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Aníbal Quijano
América Latina e o novo padrão de
poder mundial
 Dois processos históricos convergiram e se associaram
na produção do espaço/tempo e estabeleceram-se
como dois eixos fundamentais do novo padrão de
poder:
1. Diferenciação entre conquistadores e conquistados
na ideia de raça – distinção na estrutura biológica
2. Articulação das formas históricas de controle do
trabalho, recursos e de seus produtos, em torno do
capital e do mercado mundial
Raça, uma categoria mental da
modernidade
 Não se tem conhecimento de distinção por raça
conhecida antes da América
 Talvez originado pelas diferenças fenótipas entre
conquistados e conquistadores
 As relações sociais fundadas na indicação apenas na
procedência geográfica (índio, negro, português,
espanhol, europeu)
 Depois, associada às hierarquias, lugares e papéis sociais
 Os negros eram os explorados mais importantes
(economia dependia de seu trabalho)
 Elaboração teórica da ideia de raça como naturalização
destas relações sociais
 Desde então, o mais eficaz e durável instrumento de
dominação social universal
 Assim, Raça se tornou o primeiro critério fundamental
para distribuição da população mundial nos níveis,
lugares e papéis na estrutura de poder da nova
sociedade
O Capitalismo: a nova estrutura de
controle do trabalho
 Constituição histórica da América
 formas de controle e de exploração do trabalho e de controle
da produção-apropriação-distribuição de produtos foram
articulados em torno da relação capital-salário e do mercado
mundial
 1ª vez na história
 padrão global de controle do trabalho, de seus recursos e de
seus produtos
 Estabelecia-se uma nova estrutura relações de produção na
experiência histórica do mundo: o capitalismo mundial
Colonialidade do poder e
capitalismo mundial
 Raça e Divisão territorial do trabalho associados para
dependência colonical
Divisão Racial do Trabalho
 Nativos/Originários -> servos; nobreza fazia papel
intermediário
 Negros -> escravos
 Espanhóis/portugueses -> comerciantes, artesãos e
agricultores
 Dominação/exploração -> raça trabalho
Colonialidade e eurocentrismo do
capitalismo mundial
 Privilégio aos brancos para disputar o controle do
capital comercial mundial
 Ouro, prata e outras mercadorias pelo trabalho gratuito
 Controle do tráfico comercial mundial
 Europa como sede central do processo de
marcantilização da força de trabalho, ou seja, do
desenvolvimento da relação capital-salário como
forma específica de controle do trabalho, de seus
recursos e de seus produtos
 A classificação racial da população e a velha associação
das novas identidades raciais dos colonizados com as
formas de controle não pago, não assalariado, do
trabalho, desenvolveu entre os europeus ou brancos a
específica percepção de que o trabalho pago era
privilégio dos brancos.
 Esta atitude perdura nos dias de hoje, em que os
menores salários são destinados às raças inferiores
pelo mesmo trabalho dos brancos, nos atuais centros
capitalistas.
Novo padrão de poder mundial e
nova inter-subjetividade mundial
 A Europa não tinha apenas o controle do mercado
mundial, mas pôde impor seu domínio colonial sobre
todas as regiões e populações do planeta,
incorporando-as ao “sistema-mundo”
 Categoria Oriente não teria sido elaboradas como
única com a dignidade suficiente para ser o Outro,
sendo inferior de Ocidente, sem que alguma
equivalente fosse criada para índios e negros.
 Como parte do novo padrão de poder mundial, a Europa também
concentrou sob sua hegemonia o controle de todas as formas de
controle da subjetividade, da cultura, e em especial do
conhecimento, da produção do conhecimento
1. Expropriaram as populações mais aptas para o
desenvolvimento capitalista de suas populações;
2. Reprimiram as formas de produção de conhecimento dos
colonizados, seus padrões de produção de sentidos, seu
universo simbólico, seus padrões de expressão e de
subjetividade;
3. Forçaram os colonizados a aprenderem a cultura dos
dominadores: atividade material/tecnológica, religião, etc
A questão da modernidade
 Os Europeus foram levados a sentir-se não só
superiores a todos, mas além disso, naturalmente
superiores
 Os povos colonizados eram raças inferiores aos
europeus.
 Assim, a modernidade, a racionalidade foram
imaginadas como experiências exclusivamente
europeus.
 Criou-se a dualidade: oriente-ocidente; primitivo-
civilizado; irracional-racional; tradicional-moderno.
 Curiosamente, a Europa não foi sempre o “berço” da
modernidade.
1. Antes das Américas, a área dessa modernidade era
islâmico-judaica (Crescente Fértil);
2. É a sociedade greco-romana que desenvolve cidades,
agricultura comercial, mineração, os têxteis, a filosofia, a
história e a Europa Ocidental estava dominada pelo
Feudalismo;
3. A mercantilização da força de trabalho se iniciou e se
desenvolveu até o norte;
4. Só a partir da derrota do Islão (VII - XIII) e do
deslocamento da hegemonia do mercado mundial que a
Europa, se torna “A Europa”
 Por isso, a ideia de Europa hegemônica é recente
 Ideia Ocidente-Oriente e tardia e parte da hegemonia
britânica
 Haja vista o meridiano de Greenwich atravessa Londres e
não Sevilha ou Veneza.
 Assim, a modernidade eurocêntrica seria uma
pretensão etnocentrista e além de tudo provinciana
Transmodernidade
 Dussel (1995) propôs a categoria de transmodernidade
como alternativa a pretensão eurocêntrica de que a Europa
é a produtora original da modernidade.
 Assim, a constituição do ego individual diferenciado é a
novidade que ocorre com a América e é a marca da
modernidade, que se desenvolve não só para a Europa, e
sim para todo o mundo que se configura a partir da
América.
 É controverso em referenciar este fenômeno
exclusivamente ao período iniciado com a América
(Quijano)
Colonialidade do poder e
eurocentrismo
 Perspectiva de conhecimento e um modo de produzir
conhecimento centralizado no capitalismo e na
Europa.
Capital e Capitalismo
 Na Europa, a escravidão, servidão e produção mercantil
foral percebidas como uma sequência histórica prévia a
mercantilização da força de trabalho
 São Pré Capital
 Na América a escravidão foi estabelecida e organizada
como mercadoria para produzir mercadorias para o
mercado mundial, e assim servir aos propósitos do
capitalismo
 A produção mercantil foi estabelecida para o capitalismo
 Assim, todas estas formas de trabalho e de controle do
trabalho na América atuavam simultaneamente e
articulada em torno do eixo do capital e do mercado
mundial
Evolucionismo e dualismo
 Os europeus encontraram uma gama de povos na América.
 Astecas, maias, chimus, Aimarás, inchas etc
 Reduziram a uma identidade: índios
 Povos da África: achantes, iorubás, zulus, congos, bacongos, etc
 Negros ou africanos
 Cada povo perdeu sua singularidade e recebeu uma nova
identidade racial, colonial e negativa
 Tornando-se raças inferiores -> Primitivos
 América sendo a primeira identidade geocultural moderna e
mundial (Europa a 2ª, em detrimento da América)
 Primitivo-civilizado; tradicional-moderno.
Homogeneidade/continuidade e
heterogeneidade/descontinuidade
 O Capitalismo mundial está longe de ser uma totalidade
homogênea e contínua
 Ao contrário, o padrão de poder mundial que se conhece
como capitalismo é uma estrutura de elementos
heterogêneos
 Tanto em termos das formas de controle das relações de
produção ou em termo dos povos e histórias articuladas nele
 A heterogeneidade é histórico-estrutural
 As transformações no capitalismo foram desiguais ao longo
do tempo
Eurocentrismo e a “questão
nacional”: o Estado-nação
 O Estado-nação é uma espécie de sociedade
individualizada entre as demais
 Toda sociedade é uma estrutura de poder
 Toda estrutura de poder é sempre a imposição de
alguns sobre os demais
 Toda a homogeneização da população de um Estado-
nação moderno é parcial e temporal, e consiste na
comum participação democrática no controle das
instituições públicas e de seus mecanismos de
violência
 Nos EUA os índios não foram incluídos nesta nova
sociedade do Estado-nação e a população abarcou
amenas franceses e britânicos
 No cone Sul (América Latina) houve o mesmo
processo
 Índios não foram integrados à sociedade colonial, e a
população negra escravizada foi mínima nesta região
 América Latina
 90% da população – negros, índios e mestiços
 Atualmente pode-se distinguir 4 trajetórias históricas e
linhas ideológicas acerca do problema de Estado-nação na
América:
1. Processo de descolonização/democratização através de
revoluções raciais (México e Bolívia);
2. Homogeneização colonial (racial) através do genocídio
dos nativos (Chile, Uruguai, Aragentina);
3. Homogeneização cultural através do genocídio cultural
dos nativos, negros e mestiços (México, Peru, Equador,
Guatemala-América Central e Bolívia);
4. Ideologia da democracia racial (Brasil, Colômbia e
Venezuela).
Referências
 QUIJANO, Anibal, Colonialidade do poder,
Eurocentrismo e América Latina. In: A Colonialidade
do saber: eurocentrismo e ciências sociais.
Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires:
CLACSO, 2005.
 DUSSEL, Enrique. The invention of the Americas.
Nova Iorque: Continuum, 1995.

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Colonialidade do poder, eurocentrismo e américa latina

  • 2. América Latina e o novo padrão de poder mundial  Dois processos históricos convergiram e se associaram na produção do espaço/tempo e estabeleceram-se como dois eixos fundamentais do novo padrão de poder: 1. Diferenciação entre conquistadores e conquistados na ideia de raça – distinção na estrutura biológica 2. Articulação das formas históricas de controle do trabalho, recursos e de seus produtos, em torno do capital e do mercado mundial
  • 3. Raça, uma categoria mental da modernidade  Não se tem conhecimento de distinção por raça conhecida antes da América  Talvez originado pelas diferenças fenótipas entre conquistados e conquistadores  As relações sociais fundadas na indicação apenas na procedência geográfica (índio, negro, português, espanhol, europeu)  Depois, associada às hierarquias, lugares e papéis sociais  Os negros eram os explorados mais importantes (economia dependia de seu trabalho)
  • 4.  Elaboração teórica da ideia de raça como naturalização destas relações sociais  Desde então, o mais eficaz e durável instrumento de dominação social universal  Assim, Raça se tornou o primeiro critério fundamental para distribuição da população mundial nos níveis, lugares e papéis na estrutura de poder da nova sociedade
  • 5. O Capitalismo: a nova estrutura de controle do trabalho  Constituição histórica da América  formas de controle e de exploração do trabalho e de controle da produção-apropriação-distribuição de produtos foram articulados em torno da relação capital-salário e do mercado mundial  1ª vez na história  padrão global de controle do trabalho, de seus recursos e de seus produtos  Estabelecia-se uma nova estrutura relações de produção na experiência histórica do mundo: o capitalismo mundial
  • 6. Colonialidade do poder e capitalismo mundial  Raça e Divisão territorial do trabalho associados para dependência colonical Divisão Racial do Trabalho  Nativos/Originários -> servos; nobreza fazia papel intermediário  Negros -> escravos  Espanhóis/portugueses -> comerciantes, artesãos e agricultores  Dominação/exploração -> raça trabalho
  • 7. Colonialidade e eurocentrismo do capitalismo mundial  Privilégio aos brancos para disputar o controle do capital comercial mundial  Ouro, prata e outras mercadorias pelo trabalho gratuito  Controle do tráfico comercial mundial  Europa como sede central do processo de marcantilização da força de trabalho, ou seja, do desenvolvimento da relação capital-salário como forma específica de controle do trabalho, de seus recursos e de seus produtos
  • 8.  A classificação racial da população e a velha associação das novas identidades raciais dos colonizados com as formas de controle não pago, não assalariado, do trabalho, desenvolveu entre os europeus ou brancos a específica percepção de que o trabalho pago era privilégio dos brancos.  Esta atitude perdura nos dias de hoje, em que os menores salários são destinados às raças inferiores pelo mesmo trabalho dos brancos, nos atuais centros capitalistas.
  • 9. Novo padrão de poder mundial e nova inter-subjetividade mundial  A Europa não tinha apenas o controle do mercado mundial, mas pôde impor seu domínio colonial sobre todas as regiões e populações do planeta, incorporando-as ao “sistema-mundo”  Categoria Oriente não teria sido elaboradas como única com a dignidade suficiente para ser o Outro, sendo inferior de Ocidente, sem que alguma equivalente fosse criada para índios e negros.
  • 10.  Como parte do novo padrão de poder mundial, a Europa também concentrou sob sua hegemonia o controle de todas as formas de controle da subjetividade, da cultura, e em especial do conhecimento, da produção do conhecimento 1. Expropriaram as populações mais aptas para o desenvolvimento capitalista de suas populações; 2. Reprimiram as formas de produção de conhecimento dos colonizados, seus padrões de produção de sentidos, seu universo simbólico, seus padrões de expressão e de subjetividade; 3. Forçaram os colonizados a aprenderem a cultura dos dominadores: atividade material/tecnológica, religião, etc
  • 11. A questão da modernidade  Os Europeus foram levados a sentir-se não só superiores a todos, mas além disso, naturalmente superiores  Os povos colonizados eram raças inferiores aos europeus.  Assim, a modernidade, a racionalidade foram imaginadas como experiências exclusivamente europeus.  Criou-se a dualidade: oriente-ocidente; primitivo- civilizado; irracional-racional; tradicional-moderno.
  • 12.  Curiosamente, a Europa não foi sempre o “berço” da modernidade. 1. Antes das Américas, a área dessa modernidade era islâmico-judaica (Crescente Fértil); 2. É a sociedade greco-romana que desenvolve cidades, agricultura comercial, mineração, os têxteis, a filosofia, a história e a Europa Ocidental estava dominada pelo Feudalismo; 3. A mercantilização da força de trabalho se iniciou e se desenvolveu até o norte; 4. Só a partir da derrota do Islão (VII - XIII) e do deslocamento da hegemonia do mercado mundial que a Europa, se torna “A Europa”
  • 13.  Por isso, a ideia de Europa hegemônica é recente  Ideia Ocidente-Oriente e tardia e parte da hegemonia britânica  Haja vista o meridiano de Greenwich atravessa Londres e não Sevilha ou Veneza.  Assim, a modernidade eurocêntrica seria uma pretensão etnocentrista e além de tudo provinciana
  • 14. Transmodernidade  Dussel (1995) propôs a categoria de transmodernidade como alternativa a pretensão eurocêntrica de que a Europa é a produtora original da modernidade.  Assim, a constituição do ego individual diferenciado é a novidade que ocorre com a América e é a marca da modernidade, que se desenvolve não só para a Europa, e sim para todo o mundo que se configura a partir da América.  É controverso em referenciar este fenômeno exclusivamente ao período iniciado com a América (Quijano)
  • 15. Colonialidade do poder e eurocentrismo  Perspectiva de conhecimento e um modo de produzir conhecimento centralizado no capitalismo e na Europa.
  • 16. Capital e Capitalismo  Na Europa, a escravidão, servidão e produção mercantil foral percebidas como uma sequência histórica prévia a mercantilização da força de trabalho  São Pré Capital  Na América a escravidão foi estabelecida e organizada como mercadoria para produzir mercadorias para o mercado mundial, e assim servir aos propósitos do capitalismo  A produção mercantil foi estabelecida para o capitalismo  Assim, todas estas formas de trabalho e de controle do trabalho na América atuavam simultaneamente e articulada em torno do eixo do capital e do mercado mundial
  • 17. Evolucionismo e dualismo  Os europeus encontraram uma gama de povos na América.  Astecas, maias, chimus, Aimarás, inchas etc  Reduziram a uma identidade: índios  Povos da África: achantes, iorubás, zulus, congos, bacongos, etc  Negros ou africanos  Cada povo perdeu sua singularidade e recebeu uma nova identidade racial, colonial e negativa  Tornando-se raças inferiores -> Primitivos  América sendo a primeira identidade geocultural moderna e mundial (Europa a 2ª, em detrimento da América)  Primitivo-civilizado; tradicional-moderno.
  • 18. Homogeneidade/continuidade e heterogeneidade/descontinuidade  O Capitalismo mundial está longe de ser uma totalidade homogênea e contínua  Ao contrário, o padrão de poder mundial que se conhece como capitalismo é uma estrutura de elementos heterogêneos  Tanto em termos das formas de controle das relações de produção ou em termo dos povos e histórias articuladas nele  A heterogeneidade é histórico-estrutural  As transformações no capitalismo foram desiguais ao longo do tempo
  • 19. Eurocentrismo e a “questão nacional”: o Estado-nação  O Estado-nação é uma espécie de sociedade individualizada entre as demais  Toda sociedade é uma estrutura de poder  Toda estrutura de poder é sempre a imposição de alguns sobre os demais  Toda a homogeneização da população de um Estado- nação moderno é parcial e temporal, e consiste na comum participação democrática no controle das instituições públicas e de seus mecanismos de violência
  • 20.  Nos EUA os índios não foram incluídos nesta nova sociedade do Estado-nação e a população abarcou amenas franceses e britânicos  No cone Sul (América Latina) houve o mesmo processo  Índios não foram integrados à sociedade colonial, e a população negra escravizada foi mínima nesta região  América Latina  90% da população – negros, índios e mestiços
  • 21.  Atualmente pode-se distinguir 4 trajetórias históricas e linhas ideológicas acerca do problema de Estado-nação na América: 1. Processo de descolonização/democratização através de revoluções raciais (México e Bolívia); 2. Homogeneização colonial (racial) através do genocídio dos nativos (Chile, Uruguai, Aragentina); 3. Homogeneização cultural através do genocídio cultural dos nativos, negros e mestiços (México, Peru, Equador, Guatemala-América Central e Bolívia); 4. Ideologia da democracia racial (Brasil, Colômbia e Venezuela).
  • 22. Referências  QUIJANO, Anibal, Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: A Colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.  DUSSEL, Enrique. The invention of the Americas. Nova Iorque: Continuum, 1995.