O documento discute os conceitos de argumentação, retórica e lógica informal. Apresenta as diferenças entre argumentar e demonstrar, e descreve os tipos de argumentos e falácias informais, incluindo critérios para avaliá-los. Também discute a origem da retórica na Grécia Antiga e as estratégias de persuasão de ethos, pathos e logos.
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Argumentação e retórica
1. Argumentação e Retórica
O domínio da Lógica Informal
Após o treino formal(Lógica Formal- Silogística e
Proposicional), onde aprendemos a organizar de
forma mais correta os nossos
raciocínios/argumentos, vamos agora treinar as
nossas mentes no discurso e no seu conteúdo, a
fim de podermos apresentar as competências
lógicas para avaliar criticamente as razões a
favor ou contra o que nos apresentam. (Lógica
Informal – Argumentação)
2. O que é Argumentar?
- Fornecer argumentos, razões a favor
ou contra uma determinada tese, o
que implica competências lógicas
para avaliar criticamente essas
mesmas razões que nos são
apresentadas.
3. Distinção entre Argumentar e Demonstrar
Argumentar
- Argumentar é provar/mostrar provas.
- Recorrer a premissas discutíveis (verdadeiras
ou falsas) para tentar provar ou apresentar
uma tese. As proposições utilizadas são do
domínio do plausível (possível) ou do
provável.
- Utiliza argumentos indutivos, analógicos e de
autoridade em cuja verdade é discutível e
possível de pôr em
4. causa. A verdade é sustentada pelo argumento
mais válido cuja “verdade” pode ser apenas
provável.
- É sempre pessoal e contextualizada, ou seja,
preparada por um orador e dirigida a um
auditório que pode avaliar os argumentos.
Portanto, os efeitos da argumentação diferem
em função de quem diz, como diz, a quem diz
e para que diz.
- Pode utilizar duas disciplinas: A Dialética e a
Retórica
5. Distinção entre Argumentar e Demonstrar
Demonstrar
- Mostrar uma prova ou apresenta factos. Que
prova? A prova de uma inferência dedutiva
válida, que parte de premissas universalmente
reconhecidas como verdadeiras para delas
extrair uma conclusão verdadeira.
- Utiliza argumentos sólidos (argumentos
dedutivos válidos com conclusão verdadeira).
- Mostra com evidências não discutíveis ou
6. inquestionáveis.
- É sempre dedutiva, pois só este tipo de
raciocínio pode produzir argumentos sólidos.
- É descontextualizada e tem um caráter
impessoal. (prova da mesma forma para
qualquer tipo de auditório, ou seja, não
interessa quem diz, como diz, a quem diz e o
que diz). Os argumentos são universalmente
verdadeiros e válidos independentemente do
contexto em que mostram ou provam.
8. A Dialética
Processo discursivo que inclui qualquer
argumento dedutivo válido, cujas premissas
são afirmações respeitáveis abertas à
discussão.
9. A Retórica
É a arte discursivo-argumentativa da persuasão
que inclui argumentos não dedutivos. É a arte
da oratória, da palavra ou simplesmente a arte
de bem falar.
A Retórica relaciona-se com a persuasão dado
que o seu objetivo é suscitar a adesão de um
auditório, levando-o a adotar um
comportamento.
10. Onde está presente?
Em quaisquer situações de comunicação da vida
social, caracterizando-se pelo confronto entre
crenças hipotéticas e por discordâncias e
concordâncias profundas sobre a verdade e
falsidade destas.
Que tipo de argumentos utiliza a Retórica?
- Argumentos indutivos- A partir de casos
particulares concluem-se proposições gerais.
Estes têm muita probabilidade de erro,
porque um exemplo ou um pequeno número
11. de exemplos não chega para apoiar uma
conclusão.
Como se pode contornar a probabilidade de
erro? Quais os critérios?
- Tipo de Amostra:
- Dimensão da Amostra: quanto maior for a
amostra maior será a probabilidade da
amostra.
- Qualidade da Amostra: A amostra tem de ser
representativa ou seja tem de ter qualidade.
12. Por exemplo: para tratar do insucesso em
Portugal preciso de analisar estatísticas de
todas as regiões do país e não apenas uma. Eu
não posso dizer que, o insucesso escolar em
Portugal é elevado se analisar apenas a região
do Algarve, e aí verificar que o insucesso
escolar é 80%.
- Recurso ao Contra-exemplo: Este pode ser
apresentado pelo orador ou pelo opositor
- Pelo orador: tem o objetivo de gerar o
consenso sobre o tema em discussão. Por ex:
13. Dalai Lama vive na calma do Tibete, é sábio e de
mente sã. O contacto com a Natureza faz bem
ao corpo e à alma, ouvir o silêncio da tarde,
contemplar o som suave da água corrente de
um rio calmo, faz bem aos espíritos inquietos,
então, o contacto com a Natureza prolonga a
vida humana.
- Pelo opositor: este visa destruir o orador
mesmo antes dele provar os seus argumentos.
Por ex: numa discussão em que o orador é um
médico a falar sobre os malefícios do tabaco,
14. quando este diz que faz mal à saúde, o opositor
refuta dizendo- mas os médicos também
fumam e além disso, o meu bisavô morreu
com 95 anos e toda a sua vida fumou.
( Os contra-exemplos devem ser detetados pelo
orador, antes de proferir o seu discurso, para
que este se prepare para enfrentar o opositor,
e, consiga melhores resultados na sua
argumentação).
15. Argumentos Analógicos: partem de uma
semelhança para outra semelhança e daí para
a generalização. As conclusões deste tipo de
argumentos são apenas prováveis, e não se dá
importância às diferenças.
Ex: se planto cenouras colho cenouras
se planto trigo colho trigo e não centeio
se planto favas não colho alfaces
Então, se planto o ódio colherei o ódio e
não a paz
16. A validade dos argumentos analógicos também
depende de critérios:
- Número de indivíduos considerados- quanto mais
indivíduos considerados maior será a probabilidade
da conclusão (probabilidade de ser verdadeira)
- Variedade de indivíduos considerados- maior
variedade, maior probabilidade da conclusão
(probabilidade de ser verdadeira)
- Número das semelhanças- quanto mais semelhanças
maior será a força do argumento.
17. Existência de desanalogias (diferenças
relevantes)- se forem detetadas diferenças
relevantes entre o indivíduo a que se refere a
conclusão e os indivíduos considerados
apenas nas premissas.
- Relevância das semelhanças
- Modéstia da Conclusão- quanto mais modesta
for a conclusão, menor será a exigência que
recai sobre as premissas e mais fraco será o
argumento e, quanto mais ambiciosa fôr a
conclusão, maior é a exigência que recai
sobre as premissas e mais forte é o argumento.
(Página 76 do manual)
18. Argumentos de Autoridade: recorre-se a
alguém influente na matéria e com
conhecimentos seguros dos factos para se
exemplificar ou ilustrar um determinado
assunto.
Ex: O Papa João Paulo II (atual S. João Paulo II)
pediu perdão ao mundo pelos atos cometidos
pela Inquisição em nome da fé cristã, então,
os atos cometidos pela Inquisição foram
verdadeiras atrocidades.
(Os argumentos de autoridade podem conter
19. ou não credibilidade, ou seja, a autoridade
pode ser ou não credenciada)
Os argumentos de autoridade têm critérios de
avaliação:
- Competência reconhecida no assunto
- Integridade ética da autoridade considerada
- Tipo de assunto- tem de ser o menos
controverso possível
- Capacidade de raciocinar a partir do
argumento apresentado- quanto mais
20. capacidade tivermos para raciocinar a partir do
argumento apresentado, mais forte ele será.
(Páginas 74 e 75 do manual)
( Estes argumentos mais comuns na
Argumentação podem conter erros de
raciocínio ou Falácias)
21. As mais famosas Falácias Informais
(Texto 7 – Página 82 do manual)
Porque se designam de Falácias Informais?
Porque se relacionam com o conteúdo material
e não com a Forma ou Estrutura. Para as
detetar é preciso prestar especial atenção aos
contextos em que os discursos ocorrem e, se
possível, às intenções dos dialogantes.
Estas falácias podem classificar-se em três
grupos:
22. Falácias da Irrelevância – (falta de razões
convincentes)
Falácias da Insuficiência de Dados - (quando há
generalizações a partir de dados insuficientes
ou pouco relevantes)
Falácias da Ambiguidade - (múltiplos sentidos
da linguagem).
Nota: As falácias designam-se de sofismas por
serem usadas conscientemente para enganar
23. Falácias da Irrelevância: Ad Hominem; Ad
Terrorem ou Ad Baculum; Ad Ignorantiam; Ad
Populum; Ad Misericordiam; Ad Verecundiam
Insuficiência de Dados: Petição de Princípio;
Pergunta Complexa; Generalização Precipitada;
Falsa Analogia; Falso Dilema
Falácias da Ambiguidade: Boneco de Palha ou
Espantalho; Derrapagem; Equivocidade
24. A Origem da Retórica
Onde surgiu a Retórica?
- A Retórica surgiu na Grécia na Antiguidade
Clássica, a par do uso da Oratória e ao serviço
da Democracia (é também na Grécia que
surge a Democracia, reconhecida nos nossos
dias).
- O que é a Oratória? É a arte de persuadir o
Auditório.
25. Qual a relação entre Retórica e Oratória?
A Retórica torna a oratória eficaz
Qual a relação da Retórica com a Democracia?
A Democracia tem como objetivo formar os
cidadãos. Quem é o cidadão? É um sujeito de
deveres e direitos. O cidadão grego é alguém
dedicado a tempo inteiro à causa pública, sem
tempo para a sua vida privada, daí que, tenha
de se formar através da Ciência Retórica.
26. Porquê? Porque um cidadão bem preparado
para a vida pública da cidade, é o que sabe
fazer bom uso da palavra e, por isso, a
educação dos jovens na Grécia pressupõe o
ensino da Retórica.
Com quem surgiu a Retórica? A Retórica surge
com os Sofistas.
Quem eram os Sofistas? Eram professores
itinerantes e pagos, para ensinar os jovens,
candidatos à vida política da cidade, a arte da
palavra na defesa das suas teses. (na Grécia,
27. eram os seus programas políticos, para a
governação da cidade)
Como era o ensino dos Sofistas? Ensinavam a
chamada aretê (virtude). Que virtude? A
virtude política associada à Retórica (ao uso
eloquente da palavra). Mas, esta virtude não
passava do ensino de discursos falaciosos
(com aparência de verdade) embora belos e
agradáveis de ouvir pelos seus auditórios.
28. Para os sofistas, o mais importante era dar
aparência de verdade mesmo ao pior dos
argumentos.
Os sofistas mais famosos:
Protágoras – “ O homem é a medida de todas
as coisas, das que são enquanto são, e, das
que não são enquanto não são” (Tese
Relativista)- a verdade é, o que convém a cada
um na sua circunstância.
29. Górgias (Tratado do não-ser)- “ A verdade (ser)
não existe; como não existe, não se pode
pensar, e ainda que, se pudesse pensar, não
se podia comunicar, logo, a verdade não é
comunicável, pelo que, o discurso é
legitimamente falso, bastando apenas ser
eficaz”
Porque pensam assim os sofistas?
Porque recusavam a existência de uma realidade
permanente por trás das aparências e,
assumiam uma perspetiva empirista e cética
30. quanto à origem e possibilidade do
conhecimento. Dado que, o homem é
imperfeito e a realidade mutável, a verdade
também é relativa e aparente.
31. As estratégias de Persuasão na Retórica
Ethos – Refere-se ao caráter do orador; a sua
imagem( para Aristóteles este deve ser
íntegro, honesto e responsável).
O Ethos pressupõe: Racionalidade (domínio da
razão ao serviço da verdade-validade,
capacidade argumentativo-crítica);
benevolência e excelência para mostrar que
possui experiência e sabedoria.
32. Pathos- Refere-se ao conjunto de sentimentos e
paixões provocadas no auditório, pelo orador.
O pathos é um elemento determinante na
receção da mensagem e nos efeitos que
produz no auditório. A reação do auditório é
diferente conforme viva estados de alegria,
tristeza, amor ou ódio, piedade ou irritação.
Para dominar o pathos, aconselha-se o orador a
recorrer a alguns conhecimentos do domínio
da Psicologia.
33. Logos- É o termo grego para palavra, razão,
pensamento. No contexto argumentativo,
Logos refere-se àquilo que é dito, ou seja, ao
próprio discurso argumentativo e ao conjunto
de argumentos que o orador utiliza na defesa
das suas teses.
O Logos pressupõe o uso adequado da rede
argumentativa: Tema/tese, problema,
argumentos, contra-argumentos e conclusão.
34. Características do Discurso:
Logos
- Brilhante, surpreendente e divertido, mas,
para ser convincente, deve parecer sereno,
claro e natural
- Deve recorrer a metáforas não demasiado
banais nem demasiado obscuras ou mesmo
incompreensíveis para os ouvintes
- Tem de ter ritmo mas sem cair na rima
- Não deve ser pomposo (demasiado “caro”) e
35. incompreensível
- Deve ser claro, adequado e pronunciado de
uma forma viva e convincente
- Dar importância à intensidade da voz, ao
ritmo e gestos para fazer crer que o discurso é
espontâneo
36. O Auditório
O estudo do auditório é muito importante
porque este pode produzir uma forma comum
de pensar, sentir e agir - A opinião pública
O que é a Opinião Pública? É a tendência geral
de um grupo, para partilhar as mesmas ideias
acerca de um problema ou conjunto de
problemas
37. O orador e o seu Auditório
O Bom e o Mau uso da Retórica
O Bom uso da Retórica (uso filosófico)é o que
procura a verdade através do exercício da
oratória, do uso da palavra.
O Bom uso da Retórica significa a paixão pela
verdade e não a sua posse.
O Bom uso da Retórica é a Persuasão pela
verdade ou a sua busca no discurso
argumentativo. (Platão- o filósofo)
38. O Mau uso da Retórica (uso não ético ou
Manipulação) consiste em usar a Oratória, a
palavra, a arte de bem falar para simular que se
sabe aquilo que realmente não se sabe.
O Mau uso da Retórica é manipulação do
auditório aproveitando-se da ignorância deste.
De acordo com o mau uso da Retórica, o pior
dos argumentos pode tornar-se o melhor só
porque convence o auditório, sem que com este
se tenha a oportunidade de procurar a verdade
adquirindo a Sabedoria. (Sofística). Página 96