O documento discute a epidemiologia, definindo-a como o estudo da distribuição e determinantes de estados e eventos relacionados à saúde em populações específicas. Apresenta a evolução histórica da epidemiologia desde o século XIX, quando surgiram suas bases com os estudos de John Snow sobre cólera, até o século XX, quando houve consolidação de métodos e técnicas. Também aborda os tipos de estudos epidemiológicos, níveis de prevenção e rastreamento de doenças.
2. O QUE É A SAÚDE?
A saúde é um estado de completo bem estar
físico, mental e social e não apenas a
ausência de doenças. (OMS, 1948).
A saúde é o resultado do equilíbrio dinâmico
entre o individuo e o seu meu ambiente.
( Dubos, 1965).
A saúde é vida no silêncio dos órgãos.
(Leriche, 1931).
3. O QUE É A SAÚDE?
A Assembleia Mundial de Saúde (1977),
definiu que a principal meta dos países
membros da OMS para o ano 2000 era que:
“ todas as pessoas deveriam alcançar um
nível de saúde que permitisse o desempenho
de uma vida social e economicamente
produtiva”.
4. O QUE É A EPIDEMIOLOGIA
Epidemiologia é a ciência básica da saúde
pública. É uma disciplina altamente
quantitativa baseada em princípios de
estatística e metodologia de pesquisa
“Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos
determinantes de estados o eventos
relacionados com a saúde em populações
especificas e suas aplicações no controle de
problemas de saúde.”
( Last, 1988)
5. RESENHA HISTÓRICA
CURIOSIDADES ETIMOLÓGICAS
Do grego, Epedeméion (aquele que visita);
Epidemia – textos hipocráticos, 2000 ac:
Epí – (sobre);
Demós - ( povo );
Logos - ( palavra, discurso, estudo);
Etimologicamente “epidemiologia”
significa:
“Ciência do que ocorre com o
povo”
6. PRIMEIRAS REFERÊNCIAS
SÉC.XIX - Bases da Epidemiologia
Revolução Industrial:
Crescimento das cidades;
Deterioração das condições de vida;
A maioria da população vivia em
ambientes insalubres.
Os movimentos sociais e
revolucionários procuravam soluções para
a crise, e nesse contexto os estudos sobre as
condições de saúde intensificavam-se .
7. SÉC.XIX - Bases da
Epidemiologia
Claude Bernard define as bases da
investigação experimental das Ciências
Biológicas, diminuindo a importância de
disciplinas com predomínio observacional;
Consolidação do conceito de
unicausalidade;
Rejeitação das explicações multicausais,
como a determinação social da doença.
8. SÉC.XIX - Bases da
Epidemiologia
A “A teoria miasmatíca” (as doenças
provinham de emanações resultantes do
acumular de dejectos), era o paradigma
dominante entre os estudiosos das condições
de saúde no séc. XIX;
John Snow – realizou estudos sobre a cólera
em Londres (1848/49 a 1953) – propulsor da
ideia da existência de agentes vivos
microscópicos serem a origem da cólera.
9. SÉC.XIX - Bases da
Epidemiologia
Fim do séc. XIX: A Epidemiologia era uma
disciplina ainda embrionária;
Descoberta do micróbio – “ agentes
etiológicos específicos que eram a causa de
doenças especificas”, desviando atenção de
todo o conhecimento epidemiológico até
então acumulado sobre a determinação social
da doença.
10. SÉC. XX – O
QUESTIONAMENTO DA
UNICAUSALIDADE
Insuficiência explicativa do modelo unicausal
diante de inúmeras questões surgidas com a
produção de novos conhecimentos científicos;
Desenvolvimento da teoria ecológica das
doenças infecciosas - a interacção entre
agente e hospedeiro ocorre num ambiente
composto de elementos de diversas ordens
(físicos, biológicos e sociais);
11. SÉC. XX – O QUESTIONAMENTO DA
UNICAUSALIDADE
A unicausalidade é suplantada pelas redes
multicausais;
Ocorreu a identificação de vectores de uma
série de doenças parasitárias como:
Febre Amarela ;
Doença de Chagas;
Esquistossomose.
12. SÉC.XX PERÍODO ENTRE
GERRAS: A MATURIDADE
ACADÉMICA
Factos relevantes para a maturidade
metodológica da epidemiologia:
Criação da 1ª cadeira de Epidemiologia na Escola
de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins;
Criação de departamentos de medicina social em
várias universidades inglesas dirigidos por
epidemiologistas;
Reafirmação da estratégia observacional na
explicação de inúmeros fenómenos científicos
13. SÉC.XX PERÍODO ENTRE
GUERRAS: A MATURIDADE
ACADÉMICA
São concebidas as bases dos estudos de
coorte;
Contribuições advindas da evolução da
estatística Avanços na metodologia de
quantificação;
Desenvolvimentos dos testes de inferência,
criando novas possibilidades para a
avaliação de hipóteses sobre dados
empíricos.
14. SÉC.XX
ANOS 40 a 60 – Afirmação do
método e técnicas
Após a 2ª Guerra Mundial consolidam-se os métodos,
e os principais delineamentos de estudo são
definitivamente constituídos
A realização dos 1ª estudos de coorte, apontando-o
como método de escolha para o estudo de doenças
crónicas;
Desenvolvimento dos estudos de caso-controlmais
simples e mais baratos);
As conquistas dos direitos de cidadania.
15. SÉC.XX
ANOS 70 até agora – A 2ª
vitória da Biologia
Neste período a epidemiologia tem-se
concentrado no desenvolvimento de técnicas
analíticas;
Nos países desenvolvidos, surge a
epidemiologia clínica procurando a
credibilidade cientifica;
Nos países subdesenvolvidos renasce o
interesse pela determinação social das
doenças – Epidemiologia Social;
16. SÉC.XX
ANOS 70 até agora – A 2ª
vitória da Biologia
A Biologia Molecular faz renascer o
predomínio da biologia sobre o social e o
cultural, implicando criticas aos tradicionais
estudos sobre a influência de factores
ambientais na ocorrência de doenças;
Defende-se que o entendimento pleno dos
mecanismos biológicos-moleculares permitirá
a compreensão do processo saúde-doença.
17. SÉC.XX
EPIDEMIOLOGIA MODERNA
O trabalho desenvolvido durante a década de 50,
sobre a relação entre o hábito de fumar e o cancro do
pulmão, ilustra os avanços da Epidemiologia;
A demonstração de que vários factores contribuem
para a determinação da doença expandiu o interesse
da Epidemiologia para as doenças crónicas;
A Epistemologia tem tido maior importância devido à
emergência de viroses tais como a doença dos
legionários e Síndrome de imunodeficiência adquirida
(AIDS)
18. ÁREAS DE ACTUAÇÃO DA
EPIDEMIOLOGIA
Estudos de causalidade;
Definição da história natural das doenças;
Descrição do estado de saúde das
populações;
Avaliação de intervenções.
19. AS VERTENTES DA
EPIDEMIOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA
ESTUDO DISTRIBUIÇÃO DETERMINANTES CONTROLE ESTADOS DE SAÚDE POPULAÇÕES
BASEADO EM PRINC. DE ESTATISTICA E METODOLOGIA DE PESQUISA
ESTUDA A DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIAS E PADRÕES DE EVENTOS DE SAÚDE DENTRO DE GRUPOS
DE UMA POPULAÇÃO, CHAMADA EPIDEMIOLOGIA ANALITICA
ESTUDAM AS CAUSAS QUE ESTEJAM ASSOCIADAS OU PROBABILIDADES DE
DOENÇA
ORIENTAM DECISÕES DE SAÚDE PÚBLICA E CONTRIBUI PARA O DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE
INTERVENÇÕES PARA O CONTROLO E PREVENÇÃO DE PROBLEMAS DE SAÚDE.
INCLUI VÁRIOS TIPOS DE DOENÇAS; DOENÇAS CRONICAS, PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS E
INJÚRIAS(CAUSAS EXTERNAS), ALÉM DE DOENÇAS INFECCIOSAS.
TRATA DE GRUPOS DE PESSOAS EM VEZ DE CASOS (PACIENTES) INDIVIDUAIS .
20. DISTINÇÃO ENTRE
EPIDEMIOLOGIA AMBIENTAL E
OCUPACIONAL
EPIDEMIOLOGIA AMBIENTAL:
Fornece dados para o estudo e a
interpretação das relações entre o ambiente e
a saúde nas populações.
EPIDEMIOLOGIA OCUPACIONAL:
Estuda os factores ambientais no local de
trabalho
21. EPIDEMOLOGIA E
PREVENÇÃO
A Epidemiologia, ao identificar as causas de doenças
que são passíveis de modificação, pode desempenhar
um papel central na prevenção;
Exemplos são os estudos relacionados com a doença
coronariana, doenças ocupacionais, sequelas de
acidentes de transito entre outras;
As mudanças no decorrer do tempo são influenciadas
por mudanças na estrutura etária da população. Esta
constante mudança nos padrões de morbi-
mortalidade indicam que as principais causas de
doenças são preveniveis.
22. NÍVEIS DE PREVENÇÃO
Primária :
Promoção à saúde:
Impedir o surgimento e estabelecimento
de padrões de vida, sociais, económicos e
culturais que sabidamente contribuem para o
elevado risco de doença.
É feita através de medidas gerais: moradia
adequada; educação; áreas de lazer; alimentação
adequada entre outros.
23. NÍVEIS DE PREVENÇÃO
Protecção especifica:
É limitar a incidência da doença através
do controlo das suas causas e de factores de
risco.
Imunização, saúde ocupacional, higiene,
protecção contra acidentes, aconselhamento
genético e controle de vectores.
24. NÍVEIS DE PREVENÇÃO
Prevenção Secundária:
Curar o paciente e reduzir as consequências
mais sérias, através do diagnóstico precoce e
tratamento/limitação da incapacidade.
Este nível de prevenção é dirigido para o
período entre o início da doença e o momento
em que normalmente seria feito o
diagnostico, tendo como objectivo a
prevalência da doença.
25. NÍVEIS DE PREVENÇÃO
Tratamento precoce:
Inquéritos para descoberta de casos na
comunidade; exames periódicos indivíduos,
para detenção precoce dos casos; isolamento
para evitar propagação da doença;
Limitação da invalidez: evitar futuras
complicações.
26. NÍVEIS DE PREVENÇÃO
Prevenção Terciária :
Conjunto de medidas que tem como finalidade reduzir
as lesões e incapacidades, diminuir o sofrimento
causado pela doença, como também promover a
adaptação a doenças incuráveis.
Fisioterapia, terapia ocupacional, emprego para o
reabilitado, entre outros.
27. RASTREO
Rastreo é um processo no qual uma doença
ou defeito, ainda não diagnosticado, é
identificado através de testes que podem ser
aplicados rapidamente e em larga escala.
28. TIPOS DE RASTREIOS
Em massa: envolve toda a população;
Múltiplo ou multifase: envolve o uso de
vários testes na mesma ocasião;
Em alvo: grupos que sofreram exposições
especificas, é usado em saúde ocupacional ou
ambiental;
Oportunístico: é restrito aos pacientes que
consultam o medico por outro motivo.
29. Critérios para Rastreo
-RECURSOS SÃO ADEQUADOS
- TRATAMENTO SEGURO,
EFECTIVO E ACEITAVEL
DIAGNOSTICO E
TRATAMENTO
-SENSIVEL E ESPECÍFICO
- SIMPLES E BARATO
- SEGURO E ACEITAVEL
- CONFIÁVEL
TESTE DIAGNOSTICO
-GRAVE
-ALTA PREVALÊNCIA DO ESTÁGIO
PRÉ-CLINICO
- LONGO PERIODO ENTRE OS
PRIMEIROS SINAIS E O
APARECIMENTO DA DOENÇA.
DOENÇA
30. TESTES
Sensibilidade: é a proporção de pessoas com a
doenças que são correctamente identificadas como
doentes pelo teste;
Especificidade: é a proporção de pessoas sem a
doença que são correctamente identificadas como
não doentes pelo teste.
Valor preditivo positivo : probabilidade de uma
pessoa ter a doença, quando o seu teste é positivo;
Valor preditivo negativo: probabilidade de uma
pessoa não ter a doença, quando o seu teste é
negativo.
31. Tipos de Estudos
Epidemiológicos
TIPOS DE ESTUDOS Unidade de estudo
ESTUDOS OBSERVACIONAIS
ESTUDOS DESCRITIVOS
ESTUDOS ANALÍTICOS
ESTUDOS ECOLOGICOS POPULAÇOES
ESTUDOS TRANSVERSAIS INDIVÍDUOS
CASOS E CONTROLES INDIVÍDUOS
COORTE INDIVÍDUOS
ESTUDOS EXPERIMENTAIS
ENSAIO CLINICO RANDOMIZADO PACIENTES
ESTUDO DE CAMPO INDIVÍDUOS SAUDAVEIS
ESTUDO COMUNITÁRIO COMUNIDADES