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ENTREVISTA FRANCISCO TURRA
Polibio – Vamos ouvir hoje Francisco Turra que foi Ministro da Agricultura e é hoje o atual presidente da
Associação Brasileira de Avicultura. Foi presidente da Conab, prefeito de Marau, deputado, candidato a
governador, tem uma longa história e trajetória política. O Brasil é maior produtor e exportador mundial de
carne de frango, nós detemos algo em torno de 37% do mercado de carne de todo o planeta. Eu vou começar
com uma questão que acaba me reportando a uma conversa que tivemos na introdução: o Francisco Turra
tem percorrido 72 países nos últimos dias e numa reunião com o pessoal da FAO ele ouviu informações que
vão dar a vocês a importância desse tema, o senhor pode contar como foi isso? Foram 72 países ao longo de
2 anos, é isso?
Turra – Ao longo de 4 anos. Eu vim com alegria porque nós vamos falar de uma coisa que eu vivo todos os
dias, conheço e tive a oportunidade de viver profundamente no tempo que era deputado, mas principalmente
na presidência da Conab e como Ministro da Agricultura, que é o potencial do Brasil na produção de
alimentos, é a grande reserva de produção de alimentos para o mundo. Num grande evento da FAO em
Roma, que acontece a cada 2 anos, nós fomos convidados. Muitos setores da produção brasileira estavam lá
também, mas acima de tudo presenças do mundo todo, de todos os continentes lá estavam representações. A
gente ouviu um relato feito pelo...mostrando o mundo na produção de alimentos nos próximos 8 anos, até
2020. Ai começaram: tem que crescer a produção em 16% em oleaginosas , 22% em carne de frango, 14%
carne bovina, tanto pescado e tal. No final, o representante do Rome Bank, e isso com validade pela qual
dizia: “40% dessa produção adicional vai sair de um país chamado Brasil”. O mundo todo que estava lá
olhou para nós e nós fomos procurados depois, entregamos cartões e tudo. Nunca ouvi uma pessoa no
mundo, um dia, perguntando, na Indonésia, na Malásia onde fui recente, na Índia, na China: “como está o
petróleo, pré-sal, produção de computadores, montadoras, como está?”. Nunca ouvi alguém perguntar nada.
Nem até do Brasil na sua beleza natural que é infinita, mas ouvi muita gente preocupada no Brasil produtor
de alimentos. Vou referir aqui uma frase que lá trás, numa missão com FHC,no Kremlin, na Rússia, atrás de
uma mesa que eu pensava “aqui debaixo tem um botão capaz de destruir o mundo”, tinha isso na Casa
Branca e no Kremlin...
Polibio – Mas ai já era capitalista, não era mais comunista.
Turra – Era capitalista, não era no tempo do comunismo. Eles disseram ao FHC assim: “Fernando, produza
alimentos porque dinheiro nós temos para comprar, porque aqui tem gás, tem minério, tem tudo, mas o
clima não nos deixa ser competitivos na produção agrícola”.
Polibio – Mas os russos, às vezes, criam problemas para as nossas importações.
Turra – mas é porque eles são assim mesmo. Atrás disso há muita coisa que é “criar dificuldade para criar
facilidade”.
Stormer – Dizem que o Nikita Kuchev caiu quando ele foi nos EUA, viu um peru enorme, peru americano,
e disse assim a um general russo: “a gente tem que aprender com os americanos como se cria perus”! Dizem
que ele caiu por isso.
Turra – Eles são terríveis e passam uma ideia assim ao mundo. “Nós vamos ser autossuficientes na
produção de frangos”, ai passam a importar frango, frango e frango. É um país que é grande consumidor de
proteína, é um mercado cobiçado e eles sabem disso. Ai eles vendem muito bem essa ideia.
Polibio – Tem uma população muito maior que a do Brasil.
Turra – Sim, e condições hoje. 15 anos atrás a Rússia não tinha nem um banco garantido em importação.
Polibio – No caso do Brasil, exportação de carne de frango, é o maior produtor e exportador mundial.
Turra – Não, é o terceiro maior produtor. O primeiro os EUA, 16 milhões de toneladas, segundo a China
com 13 e nós com 12, 5 milhões. Já teríamos chegado a 13 se esse ano que passou não tivéssemos tanta
crise. Teríamos passado a produção chinesa, mas somos o maior exportador e isso desde 2005. A China
compra muito frango brasileiro.
Polibio – Ela não exporta, ela compra ainda então?
Turra – Ela importa muito porque tem 1 bilhão e 600 mil habitantes, consomem 10Kg habitante/ano, nós já
estamos com 45Kg de carne de frango habitante/ano, 35Kg de bovinos e 15Kg de suínos. Nós estamos no 6°
lugar do mundo em consumo, quem nos ganha são os países islâmicos que não comem suínos, ai eles nos
ganham.
Polibio – Dessa nossa produção total, quantos % nós exportamos?
Turra – Nós exportamos exatamente 30%.
Polibio – 70% é para o consumo interno. Esses 30% é excedente, não faz falta para o mercado interno?
Turra – Não faz falta e qualquer setor que queira se manter preço atrativo, para equilibrar preço tem que
abrir uma janela para o exterior. Se você ouviu falar assim “crise da suinocultura” é porque ainda eles
tinham pouco mercado. Agora, por exemplo, abriu no Japão, uma notícia fantástica. Estão abrindo a Europa,
fantástica!
Polibio – Mas eles têm excedente também, os produtores de suínos?
Turra – Eles têm. O consumo é baixo, 15Kg habitante/ano. Daria para ser mais e a produção de suínos não
é muito expressiva. Aqui no Brasil, a produção de proteína animal, muita gente não sabe, mas é interessante
revelar: em primeiro lugar em matéria de volume produzido de proteína animal está em 12,5 milhões,
bovinos 9 milhões de toneladas e suínos 2,5, 3 milhões de toneladas, é 4° maior do mundo também. Bovinos
é o 2° maior produtor. Ficamos em 1° lugar na exportação, mas às vezes a Austrália suplanta um pouco.
Nós, o 2° maior é os EUA, mas eles estão atrás já desde 2005. Nós temos uma fatia de 37 que pode chegar a
39% esse ano e eles estão com 34%.
Stormer – O consumo talvez, aqui no sul, é diferente porque o gaúcho...
Turra – Na Argentina também é estranho porque elas já chegaram a comer quase 100 Kg de carne bovina.
Hoje a carne de frango, na Argentina, também passou a bovina, pelo preço e pelas condições de que é
saudável.
Polibio – Você está me dizendo que o gaúcho come mais carne de frango do que de boi?
Turra – A gente não tem por estado, mas com certeza absoluta nós, ou estamos equilibrados que o nosso
estado é meio diferente mesmo.
Polibio – Porque tem uma diferença de preço.
Turra – O pessoal da Biec fala assim, brincando comigo, “carne é uma coisa e frango é outra coisa”, quer
dizer, eles acham que...
Polibio – Que carne de frango não é carne.
Turra – na verdade é o seguinte: é uma proteína nossa, saudável e diferente. A evolução foi uma coisa
incrível. A Embrapa Suínos e Aves conseguiu criar um conceito que com 1Kg e 750g de ração bem
balanceada, dá 1Kg de carne de frango. O aspecto social da avicultura é: num espaço pequeno de 20 mil m²
de área, você põe ai 2 aviários grandes, você tira a cada 42 dias, no máximo porque se é griler é 35 dias,
você tira até 30 mil quilos a cada 42 dias. Na fronteira 1 hectare em boi, 4 anos para chegar no açougue, a
diferença de produtividade por espaço. Por isso nós fizemos uma comparação de município avícola e não
avícola de mesma população, SC, PR e RS. O PIB é, no mínimo, duas vezes maior numa região agrícola. O
número de empregos formais é 3 vezes e IDH é 20 vezes. Dos 25 municípios com melhor IDH no Brasil, 15
são municípios que têm avicultura. Dissemina a riqueza e dá produtividade de espaço.
Polibio – Esse mercado não se retrai? A que taxas ele tem crescido anualmente?
Turra – Teve 3 estágios bem definidos, nós concluímos agora um estudo de competitividade. Na década de
90, nós chegamos a crescer, quando o mundo nos descobriu, 24% ao ano em volume de exportação. Depois,
na década de 2000, o nível chegou a 10 e pouco, porque ai foi diminuindo, em exportação. Agora, nessa
década nós estamos em 2,5% só. Ou seja, nunca estivemos abaixo do PIB, mas ano passado sofremos muito.
Polibio – Porque alcançou um patamar muito alto. Se continua crescendo naquela taxa vai ficar com 100%
do mercado mundial.
Turra – Este ano nós vamos ter em exportação, em receita um crescimento, no mínimo, de 10% superior
pela valorização do dólar. Ou seja, vamos exportar 9 bilhões de dólares.
Stormer – Nós temos vários comentários do pessoal de casa, mas tem uma pergunta interessante “Olá Sr.
Francisco Turra, gostaria de saber sua opinião sobre as margens de lucro na produção de frango em relação à
produção de suínos e bovinos e também a questão do dólar, como o dólar impactaria nisso.”
Turra – É um setor que não tem uma lucratividade na cadeia como se imaginaria. O produtor sofre, se
queixa muito, porque é uma proteína barata. A indústria também não apresentou balanços tão bonitos.
Apresentam sim, margens constantes de lucro. Nós temos ai as maiores empresas do mundo, hoje, do
mundo, que estão no Brasil, são globais que é JBS, BRF frangos é a maior do mundo e temos ai a Marfree
que agora passou à parte de frango. E a Taison que está forte no Brasil também, que é americana.
Respondendo, não tem tantas margens de lucro. Esse ano a valorização do dólar foi benéfica, não significa
que o dólar subiu ontem 2,5% que você repasse aos preços 2,5%. Até o nosso vendedor, sinceramente, tem
um viés de achar assim: quando o universo está muito bom em dólar, ai a moeda dele é o real, ele faz a
compra em real. “Mas, meu Deus, eu estou vendendo a R$ 4,00 o quilo e lá eu to recebendo 6, tá louco”, e
entrega. Então, o maior concorrente do Brasil é o Brasil.
Polibio – Também acontece o seguinte: na medida que o exportador vai ganhar muito mais em dólar agora,
ele também alimenta o plantel dele com alimentos que ele tem que adquirir que também tem a valorização,
como o milho por exemplo.
Turra – As exportações nossas são exportações quase líquidas. A gente exporta pouca coisa. Por exemplo:
milho nós temos para exportar, soja nós temos para exportar, o básico da ração do frango. Isso é uma
vantagem. A gente importa ainda algum medicamento, mas é pouco. Exportamos 9 bilhões e não
importamos, para os 9, 200 milhões de dólares. Quais são nossos problemas de competitividade? A mão de
obra nossa, de 2006 para cá, cresceu 166% em dólar. EUA e Tailândia, nossos grandes concorrentes que têm
excedente, menos de 20%. Outro problema, o polietileno nosso custa 46% a mais do que o americano, do
que o tailandês.
Polibio – O polietileno é para?
Turra – Para a embalagem. Nós temos uma série de custos, agora a gente levantou para o Congresso
Brasileiro de Avicultura e o Salão Mundial da Avicultura que começa terça-feira, nós fizemos um trabalho
de competitividade para entregar ao governo e dizer assim: “com esta logística, com estes problemas, a
gente não vai longe”. Nós temos complicações pela frente e podemos perder espaço. Mesmo assim, as
vantagens nossas são: a boa mão de obra, eficiência, clima e também o que nós temos é o alimento do
frango, que para nós ainda é competitivo perante EUA e Tailândia. Mas já fomos mais competitivos. Os
custos nossos, se a gente não cuidar...porque vem o cara e diz “tem que reduzir a jornada de trabalho e
tudo”, nos EUA não é assim, Tailândia não é assim.
Stormer – O Pedro coloca uma pergunta muito boa: “Sr. Turra, como o Senhor analisa a questão dos
hormônios na carne do frango? Quais os impactos de longo prazo para a saúde da população?”
Turra – Objetivamente, não tem hormônio na carne de frango brasileira, não tem. Cientificamente, não sou
cientista, mas vou responder como daria para ter hormônio na carne de frango. Em duas hipóteses: vacinar
um a um dos 6,5 bilhões de frangos, o que é impossível; ou você injetar via ração, mas ela só incorpora, isso
qualquer cientista que me ouve vai confirmar, 60 dias depois. O frango brasileiro nunca tem 60 dias. 42 no
máximo. Não tem, cientificamente comprovado, exames nos maiores laboratórios do mundo estão botando
por terra o mito, não tem. Então, fiquem tranquilos, não vai ser por este mal que vamos morrer. É carne
saudável, ótima.
Stormer – Ok, temos outra pergunta: “o agronegócio tem muito peso no PIB do Brasil, mas nós brasileiros
percebemos que não tem tido essa percepção, continuamos tendo absurdos como invasão de fazendas pelo
MST, aumento de terras indígenas, manipuladas por Ongs até internacionais. O que falta para os
empresários do agronegócio convencerem o governo federal e o Congresso nacional da sua importância para
o país, na sua opinião?”
Polibio – mas produção de frango não exige muito espaço.
Turra – Não, espaço não. Como um todo, para aproveitar a pergunta muito pertinente, é o seguinte: falta
sensibilidade do governo de entender a força do agro.
Polibio – Mas apesar disso, o Brasil está produzindo muito alimentos nos últimos anos.
Turra – E não precisa de mais espaços para produzir muito não. Nós temos que fazer com que o ganho
aconteça via produtividade e nisso somos bem competentes. De ano a ano você vê a produtividade de milho
e soja aumentam com a tecnologia, agricultura de precisão. Nós estamos felizes porque dizem assim “safra
brasileira de 200 milhões”, não é verdade. Os 200 milhões é só dos produtos da PGPM, só de cana nós
produzimos 250 milhões de toneladas, só de cana, está fora disso.
Polibio – Quando você fala em 200 milhões é grãos né?
Turra – Grãos alguns que estão num antigo programa da PGPM. Café não está, um monte de coisa. 2
milhões é nada. Nós triplicamos isso em 10 anos com o mesmo espaço.
Polibio – E o que falta?
Turra – Acho que está andando bem. Com calma está andando. Tem erros do governo em descuidar, titular
“mais terras aos indígenas, aos quilombolas e vou desalojar 500 produtores pequenos”.
Polibio – A gente nota que nesses últimos anos, nos governos do PT, a produção do Brasil tem crescido
cada vez mais. Eu não vejo, da parte do pessoal ligado ao agro, por aqui, protestos. Pelo contrário, não
parece ter grandes problemas.
Turra – Garante a balança comercial e o alimento chegando na mesa, na cesta básica. O americano gastava,
no início do século, 50% do salário em alimento. Hoje gasta menos de 10. E assim é na maioria dos países.
Polibio – O Brasil está por ai hoje?
Turra – Um pouquinho mais. 13% do que se ganha seria para alimentação.
Stormer – E a logística? A questão que me preocupa são portos para exportação, para esse tipo de coisa. Se
sento o governo federal trabalhando nesse cenário de melhoria na logística do agronegócio brasileiro ou isso
está muito aquém ainda do que se precisaria?
Turra – Muito lento. O porto de Santos embarca 10 milhões de toneladas/ano. Um porto de Xangai 28
milhões. O custo nosso 2500 dólares por tonelada, deles 500. Ferrovias não existem, não há projeto para
aumentar. Hidrovias que o Brasil tem, deixam o transporte muito mais barato. O que o governo tem que
fazer é uma coisa só: entender que ele não tem recurso e nem condições de fazer bem. Tem que fazer
concessões, parcerias público/privadas. No mundo está sobrando dinheiro. E tem que fazer rápido. Não
adianta fazer para o século 22, tem que fazer agora. Daqui um tempo nós vamos ficar estrangulados na safra.
Esse ano, sabe onde era a armazenagem da safra brasileira? No caminhão. No caminhão que ia para o porto,
demorando 40 dias para chegar no porto. É justo isso?
Polibio – Vamos falar agora de valor agregado. Me lembro que quando eu visitava o frigorífico da Minuano
em lajeado, da Frangosul em Montenegro, 20 anos atrás. Vi aquela linha de produção, aqueles frangos já
pelados, exportávamos praticamente só aqueles frangos pelados, inteiros. De lá para cá mudou muita coisa
porque pudemos agregar valor. Como está isso hoje?
Turra – Nem tanto. Melhor do que exportar milho é exportar frango. Exportando milho você consegue R$
30,00 a saca, exportando frango você consegue, vamos dizer, R$ 90,00. Eu fico muito intrigado porque
ainda exportamos 5% de 4 milhões de toneladas de produto processado e 35% de frango cortado, salgado,
com alguma agregação. A meta nossa é a seguinte: valor agregado e inovação tecnológica. O Brasil, como
um todo, tem que passar a ter uma outra visão, porque comemorar exportação de milho, de soja, de gado é
um absurdo. Bonito é você olhar a Alemanha, exportadora de café, não produz um grão de café, Compra do
Brasil, compra da Colômbia, transforma, agrega valor e vende, ganha dinheiro. Nós, ficamos felizes,
batemos palmas para a exportação.
Polibio – Uma coisa que me chamou muito a atenção nestas viagens era descobrir que o Japão só importava
pé de galinha.
Turra – A China só importa pé e asa. Mas agora a gente está descobrindo, num serviço que nós montamos
de inteligência, que faz exatamente todas as análises do gosto do consumidor. Estamos fazendo, num serviço
de inteligência, um estudo do que é que um consumidor de algum lugar do mundo gosta. Ai vamos oferecer
para as empresas aquele produto com valor agregado, que é outro diferencial. No Brasil, como está, tem
30% do potencial do Agro. Se você agregar valor, você pode chegar a 70%, chegar a 100%.
Stormer – É justamente sobre isso uma das perguntas: “por que o Brasil, como um grande produtor de café
está nessa situação terrível, até quando vão deixar os alemães, que não têm um pé de café, ganhar dinheiro
ás custas do Brasil. E, por fim, porque o Brasil, junto com a Colômbia, não se juntam para evitar que
Chicago seja o principal especulador neste mercado. O que precisaria ser feito?”. Acho que essa é a
principal pergunta para que a gente pudesse começar a agregar mais valor nesses nossos produtos e evitar
esse tipo de situação.
Turra – Eu entendo que a gente não pode ficar transferindo a responsabilidade para o governo, imaginar
que isso vem do céu. É uma coisa que tem que discutir setor por setor, nós estamos fazendo este exercício.
Assumiu a nova direção da BRF e eu achei bonito um conceito que saiu numa entrevista do novo presidente.
Ele disse assim: “chega da gente imaginar que tem que produzir isso, isso, isso, e aquilo, nós temos que
descobrir o gosto do consumidor, chegar neste gosto e transformar o produto e colocar as pessoas
agressivamente a vender”.
Polibio – Quem é a Alemanha do mercado de frango? Que compra nosso produto, processa e depois
revende?
Turra – nós temos uma empresa alemã aqui, chamada Vosco, é alemã de ponta a ponta. Sabe o que ela faz?
Ela leva o frango inteiro para ela para transformar.
Polibio – Transforma, agrega valor e vende. Deve vender inclusive para o Brasil.
Turra – Aliás, uma montanha de países, que não produzem, estão buscando parcerias com empresas
brasileiras assim: a BRF teve que montar uma fábrica na Arábia Saudita, na China. É a vivacidade desses
países de chegar e agregar valor. Se o Brasil fizer isso, ele, vai abrir o mercado.
Polibio – Quem são os nossos maiores compradores mundiais de frango? Mas antes, o Stormer estava
navegando em suas planilhas no intervalo e encontrou alguns dados de valorização de ações de companhias
brasileiras que operam exatamente nesta área.
Stormer – Estávamos comentando que nós temos as ações da BRF S3, que é a Brasil Foods, que é a maior
do Brasil, nós temos hoje, uma movimentação no ano, enquanto toda a Bovespa está em forte tendência de
baixa, temos uma valorização de quase 30% de ganho nas ações da BRF S3. Nos últimos 3 anos, de 2011 até
agora, 104% de valorização nas ações da BRF S3. Mais de 30% ao ano e com o mesmo efeito acontecendo
em empresas do mesmo setor. A empresa Media Brando que tem uma movimentação até hoje de 164%. A
JBS S3, que é a FriBoi, nós estamos com uma movimentação lateral nas ações há 4 anos, mas ela hoje é uma
empresa que está ultrapassando a Petrobrás em valor de bolsa.
Turra – A JBS é a maior empresa do mundo em proteína animal. Boi é o forte deles. A participação do
Brasil no frango é 33% BRF, agora com a compra da Seara que não se efetivou tudo, a JBS passaria a 23% e
ficariam as duas com mais da metade. Mas há espaço para as pequenas. Há cooperativas, empresas pequenas
indo muito bem. Algumas sofreram muito também, não é um mar de alegrias.
Polibio – Está havendo muita consolidação nesta área.
Turra – Agora sim. Houveram mudanças, a Aurora subiu bem. Algumas empresas que estavam mal, por
exemplo, a JBS comprou a ... maravilhosamente bem e era um problemão a ..., terrível, integrado não
recebendo, era um drama. O Brasil exporta 4 milhões de toneladas, 9 bilhões de dólares, é ovo, genética,
frango, pato, marreco, mas o forte é frango mesmo. O maior comprador é a Arábia Saudita, 55mil
toneladas/mês. O segundo maior comprador é o conjunto de 27 países da União Europeia, terceiro Japão,
quarto Hong Kong, quinto já é a China. A África como um todo compra muito. Na China nós abrimos o
mercado em 2009. A gente comemorou o último mercado aberto no México, que já recebeu a primeira carga
de frango que saiu da Seara.
Polibio – Esse é um setor que tem trabalho o tempo todo, não tem ociosidade?
Turra – Não, não tem. Vamos dizer assim: o México chegou e fez um pedido de 300 mil emergencial, o
Brasil pode atender. Se pode atender é porque tem alguma ociosidade. No período de explosão, o negócio ia
a mil e as empresas se expandiram muito. Estão trabalhando, mas trabalhando e se ajustando. Ninguém está
pensando em volume, mas está pensando em receita, renda, ,lucro, é uma coisa boa.
Polibio – Alguém ameaça a produção brasileira?
Turra – Olha, EUA é um concorrente que a gente respeita. Nós não abrimos para eles e nem eles para nós.
Os processos da Ucrânia e África do Sul, mesmo advogado nosso e deles, estamos justíssimos deles. Tem
um acordo para não invadir lá e cá porque a fatia de ambos é hoje 70%. Precisamos conviver bem com o
inimigo.
Stormer – Eu sempre digo que concorrência é bom, porque ter uma concorrência te obriga a estar tentando
melhorar o seu negócio e melhorar seus resultados.
Polibio – A concorrência predatório que é muito perigosa, mas essa não tem não né.
Turra – A predatória ninguém aguenta com ela. Trabalhar sem um sistema adequado, qualidade, dura um
mês.

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Entrevista francisco turra

  • 1. ENTREVISTA FRANCISCO TURRA Polibio – Vamos ouvir hoje Francisco Turra que foi Ministro da Agricultura e é hoje o atual presidente da Associação Brasileira de Avicultura. Foi presidente da Conab, prefeito de Marau, deputado, candidato a governador, tem uma longa história e trajetória política. O Brasil é maior produtor e exportador mundial de carne de frango, nós detemos algo em torno de 37% do mercado de carne de todo o planeta. Eu vou começar com uma questão que acaba me reportando a uma conversa que tivemos na introdução: o Francisco Turra tem percorrido 72 países nos últimos dias e numa reunião com o pessoal da FAO ele ouviu informações que vão dar a vocês a importância desse tema, o senhor pode contar como foi isso? Foram 72 países ao longo de 2 anos, é isso? Turra – Ao longo de 4 anos. Eu vim com alegria porque nós vamos falar de uma coisa que eu vivo todos os dias, conheço e tive a oportunidade de viver profundamente no tempo que era deputado, mas principalmente na presidência da Conab e como Ministro da Agricultura, que é o potencial do Brasil na produção de alimentos, é a grande reserva de produção de alimentos para o mundo. Num grande evento da FAO em Roma, que acontece a cada 2 anos, nós fomos convidados. Muitos setores da produção brasileira estavam lá também, mas acima de tudo presenças do mundo todo, de todos os continentes lá estavam representações. A gente ouviu um relato feito pelo...mostrando o mundo na produção de alimentos nos próximos 8 anos, até 2020. Ai começaram: tem que crescer a produção em 16% em oleaginosas , 22% em carne de frango, 14% carne bovina, tanto pescado e tal. No final, o representante do Rome Bank, e isso com validade pela qual dizia: “40% dessa produção adicional vai sair de um país chamado Brasil”. O mundo todo que estava lá olhou para nós e nós fomos procurados depois, entregamos cartões e tudo. Nunca ouvi uma pessoa no mundo, um dia, perguntando, na Indonésia, na Malásia onde fui recente, na Índia, na China: “como está o petróleo, pré-sal, produção de computadores, montadoras, como está?”. Nunca ouvi alguém perguntar nada. Nem até do Brasil na sua beleza natural que é infinita, mas ouvi muita gente preocupada no Brasil produtor de alimentos. Vou referir aqui uma frase que lá trás, numa missão com FHC,no Kremlin, na Rússia, atrás de uma mesa que eu pensava “aqui debaixo tem um botão capaz de destruir o mundo”, tinha isso na Casa Branca e no Kremlin... Polibio – Mas ai já era capitalista, não era mais comunista. Turra – Era capitalista, não era no tempo do comunismo. Eles disseram ao FHC assim: “Fernando, produza alimentos porque dinheiro nós temos para comprar, porque aqui tem gás, tem minério, tem tudo, mas o clima não nos deixa ser competitivos na produção agrícola”. Polibio – Mas os russos, às vezes, criam problemas para as nossas importações. Turra – mas é porque eles são assim mesmo. Atrás disso há muita coisa que é “criar dificuldade para criar facilidade”. Stormer – Dizem que o Nikita Kuchev caiu quando ele foi nos EUA, viu um peru enorme, peru americano, e disse assim a um general russo: “a gente tem que aprender com os americanos como se cria perus”! Dizem que ele caiu por isso. Turra – Eles são terríveis e passam uma ideia assim ao mundo. “Nós vamos ser autossuficientes na produção de frangos”, ai passam a importar frango, frango e frango. É um país que é grande consumidor de proteína, é um mercado cobiçado e eles sabem disso. Ai eles vendem muito bem essa ideia. Polibio – Tem uma população muito maior que a do Brasil. Turra – Sim, e condições hoje. 15 anos atrás a Rússia não tinha nem um banco garantido em importação.
  • 2. Polibio – No caso do Brasil, exportação de carne de frango, é o maior produtor e exportador mundial. Turra – Não, é o terceiro maior produtor. O primeiro os EUA, 16 milhões de toneladas, segundo a China com 13 e nós com 12, 5 milhões. Já teríamos chegado a 13 se esse ano que passou não tivéssemos tanta crise. Teríamos passado a produção chinesa, mas somos o maior exportador e isso desde 2005. A China compra muito frango brasileiro. Polibio – Ela não exporta, ela compra ainda então? Turra – Ela importa muito porque tem 1 bilhão e 600 mil habitantes, consomem 10Kg habitante/ano, nós já estamos com 45Kg de carne de frango habitante/ano, 35Kg de bovinos e 15Kg de suínos. Nós estamos no 6° lugar do mundo em consumo, quem nos ganha são os países islâmicos que não comem suínos, ai eles nos ganham. Polibio – Dessa nossa produção total, quantos % nós exportamos? Turra – Nós exportamos exatamente 30%. Polibio – 70% é para o consumo interno. Esses 30% é excedente, não faz falta para o mercado interno? Turra – Não faz falta e qualquer setor que queira se manter preço atrativo, para equilibrar preço tem que abrir uma janela para o exterior. Se você ouviu falar assim “crise da suinocultura” é porque ainda eles tinham pouco mercado. Agora, por exemplo, abriu no Japão, uma notícia fantástica. Estão abrindo a Europa, fantástica! Polibio – Mas eles têm excedente também, os produtores de suínos? Turra – Eles têm. O consumo é baixo, 15Kg habitante/ano. Daria para ser mais e a produção de suínos não é muito expressiva. Aqui no Brasil, a produção de proteína animal, muita gente não sabe, mas é interessante revelar: em primeiro lugar em matéria de volume produzido de proteína animal está em 12,5 milhões, bovinos 9 milhões de toneladas e suínos 2,5, 3 milhões de toneladas, é 4° maior do mundo também. Bovinos é o 2° maior produtor. Ficamos em 1° lugar na exportação, mas às vezes a Austrália suplanta um pouco. Nós, o 2° maior é os EUA, mas eles estão atrás já desde 2005. Nós temos uma fatia de 37 que pode chegar a 39% esse ano e eles estão com 34%. Stormer – O consumo talvez, aqui no sul, é diferente porque o gaúcho... Turra – Na Argentina também é estranho porque elas já chegaram a comer quase 100 Kg de carne bovina. Hoje a carne de frango, na Argentina, também passou a bovina, pelo preço e pelas condições de que é saudável. Polibio – Você está me dizendo que o gaúcho come mais carne de frango do que de boi? Turra – A gente não tem por estado, mas com certeza absoluta nós, ou estamos equilibrados que o nosso estado é meio diferente mesmo. Polibio – Porque tem uma diferença de preço. Turra – O pessoal da Biec fala assim, brincando comigo, “carne é uma coisa e frango é outra coisa”, quer dizer, eles acham que... Polibio – Que carne de frango não é carne.
  • 3. Turra – na verdade é o seguinte: é uma proteína nossa, saudável e diferente. A evolução foi uma coisa incrível. A Embrapa Suínos e Aves conseguiu criar um conceito que com 1Kg e 750g de ração bem balanceada, dá 1Kg de carne de frango. O aspecto social da avicultura é: num espaço pequeno de 20 mil m² de área, você põe ai 2 aviários grandes, você tira a cada 42 dias, no máximo porque se é griler é 35 dias, você tira até 30 mil quilos a cada 42 dias. Na fronteira 1 hectare em boi, 4 anos para chegar no açougue, a diferença de produtividade por espaço. Por isso nós fizemos uma comparação de município avícola e não avícola de mesma população, SC, PR e RS. O PIB é, no mínimo, duas vezes maior numa região agrícola. O número de empregos formais é 3 vezes e IDH é 20 vezes. Dos 25 municípios com melhor IDH no Brasil, 15 são municípios que têm avicultura. Dissemina a riqueza e dá produtividade de espaço. Polibio – Esse mercado não se retrai? A que taxas ele tem crescido anualmente? Turra – Teve 3 estágios bem definidos, nós concluímos agora um estudo de competitividade. Na década de 90, nós chegamos a crescer, quando o mundo nos descobriu, 24% ao ano em volume de exportação. Depois, na década de 2000, o nível chegou a 10 e pouco, porque ai foi diminuindo, em exportação. Agora, nessa década nós estamos em 2,5% só. Ou seja, nunca estivemos abaixo do PIB, mas ano passado sofremos muito. Polibio – Porque alcançou um patamar muito alto. Se continua crescendo naquela taxa vai ficar com 100% do mercado mundial. Turra – Este ano nós vamos ter em exportação, em receita um crescimento, no mínimo, de 10% superior pela valorização do dólar. Ou seja, vamos exportar 9 bilhões de dólares. Stormer – Nós temos vários comentários do pessoal de casa, mas tem uma pergunta interessante “Olá Sr. Francisco Turra, gostaria de saber sua opinião sobre as margens de lucro na produção de frango em relação à produção de suínos e bovinos e também a questão do dólar, como o dólar impactaria nisso.” Turra – É um setor que não tem uma lucratividade na cadeia como se imaginaria. O produtor sofre, se queixa muito, porque é uma proteína barata. A indústria também não apresentou balanços tão bonitos. Apresentam sim, margens constantes de lucro. Nós temos ai as maiores empresas do mundo, hoje, do mundo, que estão no Brasil, são globais que é JBS, BRF frangos é a maior do mundo e temos ai a Marfree que agora passou à parte de frango. E a Taison que está forte no Brasil também, que é americana. Respondendo, não tem tantas margens de lucro. Esse ano a valorização do dólar foi benéfica, não significa que o dólar subiu ontem 2,5% que você repasse aos preços 2,5%. Até o nosso vendedor, sinceramente, tem um viés de achar assim: quando o universo está muito bom em dólar, ai a moeda dele é o real, ele faz a compra em real. “Mas, meu Deus, eu estou vendendo a R$ 4,00 o quilo e lá eu to recebendo 6, tá louco”, e entrega. Então, o maior concorrente do Brasil é o Brasil. Polibio – Também acontece o seguinte: na medida que o exportador vai ganhar muito mais em dólar agora, ele também alimenta o plantel dele com alimentos que ele tem que adquirir que também tem a valorização, como o milho por exemplo. Turra – As exportações nossas são exportações quase líquidas. A gente exporta pouca coisa. Por exemplo: milho nós temos para exportar, soja nós temos para exportar, o básico da ração do frango. Isso é uma vantagem. A gente importa ainda algum medicamento, mas é pouco. Exportamos 9 bilhões e não importamos, para os 9, 200 milhões de dólares. Quais são nossos problemas de competitividade? A mão de obra nossa, de 2006 para cá, cresceu 166% em dólar. EUA e Tailândia, nossos grandes concorrentes que têm excedente, menos de 20%. Outro problema, o polietileno nosso custa 46% a mais do que o americano, do que o tailandês. Polibio – O polietileno é para?
  • 4. Turra – Para a embalagem. Nós temos uma série de custos, agora a gente levantou para o Congresso Brasileiro de Avicultura e o Salão Mundial da Avicultura que começa terça-feira, nós fizemos um trabalho de competitividade para entregar ao governo e dizer assim: “com esta logística, com estes problemas, a gente não vai longe”. Nós temos complicações pela frente e podemos perder espaço. Mesmo assim, as vantagens nossas são: a boa mão de obra, eficiência, clima e também o que nós temos é o alimento do frango, que para nós ainda é competitivo perante EUA e Tailândia. Mas já fomos mais competitivos. Os custos nossos, se a gente não cuidar...porque vem o cara e diz “tem que reduzir a jornada de trabalho e tudo”, nos EUA não é assim, Tailândia não é assim. Stormer – O Pedro coloca uma pergunta muito boa: “Sr. Turra, como o Senhor analisa a questão dos hormônios na carne do frango? Quais os impactos de longo prazo para a saúde da população?” Turra – Objetivamente, não tem hormônio na carne de frango brasileira, não tem. Cientificamente, não sou cientista, mas vou responder como daria para ter hormônio na carne de frango. Em duas hipóteses: vacinar um a um dos 6,5 bilhões de frangos, o que é impossível; ou você injetar via ração, mas ela só incorpora, isso qualquer cientista que me ouve vai confirmar, 60 dias depois. O frango brasileiro nunca tem 60 dias. 42 no máximo. Não tem, cientificamente comprovado, exames nos maiores laboratórios do mundo estão botando por terra o mito, não tem. Então, fiquem tranquilos, não vai ser por este mal que vamos morrer. É carne saudável, ótima. Stormer – Ok, temos outra pergunta: “o agronegócio tem muito peso no PIB do Brasil, mas nós brasileiros percebemos que não tem tido essa percepção, continuamos tendo absurdos como invasão de fazendas pelo MST, aumento de terras indígenas, manipuladas por Ongs até internacionais. O que falta para os empresários do agronegócio convencerem o governo federal e o Congresso nacional da sua importância para o país, na sua opinião?” Polibio – mas produção de frango não exige muito espaço. Turra – Não, espaço não. Como um todo, para aproveitar a pergunta muito pertinente, é o seguinte: falta sensibilidade do governo de entender a força do agro. Polibio – Mas apesar disso, o Brasil está produzindo muito alimentos nos últimos anos. Turra – E não precisa de mais espaços para produzir muito não. Nós temos que fazer com que o ganho aconteça via produtividade e nisso somos bem competentes. De ano a ano você vê a produtividade de milho e soja aumentam com a tecnologia, agricultura de precisão. Nós estamos felizes porque dizem assim “safra brasileira de 200 milhões”, não é verdade. Os 200 milhões é só dos produtos da PGPM, só de cana nós produzimos 250 milhões de toneladas, só de cana, está fora disso. Polibio – Quando você fala em 200 milhões é grãos né? Turra – Grãos alguns que estão num antigo programa da PGPM. Café não está, um monte de coisa. 2 milhões é nada. Nós triplicamos isso em 10 anos com o mesmo espaço. Polibio – E o que falta? Turra – Acho que está andando bem. Com calma está andando. Tem erros do governo em descuidar, titular “mais terras aos indígenas, aos quilombolas e vou desalojar 500 produtores pequenos”. Polibio – A gente nota que nesses últimos anos, nos governos do PT, a produção do Brasil tem crescido cada vez mais. Eu não vejo, da parte do pessoal ligado ao agro, por aqui, protestos. Pelo contrário, não parece ter grandes problemas.
  • 5. Turra – Garante a balança comercial e o alimento chegando na mesa, na cesta básica. O americano gastava, no início do século, 50% do salário em alimento. Hoje gasta menos de 10. E assim é na maioria dos países. Polibio – O Brasil está por ai hoje? Turra – Um pouquinho mais. 13% do que se ganha seria para alimentação. Stormer – E a logística? A questão que me preocupa são portos para exportação, para esse tipo de coisa. Se sento o governo federal trabalhando nesse cenário de melhoria na logística do agronegócio brasileiro ou isso está muito aquém ainda do que se precisaria? Turra – Muito lento. O porto de Santos embarca 10 milhões de toneladas/ano. Um porto de Xangai 28 milhões. O custo nosso 2500 dólares por tonelada, deles 500. Ferrovias não existem, não há projeto para aumentar. Hidrovias que o Brasil tem, deixam o transporte muito mais barato. O que o governo tem que fazer é uma coisa só: entender que ele não tem recurso e nem condições de fazer bem. Tem que fazer concessões, parcerias público/privadas. No mundo está sobrando dinheiro. E tem que fazer rápido. Não adianta fazer para o século 22, tem que fazer agora. Daqui um tempo nós vamos ficar estrangulados na safra. Esse ano, sabe onde era a armazenagem da safra brasileira? No caminhão. No caminhão que ia para o porto, demorando 40 dias para chegar no porto. É justo isso? Polibio – Vamos falar agora de valor agregado. Me lembro que quando eu visitava o frigorífico da Minuano em lajeado, da Frangosul em Montenegro, 20 anos atrás. Vi aquela linha de produção, aqueles frangos já pelados, exportávamos praticamente só aqueles frangos pelados, inteiros. De lá para cá mudou muita coisa porque pudemos agregar valor. Como está isso hoje? Turra – Nem tanto. Melhor do que exportar milho é exportar frango. Exportando milho você consegue R$ 30,00 a saca, exportando frango você consegue, vamos dizer, R$ 90,00. Eu fico muito intrigado porque ainda exportamos 5% de 4 milhões de toneladas de produto processado e 35% de frango cortado, salgado, com alguma agregação. A meta nossa é a seguinte: valor agregado e inovação tecnológica. O Brasil, como um todo, tem que passar a ter uma outra visão, porque comemorar exportação de milho, de soja, de gado é um absurdo. Bonito é você olhar a Alemanha, exportadora de café, não produz um grão de café, Compra do Brasil, compra da Colômbia, transforma, agrega valor e vende, ganha dinheiro. Nós, ficamos felizes, batemos palmas para a exportação. Polibio – Uma coisa que me chamou muito a atenção nestas viagens era descobrir que o Japão só importava pé de galinha. Turra – A China só importa pé e asa. Mas agora a gente está descobrindo, num serviço que nós montamos de inteligência, que faz exatamente todas as análises do gosto do consumidor. Estamos fazendo, num serviço de inteligência, um estudo do que é que um consumidor de algum lugar do mundo gosta. Ai vamos oferecer para as empresas aquele produto com valor agregado, que é outro diferencial. No Brasil, como está, tem 30% do potencial do Agro. Se você agregar valor, você pode chegar a 70%, chegar a 100%. Stormer – É justamente sobre isso uma das perguntas: “por que o Brasil, como um grande produtor de café está nessa situação terrível, até quando vão deixar os alemães, que não têm um pé de café, ganhar dinheiro ás custas do Brasil. E, por fim, porque o Brasil, junto com a Colômbia, não se juntam para evitar que Chicago seja o principal especulador neste mercado. O que precisaria ser feito?”. Acho que essa é a principal pergunta para que a gente pudesse começar a agregar mais valor nesses nossos produtos e evitar esse tipo de situação. Turra – Eu entendo que a gente não pode ficar transferindo a responsabilidade para o governo, imaginar que isso vem do céu. É uma coisa que tem que discutir setor por setor, nós estamos fazendo este exercício.
  • 6. Assumiu a nova direção da BRF e eu achei bonito um conceito que saiu numa entrevista do novo presidente. Ele disse assim: “chega da gente imaginar que tem que produzir isso, isso, isso, e aquilo, nós temos que descobrir o gosto do consumidor, chegar neste gosto e transformar o produto e colocar as pessoas agressivamente a vender”. Polibio – Quem é a Alemanha do mercado de frango? Que compra nosso produto, processa e depois revende? Turra – nós temos uma empresa alemã aqui, chamada Vosco, é alemã de ponta a ponta. Sabe o que ela faz? Ela leva o frango inteiro para ela para transformar. Polibio – Transforma, agrega valor e vende. Deve vender inclusive para o Brasil. Turra – Aliás, uma montanha de países, que não produzem, estão buscando parcerias com empresas brasileiras assim: a BRF teve que montar uma fábrica na Arábia Saudita, na China. É a vivacidade desses países de chegar e agregar valor. Se o Brasil fizer isso, ele, vai abrir o mercado. Polibio – Quem são os nossos maiores compradores mundiais de frango? Mas antes, o Stormer estava navegando em suas planilhas no intervalo e encontrou alguns dados de valorização de ações de companhias brasileiras que operam exatamente nesta área. Stormer – Estávamos comentando que nós temos as ações da BRF S3, que é a Brasil Foods, que é a maior do Brasil, nós temos hoje, uma movimentação no ano, enquanto toda a Bovespa está em forte tendência de baixa, temos uma valorização de quase 30% de ganho nas ações da BRF S3. Nos últimos 3 anos, de 2011 até agora, 104% de valorização nas ações da BRF S3. Mais de 30% ao ano e com o mesmo efeito acontecendo em empresas do mesmo setor. A empresa Media Brando que tem uma movimentação até hoje de 164%. A JBS S3, que é a FriBoi, nós estamos com uma movimentação lateral nas ações há 4 anos, mas ela hoje é uma empresa que está ultrapassando a Petrobrás em valor de bolsa. Turra – A JBS é a maior empresa do mundo em proteína animal. Boi é o forte deles. A participação do Brasil no frango é 33% BRF, agora com a compra da Seara que não se efetivou tudo, a JBS passaria a 23% e ficariam as duas com mais da metade. Mas há espaço para as pequenas. Há cooperativas, empresas pequenas indo muito bem. Algumas sofreram muito também, não é um mar de alegrias. Polibio – Está havendo muita consolidação nesta área. Turra – Agora sim. Houveram mudanças, a Aurora subiu bem. Algumas empresas que estavam mal, por exemplo, a JBS comprou a ... maravilhosamente bem e era um problemão a ..., terrível, integrado não recebendo, era um drama. O Brasil exporta 4 milhões de toneladas, 9 bilhões de dólares, é ovo, genética, frango, pato, marreco, mas o forte é frango mesmo. O maior comprador é a Arábia Saudita, 55mil toneladas/mês. O segundo maior comprador é o conjunto de 27 países da União Europeia, terceiro Japão, quarto Hong Kong, quinto já é a China. A África como um todo compra muito. Na China nós abrimos o mercado em 2009. A gente comemorou o último mercado aberto no México, que já recebeu a primeira carga de frango que saiu da Seara. Polibio – Esse é um setor que tem trabalho o tempo todo, não tem ociosidade? Turra – Não, não tem. Vamos dizer assim: o México chegou e fez um pedido de 300 mil emergencial, o Brasil pode atender. Se pode atender é porque tem alguma ociosidade. No período de explosão, o negócio ia a mil e as empresas se expandiram muito. Estão trabalhando, mas trabalhando e se ajustando. Ninguém está pensando em volume, mas está pensando em receita, renda, ,lucro, é uma coisa boa. Polibio – Alguém ameaça a produção brasileira?
  • 7. Turra – Olha, EUA é um concorrente que a gente respeita. Nós não abrimos para eles e nem eles para nós. Os processos da Ucrânia e África do Sul, mesmo advogado nosso e deles, estamos justíssimos deles. Tem um acordo para não invadir lá e cá porque a fatia de ambos é hoje 70%. Precisamos conviver bem com o inimigo. Stormer – Eu sempre digo que concorrência é bom, porque ter uma concorrência te obriga a estar tentando melhorar o seu negócio e melhorar seus resultados. Polibio – A concorrência predatório que é muito perigosa, mas essa não tem não né. Turra – A predatória ninguém aguenta com ela. Trabalhar sem um sistema adequado, qualidade, dura um mês.