tomas em sua vida) e aceitar sua nova realidade (uma mulher solteira passando por um divórcio) e, em seguida, tomar medidas adequadas, reinventando sua vida e ela mesma. Isso pode ser libertador, esta oportunidade de reinventar- se. Ou ela pode debruçar sobre a perda, sobre a traição, a dor. Desejando que fosse diferente. Perguntar- se por que ele não a ama. Persegui-lo no Facebook e odiar sua nova namorada. Chafurdar na pena por meses, comer para se consolar, ficar doente e acima do peso, nunca sair com mais ninguém porque ainda se sente presa ao Tomas, ela não gosta de si mesma e acha que seu corpo é feio. Certo, este é um cenário ruim, mas acontece de várias formas. Petra feriu si mesma por não desapegar. • O pai de Justin está morrendo de câncer. Isto é extremamente doloroso para Justin, porque ele já está antecipando a dor da perda de seu pai, em menos de um ano. Sua angústia torna difícil ajudar seu pai durante deste momento difícil, porque em vez de encontrar formas de ajudar seu pai, ele está focado em seu próprio sofrimento. Em vez de desfrutar o tempo que lhe resta com o seu pai e apreciá-lo agora, neste momento, ele está pensando no que vai acontecer. Em vez disso, ele pode parar de antecipar o futuro e abrir mão do que ele desejaria que fosse a verdade (que seu pai não estaria morrendo), aceitar a situação e aceitar o seu próprio sofrimento. Ele pode aceitar seu pai moribundo como o único pai que ele tem (não há mais o pai saudável) e apreciar este novo pai agora. Ele pode ver o sofrimento que seu pai está passando, aceitar esse sofrimento e encontrar compaixão por seu pai de todas as maneiras que puder. Ele pode ser grato por cada momento que ele tem com o pai, grato pela sua própria saúde, grato por aquilo que seu pai lhe deu ao longo dos anos.
  • 38. 38 Enquanto a perda pode ser extremamente difícil e dolorosa, não importa quão grande ou pequeno o prejuízo, nós podemos prolongar ou encurtar o sofrimento de acordo com a nossa habilidade de desapegar. Como podemos desapegar depois de uma perda? Bem, em primeiro lugar. podemos aceitar o nosso sentimento de perda. Não há nada de errado em estar com raiva ou triste por perder. Mas depois do luto, podemos ver que nós estamos nos apegando a alguma coisa no passado, um ideal do que gostaríamos que a vida fosse, em vez de aceitá-la como ela é agora. E esse apego a um paradigma, ao que desejamos que a vida fosse, está nos prejudicando. Ver o dano nos permite desapegar porque temos uma escolha: manter o paradigma do passado e sofrer, ou abrir mão e aceitar a realidade como ela é e sofrer menos. Podemos, então, voltar a nossa atenção sobre a realidade como ela é e ver o lado bom nela. Apreciar o que temos diante de nós. Enxergar a oportunidade de reinventar-se. Encontrar compaixão por nós mesmos e por aqueles que nos rodeiam que também podem estar sofrendo desta perda ou outras perdas. Abraçar a nova vida que se apresenta, pois é tudo o que temos. Esta é a habilidade de desapegar e ela ajuda tremendamente com qualquer tipo de perda.
  • 39. 39 Capítulo 11 Desenvolvendo a habilidadeDesenvolvendo a habilidade de desapegarde desapegar
  • 40. 40 Então vimos alguns dos benefícios de desapegar e podemos começar a ver como isso pode funcionar. Isso tudo é ótimo, mas como é que nós, na prática, desenvolvemos a habilidade? Ela não acontece com um estalar de dedos. Ao contrário, devemos praticar a habilidade de desapegar. E para praticar uma habilidade, ajuda decompô-la em habilidades menores e analisá-las uma de cada vez, praticá-las um de cada vez, antes de reuní-las em uma habilidade maior. Uma dançarina, por exemplo, pode trabalhar em várias etapas de um complexo movimento de dança antes de colocá-las juntas e fazer todo o movimento. Isso é o que vamos fazer com a habilidade desapego: quebrá-la em peças e praticar cada peça, cada mini-habilidade. E, em seguida, uní-las como um todo. Aqui estão as peças: 1. Perceber os Sinais: Quando você está se apegando a algo que é prejudicial, isso aparece em vários pequenos sinais, em sintomas como raiva ou procrastinação. Ver como esses sinais acontecem é a primeira mini-habilidade. 2. Identificar o Paradigma: A qual paradigma você está se apegando que está causando um sinal? 3. Considerar o Dano: O paradigma está te causando sofrimento, prejudicando suas relações, impedindo-o de ser feliz? 4. Desapegar com amor: Se o paradigma está causando dano, então desapegar-se é um ato de amor e compaixão.
  • 41. 41 5. Enxergar a realidade: Agora que você já abriu mão do paradigma, volte a sua atenção à realidade e enxergue-a como ela é. Aceite-a e reaja de acordo. Todas essas peças fazem parte da habilidade de desapegar. A prática não se encerra aí. Ainda há a questão de como agir depois de desapegar. E nós vamos discutir isso também. Mas primeiro, vamos examinar as habilidades menores e, em seguida, falar sobre como praticá-las e desenvolver o hábito de desapegar.
  • 42. 42 Capítulo 12 A 1A 1ªª habilidade:habilidade: Perceber os SinaisPerceber os Sinais
  • 43. 43 A primeira habilidade é perceber quando você está se apegando a algo prejudicial - algum tipo de sinal vai aparecer, um sinal de que você está sofrendo. Estes são os sinais indicadores de que você deve praticar a habilidade de desapego. Quais são eles? Há muitos, mas aqui estão alguns mais comuns: • Raiva • Irritação • Frustração • Estresse/ansiedade • Depressão • Ciúmes • Mágoa • Querer estar certo • Vontade de agir precipitadamente • Procrastinação • Desejar que as coisas fossem diferentes • Sentir-se ofendido • Querer fazer justiça • Tentar dirigir perigosamente Não há nada de errado em sentir qualquer uma dessas coisas. Não podemos deixar de sentí-las. E não querer sentí-las, na verdade, torna o sofrimento pior. Então a primeira coisa a saber é que não há problema em sentir essas coisas e que devemos simplesmente sentí-las e aceitá-las.
  • 44. 44 No entanto, elas são sinais de que algo está acontecendo. Então, depois de nos permitir sentí-los, podemos fazer uma pausa antes de agir ou tomar uma atitude precipitada da qual possamos nos arrepender. Podemos começar o processo de desapego, para que não prolonguemos nosso sofrimento. Como podemos praticar esta primeira habilidade de perceber os sinais? É um processo de aprendizagem, mas o primeiro passo é apenas comprometer-se a tentar perceber quando essas coisas surgem. Pode te surpreender, ao observar a si mesmo, quantas vezes você sente um pouco de irritação, frustração ou raiva, especialmente se você estiver perto de outras pessoas. Apenas comece a perceber. Você não tem que passar para as outras etapas ainda - apenas praticar, observando por alguns dias ou mais, até ficar muito bom nisso.
  • 45. 45 Capítulo 13 A 2A 2ªª habilidade:habilidade: IdentificarIdentificar o Paradigmao Paradigma
  • 46. 46 Agora que você já percebeu o sinal, a próxima parte do processo é voltar-se para dentro de si mesmo e enxergar o que está causando esse sinal, este sintoma. Ele não aconteceu aleatoriamente - há uma causa para o sinal. Caso você esteja com raiva, a culpa não é apenas de outra pessoa. Talvez lhe tenham feito alguma coisa mas isso é apenas uma ocorrência no mundo exterior ao seu redor, como a queda de uma folha, o vento soprando ou uma pedra rolando de um penhasco. Elas simplesmente acontecem, mas a sua raiva não vem do fato em si, mas em razão de você não querer que a coisa aconteça. É o seu não querer que acontecesse o que aconteceu, ou o seu não querer que as coisas sejam do jeito que são, isso é a causa da sua raiva ou frustração. Imagine que você fosse apenas uma câmera, gravando o que está acontecendo, neutra e sem desejos para que as coisas sejam de uma certa maneira ou que as pessoas ajam de uma determinada forma. Neste caso, se alguém faz alguma coisa, você não iria ficar com raiva porque você é uma ferramenta de observação neutra, sem quaisquer preferências para o que acontece no mundo. É claro que, na realidade, você não é uma câmera. Você tem expectativas em relação aos outros, ideais para si mesmo, paradigmas de como o mundo deveria ser. E são esses paradigmas/expectativas que causam a raiva e frustração. Estes paradigmas e expectativas não são a realidade - se eles correspondessem à realidade, você não iria ficar com raiva. Eles são suas fantasias do que a realidade deveria ser. As fantasias não são a realidade e elas estão causando a raiva. Então, volte-se para dentro de si mesmo por um minuto: a qual paradigma você está se apegando que está causando o sinal?
  • 47. 47 Às vezes pode ser difícil ver qual paradigma você tem, mas se você praticar por algum tempo, você vai ficar melhor nisso. Apenas alguns paradigmas que você pode ter: 1. As pessoas devem ser atenciosas. 2. As pessoas devem ser justas. 3. As pessoas devem respeitá-lo e não insultá-lo. 4. As pessoas devem ser positivas e não reclamarem ou serem mal-humoradas. 5. Você será bem sucedido no que faz. 6. Você vai se sentir confortável e fazer coisas fáceis. 7. Sua vida será cheia de alegria, prazeres e sem dores. 8. Você vai ser bom em mudança de hábitos. 9. Pessoas na rua ou na calçada não ficarão no seu caminho. 10. As coisas estarão sempre onde você precisar. 11. Sua casa vai ser arrumada e as pessoas que trabalham e vivem com você serão sempre asseadas. 12. Seus filhos vão fazer exatamente o que você diz. 13. Seu cônjuge ou amigos serão animados e apoiarão todas as suas idéias. 14. As pessoas vão ver imediatamente o seu brilho e querer contratar você. 15. Entes queridos não vai ir embora ou morrer. 16. As pessoas vão te amar tanto quanto você as ama. Este é apenas um começo - há centenas e talvez milhares de paradigmas que temos em vários momentos. Podemos identificá-los porque quando alguém os viola ou a vida não se mostra de acordo com eles, não ficamos felizes. Desta forma, o nosso paradigma é o oposto do que nos aconteceu. Depois de praticar e perceber os sinais por algum tempo, volte-se para dentro de si mesmo e perceba qual paradigma está causando o sinal. Pratique até que o paradigma seja identificado com facilidade.
  • 48. 48 Capítulo 14 A 3A 3ªª habilidade:habilidade: Considerar o danoConsiderar o dano
  • 49. 49 Você já percebeu os sinais e agora você é capaz de ver os paradigmas que são a causa dos sinais. Mas o que há de errado em ter raiva, frustração, ciúme ou sentimentos feridos? Isso não é parte de ser humano? Sim, é absolutamente uma parte da experiência humana, e não há nada de errado em sentí-los. No entanto, agir sobre esse sentimentos e nos apegar a eles, pode nos levar à infelicidade, prolongar o estresse que vai aumentando até chegar a níveis, prejudicando nossos relacionamentos por nos reesentirmos com as pessoas em nossas vidas e até prejudicar a nós mesmos e às nossas relações porque ficamos raivosos e frustrados conosco por nos apegarmos a paradigmas. Portanto, nem sentimentos nem ter paradigmas é ruim – eles são parte natural da nossa experiência humana. Mas se os paradigmas estão causando danos a nós mesmos e as pessoas ao nosso redor, talvez devamos abrir mão deles. Se os paradigmas estão nos levando a fazer o bem no mundo, então nós não precisamos desapegar deles. Um paradigma pode nos levar a ser compassivos ou generosos, por exemplo. Não há nada de errado em ter paradigmas - na verdade, eu penso que não podemos evitar tê-los. Quando o paradigma causa danos aos outros ou a nós mesmos é que seria benéfico abrir mão deles. Então assim que você perceber o sinal e o paradigma que o está causando, pergunte a si mesmo se ele está fazendo mal a você ou a outras pessoas. Em caso de raiva ou outros tipos de infelicidade é quase certo que ele esteja causando dano.
  • 50. 50 Quando você percebe o mal que está sendo causado, então desapegar se torna um ato de compaixão. É um ato de dar fim ao sofrimento. Desapegar pode ser uma coisa dolorosa - afinal, esses paradigmas são, muitas vezes, uma grande parte de quem somos e da nossa visão de mundo. Mas a dor do desapego, com frequência, é muito pequena em comparação aos benefícios de abrir mão de algo que pode prejudicar a nós mesmos ou outras pessoas ao nosso redor. Pratique enxergar o dano, quando você percebe o sinal e o paradigma. Você vai ficar muito bom nisso.
  • 51. 52 Capítulo 15 A 4A 4ªª habilidade:habilidade: Desapegar com amorDesapegar com amor
  • 52. 53 Então o desapego pode ser um ato de compaixão, se o paradigma está causando dano. Veja como desapegar com compaixão e amor: Em primeiro lugar, deseje felicidade a si mesmo e outros ao seu redor. Veja que o paradigma está causando sofrimento. Deseje acabar com esse sofrimento desapegando do paradigmas. Se você não quer abrir mão do paradigma, ao invés de se concentrar em desejá-lo, foque em como as coisas seriam melhores se você não o tivesse. Deixe seu coração e mente relaxarem, de modo que você possa deixar o paradigma flutuar para longe. O peito fica menos apertado, você consegue respirar um pouco mais fundo, um sentimento caloroso de amor cresce dentro de você e você desapega de o que quer que seja a que tenha se apegado. Você agora é uma nova pessoa, com menos um paradigma (pelo menos neste momento já que paradigmas podem e, frequentemente, voltam mais tarde). Esta pessoa é diferente da pessoa que você era, o que significa que você pode reinventar essa pessoa, torná-la calma e compassiva. Seja esta nova pessoa. Uma vez que você desapegar do paradigma (o que requer prática - mais sobre isso daqui a pouco), a questão é, e agora? Veremos no próximo capítulo (Enxergando a Realidade) e Capítulo 18 (Como agir depois de desapegar-se).
  • 53. 54 Capítulo 16 A 5A 5ªª habilidade:habilidade: Enxergar a realidadeEnxergar a realidade
  • 54. 55 Vamos dizer que você desapegou com sucesso. Isso nem sempre é fácil, e você vai praticar essa habilidade no próximo capítulo. Mas vamos dizer que você desapegou. Agora é hora de voltar sua atenção para a realidade e vê-la como ela é. Aceite-a, e reaja de acordo com ela. Vamos dizer que você está decepcionado com seu filho por ele não se comportar como você gostaria, não viver de acordo com suas expectativas. Você percebe que esta decepção e seu paradigma estão lhe causando mal, então você tenta desapegar do paradigma. E então, você se volta para o seu filho e apenas tenta vê-lo como ele é. Ele é uma boa pessoa, com a esperança e o desejo de ser feliz, ele está sofrendo e sem saber como agir em um mundo caótico. Esta é a realidade de seu filho. Você pode rejeitar isso, ou aceitá-lo como ele é. Tente ser compassivo com o sofrimento dele. Tente ser grato por quem ele é. Apenas esteja com ele e seja feliz por isso. Há muito a ser feito uma vez que você o enxergue como ele é, mas você tem que voltar-se para ele uma primeira vez para enxergá-lo. Isto é verdadeiro não só com outras pessoas, mas consigo mesmo. Em vez de se validar de acordo com seus paradigmas sobre como as coisas deveriam ser, olhe para si mesmo como você realmente é. E seja verdadeiro com a vida ao seu redor: não seja como seus paradigmas afirmam que deveria ser. As coisas já são incríveis do modo como se apresentam. Desligue-se da realidade e tente enxergá-la realmente como ela é. Existe mais a ser feito depois disso, mas vamos praticar estes cinco mini-habilidades primeiro.
  • 55. 56 Capítulo 17 Praticando as habilidadesPraticando as habilidades
  • 56. 57 Temos cinco mini-habilidades para praticar e colocar juntas em uma única grande habilidade, um processo de cura. Seguem minhas recomendações para a prática: 1. Primeiro, comprometa-se a praticá-las por alguns minutos por dia. Você não vai praticar de forma consistente sem um forte compromisso. Mas este é um compromisso simples - não vai tomar muito do seu tempo e você vai ser capaz de praticar com facilidade, se você se lembrar disso. Comprometa-se porque isso é importante - vai ajudar você a ser mais feliz, lidar melhor com as mudanças, procrastinar menos, ter relações melhores. Comprometa-se com outras pessoas - um ente querido, um sócio ou colega de trabalho. Comprometer-se com você mesmo é ótimo, mas se você vai levar a sério, comprometa-se com alguém a praticar diariamente. 2. Reserve algum tempo para sua prática. Poucos minutos da sua manhã, da sua noite ou na hora do almoço. Reserve um tempo específico ou você vai acabar não praticando. 3. Faça lembretes. Você vai esquecer de praticar. Então coloque um lembrete em seu laptop, crie lembretes de calendário, lembretes de telefone, peça ao seu sócio para lembrá-lo. Coloque uma nota física em algum lugar que você vá olhar. Isso é extremamente importante - a maioria das pessoas pula esta etapa e nunca pratica o seu novo hábito. 4. Sente-se e praticar diariamente. Comece amanhã, apenas 2-3 minutos. Conte ao seu sócio ou grupo de trabalho quando você concluir. Esta é a prática: pense a respeito dos sinais vistos recentemente que te mostram que você está se apegando a algo. Pelo menos por alguns dias, tente lembrar dos sinais dos últimos dias. Quando você ficar bom nisso, tente enxergar o paradigma ao qual você está se apegando e que estão causando esses sinais. Após mais alguns dias, pratique enxergar os danos que esses paradigmas estão lhe causando. Dias depois, pratique o desapego desses paradigmas, com amor e compaixão. E então, depois de ainda mais alguns dias, pratique enxergar as coisas e as pessoas como elas realmente são.
  • 57. 58 Você não precisa praticar uma habilidade de cada vez, se estiver sendo fácil pra você. Caso consiga enxergar com facilidade os sinais, paradigmas e os danos, pratique o desapego imediatamente. Prática extra: Uma vez que você tenha ficado bom na prática acima, tente em sua sessão diária: Considere que você vai morrer um dia. Todos ao seu redor vão morrer. As plantas e os animais ao seu redor também vão morrer. Cada objeto em sua casa um dia vai quebrar ou apodrecer. Este é o processo natural da vida – tudo está em constante mudança, e no lugar das coisas antigas, coisas novas estão sendo criadas. Tudo é impermanente. Veja tudo mudando, morrendo, quebrando e sendo criado. Agora, considere a impossibilidade de tentar manter tudo do mesmo jeito. Veja como tudo é temporário e querer que seja permanente só fará com que você sofra. Veja que não querer que as coisas morram não as impede de morrer - mas você desenvolve ansiedade pois fica desejando que as coisas não fossem do jeito como são. Então, perceba como abrir mão do seu desejo, aceitar a natureza mutável das coisas e desapegar de cada momento de mudança das coisas vai ajudá-lo a ser mais calmo e mais feliz. Adote o desapego. Aceite a natureza mutável das coisas. Aceite a impermanência. Mais uma prática: Esta sessão diária de desapegar-se é apenas o começo. Depois de ficar bom em cada passo, comprometa-se a enxergar os sinais assim que eles acontecem - durante o dia e não apenas durante a sessão. Você pode pular para a prática seguinte se tudo isso estiver fácil para você.
  • 58. 59 Quando você vê os sinais acontecerem com facilidade, pratique os outros passos. Depois de algum tempo, você vai ficar bom neste processo, especialmente quando não fizer interrupções longas. Quando suas emoções estiverem exacerbadas, a prática do desapego pode ser mais difícil. Portanto, é melhor parar e sentir a emoção, tentando não reagir até ter a chance de se acalmar e praticar o desapego. Caso tenha dificuldade em desapegar: Muitas vezes, parte do processo de desapego pode ser muito difícil. Eis o que eu sugiro: • Pratique primeiro com coisas fáceis: pratique o desapego das posses com as quais você não se importa. • Faça-o em pequenas doses: pratique abrir mão de um paradigma como se fosse apenas por um dia, não para sempre. • Pratique com pessoas que você não tenha dificuldades: Se houver um colega de trabalho ou parente com quem você tenha um relacionamento conturbado, pode ser difícil desapegar. Pratique com pessoas que você tenha um melhor relacionamento, já que esta é uma prática mais fácil. • Pratique o desapego de um desejo por pelo menos 5 minutos, como a compra de algo ou beber um pouco de vinho. Em seguida, pratique por mais 5 minutos. Somente então realize o desejo. • Pratique desapegar das distrações por apenas 10 minutos de cada vez. Atenha-se a uma tarefa importante, como escrever alguma coisa, e não se deixe levar pelas distrações. Deixe-as temporariamente, enxergue o paradigma (provavelmente querer que as coisas sejam fáceis e confortáveis) e como ele está prejudicando você. Melhorando a prática: caso você se esqueça de praticar ou vacile na prática, há algumas coisas que você pode fazer para melhorar:
  • 59. 60 • Reporte-se diariamente ao seu sócio ou parceiro de trabalho. Enviem e-mails um ao outro com notas sobre sua prática. Ou revise e compartilhe seu diário duas vezes por semana. • Planeje sua prática para a semana. No final da semana, avalie quão bem você seguiu o plano e que obstáculos te impediram de segui-lo. O que você pode fazer para superar esses obstáculos no futuro? Melhore o seu plano na próxima semana, adicionando estas técnicas para superar seus obstáculos. Se você se ativer a esse processo, você vai ficar melhor na prática ao longo do tempo.
  • 60. 60 Capítulo 18 Como agir apComo agir apóós desapegars desapegar--sese
  • 61. 61 Desapegar e ver as coisas como elas realmente são ... Este não é o fim. Agora há a questão de como agir uma vez que você desapegou e voltou a sua atenção para a realidade. Há algumas boas possibilidades para a prática: • Aceite o momento pelo que ele é, seja grato por isso, e desfrute-o. • Aceite as outras pessoas por quem elas são e desfrute da companhia delas. Basta estar com elas em aceitação. • Aceite-se por quem você é e seja feliz com você mesmo. • Entenda que alguém (ou você mesmo) está agindo de determinada forma porque está sofrendo e tente ter compaixão por ele. • Veja que há um problema legítimo a ser resolvido, que não é a raiva que você e a outra pessoa estejam sentindo (a raiva é apenas um sintoma). Mas abrir mão do paradigma e da raiva ajuda a você e a outra pessoa a resolver o problema com mais calma e com compaixão. • Desapegue do paradigma, veja a realidade como ela é e reaja a ela apropriadamente. Sem tomar tudo como pessoal. Apenas aja de acordo com a realidade que se apresenta. • Basta viver na realidade como ela é, sem julgamentos. Basta ser - não tente resolver um problema ou alcançar algo, pelo menos por algum tempo. • Coloque de lado as tentativas de controle – apenas deixe que as coisas aconteçam, estando presente enquanto elas acontecem, sem tentar controlá-las. • Veja a natureza impermanente da realidade ... Veja as coisas modificarem e fluirem a cada momento. Este é um fascinante e esclarecedor processo de aprendizagem. Existem outras possibilidades, é claro, mas estas são algumas instruções para pensar sobre como agir uma vez que tenha decidido desapegar.
  • 62. 62 Capítulo 19 O que nãoO que não éé desapegodesapego
  • 63. 63 Há uma série de equívocos e objeções em relação ao conceito de desapego, principalmente porque ele faz uma oposição à nossa forma comum de pensar. Estamos acostumados a tentar controlar as coisas, tentando fazer coisas acontecem, tentando lutar por justiça e por como as coisas deveriam ser, tentando levar as pessoas a agirem com consideração e equidade, tentando tornar o mundo e nós mesmos melhores o tempo todo. Aceitar não faz parte desta visão de mundo. Desapegar não faz parte da nossa visão de mundo. Mas a compaixão, o amor, a dor e raiva fazem parte da nossa visão de mundo, portanto, devemos ver o desapego e a aceitação como ferramentas para lidar com esses sentimentos. O que o desapego não é: 1. Desapegar não é desistir. Vamos dizer que você esteja tendo uma briga – desapegar de um paradigma faz parecer que você está desistindo e deixando alguém ganhar. Mas, na verdade, a luta não é para ganhar, trata-se de resolver um problema e tornar o relacionamento melhor. Caso você não consiga desapegar do que está te deixando com raiva, você pode falar com mais calma e compaixão e ter uma conversa sadia sobre o que está errado (e não de quem é a culpa) e sobre como corrigir o problema. Você pode até mesmo falar sobre sentimentos, compaixão, sem lançar sua ira para a outra pessoa. Não se trata de desistir, mas de como resolver o problema de forma adequada. 2. Desapego não é sobre ser uma vítima. Se alguém fez algo ruim para você, claro que isso é horrível. E, óbviamente, você ficou magoado, com raiva e sentiu-se violado. Não há nada de errado em sentir-se assim e, na verdade você deve deixar-se sentir. Mas, muitas vezes, há um desejo de se vingar que é prejudicial tanto para você quanto para a outra pessoa. E embora possa te fazer sentir melhor magoar a outra pessoa, isso não torna as coisas realmente melhores.
  • 64. 64 Isso não vai te fazer mais feliz . E o que acontece se você não pode realmente magoar a outra pessoa por alguma razão? Você não se sentirá satisfeito. De qualquer maneira, você continua a sofrer muito mais. Mas se em vez disso você desapegar do sofrimento (depois de permitir-se sentir a dor por algum tempo), você pode começar a melhorar. Isso é a coisa mais importante - não a vingança. A cura te permite ser feliz, ao invés de sofrer pelo crime de outra pessoa pro resto de sua vida. 3. Desapegar não quer dizer não melhorar. Muita gente acha que precisa de paradigmas para melhorar suas vidas, melhorar a si mesmos. E desapegar dos paradigmas significaria não poder ser melhor. Em primeiro lugar, se o paradigma ajudá-lo, não há necessidade de desapegar, mas se ele estiver te prejudicando, então você deve tentar abrir mão dele, mesmo que isso seja difícil. Em segundo lugar, você realmente só precisa ser melhor se você acha que não é bom o suficiente hoje ... e na verdade, você já tem tudo o que você precisa para ser feliz. Você é bom o suficiente, se você pode aprender a desapegar dos paradigmas que definiu para si mesmo e aceitar-se como é. Você já é ótimo. Agora, uma vez que você aceita a si mesmo, ainda pode criar novos hábitos, não para tentar melhorar a si mesmo por causa de um paradigma, mas porque é um ato de compaixão para consigo mesmo e para com os outros. 4. Desapegar não é deixar que os outros saiam ilesos. Sim, outras pessoas se comportam mal e sim, você vai querer que eles paguem por isso ou sejam corrigidos. Mas se sair por aí tentando fazer justiça neste mundo, você sempre vai estar com raiva, e realmente não vai modificar as pessoas. As pessoas não mudam porque você grita com elas. Elas podem mudar se você desapegar da sua raiva e conversar com elas sobre o problema com compaixão. Ou talvez não, mas de qualquer forma, você abriu mão da sua raiva e está mais feliz.
  • 65. 65 5. Desapegar não é deixar a sua casa ficar uma bagunça. Caso você tenha um paradigma de como a sua casa deva ser (ou qualquer outra coisa similar), você pode ficar frustrado ou com raiva quando outras pessoas não o ajudam a manter a casa limpa. Então você vai ficar ressentido, talvez insultá-las de alguma forma. Isso não te fará feliz e não é positivo para os seus relacionamentos. Mas será que isso significa que você deve injustamente fazer toda a limpeza sozinho ou que deve apenas deixar a casa se tornar um lixo? Não necessariamente. Primeiro, se você puder desapegar do paradigma de que todos mantêm a casa limpa, você deixar ir a raiva e o ressentimento. Isso permite que você fique mais calmo e aceite as pessoas como elas são (e enxergar que eles estão sofrendo e que eles não tem bons hábitos para manter seu paradigma). Ver as pessoas como elas são te ajuda a ter um relacionamento melhor com elas e também a conversar com calma e compaixão para solucionar o problema. E se elas não quiserem resolver o problema? Bem, você pode aceitar que não pode controlar as pessoas e, em vez disso, se concentrar no que você pode controlar. O que pode ser frustrante somente se você considera que deve ser capaz de controlar outras pessoas. Vocês podem chegar a um acordo em relação à casa. Você pode mudar-se caso seus companheiros não forem sensatos. Mais efetivo seria ver se seu exemplo teria alguma influência sobre eles. E continuar a conversar calmamente sobre seus sentimentos em relação à casa e esperar que vocês possam chegar a uma solução para a contenda. De qualquer forma, faça isso sem ressentimento ou raiva. 6. Desapegar não significa não fazer do mundo um lugar melhor. Tornar o mundo um lugar melhor é ótimo, mas quando o seu paradigma sobre como o mundo deveria ser (que todos devem se comportar perfeitamente e trabalhar em uníssono em direção das soluções que você deseja) estão te fazendo sofrer, então é hora de parar de apegar-se a ele. Aceitar que o mundo não é o ideal, mas que é bom do jeito que é. Uma vez que você se acalmou e aceitou o mundo como ele é, você consegue enxergar o sofrimento das pessoas e agir com compaixão para tornar a vida delas melhor.
  • 66. 66 7. Desapegar não é deixar que as pessoas se considerem certas quando elas estão erradas. Muitas vezes, uma das maiores fontes de frustração é querer mostrar aos outros que estamos certos e eles estão errados. Isso nos deixa com raiva e nos tornamos insistentes, levando os outros a agirem da mesma forma. Essa situação causa infelicidade e prejudica as nossas relações . Em vez disso, podemos abrir mão do paradigma de estarmos certos e aceitar que temos uma divergência. Como podemos com calma e compaixão lidar com esta divergência? É importante esfregar na cara da pessoa que você está certo? Ou ter um bom relacionamento e resolver as coisas é o melhor caminho a seguir? 8. Desapegar não é sobre abrir mão dos padrões de decência na nossa sociedade. As pessoas devem tratar-se com consideração e respeito. Devem ser justas e não cortar o outro no trânsito. Estas são algumas das normas que temos em sociedade – abrir mão das normas é abandonar os padrões de decência na sociedade? Não ... é desapegar do paradigma de que todo mundo vai viver de acordo com essas normas o tempo todo. Na realidade, muitas pessoas vão viver segundo os padrões e outros vão violá-lo. Provavelmente eles estão sofrendo de alguma forma, o que não é desculpa para o mau comportamento, mas pode nos ajudar a ter empatia e lidar com eles de maneira compassiva. Ajuda-nos a perdoar. Talvez possamos ensiná-los sobre as normas, mas muitas vezes isso não é possível e aí devemos desapegar da nossa frustração. Podemos ter discussões em grupo sobre os padrões e concordar com eles, mas também sabemos que eles não serão completamente seguidos. E isso acontece. Há muitas outras coisas que o desapego também não é, mas você pode notar o traço comum entre elas: começa com desapego e a aceitação a realidade, para que possamos reagir de forma adequada e não sofrermos mais do que o necessário. E isso já é uma mudança tão grande no modo como a maioria de nós se comporta cotidianamente, que vale a pena um pouco de prática.
  • 67. 67 Capítulo 20 Exemplos de desapegoExemplos de desapego
  • 68. 68 Então, como é desapegar-se no cotidiano? Vamos dar uma olhada em alguns exemplos do que você pode fazer em diferentes situações através dessa prática. • Seu colega de trabalho é rude com você. Sua reação inicial pode ser de raiva ou sentir-se ofendido porque você está se apegando a um paradigma de como as pessoas deveriam tratá-lo. No entanto, a raiva só vai tornar a situação pior e você vai ficar irritado e infeliz. E então você pratica desapegar do paradigma e da raiva e, como alternativa, enxerga o sofrimento que seu colega de trabalho pode estar passando para ter agido de determinada forma. Ou ele está sofrendo especialmente hoje e descontou em você (ele não está lidando com seus problemas também) ou ele faz isso habitualmente, o que significa que ele está sofrendo ao longo de sua vida. Você pode sentir empatia pelo sofrimento, como faz consigo mesmo, já que você também descontou nas pessoas em outros momentos, então você sabe que é um erro humano. Enxergando este sofrimento, empatizando com ele, você pode reagir de forma adequada, tentando aliviar o sofrimento. Mais tarde, quando ele se acalmar, você pode tentar expressar de um maneira compassivo que você sentiu por ter sido tratado de maneira rude e tentar trabalhar com ele um modo razoável para ambos expressarem suas frustrações. • Seu filho não limpar o quarto dele. Você está frustrado/irritado porque seu filho deveria se comportar de forma diferente - ele não está sendo ponderado, você disse isso a ele mil vezes, etc. Sua raiva não é causada por seu filho, mas por seu paradigma de como ele deveria se comportar. As ações dele não estão de acordo com seu paradigma, então você está frustrado. Esta raiva fere seu relacionamento com ele porque você reage e mostra como está infeliz com ele e ele fica na defensiva e cansado de você o atacar, compreensivelmente. Mas você não está feliz. Então, por um momento, você deixa de lado o seu paradigma, se acalma e enxerga seu filho pelo que ele é: uma boa pessoa, querendo ser feliz, que não tem os hábitos corretos (nem você) ou talvez tenha prioridades diferentes das suas. A maneira dele ser feliz é diferente da sua. Então aprecie seu filho por quem ele é, veja o que o faz feliz, abrace-o, passe um tempo com ele enquanto você o aceita por quem ele é. E se há um problema com os hábitos de limpeza dele, talvez você possa conversar calmamente sobre isso e encontrar uma solução que funcione para ambos, reconhecendo que ele provavelmente vai falhar neste hábito e apenas precisa ser apoiado por você na criação de novos costumes.
  • 69. 69 • Sua filha tem um chilique. Ela não está se comportando de acordo com seu ideal de uma criança perfeita e então você está frustrado. Você explode, age com raiva e isso machuca a ambos. Ou em vez disso, você abandona o seu ideal da maneira perfeita como ela deveria se comportar e aceita o seu comportamento "mau". E depois vê que, na verdade, ela está frustrada e esta é a única maneira que ela sabe se comportar quando se sente assim. Ela está lidando com os mesmos problemas de desapego que você! E lidando mal. Sendo assim, você pode 1) enxergar o seu sofrimento; 2) consolá-la em seu sofrimento e 3) começar a ensiná-la, pacientemente, melhores formas de lidar com a frustração, quando ela se acalmar. Mas entenda que a forma como você lida com a sua frustração é o que ela vai aprender e não o que você disser a ela. Portanto, dê o exemplo, desapegue e coloque a sua frustração de lado - e ela vai aprender com isso. • Seu pai está morrendo de câncer. Isto é, compreensivelmente, extremamente triste e você se sente imediatamente a perda e o luto. Você sente isso por meses, enquanto ele está morrendo. Você gostaria que ele estivesse melhor. Você gostaria que ele não morresse. Estes são os paradigmas (um pai saudável, aquele que não vai morrer) e que, naturalmente, não estão em sintonia com a realidade. Então, o que você pode fazer? Praticar o desapego destes paradigmas e aceitar o seu pai como ele é agora (alguém morrendo) e também aceitar o seu sofrimento e o dele. Esteja com ele, em aceitação, e apenas o aprecie por quem ele é. Seja grato por seu tempo com ele e por tudo o que ele lhe deu. Tenha compaixão por ele, tentando ajudá-lo a passar por seu sofrimento. Reflita sobre a natureza de sua própria vida, veja que você não tem muito tempo de sobra, e decida como você deseja gastar esse tempo que você tem – querendo que as coisas fossem diferentes e sofrendo ou construindo relacionamentos, encontrando a felicidade, fazendo os outros felizes.
  • 70. 70 • Sua esposa parece distante e desinteressada em você. Você está frustrado ou magoado porque ela não está de acordo com o seu paradigma de como ela deve agir (com amor, calor e carinho o tempo todo). Isso faz com que você reaja mal, prejudicando ainda mais relação e te tornando infeliz. Em vez disso, tente abrir mão de como ela deveria agir, e a veja como ela está: sofrendo. Ela está passando por algo e talvez você possa ter compaixão por ela. Talvez ela vá querer falar com você sobre isso ou ela precise de espaço. Pense em um momento em que você precisou de espaço porque estava passando por algum problema. Entenda que não é sobre você, mas sobre algo que ela está passando. Quando as coisas estiverem mais calmas, você deve, definitivamente, ter uma conversa com ela sobre o que está acontecendo e os dois podem encontrar uma solução em conjunto. • Você tem muito o que fazer hoje. Isso faz com que você sinta ansiedade/estresse, porque o paradigma é ter a quantidade de coisas suficientes a fazer e você realizá-las bem, com calma e felicidade. O estresse faz com que você tenha um dia ruim e, talvez, você faça mal algumas das coisas que precisa realizar porque não consegue se concentrar completamente, devido ao estresse. Em vez disso, tente colocar de lado o seu paradigma. Aceite seu sofrimento, console-se. Aceite a situação: você tem uma tonelada de trabalho e tempo limitado. Use o tempo com sabedoria, fazendo uma coisa de cada vez, da melhor maneira possível dadas as suas limitações e, em seguida, faça a próxima coisa. Renegocie demandas se ficar óbvio que você não conseguirá cumprir os prazos. Você não pode fazer mais de uma coisa por vez, portanto, mantenha o foco, faça seu trabalho e aceite as suas limitações. E na verdade, se você praticar este método de uma tarefa por vez, você pode aprender a trabalhar com foco, calma e ser feliz em seu trabalho.
  • 71. 71 • Você deseja se exercitar mas fica adiando. Você não está vivendo de acordo com os seus paradigmas de quão disciplinado você deveria ser e isso te frustra e faz você se sentir mal sobre si mesmo. Você conforta a si mesmo com comida e tv por estar se sentindo mal. Isso só faz você se sentir pior a longo prazo, porque você não consegue se organizar. Em vez disso, abra mão do paradigma de quão disciplinado você deve ser. Aceite que você está sofrendo, que você tem muito a fazer, está cansado e isso faz você querer procrastinar a atividade física. Tenha compaixão por este sofrimento. E veja o exercício como uma forma compassiva para aliviar o sofrimento - alivia o estresse e faz você se sentir melhor sobre si mesmo. Esqueça os sentimentos ruins sobre fracassos passados , descubra um plano que irá ajudá-lo a superar seus obstáculos (dormir mais cedo, se você está cansado, exercitar-se no horário do almoço, se você não pode fazê-lo depois do trabalho , etc.) Esteja presente no momento do exercício, em vez de ficar desejando que o exercício seja o que ele não é (fácil e confortável) . • Você aguardava seu visto para uma viagem ficar pronto para hoje mas isso só vai acontecer na próxima semana. Isso vai arruinar o planejamento da sua viagem! É incrivelmente frustrante porque você esteve fantasiando sobre isso por dois meses, já fez planos com os amigos, tem uma importante reunião e agora você vai ter que desapontar todo mundo. A vida não está de acordo com o seu paradigma de tudo acontecer perfeitamente, você ter a viagem perfeita, não desapontar ninguém. Então, você está super frustrado, zangado com o consulado, desejando que as coisas fossem diferentes. Sua raiva não vai fazer o visto chegar mais rápido, ela só te fará infeliz. Em vez disso, desapegue-se do seu paradigma - que não existe na realidade e nem vai existir. Ele só está te causando infelicidade. Olhe para o seu sofrimento, aceite-o, conforte-o. Aceite que a viagem não está vai acontecer como o planejado. Diga às pessoas que as coisas mudaram. Faça um novo plano baseado na realidade das novas circunstâncias. Entenda que esta nova realidade não é muito pior do que o que você esperava - só é pior se você compará-la com sua fantasia. A vida não é a sua fantasia, então desapegar da fantasia e apreciar a realidade vai ajudar muito.
  • 72. 72 • Você está infeliz com seu corpo. Seu corpo não atende à sua idealização de como ele deve parecer - magro, com seios grandes, músculos ou o que quer que seja. Então você se sente infeliz consigo mesmo, e para minimizar essa infelicidade talvez você coma e torne as coisas piores. Seu paradigma está causando infelicidade. Em vez disso, coloque o ideal um pouco de lado. É apenas uma fantasia. Aceite a realidade do seu corpo – ele é realmente incrível do jeito que é, se você puder aprender a ver beleza nele. Pense sobre todas as coisas incríveis que ele pode fazer! Lembre como ele te serve todos os dias. Wow! Que ótimo corpo! OK, ele não atende a imagem de uma modelo de capa de revista, mas isso é apenas uma fantasia projetada para levá-lo a comprar revistas e roupas. Em vez disso, tenha compaixão pelo seu sofrimento. Aceite que você está acima do peso, e calmamente descubra o que você pode fazer para ficar mais saudável. Você nunca vai chegar a um corpo ideal (que é fantasia), mas você pode 1) aprender a ser grato pelo seu corpo como ele é e 2) focar na saúde. Faça coisas saudáveis como comer vegetais e menos junk food, exercite-se e medite. Isso é mais produtivo do que ficar comparando o seu corpo com uma fantasia. Existem, obviamente, dezenas de outros exemplos que eu poderia escrever, mas se você ler cuidadosamente os exemplos acima, verá um padrão que emerge e será capaz de aplicá-lo a qualquer situação:
  • 73. 73 1. Veja como o paradigma faz você sofrer; 2. Veja como o paradigma torna a situação pior do que ela é (você ficar com raiva só prejudica o seu relacionamento, você ficar infeliz o leva a consolar-se com comida, etc.); 3. Tente colocar de lado o seu paradigma e raiva; 4. Olhe para o seu sofrimento, aceite-o e conforte a si mesmo; 5. Veja a outra pessoa ou a situação como ela realmente é. Veja que a outra pessoa sofre muito. Aceite o outro como ele é, aceite a situação como ela se apresenta; 6. Pratique a compaixão; 7. Lide calmamente e de forma adequada com a situação. Encontre maneiras de torná-la melhor, se houver um problema a ser resolvido. Seja grato pelas coisas como elas são. Claro, você não vai sempre estar de acordo com este padrão ideal. Você vai lidar mal com as coisas, como todos nós fazemos. E não há problemas nisso. Analise o que aconteceu, em retrospecto, e veja como você poderia ter feito de outra forma, de que forma usar o padrão acima poderia ter ajudado. Em seguida, tente praticá-lo da próxima vez.
  • 74. 74 Capítulo 21 Para onde ir depoisPara onde ir depois
  • 75. 75 Você chegou ao final deste livro, mas isso pode ser apenas o começo da sua jornada. Depende de você. Você vai acenar com a cabeça lendo este livro e dizer "ideias interessantes" e depois seguir em frente com sua vida como antes? Ou você vai comprometer-se com a prática do desapego, e ver se ela trará alguns benefícios à sua vida? Minha hipótese é que se você praticar o desapego, vai perceber-se menos bravo, irritado e frustrado. Vai desejar que as coisas fossem diferentes com menos frequência, perguntar-se por que tem que sofrer cada vez menos e vai estar cada vez mais presente. Mas esta é apenas uma hipótese. Nós realmente não saberemos até que você teste. Experimente por algumas semanas. Comprometa-se com outra pessoa. Comprometa-se com uma prática diária de 2-3 minutos. Coloque lembretes. Sente-se por alguns minutos e pratique. Veja o que acontece. E então me conte: Letting Go Results: https://docs.google.com/forms/d/1zb5E7BZNPyxTq8Vo17vkzYof8gAg5NsVxuJEm6H3JuM/viewform Você pode me contar como foi e se você tiver dúvidas ou obstáculos que você gostaria de compartilhar. Realmente seria de grande ajuda.
  • 76. 76 Obrigado por lerem isto, meus amigos. Aproveitem a jornada. Leo Babauta Zen Habits http://zenhabits.net