O documento descreve uma manifestação anti-fascista e anti-capitalista no dia 25 de Abril em Lisboa que foi violentamente reprimida pela polícia. Centenas de pessoas participaram da manifestação pacífica, mas a polícia encurralou os manifestantes e agrediu brutalmente muitos participantes e transeuntes de forma indiscriminada. Vários manifestantes foram detidos com violência e houve muitos feridos.
1. 25 d’Abril sempre!
S
25 de Abril 2007
As coisas estão a mudar? À medida que o tradicional desfile dos Cravos
terminava, para espanto de muitos (?), já não ao som do Grândola mas
ao som nacionalista do hino português, deu-se início à resposta de
centenas de pessoas numa manifestação contra o Fascismo e o
Capitalismo. Centenas fartas da treta nacionalista e da teia que o
capitalismo dela tece, a mesma que nos encerra todos os dias num mar
de propaganda nos jornais, nas televisões, nas conversas de café e à mesa
do jantar… Foi a partir desse dia-a-dia sufocante que Anarquistas e
Anti-Autoritários apelaram com sucesso à participação activa, e de uma
forma não partidária, a todas as pessoas num acto de resistência ao
fascismo e ao capitalismo.
A brutal repressão policial que se lhe seguiu nesse “Dia da Liberdade”
deixa claro a todos de que essa resistência não é nem será nunca a tarefa
de qualquer polícia ou instituição estatal, pelas suas afinidades e
cumplicidades. As mentiras e as montagens policiais, o silêncio auto-
imposto dos jornalistas, o silencia e embaraço da quase totalidade das
esquerdas de Abril aos acontecimentos demonstraram de uma vez por
todas que:
Ÿ A actuação policial foi premeditada e destinada a instalar o medo, em passar a
continua na próxima página
2. ideia do papão anarquista, do vândalo, e que cabe às pessoas “cívicas” desviar-se e
deixar a polícia fazer o seu trabalho face a esses “bandos de criminosos”…
Ÿexistem relações evidentes entre elementos da PSP e da extrema-direita. Se
Que
já o denunciava o facto do armamento que levou detenção de elementos do PNR
por xenofobia e tráfico de armas, ser roubado do arsenal de Lisboa da PSP, agora é
evidente como a policia se substitui aos nazis na protecção dos seus interesses (ou o
cartaz do marquês) ou na caça ao preto ou ao anti-fascista pelas ruas de Lisboa…
Ÿ A comunicação social não só está completamente domesticada, como é ela
mesma quem faz a cama ao fascismo. Cabe-lhe a ela, por outro lado, o papel
principal do discurso terrorista a todo aquele que, uma vez esclarecido que a resposta
deve ser popular e não pelos remendos judiciais, actua fora dos rótulos e das
condutas dirigidas. Se levanta e grita basta!
Ÿo silêncio das pessoas, e da esquerda de cravo na lapela em particular, aos
Que
acontecimentos, é silêncio de morte. Pacto de quem não quer ver, pacto de quem
prefere esquecer vergonhosamente as suas próprias nódoas negras, a troco do
discurso populista onde não tem lugar os incontroláveis… os sem-partido, os sem-
nome. Consentem paternalmente na criminalização da dissidência anti-capitalista,
como se fosse crime isso ou o simples designar de «anarquista ou libertário»...Hoje
consentem na sua repressão, e amanhã na de quem mais?
ŸSalazar é de novo a Floribela deprimente que se segue neste grande reality
Que
show português. Aí está uma vez mais o fascismo como a grande tábua de salvação
e necessidade dos governos em tempos de crise social, alimentando-a como desculpa
à sua democracia. O fermento de que é feito o bolo da festa parlamentar… olhem
para o lado, por favor!!
Terá a manifestação anti-fascista e anti-capitalista de 25 de Abril acertado no alvo?
A resposta poderá estar nas entrelinhas dos sempre operacionais agentes da ordem
pública e repressiva que selvaticamente espancaram companheiros e companheiras
que na sua espontaneidade aí se encontravam, ou do mesmo modo o transeunte ou
turista que por lá andava. Do Estado partiu a violência cega, a mesma que agora
querem atribuir e culpabilizar a quem indiscriminadamente deitaram a mão. A esses
a nossa solidariedade não pode parar.
Porque basta de apaziguar qualquer tipo de agressão por parte daqueles que na rua,
com ou sem uniforme, com ou sem caneta e câmara televisiva, fazem o trabalho
sujo que os capitalistas em gabinetes não querem fazer com as suas próprias mãos.
Que não nos esqueçamos quem financia tais grupos, quem os chama sempre que é
preciso instalar o medo e a insegurança ou amedrontar os oprimidos, são os
mesmos que controlam a economia, os estados e semearam a divisão, a
desconfiança, a miséria e mantêm-nos presos no nosso medo, divididos nas nossas
lutas, e “condenados” à derrota.
E é contra esses que dirigimos a nossa luta, ontem, hoje e enquanto existirem… os
dias não estão para divisões, nem para apatia.
3. COMUNICADO SOBRE A MANIFESTAÇÃO ANTIAUTORITÁRIA
CONTRA O FASCISMO E O CAPITALISMO
Com o intuito de protestar contra a crescente visibilidade da pessoas alheias ao protesto. Foi mobilizado um aparato policial desmedido
extrema-direita e a sua componente racista e xenófoba, contra a (dezenas de carrinhas do corpo de intervenção da PSP com certamente
cada vez maior exploração capitalista, contra a precariedade social mais de uma centena de elementos) que impôs o terror na baixa de
imposta pelo capitalismo, contra o crescente totalitarismo Lisboa por várias horas. Um grupo de indivíduos que se queria juntar à
democrático, pela liberdade, manifestação e que tinha ficado para trás foi cercado e escoltado até ao
solidariedade e dignidade humana, por um mundo sem fronteiras Cais do Sodré (possivelmente pela sua cor de pele).
uma plataforma de grupos e indivíduos de várias tendências anti Os detidos foram levados para a esquadra da 1ª divisão da PSP na Rua
autoritárias, anarquistas, anti capitalistas e antifascistas convocou Gomes Freire onde foi negada qualquer informação aos seus amigos e
para o dia 25 de Abril pelas 18:00H na praça da figueira uma durante muito tempo foi impedida a entrada aos advogados. Houve uma
manifestação anti autoritária. tentativa de levar os detidos a constituírem-se arguidos sem a presença dos
advogados o que é legal. Em solidariedade com os detidos cerca de 50
A manifestação reuniu cerca de 400 pessoas que percorreram o pessoas concentraram-se em frente à esquadra aguardando a sua
Rossio, a Rua do Carmo e a Rua Garrett até ao Largo de transferência para os calabouços do comando da PSP de Lisboa. Mesmo
Camões num ambiente contestatário mas festivo e sem incidentes. em frente à esquadra a polícia continuou com o abuso de poder e
Muitos transeuntes aplaudiram e aderiram à manifestação. Após expulsou as pessoas aos empurrões impedindo que estas pudessem
um breve período em que a manifestação permaneceu no largo continuar a demonstrar a sua solidariedade.
Camões esta continuou espontaneamente pela Rua Garrett em O que tem vindo a ser noticiado nos variados órgãos de comunicação
direcção ao Rossio. social está repleto de incoerências e desvios daquilo que realmente
A meio da Rua do Carmo, duas hordas de elementos do corpo aconteceu na baixa de Lisboa. Nomeadamente, a confusão com outras
de intervenção da PSP encurralaram os manifestantes na rua manifestações, a aceitação da versão policial dos acontecimentos e a
fechando as saídas e sem qualquer ordem ou aviso de dispersão necessidade de caracterizar como ilegal uma característica natural das
começaram a agredir brutal e indiscriminadamente manifestantes, pessoas que é o ajuntamento e a manifestação, que a democracia diz
transeuntes e até mesmo turistas.Com isto a polícia não tentou defender. Num período em que foram muitos os ajuntamentos,
dispersar ninguém, mas por outro lado quis bater, espancar e manifestações, acções e encontros este era também um protesto de
atacar os manifestantes. Pessoas que caíram no chão indefesas repúdio aos tempos que se vivem e aos ataques constantes do poder às
foram ainda agredidas por vários polícias à bastonada e ao pessoas.
pontapé. Aqueles que tentaram fugir foram perseguidas por toda Caricatamente é no dia 25 de Abril que a polícia defende cartazes de
a baixa e muitos transeuntes e lojistas somaram-se aos partidos fascistas e ataca manifestações antifascistas. Num momento em
manifestantes no fundo da Rua do Carmo em protesto contra a que já se sabia que os cravos estão murchos todos estes acontecimentos
brutalidade policial. As únicas agressões à polícia foram em servem para o reconfirmar.
legítima defesa, que é um direito ao qual não renunciamos.
Foram detidas doze pessoas de forma bastante violenta e é Plataforma antiautoritária contra o
impossível contabilizar todos os feridos entre manifestantes e fascismo e o capitalismo.26.04.2007
4. S
O que realmente se passou ?
? no dia 25 de Abril de 2oo7
deos
links para sites comsfotos, ví esteve.
e testemunho
de quem lá
links:
Fotoreportagem da manifestação com fotografias da carga RTP1 (notícia completa com vídeo amador, ver o Telejornal, 1ª e Comunicado sobre a Manifestação Anti-Autoritária:
policial: 2ª parte): http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=124557&cidade=1
http://galerias.escritacomluz.com/ajlborges/album06/aao http://multimedia.rtp.pt/index.php?vid=1
Anti-PNR (blog de uma nova quot;associaçãoquot; contra o fascismo e
Relato e Fotografias: TVI (notícia com vídeo amador, qualidade de imagem péssima, e contra o PNR, tendo uma quot;megaquot;-manifestação prevista para 28
http://spectrum.weblog.com.pt/arquivo/2007/04/na_rua_ sempre à boa maneira sensacionalista da TVI): de Setembro no Terreiro do Paço, às 19:30h):
do_carmo_1.html http://www.tvi.iol.pt/mediacenter/home.php?tipo=2&art_id=
&mul_id=5695797&pagina=1&psec_id= Público (nóticia: Manifestantes detidos no Chiado sujeitos ao
Vídeo Amador : Expresso (fotografias da manifestação e da repressão): termo de identidade e residência):
http://www.youtube.com/watch?v=gJXuWvsUdr0 http://expresso.clix.pt/Multimedia/Interior.aspx?content_id=38 http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1292250&idCan
9405 al=95
SIC (vídeo da PSP afirmar não ter feito carga sobre
manifestantes): Expresso (vídeo da repressão): Diário Digital (25 de Abril: Arguidos libertados com TIR (act. 2)):
http://xl.sapo.pt/?play=/MTE3NzU5NjYyOA==/MjAwNz http://expresso.clix.pt/Multimedia/Interior.aspx?content_id=38 http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=273542
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