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A Nuvem e a Duna Paulo Coelho Formatação:  Ria  [email_address]
 
Uma jovem nuvem nasceu no meio de uma grande  tempestade no Mar Mediterrâneo. Mas sequer teve tempo de crescer ali;  um vento forte empurrou  todas as nuvens  em direção  à África.
Assim que chegaram ao continente, o clima mudou:  um sol generoso brilhava no céu, e embaixo se  estendia a areia dourada do deserto do Saara.  O vento continuou empurrando as nuvens em direção  às florestas do sul, já que no deserto quase não chove. Entretanto, assim  como acontece com os jovens humanos,  também acontece com as jovens nuvens:  ela resolveu desgarrar-se dos seus pais  e amigos, para conhecer o mundo.
[object Object],Mas a jovem nuvem, rebelde por natureza, não obedeceu; pouco a pouco, foi baixando de altitude, até conseguir planar em uma brisa suave, generosa, perto das areias douradas.
Depois de muito passear, reparou que uma das dunas  estava sorrindo para ela. Viu que ela também era jovem, recém-formada  pelo vento que acabara de passar.  Na mesma hora, apaixonou-se por  sua cabeleira dourada.
-  Bom dia - disse ela. Como é viver aí embaixo? ,[object Object],[object Object]
[object Object],- Eu também sinto o mesmo. Assim que um novo vento passar, irei para o sul e me transformarei em chuva; entretanto, esse é meu destino. - E isso lhe entristece?  - Me dá a impressão que não sirvo para nada.
A duna hesitou um pouco, mas terminou dizendo:   -  Sabe, aqui no deserto nós chamamos a chuva de Paraíso.  - Eu não sabia que podia me  transformar em algo tão importante  - disse a nuvem, orgulhosa. ,[object Object]
Foi a vez de a nuvem ficar hesitante.  Mas logo em seguida, tornou a abrir seu largo sorriso: - Se você quiser, eu posso lhe cobrir de chuva.  Embora tenha acabado de chegar, estou apaixonada  por você, e gostaria de ficar aqui para sempre.
[object Object],- O amor nunca morre. Ele se transforma - afirmou a nuvem. Quero muito mostrar-lhe o Paraíso... ,[object Object]
Começou a acariciar a duna com pequenas gotas...  E assim permaneceram juntas por muito tempo,  até que um arco-íris apareceu.
No dia seguinte, a pequena duna estava coberta de flores.
Outras nuvens que passavam em direção à África,  achavam que ali estava parte da floresta  que andavam buscando, e  despejavam mais chuva.
Vinte anos depois, a duna havia se transformado  num oásis, que refrescava os viajantes com a  sombra de suas árvores.
Tudo porque, um dia,  uma nuvem apaixonada não tivera medo  de dar sua vida por causa do amor.  Fim

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Nuvem e Duna: Amor que transforma o deserto

  • 1. A Nuvem e a Duna Paulo Coelho Formatação: Ria [email_address]
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  • 3. Uma jovem nuvem nasceu no meio de uma grande tempestade no Mar Mediterrâneo. Mas sequer teve tempo de crescer ali; um vento forte empurrou todas as nuvens em direção à África.
  • 4. Assim que chegaram ao continente, o clima mudou: um sol generoso brilhava no céu, e embaixo se estendia a areia dourada do deserto do Saara. O vento continuou empurrando as nuvens em direção às florestas do sul, já que no deserto quase não chove. Entretanto, assim como acontece com os jovens humanos, também acontece com as jovens nuvens: ela resolveu desgarrar-se dos seus pais e amigos, para conhecer o mundo.
  • 5.
  • 6. Depois de muito passear, reparou que uma das dunas estava sorrindo para ela. Viu que ela também era jovem, recém-formada pelo vento que acabara de passar. Na mesma hora, apaixonou-se por sua cabeleira dourada.
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  • 10. Foi a vez de a nuvem ficar hesitante. Mas logo em seguida, tornou a abrir seu largo sorriso: - Se você quiser, eu posso lhe cobrir de chuva. Embora tenha acabado de chegar, estou apaixonada por você, e gostaria de ficar aqui para sempre.
  • 11.
  • 12. Começou a acariciar a duna com pequenas gotas... E assim permaneceram juntas por muito tempo, até que um arco-íris apareceu.
  • 13. No dia seguinte, a pequena duna estava coberta de flores.
  • 14. Outras nuvens que passavam em direção à África, achavam que ali estava parte da floresta que andavam buscando, e despejavam mais chuva.
  • 15. Vinte anos depois, a duna havia se transformado num oásis, que refrescava os viajantes com a sombra de suas árvores.
  • 16. Tudo porque, um dia, uma nuvem apaixonada não tivera medo de dar sua vida por causa do amor. Fim