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JULIO PEREIRA

APÓS UM
TUMOR CEREBRAL
JULIO PEREIRA

APÓS UM
TUMOR CEREBRAL

São Paulo, 2013
Título Original em Português: Após um tumor cerebral
© 2013 de Julio Pereira
Todos os direitos desta edição reservados ao autor.
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita
ou mesmo transmitida por meios eletrônicos ou gravações, assim como
traduzida, sem a permissão, por escrito, do autor. Os infratores serão
punidos pela Lei nº 9.610/98
Diretor: Ednei Procópio
Editor Executivo: Silvio Alexandre
Publisher: Cris Donizete
Redação de texto: Adriano Villas
Revisão: Sandra Garcia
Comercial: Cláudia dos Santos
Editoração e capa: Rafael Victor (be.net/rafaelvictor)

Livrus Negócios Editoriais
Rua Sete de Abril, 277, 10 Andar , conjunto 10 D - Republica
CEP 01043-000 — São Paulo — SP
E-mail: livrus@livrus.com.br
Site: www.livrus.com.br
Fone: (11) 3101-3286
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Daniela Momozaki – CRB8/7714)
Pereira, Júlio
Após um tumor cerebral / Júlio Pereira -São Paulo : Livrus Negócios Editoriais, 2013.
ISBN: 978-85-64855-91-5
 %LRJUDÀD  $XWRELRJUDÀD  0HPyULDV
I. Pereira, Júlio II. Título
CDD 920
Índice para o catálogo sistemático
 %LRJUDÀD  
Impresso no Brasil/Printed in Brazil
“Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir;
os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.”
Eclesiastes 1:8
SINOPSE
Esta obra narra a história de um médico neurocirurgião que tem
um tumor cerebral. Após a descoberta de seu tumor cerebral ele
resolveu escrever um livro sobre seu dia-dia, lidando com doentes
graves. O livro vai revelando a relação entre o médico e os seus pacientes, cada um deles com seus medos e suas preocupações.
SUMÁRIO
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVII
XXVIII

NUNCA ESCREVI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
SEM PACIÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
O TUMOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
A ESPOSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
SEM FICHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
O FILHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
A NOTÍCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
O EXAME . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
O ATOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
AUTORIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
RELATÓRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
JEJUM 24 HORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
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PÚBLICO — PRIVADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
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RESULTADO DO EXAME . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
QUIMIOTERAPIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
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SOBREVIDA MÉDIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
QUALIDADE DE VIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
ESPERANDO A HORA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
-7-
I

NUNCA ESCREVI

E

screver nunca foi meu dom, ainda mais escrever pensamentos meus. Desde pequeno sempre fui de ter muitas ideias
e contar muitas histórias, entretanto, não de escrever. Com o
passar do tempo isso foi piorando.
Ao entrar na faculdade de medicina esta situação se agravou.
O segredo médico se incrustou em mim. Parei de contar histórias, não podia, não é ético. A ética é guardar. Chorar sozinho.
No máximo dizer que aconteceu algo ruim no hospital.
Encontrei uma válvula de escape: escrever artigos científicos. Apeguei-me a isso com todas as forças. Vocês podem até achar que não
tem sentido, mas tem. Os relatos de casos (médicos) foram minha forma de romper com o silêncio, forma de continuar a contar histórias.
Depois me enchi disso. Parou de fazer sentido ver artigos
publicados. Era muito longe da realidade e técnico demais.
Fiz algumas viagens, estágios, residência, mas tudo continuava
muito longe da realidade. Passei a me dedicar a ler as notícias
nos jornais; apesar de só ter notícias ruins, parecia melhor que
os artigos científicos, era mais humano.

-9-
Mas ainda precisava de mais. Queria escrever. Pensava no impacto: eu tinha uma carreira boa pela frente que não podia destruir
por um impulso, um desejo infundado. Queria escrever o que eu
via, os diálogos, as impressões, mas poderia ser mal interpretado.
Podia criar um nome fantasia e contar a história. Mas esse pensamento sempre era refreado porque algo que me reprimia.
Tudo isso mudou no dia que senti uma forte dor de cabeça,
dessas que só podemos descrever como a pior da vida. Não tinha
como usar outra expressão, nem pontada, nem aperto, só a pior
dor que já senti. Nem procurei um médico, apenas pedi no corredor uma solicitação de exame para meu colega.
— Você quer uma tomografia?
— Não, ressonância!
— Mas você não fala que devemos pedir antes um TC?
— É! Mas nesse caso é para mim.
Com esse argumento emotivo e individualista, consegui meu
pedido de ressonância. Fui sozinho e realizei meu exame. Procurei um hospital onde ninguém me conhecia e fiz o exame. Ao
terminar o exame fui à sala de radiologia.
— Tudo bem colega? Sou médico.
— Tudo bem.
— Posso ver meu exame?
— Claro.
Ao olhar, já percebi uma lesão no meu lobo temporal esquerdo.
Parecia um glioma de baixo grau. Não dei uma palavra e saí. Não
senti tristeza, apenas um frio na barriga. Agora eu tinha um tumor.
Tudo parecia mais claro. Deveria fazer o que queria. Peguei meu
notebook, arrumei minhas coisas e viajei. Liguei para os colegas e
família; apenas falei que precisava de férias de uma semana.
- 10 -
Ainda não sei o que farei com o tumor. Provavelmente irei
decidir por operar, mas antes disso tenho que escrever. Respirei
fundo e pensei: é só um tumor cerebral. Vejo isso todos os dias, e
tenho vários pacientes com uma vida normal após a cirurgia. Óbvio que qualquer caso novo gera uma ansiedade e eu nunca tinha
visto um caso clínico neurológico em mim mesmo.
A viagem era apenas uma desculpa para eu quebrar meu voto
de silêncio. Agora tinha bons motivos para escrever. A lesão era
no lobo temporal, se acontecesse qualquer reação contrária a
meus escritos eu poderia alegar alteração do comportamento, o
que é comum nesse tipo de tumor. Outro fato é que posso perder a capacidade de compreender a linguagem, pois a lesão ficava
próxima à área da linguagem, no lobo temporal.
Pensei em todas as variáveis e vi que era o momento de
romper o silêncio e falar dos casos que vivi, principalmente
das sensações, dos sofrimentos e das emoções. Comecei a pensar e me veio à mente alguns casos. Decidi que faria isso. Iria
escrever histórias das consultas, atendimentos e plantões em
vários capítulos. A vida não tem uma ordem, não faz sentido
e como esse livro é sobre minha vida. Ele será todo recortado,
com minhas recordações.

- 11 -
Júlio Leonardo Barbosa Pereira formou-se em 2007 pela Faculdade de
Medicina da Universidade Federal
da Bahia (UFBA). Foi residente de
Neurocirurgia na Santa Casa de Belo
Horizonte (2008-2012).
Possui um Blog de neurocirurgia, o
NEUROSURGERY, que pode ser
acessados a partir do endereço: www.
neurocirurgiabr.com. E de onde, até janeiro de 2013 foram realizados mais
de 10 mil downloads de aplicativos
criados sobre o tema.
Atualmente Júlio Leonardo faz Research Fellow em Neurocirurgia na
Universidade da California (UCLA)
em Los Angeles.
Sempre quis escrever, mas sempre
pensava no impacto disso. Tinha uma
carreira boa pela frente que não podia
destruir por um impulso, um desejo
infundado. Queria escrever o que eu
via, os diálogos, as impressões, mas
poderia ser mal interpretado.
Podia criar um nome fantasia e
contar a história. Mas sempre esse
pensamento era parado por que algo
me reprimia. Tudo isso se mudou num
dia que senti uma forte dor de cabeça.
Esta obra narra a história de um médico
neurocirurgião que descobre que tem um
tumor cerebral, após essa descoberta ele
resolveu escrever um livro sobre seu diadia lidando com doentes graves. O livro vai
revelando o médico e seus pacientes, cada um
deles com seus medos e suas preocupações.

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E-book: Após um tumor cerebral (Primeiro Capítulo)

  • 1.
  • 3.
  • 4. JULIO PEREIRA APÓS UM TUMOR CEREBRAL São Paulo, 2013
  • 5. Título Original em Português: Após um tumor cerebral © 2013 de Julio Pereira Todos os direitos desta edição reservados ao autor. É PROIBIDA A REPRODUÇÃO Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo transmitida por meios eletrônicos ou gravações, assim como traduzida, sem a permissão, por escrito, do autor. Os infratores serão punidos pela Lei nº 9.610/98 Diretor: Ednei Procópio Editor Executivo: Silvio Alexandre Publisher: Cris Donizete Redação de texto: Adriano Villas Revisão: Sandra Garcia Comercial: Cláudia dos Santos Editoração e capa: Rafael Victor (be.net/rafaelvictor) Livrus Negócios Editoriais Rua Sete de Abril, 277, 10 Andar , conjunto 10 D - Republica CEP 01043-000 — São Paulo — SP E-mail: livrus@livrus.com.br Site: www.livrus.com.br Fone: (11) 3101-3286 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Daniela Momozaki – CRB8/7714) Pereira, Júlio Após um tumor cerebral / Júlio Pereira -São Paulo : Livrus Negócios Editoriais, 2013. ISBN: 978-85-64855-91-5 %LRJUDÀD $XWRELRJUDÀD 0HPyULDV I. Pereira, Júlio II. Título CDD 920 Índice para o catálogo sistemático %LRJUDÀD Impresso no Brasil/Printed in Brazil
  • 6. “Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.” Eclesiastes 1:8
  • 7. SINOPSE Esta obra narra a história de um médico neurocirurgião que tem um tumor cerebral. Após a descoberta de seu tumor cerebral ele resolveu escrever um livro sobre seu dia-dia, lidando com doentes graves. O livro vai revelando a relação entre o médico e os seus pacientes, cada um deles com seus medos e suas preocupações.
  • 8. SUMÁRIO I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV XVI XVII XVIII XIX XX XXI XXII XXIII XXIV XXV XXVI XXVII XXVIII NUNCA ESCREVI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 SEM PACIÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 O TUMOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 A ESPOSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 SEM FICHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 O FILHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 A NOTÍCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 O EXAME . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 O ATOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 AUTORIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 RELATÓRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 JEJUM 24 HORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 CANCELAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 O TRAUMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 PÚBLICO — PRIVADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 MICROCIRURGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 BIOPSIA DE CONGELAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 SALA DE ESPERA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 TERAPIA INTENSIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 PÓS-OPERATÓRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 OS PONTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 RETORNO EM 15 DIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 RESULTADO DO EXAME . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 QUIMIOTERAPIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 RADIOTERAPIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 SOBREVIDA MÉDIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 QUALIDADE DE VIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 ESPERANDO A HORA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 -7-
  • 9.
  • 10. I NUNCA ESCREVI E screver nunca foi meu dom, ainda mais escrever pensamentos meus. Desde pequeno sempre fui de ter muitas ideias e contar muitas histórias, entretanto, não de escrever. Com o passar do tempo isso foi piorando. Ao entrar na faculdade de medicina esta situação se agravou. O segredo médico se incrustou em mim. Parei de contar histórias, não podia, não é ético. A ética é guardar. Chorar sozinho. No máximo dizer que aconteceu algo ruim no hospital. Encontrei uma válvula de escape: escrever artigos científicos. Apeguei-me a isso com todas as forças. Vocês podem até achar que não tem sentido, mas tem. Os relatos de casos (médicos) foram minha forma de romper com o silêncio, forma de continuar a contar histórias. Depois me enchi disso. Parou de fazer sentido ver artigos publicados. Era muito longe da realidade e técnico demais. Fiz algumas viagens, estágios, residência, mas tudo continuava muito longe da realidade. Passei a me dedicar a ler as notícias nos jornais; apesar de só ter notícias ruins, parecia melhor que os artigos científicos, era mais humano. -9-
  • 11. Mas ainda precisava de mais. Queria escrever. Pensava no impacto: eu tinha uma carreira boa pela frente que não podia destruir por um impulso, um desejo infundado. Queria escrever o que eu via, os diálogos, as impressões, mas poderia ser mal interpretado. Podia criar um nome fantasia e contar a história. Mas esse pensamento sempre era refreado porque algo que me reprimia. Tudo isso mudou no dia que senti uma forte dor de cabeça, dessas que só podemos descrever como a pior da vida. Não tinha como usar outra expressão, nem pontada, nem aperto, só a pior dor que já senti. Nem procurei um médico, apenas pedi no corredor uma solicitação de exame para meu colega. — Você quer uma tomografia? — Não, ressonância! — Mas você não fala que devemos pedir antes um TC? — É! Mas nesse caso é para mim. Com esse argumento emotivo e individualista, consegui meu pedido de ressonância. Fui sozinho e realizei meu exame. Procurei um hospital onde ninguém me conhecia e fiz o exame. Ao terminar o exame fui à sala de radiologia. — Tudo bem colega? Sou médico. — Tudo bem. — Posso ver meu exame? — Claro. Ao olhar, já percebi uma lesão no meu lobo temporal esquerdo. Parecia um glioma de baixo grau. Não dei uma palavra e saí. Não senti tristeza, apenas um frio na barriga. Agora eu tinha um tumor. Tudo parecia mais claro. Deveria fazer o que queria. Peguei meu notebook, arrumei minhas coisas e viajei. Liguei para os colegas e família; apenas falei que precisava de férias de uma semana. - 10 -
  • 12. Ainda não sei o que farei com o tumor. Provavelmente irei decidir por operar, mas antes disso tenho que escrever. Respirei fundo e pensei: é só um tumor cerebral. Vejo isso todos os dias, e tenho vários pacientes com uma vida normal após a cirurgia. Óbvio que qualquer caso novo gera uma ansiedade e eu nunca tinha visto um caso clínico neurológico em mim mesmo. A viagem era apenas uma desculpa para eu quebrar meu voto de silêncio. Agora tinha bons motivos para escrever. A lesão era no lobo temporal, se acontecesse qualquer reação contrária a meus escritos eu poderia alegar alteração do comportamento, o que é comum nesse tipo de tumor. Outro fato é que posso perder a capacidade de compreender a linguagem, pois a lesão ficava próxima à área da linguagem, no lobo temporal. Pensei em todas as variáveis e vi que era o momento de romper o silêncio e falar dos casos que vivi, principalmente das sensações, dos sofrimentos e das emoções. Comecei a pensar e me veio à mente alguns casos. Decidi que faria isso. Iria escrever histórias das consultas, atendimentos e plantões em vários capítulos. A vida não tem uma ordem, não faz sentido e como esse livro é sobre minha vida. Ele será todo recortado, com minhas recordações. - 11 -
  • 13. Júlio Leonardo Barbosa Pereira formou-se em 2007 pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi residente de Neurocirurgia na Santa Casa de Belo Horizonte (2008-2012). Possui um Blog de neurocirurgia, o NEUROSURGERY, que pode ser acessados a partir do endereço: www. neurocirurgiabr.com. E de onde, até janeiro de 2013 foram realizados mais de 10 mil downloads de aplicativos criados sobre o tema. Atualmente Júlio Leonardo faz Research Fellow em Neurocirurgia na Universidade da California (UCLA) em Los Angeles.
  • 14. Sempre quis escrever, mas sempre pensava no impacto disso. Tinha uma carreira boa pela frente que não podia destruir por um impulso, um desejo infundado. Queria escrever o que eu via, os diálogos, as impressões, mas poderia ser mal interpretado. Podia criar um nome fantasia e contar a história. Mas sempre esse pensamento era parado por que algo me reprimia. Tudo isso se mudou num dia que senti uma forte dor de cabeça.
  • 15. Esta obra narra a história de um médico neurocirurgião que descobre que tem um tumor cerebral, após essa descoberta ele resolveu escrever um livro sobre seu diadia lidando com doentes graves. O livro vai revelando o médico e seus pacientes, cada um deles com seus medos e suas preocupações.