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O Uso da TV/Vídeo e Informática como Incentivo à Aprendizagem
Na Escola M. E. F. Maria Socorro Viana de Almeida
Daiani L. Barth1, Jucelino Gabriel da Cruz2
Resumo: Este artigo é o resultado do projeto pedagógico “Conhecendo a História de Cacoal”, com
ações e pesquisas que enfatizam a temática “O Uso das Tics e Mídias como Incentivo à
Aprendizagem”. Projeto este desenvolvido com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental da
Escola M.E.F Maria Socorro Viana de Almeida, escola pública do município de Cacoal-RO.
Objetiva-se com o presente trabalho, demonstrar como o uso das mídias TV e Vídeo e Informática
podem culminar numa aprendizagem significativa. Propiciar a descoberta e a produção de
conhecimento, é possível, adotando recursos audiovisuais. Principalmente se a cultura digital que o
educando possui for aproveitada.
Palavras-chave: Educação; Mídias; TV/Vídeo; Informática; Aprendizagem.
Introdução
Tratar do emprego das Tecnologias da Informação e da Comunicação é algo demasia-
damente amplo. Assim, abordamos o uso da TV/Vídeo e informática, mais especificamente na
produção audiovisual, onde o aluno se lança na descoberta de fatos importantes da vida de al-
guns pioneiros do município de Cacoal, fatos estes que se confundem com a história do pró-
prio município, constituindo assim, os limites dados a este trabalho.
Estudar o emprego das mídias e das tecnologias da informação e da comunicação na
educação, por meio do E-ProInfo, trouxe uma gama de conhecimentos importantes.
Adotar produtos audiovisuais em sala de aula que tenham relação com o conteúdo a
ser trabalhado torna o ensino dinâmico, como considera Moran: “As linguagens da TV e do
vídeo respondem à sensibilidade dos jovens e da grande maioria da população adulta. São di-
nâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão.” (1995, p. 27 a 35). Propiciam assim,
o trabalho interdisciplinar e transdisciplinar na escola. Enquanto muitos educadores reclamam
que não existe motivação nem interesse por parte dos alunos aos conteúdos abordados em su-
as aulas, Moran sugere que: “Os alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma de-
terminada matéria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar.”
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daiani.barth@unir.br, Fundação Universidade Federal de Rondônia.
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jdgabrielcacoal@gmail.com, Secretaria Municipal de Educação, município de Cacoal-RO.
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Pretende-se que as discussões aqui tratadas, o seu cunho social e educativo, possam
interessar a estudantes de pedagogia, a pedagogos, a professores, enfim, a todos os educadores
que objetivam fazer de sua prática pedagógica uma constante inovação, bem como debater es-
se tema no ambiente educativo em que atua, enriquecendo-o ainda mais. É seguir o longo ca-
minho na busca por uma aprendizagem dinâmica, contínua e significativa.
Ora, se a aprendizagem acontece num processo contínuo e dinâmico, o ensino tam-
bém deve sê-lo. Salas de aula onde os professores eram os donos do conhecimento e os alunos
apenas ouviam passivamente e tentavam reproduzir, já não são mais concebidas. Os conheci-
mentos de mundo que o aluno possui devem ser valorizados3. A cultura digital4 pode ser usa-
da em favor da aprendizagem, já que convivemos com inúmeras tecnologias e mídias, que
convergem e que transmitem informações em todos os momentos. Assim, propiciar espaços
onde o aluno possa produzir conhecimentos ao confrontar com os previamente elaborados, é
ideal.
Por meio da presente pesquisa buscou-se identificar os moradores mais antigos dos
bairros e colher informações e depoimentos sobre suas histórias de vida e sobre a história do
município de Cacoal. O objetivo almejado com a referida pesquisa foi, principalmente, de in-
centivar a aprendizagem dos estudantes, com o uso das mídias TV, vídeo e informática, con-
forme trataremos a seguir.
2. O uso da TV/Vídeo e informática como incentivo à aprendizagem
Adotar a TV e o vídeo como ferramenta de incentivo à aprendizagem é algo relevante,
uma vez que ele possui múltiplas linguagens, como destaca Moran, “O vídeo é sensorial, vi-
sual, linguagem falada, linguagem musical e escrita” (1995, p. 27 a 35), acrescentando, tam-
bém, que estas linguagens se dão de forma interativa. Esse destaque, segundo Moran, é para
justificar o poder que ele exerce sobre os jovens e adultos.
Posto isso, faz parte de uma tendência, almejar espaços educativos mais modernos,
mais dinâmicos e interativos, onde a aprendizagem ocorra de fato e que seja significativa,
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Um dos idealizadores dessa inovação é o educador Paulo Freire.
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O termo cultura digital, vem sendo usado em diferentes situações por diversos autores, para falar do impacto
das tecnologias digitais na sociedade.
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com vistas à educomunicação , onde as novas tecnologias podem ser utilizadas a serviço do
processo de ensino-aprendizagem.
A metodologia adotada, foi a do Paradigma Qualitativo, e, considerando o aspecto da
maneira de coleta de dados, a tipologia de pesquisa é a pesquisa-ação, definida por Gil, (2002,
p. 55 apud Thiollent, 1995, p. 14):
...um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em
estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no
qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema
estão envolvidos de modo cooperativo e participativo.
Ações que envolvem o uso das TIC’s e Mídias no ambiente escolar são colocadas em
prática país afora. Tais ações podem e devem ser discutidas com a comunidade escolar, a fim
de concordar seu melhor emprego e objetivos. O uso dessas tecnologias deve respeitar as ca-
racterísticas e necessidades de cada instituição educativa, como compartilha OROFINO: “Não
existe uma fórmula a ser seguida. Devemos, isto sim, possibilitar a apropriação de um conhe-
cimento, que deve então ser traduzido, a fim de oferecer propostas às necessidades de cada
contexto, cada escola...” (2005, p. 116)
Iniciativas do governo federal, em parceria com os estados e municípios, têm sinaliza-
do novos rumos a serem seguidos, como por exemplo, a formação de professores para o uso
das Tecnologias da Informação e da Comunicação no ambiente educativo. Nessa perspectiva,
Orofino aponta algumas diretrizes, segundo ela:
A educação escolar precisa de uma perspectiva crítica para o uso das mi
dias que avance para além da proposta de leitura crítica dos meios e que proponha a
produção criativa no próprio espaço escolar como construção de respostas sociais
aos meios de comunicação de massa e que propicie modos de construção de visibili-
dade para as culturas locais e para as diferentes identidades socioculturais. (2005, p.
117)
As instituições escolares, nesta última década, estão sendo preparadas para receber a
clientela da atual era da comunicação. Laboratórios de informática e conexão com a internet
não são autosuficientes para que estes alunos sejam “letrados midiaticamente”. O material
humano preparado por meio do ProInfo6 ainda não contempla as demandas. Este programa
tem a função de formar professores. Estes, por sua vez, é que teriam a função de promover a
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O conceito da educomunicação propõe a construção de ecossistemas comunicativos abertos, dialógicos e criati-
vos, nos espaços educativos, quebrando a hierarquia na distribuição do saber.
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Programa educacional que tem objetivo de promover o uso pedagógico da informática na rede pública de edu-
cação básica.
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“alfabetização crítica da mídia”. Aqui, para concordar com Orofino, citamos Mocellin, onde
destaca que:
[...] é extremamente atual – apesar da defasagem brasileira neste campo – a
discussão sobre a urgente necessidade do letramento midiático, alcançado por meio
da alfabetização crítica da mídia, visando dar poderes aos alunos para que possam
ampliar sua participação na sociedade e promover a democracia e a justiça social.
(2009, p. 34 e 35)
Em relação aos gêneros televisuais, o projeto adota, segundo Fechine, o “formato fun-
dado no diálogo”, uma vez que “é aquele fundado essencialmente na conversação interpesso-
al, na exploração das situações de interlocução direta e nas suas diferentes manifestações.”
(2001, p. 20), e, de fato, os estudantes buscaram desenvolver a habilidade do diálogo, e perce-
beram-se como cidadãos participativos e construtores de conhecimento.
3. Do trabalho prático com a mídia TV e Vídeo e Informática
Os alunos conheceram o trabalho a ser desenvolvido no segundo bimestre/2012 ao ler
a webquest7, onde se encontrava os detalhes do projeto pedagógico. Estudariam a história do
município de Cacoal de uma forma diferente, que fariam visitas aos bairros circunvizinhos da
escola com a finalidade de localizar o morador mais antigo. Este seria convidado a gravar
uma entrevista onde os próprios alunos seriam os apresentadores. Estava programada, tam-
bém, uma visita a um canal de TV da cidade. Em seguida, os grupos foram formados.
3.1. Da visita aos bairros circunvizinhos da escola e identificação dos moradores mais antigos
Um olhar diferente à própria realidade em que viviam. Tal constatação ocorreu ao ver
os “pesquisadores” andando com seus colegas pelas ruas do bairro onde moravam. Tínha-se
ainda a missão de localizar um morador mais antigo do bairro e convencê-lo a narrar sua his-
tória de vida e o que acompanhou da história do município – e foram localizados em todas as
visitas realizadas. Três bairros foram visitados por cada turma: Bairro Vitória, Bairro Habitar
Brasil e Bairro BNH. A escolha foi pautada observando: Bairros circunvizinhos da escola,
bairros recém-formados, bairros de classe média. Esta última característica pertence ao bairro
BNH, que fica mais afastado da escola. Os demais bairros foram visitados apenas pelo grupo
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Termo dado roteiros de trabalhos disponíveis em rede. A webquest mencionada se encontra no endereço:
<http://www.webquestbrasil.org/criador2/webquest/soporte_tablon_w.php?id_actividad=11182&id_pagina=1>
5. 5
responsável por encontrar um dos pioneiros do bairro e convidá-lo a participar da entrevista.
Alguns deles não aceitaram gravar entrevistas, essa foi uma das dificuldades encontradas. Op-
tou-se por não entrevistar presidentes de bairro, para que houvesse imparcialidade nas infor-
mações adquiridas. Em um segundo momento, realizou-se uma mesa redonda com a finalida-
de de debater sobre os pontos observados.
3.2. Da visita ao canal de TV
Ampliar conhecimentos acerca do funcionamento de uma emissora de televisão fazia-
se necessário, não simplesmente por conhecer, mas porque deveriam, posteriormente, colocar
em prática conhecimentos adquiridos nas observações e nos diálogos com os diversos profis-
sionais que ali trabalhavam. Entrevistar alguém e editar vídeos assustava um pouco, por ser
algo novo e que exigia certa perícia.
Figura 1: Alunos do 9º ano A, prontos para conhecer a sede da TV Alamanda, emissora afiliada ao Sistema
Brasileiro de Televisão.
A emissora eleita foi a TV Alamanda, localizada no município de Cacoal-RO, Emisso-
ra afiliada ao Sistema Brasileiro de Televisão. Foram realizadas perguntas aos profissionais
que ali se encontravam. Mesmo sendo falas com conteúdos técnicos, compreenderam o neces-
6. 6
sário.
Percebeu-se surpresa por parte dos estudantes quanto ao número de profissionais que
havia ali. Tomou-se nota do que julgaram importante nas falas. Fotos e autógrafos dos apre-
sentadores não faltaram. Após a visita, foram elaborados relatórios individuais e houve parti-
lha do que foi observado.
3.3. Da entrevista aos pioneiros do município
Em cada bairro, foram identificados pelos estudantes os moradores mais antigos. A
princípio, as entrevistas seriam gravadas na escola, porém era inconveniente para alguns, de-
vido a sua fragilidade física ou outras dificuldades de mobilidade. Para estes, as entrevistas
foram gravadas em suas próprias casas, depois de autorizadas.
Figura 2: Alunos do 9º ano C, em entrevista à moradora do Bairro Habitar Brasil, Dona Alaís dos Santos Silva.
O que se tinha em mãos era uma pequena filmadora e um tripé, que gentilmente foram
emprestados. Contava-se com uma caixa de som e um microfone, pertencentes à escola.
Apesar da timidez, de algumas falhas de gravação, de sugestões e soluções encontra-
das, mais uma etapa foi cumprida. Esta etapa foi a mais difícil delas, porém a mais gratifican-
te. Ficou evidenciado o que considera Moran: “As crianças adoram fazer vídeo e a escola pre-
cisa incentivar o máximo possível a produção de pesquisas em vídeo pelos alunos. A produ-
ção em vídeo tem uma dimensão moderna, lúdica.” (1995, p. 27 a 35). E em se tratando de
pesquisa, quando solicitada por professores, dificilmente é realizada corretamente, conforme
destaca Campos, onde “o trabalho de pesquisa se resume à mera cópia de partes de livros ou
sites da internet – muitas vezes sem conexão alguma -, e não resulta em aprendizagem efeti-
7. 7
va.” (2009, p. 116). Na execução do projeto pedagógico, oportunizou-se o conhecimento de
uma nova forma de se fazer pesquisa. Alunos considerados rebeldes estavam concentrados
nas suas tarefas e dispostos a colaborar para o êxito do trabalho do grupo.
Acerca disso, também é importante que se destaque que algumas capacidades foram
trabalhadas nos alunos, como por exemplo, mais que aprender a formular perguntas, exerci-
tou-se a paciência e o dom de “saber ouvir”.
4. Da edição dos produtos audiovisuais
A ideia primeira era de que os vídeos fossem editados pelos próprios alunos, com a u-
tilização do recém-montado laboratório de informática da escola ou do telecentro comunitá-
rio. Entretanto, devido a alguns contratempos, os mesmos não puderam ser utilizados. A situ-
ação não era favorável. Apenas 14,6% dos alunos tinham computador com conexão com a in-
ternet. Dos demais, 33,3% utilizavam Lan House.
Assim, com o objetivo de que os alunos tivessem alguns conhecimentos básicos de e-
dição de produtos audiovisuais, foram oferecidas oficinas no decorrer das aulas, com o pró-
prio material que eles produziram. Para isso utilizou-se o projetor de imagens de propriedade
da escola. Com apenas um computador, coube apenas estabelecer alguns diálogos e orientá-
los basicamente, sobre como: 1 - Localizar e/ou baixar o Windows Live Movie Maker, 2 –
Capturar as imagens da câmera filmadora, 3 – Localizar imagens e selecionar as partes a se-
rem utilizadas (cortar), já com o Movie Maker, 4 – Inserir legendas, 5 – Inserir áudio (músi-
cas), e 6 - Inserir título créditos. Foi lembrado do editor “Vegas 9”, utilizado pelos editores da
TV Alamanda. Certamente que, quando forem oferecidas condições, se interessarão, mais a-
inda, pelo assunto.
3.5. Da apresentação dos produtos audiovisuais à comunidade escolar
Tem-se a previsão de que o projeto pedagógico seja apresentado na próxima Mostra
do Conhecimento que a Secretaria de Educação promoverá em parceria com a escola. Em e-
vidência estarão não somente os relatos das histórias de vida dos pioneiros, moradores dos
bairros contemplados pela pesquisa, os importantes fatos que compõem a história do municí-
pio de Cacoal, mas também a experiência que estes alunos tiveram em trabalhar com a TV e
o vídeo e, para alguns, também com a informática. Provavelmente compreenderam as vanta-
gens destas mídias para o ensino e para a aprendizagem.
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Conclusão
Percebeu-se que os alunos tomam iniciativas e mostram-se motivados quando sentem-
se responsáveis pelos resultados a serem adquiridos na ação educativa. Não só por isso, mas
também por que, quando se faz uso das mídias e tecnologias da informação e comunicação,
torna-se algo que foge às suas experiências do que é o “estudar”. A escola fez a sua parte,
uma vez que, como concorda Orofino, oportunizando a participação do educando, “que
potencialize suas vozes, no pronunciamento daquilo que eles acreditam que seja relevante
para sua emancipação.” (2005, p. 123). Considera-se os desafios propostos serviram de
combustível para a aprendizagem. De fato as novidades encantam, apesar de assustar, em
primeiro momento, logo são justificadas pelos resultados alcançados posteriormente.
As experiências vivenciadas pelos alunos, a percepção da realidade que os cerca, o
olhar crítico às produções audiovisuais, o trabalho coletivo, tornam-se agentes motivacionais
e construtores de conhecimentos importantes para a vida pessoal e estudantil.
Referências
CAMPOS, Helena Guimarães, História e Linguagens. Volume único: Livro do Professor. São
Paulo: FTD, 128p., 2009.
FECHINE, Yvana, Gêneros televisuais: A dinâmica dos formatos, Revista SymposiuM, Ano
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GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
KEMPER, Lourdes, Cacoal: sua história sua gente. Goiânia-GO: Grafopel, 2002
MOCELLIN, Renato, História e cinema: educação para as mídias. São Paulo: editora do Bra-
sil, 88p.,2009.
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MORAN, José Manoel, O Vídeo na Sala de Aula, Revista Comunicação & Educação. São
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<http://www.eca.usp.br/moran/vidsal.htm#tvideo>, Acesso em 18 out. 2012.
OROFINO, Maria Izabel, MÍDIAS E MEDIAÇÃO ESCOLAR: pedagogia dos meios, parti-
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