Epilepsia em Debate na Sociedade - Cartilha Volume 1
1. Epilepsia
em Debate
na Sociedade
0800 647 3700
Vol. I
Rua Jamary, Bairro Olaria - Porto Velho/RO - CEP 76801-917
VENDA PROIBIDA Por Edmilson Fonsêca
1
Telefone (69) 3216-3700 - www.mp.ro.gov.br
2. TELEFONES ÚTEIS
MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL ASSISTÊNCIA À SAÚDE DE PACIENTES
TEL. (69) 3216-3700 COM EPILEPSIA - ASPE
CAOP SAÚDE Cx.P. 6106-13083-970 CAMPINAS - SP
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CAOP EDUCAÇÃO E-MAIL: info@aspebrasil.org
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CASA DA CIDADANIA
TEL. (69) 3223-2998 DEFENSORIA PÚBLICA
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE
TEL. (69) 3216-0500 ou 3216-0539 EPILEPSIA
E-MAIL: epilepsiatemcura@bol.com.br
ASSOCIAÇÃO RONDONIENSE
DE EPILEPSIA - ARE
TEL. (69) 9285-6136 e 9231-0909
E-MAIL: epilepsia.pvh@hotmail.com
EXPEDIENTE
PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA
Héverton Alves de Aguiar
PROJETO GRÁFICO E PRODUÇÃO
Waldiney Farias Braga - Segraf/MPRO
3. 1. APRESENTAÇÃO
Coube-me a honrosa tarefa de ler em primeira mão a
publicação “Epilepsia em Debate”, de autoria do Procurador
de Justiça Edmilson Fonsêca, Decano do Ministério Público de
Rondônia.
Concebido para distribuição na rede de ensino do
Estado de Rondônia, verifica-se que sua compreensão vai
muito além do plano educativo, servindo também para o
despertar da sociedade e das autoridades constituídas para a
consecução de uma política de saúde pública em atenção às
pessoas com epilepsia.
Em tão boa hora, o propósito do trabalho torna efetivo,
na área da saúde, um dos aspectos do Plano Geral de Atuação
(PGA) da Instituição para o biênio 2011/2012, aprovado pelo
Colégio de Procuradores de Justiça, este em harmonia com o
projeto “Epilepsia Fora das Sombras” da Organização Mundial
da Saúde (OMS), executada pela ASPE no Brasil.
De outro tanto, afigura-se oportuna a empreitada,
em consonância com o novo perfil que se almeja para o
Ministério Público Brasileiro, com atuação precípua na área
social, cumprindo, desse modo, mandamento da Carta da
República de 1988.
Plantada em terra fértil – Rondônia – certamente a
publicação “Epilepsia em Debate” renderá bons frutos.
Por derradeiro, ouso recomendar a sua leitura por ser
esclarecedora e de fácil acesso, apesar do tema árido.
Bom proveito.
HÉVERTON ALVES DE AGUIAR
Procurador-Geral de Justiça
3
5. ANOTAÇÕES
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________ Um caso exemplar é o de Ana Maria,
________________________________________________ que padece de epilepsia há mais de cinquenta
anos.
________________________________________________
Ela não se deixou abater pelo
________________________________________________ preconceito e pela discrimação da sociedade.
________________________________________________ Com esforço e dedicação, diplomou-
se em “Desenho Artístico e Publicitário“ pelo
________________________________________________ Instituto Universal Brasileiro.
________________________________________________ Com o seu talento artístico, tem
conseguido manter boa qualidade de vida.
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
_________________________________________________
32 5
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Professor Li Li Min (Unicamp/SP) – Palestra sobre Epilepsia
no auditório do MPRO – Porto Velho/RO – em setembro de
2010;
2. Drª Li Hui Ling – Palestra sobre Epilepsia no auditório do
MPRO (GIS) – Porto Velho – em Setembro de 2010;
3. Profª Maria Carolina Doretto (UFMG) – Palestra sobre
Epilepsia no auditório do MP-RO (UNIR), em junho de 2011;
4. E. APPLETTON/Richard – Tudo sobre Epilepsia – São Paulo/
SP – Andrei Editora LTDA – 2000;
5. DA COSTA, Araújo Filho/Geraldo – Dostoiévski e Eu: A
Epilepsia em Nossas Vidas – Teresina/Piauí – 2005;
6. CARLOS ALEIXO Sepúlvida/Fernando – Manual de Epilepsia
– Colina Editora – 2000;
7. DE ALBUQUERQUE/Marly e CUKIERT/Artur – Epilepsia e
Qualidade de Vida – Editora Alaúde – 2007.
8. ASPE - www.aspebrasil.org
9. Apostila ASPE - Conexão
10. Fernades Ital, Stop Saying. Epileptia. Epilepsia 2009;50(5):
1280-1283.
31
7. se machuque;
( ) oferecer líquidos e/ou passar álcool auxilia na recuperação da
pessoa para que retorne da crise;
( ) deve-se virar o rosto da pessoa de lado para que a baba não
seja aspirada;
( ) devem-se evitar aglomerações em tomo do doente para que
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
o indivíduo possa respirar melhor;
( ) chamar socorro de um profissional de saúde;
( ) deve-se colocar o dedo ou um objeto na boca do doente para
que este não morda ou se engasgue com a língua.
outros: _____________________________________________
9- Como você avalia seus conhecimentos sobre epilepsia?
( ) nenhum
( ) insuficiente
( ) moderado Dra. Rosária Gonçalves Novais (Defensora Pública de
( ) avançado
Rondônia)
10-Marque abaixo a resposta que achar correta: Profa. Maria Carolina Doretto (UFMG)
10.1 - Você acha que a pessoa com epilepsia é deficiente? Suzana Soares da Silva
( ) sim ( ) não ( ) não sei Nadiza Sueli da Costa Moura
10.2 - Você acha que a epilepsia é uma doença espiritual?
( ) sim ( ) não ( ) não sei Maria Auxiliadora Borges de Lira
10.3 - Você acha que a pessoa com epilepsia é perigosa? José Jorge Pacheco Galindo
( ) sim ( ) não ( ) não sei
10.4 - Você acha que a pessoa com epilepsia é rejeitada pela ASPE
sociedade?
( ) sim ( ) não ( ) não sei
10.5 - Você acha que é uma doença contagiosa?
( ) sim ( ) não ( ) não sei
10.6 - Você acha que a baba pode transmitir a doença?
( ) sim ( ) não ( ) não sei
10.7 - Uma pessoa com epilepsia tem mais dificuldade de
conseguir emprego?
( ) sim ( ) não ( ) não sei
30 7
8. II- DADOS SOBRE EPILEPSIA:
1- Você sabe o que é epilepsia? ( ) sim ( ) não
2-Se sim, o que é?____________________________________
___________________________________________________
3- Se não, o que você acha que é? _______________________
___________________________________________________
4- Você acredita que a epilepsia seja causada por quais
fatores?
( ) verme
( ) fatores tóxicos
( ) mau olhado
( ) fatores genéticos
( ) castigo de Deus
( ) vontade de alguma coisa
( ) doenças infecciosas
( ) traumas ou agentes físicos
( ) outros: ___________________________________________
5- Você conhece alguém com epilepsia? ( ) sim ( ) não
6- Se sim, qual a relação social dessa pessoa com você?
( ) mesmo ambiente de trabalho;
( ) mesmo ambiente de estudo;
( ) vizinho;
( ) parente distante;
( ) parente que reside na mesma cidade;
( ) parente que reside na mesma casa;
( ) outros:____________________________________
7 - Você já presenciou alguma crise convulsiva? ( ) sim ( ) não
8- Durante a crise como você acha que as pessoas devem
socorrer o doente? Marque apenas as opções que achar
corretas:
( ) nada deve ser feito;
( ) a pessoa em crise deve ser totalmente imobilizada;
( ) deve-se apoiar a cabeça do indivíduo em crise para que não
29
9. 11. ENQUETE SOBRE EPILEPSIA
SUMÁRIO
Caro leitor,
Creio ter chegado o momento para saber como anda
seu conhecimento acerca da Epilepsia.
Para tanto, esta coluna lança uma enquete “TESTE
SEU CONHECIMENTO” sobre o tema, objetivando sondar seu
aprendizado. 1. APRESENTAÇÃO..............................................................................................................................3
I- DADOS PESSOAIS: 2. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................11
1-Idade: ______ anos
3. SÍNTESE HISTÓRICA ...................................................................................................................12
2- Sexo: ( ) masculino ( ) feminino 4. CONCEITO DE EPILEPSIA ........................................................................................................13
5. SOCORRO EM CASO DE CRISE ............................................................................................15
3- Nível de escolaridade:
( ) Analfabeto; 6. CAUSAS E FATORES DESENCADEANTES DAS CRISES EPILÉPTICAS ..............17
( ) Sabe ler e escrever;
( ) Ensino Fundamental incompleto até a 4a série; 7. TIPOS DE CRISES EPILÉPTICAS .............................................................................................18
( ) Ensino Fundamental incompleto após a 4a série; 8. TRATAMENTOS DA EPILEPSIA ..............................................................................................21
( ) Ensino Fundamental completo;
( ) Ensino Médio incompleto; 9. DROGAS ANTIEPILÉPTICAS (DAES) ..................................................................................22
( ) Ensino Médio completo;
10. DIAGNÓSTICOS DA EPILEPSIA .........................................................................................26
( ) Superior incompleto;
( ) Superior completo; 11. ENQUETE SOBRE EPILEPSIA ...............................................................................................28
( ) Pós-graduação.
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................31
4. Cor ou Raça: ( ) branca ( ) negra ( ) amarela ( ) parda
( ) indígena ( ) outra
5. Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) viúvo ( ) divorciado
( ) outro:________________________
6-Profissão: ________________________________________
7- Religião: ( ) católica ( ) evangélica ( ) espírita ( ) nenhuma
( ) outra:________________________
28 9
10. Depois do exame clínico, outros dados são investigados,
tais como:
- DANO CEREBRAL
- ANTECEDENTES FAMILIARES
OUTROS - DOENÇAS (INFECÇÕES)
DADOS - HISTÓRIA CLÍNICA (ANAMNESE)
- EXAME FÍSICO, E MAIS EXAMES COMPLEMENTARES
- ELETROENCEFALOGRAMA (E.E.G.)
EXAMES
COMPLEMENTARES - RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (R.M.)
- TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (T.C)
O certo é que o paciente necessita saber sobre sua
doença (tipo de epilepsia) porque o desconhecido é pior do
que o conhecido.
Confirmada a epilepsia, o médico deve contribuir e
colaborar no tratamento.
Saiba: A epilepsia não é castigo de Deus. Afinal, Deus é
amor.
27
11. Está provado: Pessoas com Epilepsia são talentosas e
podem trabalhar.
2. INTRODUÇÃO
Para tanto, basta capacitá-las e controlar as crises. Nada
mais. Pretendemos, meu caro leitor, doravante, travar com
você um diálogo simples e acessível sobre a Epilepsia.
Minha modesta intenção não é fazer ciência, mas
10. DIAGNÓSTICOS DA EPILEPSIA mantê-lo informado sobre a Epilepsia.
As pessoas com Epilepsia buscam participação
Para Hipócrates, o pai da medicina, o profissional de no processo jurídico-social e pedem proteção contra o
saúde deve praticar “a arte de curar a poucos, aliviar a muitos e preconceito e a discriminação.
consolar a todos” com humanidade.
O papel da imprensa nesse processo é de capital
Acerca da epilepsia, uma pergunta não quer calar: importância para informar que as pessoas com epilepsia são
seres humanos comuns, que têm direito a proteção e respeito
“Como é feito o diagnóstico da epilepsia?”
como qualquer cidadão dignamente considerado.
Abandonando as crendices, a medicina moderna
Preocupada com a situação das pessoas com epilepsia
impõe o diagnóstico clínico para elucidar a epilepsia.
no mundo, a Organização Mundial da Saúde – OMS lançou
uma Campanha Global denominada “Epilepsia Fora das
Sombras”, executada pela ASPE (Assistência à Saúde de
DIAGNÓSTICO CONHECIMENTO OU DETERMINAÇÃO DA
DOENÇA PELOS SEUS INTOMAS Pacientes com Epilepsia) no Brasil, que tem como finalidade
principal criar um modelo de atendimento integral aos
pacientes com epilepsia, bem como melhorar sua qualidade
de vida e a de seus familiares.
Por isso, é importante que a pessoa com epilepsia e seus
familiares levem para o médico as informações necessárias, Cuida-se, portanto, de um tema de direitos humanos,
sobre como ocorreram as crises epilépticas, se possível, que diz respeito à sociedade e ao Estado, por força da Carta
devidamente anotadas. da República, consagradora da dignidade da pessoa humana,
como fundamento do Estado Democrático de Direito.
- COMO ACONTECEU A CRISE
- QUANTO TEMPO DUROU
INFORMAÇÕES - COMO COMEÇOU
NECESSÁRIAS - O QUE SENTIU ANTES E DEPOIS DA CRISE
- QUANTAS VEZES TEM A CRISE POR DIA
- O HORÁRIO EM QUE COSTUMA ACONTECER A CRISE,
SE DE DIA OU DURANTE A NOITE
26 11
12. 3. SÍNTESE HISTÓRICA Anticonvulsivante
Nome Comercial Alguns Efeitos Colaterais
Nome Genérico
Hepatotoxicidade, perda de cabelos, aumento
Os gregos, há mais de 3 mil anos, usavam a palavra Ácido Valproico Depakene de peso corporal, tremores, indisposição
estomacal.
epilepsia para indicar a crise convulsiva, relacionada à
Perda de apetite, poliúria (aumento da
possessão sagrada e não à enfermidade neurológica. Acetazolamida Diamox frequência urinária), confusão mental,
sonolência, parestesias de extremidades.
Coube a Hipócrates, patrono da medicina, na sua
Sonolência, astenia, distúrbios sensoriais,
dissertação “Da Doença Sagrada”, refutar as crendices sobre Clobazam Urbanil/Frisium
tonteiras.
a doença, proporcionando a investigação científica sobre a
Hepatotoxicidade, indisposição estomacal,
epilepsia. Divalproex Sodim Depakote perda de cabelos, ganho de peso, tremores,
alteração do tempo de sangramento.
Pelo Código de Hamurabi, a pessoa com epilepsia Insônia, rash cutâneo, perda de cabelos,
Hidantoínas Dilantin aumento de gengivas, sangramento gengival,
era tida como incapaz e proibida de casar, bem como seu náuseas, incoordenação motora.
testemunho não era válido em juízo. Dor de cabeça (cefaleias), fadiga, náuseas, aste-
Lamotrigine Lamictal nia, ataxia, visão borrada ou dupla, sonolência,
Um médico grego, de nome Aetius, sugeriu que a rash.
epilepsia era provocada por tara sexual e recomendava a Sonolência, mudanças de comportamento,
tremores, perda de cabelo, perda de apetite,
castração do paciente como solução para a cura da doença. Clonazepan Rivotril
instabilidade na marcha, aumento de salivação
e secreção brônquica.
Um outro médico romano, chamado Galeno, admitiu Fadiga, apatia, debilidade e incoordenação
o cérebro como centro das convulsões. Nitrazepan Mogadon
motoras, letargia, confusão mental, mudança
do ritmo do sono, aumento das secreções
brônquicas.
Por isso, como remédio para todas as crises de epilepsia,
Náuseas, visão borrada ou dupla, rash cutâneos,
recomendava pó de crânio humano para a cura, crença que debilidade ou incoordenação motora, dor de
Carbamazepina Tegretol
perdurou por mais de dez séculos. cabeça, discrasias sanguíneas, aumento de
peso corporal, fadiga.
O mito do demônio nas crises epilépticas ganhou Inquietude, náuseas, visão borrada ou dupla,
incoordenação da marcha, irritabilidade, hiper-
relevância com o advento do Cristianismo na descrição do Fenobarbital Gardenal
atividade, sonolência, transtornos de aprendi-
zagem.
Novo Testamento de uma cura e exorcismo feitos por Jesus
Cristo em um menino epiléptico. (Mt, 17: 14 -21 ) Vertigens, perda de apetite, fadiga, sonolência,
Primidona Mysoline hiper-irritabilidade, náuseas, vômitos, confusão
mental.
Nesta passagem evangélica residem os mitos mais
resistentes acerca da epilepsia: demônio, água e fogo como Gabapentin Neurotin Sonolência, fadiga.
provocadores de crises epilépticas. Vigabatrim Sabril Sonolência, fadiga, perda de peso.
Perda de apetite, náuseas, dores de cabeça, fa-
As pessoas com epilepsia passaram pelos mais Etosuximida Zarotin diga, ansiedade, depressão, dores abdominais,
esdrúxulos e cruéis tratamentos, tais como: ingestão de urina aumento do tamanho dos gânglios.
e fezes humanas, sangue de pessoas recém-executadas,
12 25
13. Diversas drogas (DAES) são usadas no tratamento da sangria para dar escape aos maus espíritos, ingestão de um
epilepsia, entretanto as mais comuns são: agente químico – cautério.
Com promessas de cura fácil, muitos pacientes
- CARBAMAZEPINA morreram nas mãos de alquimistas ao ingerir as misturas feitas
- FENITOÍNA por esses feiticeiros.
- PRIMIDONA
DAES MAIS - VALPROATO Hoje, a cura e o controle das crises estão mais ao
COMUNS - FENOBARBITAL alcance das pessoas com epilepsia, especialmente os mais
- GABAPENTIN
- VIGABATRINA necessitados.
- TOPIROMATO Com dignidade e coragem não será difícil expulsar os
demônios e sepultar os mitos que ainda cercam a epilepsia.
As vezes é necessário combinar drogas para que se
consiga um melhor controla das crises.
4. CONCEITO DE EPILEPSIA
Como é sabido e consabido, qualquer remédio tem
efeito colateral.
A nova coluna - Epilepsia em Debate - , conforme
Vejamos, então, algum dos efeitos colaterais mais
enfatizado anteriormente, não pretende fazer literatura ou
comuns das drogas antiepilépticas:
ciência, mas, tão somente, prestar informações à sociedade
sobre o tema proposto: A Epilepsia.
Uma pergunta que todos fazem: o que é epilepsia?
- SONOLÊNCIA
EFEITOS - TONTURA Na etimologia a epilepsia assumiu um caráter místico,
COLATERAIS - NÁUSEAS misterioso, religioso e mágico (Epi = de cima e lepgem = ser
MAIS COMUNS - IRRITABILIDADE abatido, fulminado sem aviso, possuído).
- HIPERATIVIDADE
Por conta disso, os povos antigos acreditavam que as
pessoas com epilepsia eram tomadas, possuídas por maus
espíritos e demônios.
Relação das principais medicações utilizadas para o
tratamento de Epilepsias (nome genérico – nome comercial Ainda, de acordo com a etimologia, a palavra epilepsia
– efeitos colaterais): é originária do verbo grego epilambanein, que significa: “ser
atacado, abatido, fulminado sem aviso”.
Para a Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), devido
à heterogeneidade da epilepsia, amparada nos trabalhos
24 13
14. da Liga Internacional de Epilepsia (ILAE), a epilepsia “é um O tratamento mais usual para a epilepsia é feito através
distúrbio cerebral causado por predisposição persistente de drogas antiepilépticas (DAES).
do cérebro a gerar crises epilépticas e pelas consequências
Convém advertir que com frequência os médicos usam
neurobiológicas, cognitivas, psicossociais e sociais da
termos intercambiáveis ou equivalentes quando querem se
condição, caracterizada pela ocorrência de pelo menos uma
referir ao tratamento da epilepsia. São eles:
crise epiléptica (ILAE – 2005, p.8). Como a epilepsia não é uma
entidade nosológica única, mas advém de várias condições
diferentes que ocasionam disfunção cerebral, alguns preferem
o uso do termo no plural “epilepsias”, mas a Comissão de - ANTIEPILÉPTICO
Terminologia da ILAE, preconiza seu uso no singular, embora - ANTICONVULSIVO
reconheça esta diversidade (p.8)”. - DROGA (DAE)
Em conclusão, podemos afirmar com a Associação TERMOS - TERAPIA
Brasileira de Epilepsia (ABE): a partir da heterogeneidade da INTERCAMBIÁVEIS - MEDICAÇÃO
epilepsia, o termo condição parece ser o mais abrangente, - PREVALECENDO O TERMO: DROGA
tanto no âmbito científico, quanto no social. ANTIEPILÉPTICA (DAE OU DAES)
Um ponto importante ressaltado pela ASPE considera
que os termos doença, portador e epiléptico devem ser
evitados (por serem estigmatizantes). Deve ser usado o termo Vale dizer que as drogas antiepilépticas (DAES) são
pessoa com epilepsia (Fernandes Ital, Stop Saying) produtos farmacêuticos alopáticos, produzidos com a
De um modo geral, na literatura médica pertinente, finalidade de conter, controlar ou estabilizar um quadro
você encontrará muitas expressões associadas à epilepsia. epiléptico.
As DAES agem no SNC (Sistema Nervoso Central),
inibindo ou interferindo em processos neuroquímicos que
SINTOMA podem impedir a atividade neuronal anormal (distúrbio) ou
DOENÇA
seu desencadeamento.
SÍNDROME EPILÉPTICA
Tais como: CONDIÇÃO NEUROLÓGICA
- CONTER
DISTÚRBIO NEUROBIOLÓGICO FINALIDADES - CONTROLAR UM QUADRO EPILÉPTICO
DAS DAES - ESTABILIZAR
CRISE EPILÉPTICA
CONVULSÃO EPILÉPTICA, E ASSIM POR DIANTE.
14 23
15. O tratamento medicamentoso das crises é feito com Em tempo: Alentadora de esperança a notícia da
administração de DAES (Drogas Antiepilépticas), de acordo primeira cirurgia de epilepsia realizada, com êxito, em
com o tipo de epilepsia. Rondônia no Hospital de Base local, no dia 07/07/2011, pelo
neurocirurgião Drº Ivan Ortiz.
As medicações evitam as descargas elétricas cerebrais
anormais, diminuindo, assim, o número de crises. Avante, Drº Ivan! A sociedade rondoniense espera que o
Estado, agora, cumpra sua parte, adquirindo os equipamentos
O tratamento cirúrgico é indicado para os casos de
necessários para o tratamento cirúrgico.
epilepsia refratária ao tratamento medicamentoso, ou
seja, mesmo com a medicação as crises continuam a acontecer Veja o Link do vídeo da reportagem para consulta:
(repetem-se).
http://www.jaruonline.com.br/?secao=video&id=1031
O tratamento psicológico tem como finalidade orientar
o paciente e sua família sobre os aspectos psicológicos
envolvidos na epilepsia, tais como: 5. SOCORRO EM CASO DE CRISE
- CRENÇAS
- COMPORTAMENTOS
ASPECTOS - ATITUDES SOCIAIS Com satisfação abrimos este espaço de hoje, em
PSICOLÓGICOS - ATITUDES CULTURAIS agradecimento ao doutor José Gomes Ruiz, ex-presidente
- RELAÇÕES NA ESCOLA E NO TRABALHO, da Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) e atual Secretário
E ASSIM POR DIANTE
da entidade, ao emprestar sua experiência, indicando para
nosso leitor alguns procedimentos básicos, indispensáveis, no
Convém destacar que o tratamento psicológico é
atendimento de primeiro socorro à pessoa com epilepsia, no
ministrado juntamente com o tratamento médico.
momento da crise.
De sorte, que o tratamento da epilepsia no contexto
Afirma ele: “Gostaria de citar algumas providências que
médico de hoje é realizado por equipe multidisciplinar ou
devem ser tomadas quando uma Pessoa com Epilepsia tem
interdisciplinar.
uma crise convulsiva”:
O esporte quando bem orientado, é fundamental para
• 1-Proteger a cabeça da pessoa, evitando que venha
a vida saudável de uma pessoa com epilepsia.
a sofrer constantes batidas contra o chão. Deve-
9. DROGAS ANTIEPILÉPTICAS se também afastar da pessoa em crise quaisquer
objetos próximos que possam causar ferimentos
(DAES) (facas, tesouras, etc.).
• 2-Vire a pessoa em decúbito dorsal (D) ou (E),
O caminho a percorrer no tratamento da epilepsia é pois havendo o regurgitamento da “saliva”, esta
longo e continua ser estudado. providência evitará um possível sufocamento
22 15
16. e morte da pessoa com epilepsia. A “baba” não Atenção: Chegando a 30 minutos, este tipo de crise
contagia ninguém, ou seja, não transmite doença, passa a ser chamada de status epilepticus.
não é contagiosa.
Pessoas com epilepsia podem namorar, constituir
• 3-Se a pessoa estiver usando gravata, cinto ou família e ter filhos.
sapatos apertados, é ideal soltá-los, evitando-se
desconforto.
• 4-Jamais tome a iniciativa de inserir qualquer objeto
ou dedo na boca, na esperança de impedir que 8. TRATAMENTOS DA EPILEPSIA
a pessoa engula a língua; ela tem seu freio e não
será engolida. O mais certo de ocorrer, caso uma
pessoa tente socorrer nesse sentido, será lesionar Tomando como fundamento ensinamento básico
ou perder o dedo; não proceda dessa forma com a da ASPE (Assistência à Saúde de Pacientes com Epilepsia),
pessoa em crise. podemos afirmar que a epilepsia é uma condição neurológica
tratável em pelo menos 70% dos casos.
Assim, com esses ensinamentos básicos indicados,
certamente cada cidadão ou cidadã pode se tornar um O tratamento objetiva, sobretudo, atingir dois aspectos
Agente Comunitário da pessoa com epilepsia. fundamentais:
Acredito mesmo que uma mudança nas atitudes da
sociedade em relação à epilepsia muito contribuirá para
tornar mais fácil a vida dessas pessoas estigmatizadas. - ELIMINAR AS CRISES
A SABER - MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DOS
Lanço, pois, o seguinte desafio: vamos ser Agentes PACIENTES E DE SEUS FAMILIARES
Comunitários das pessoas com Epilepsia?.
Na família , na escola, no clube esportivo, na terra, no ar,
e no mar, enfim, em toda a comunidade planetária, se possível. Adotando esta linha de entendimento, podemos,
Eis a receita capaz de ditar um convívio melhor dessas também, afirmar que o tratamento pode ser:
pessoas com sua comunidade.
Epilepsia não é contagiosa. Contagioso é o preconceito.
In memoriam do meu amigo e conterrâneo Raimundo - MEDICAMENTOSO
TRATAMENTOS: - CIRÚRGICO
Mendes, falecido em 16.07.2011, aos 78 anos de idade, nesta - PSICOLÓGICO
cidade de Porto Velho.
Homem simples, bom e justo, que muito me incentivou
16 21
17. ou ruídos ou ter sensações no estômago; para continuar minha tarefa em prol das pessoas com epilepsia.
3. Crises Parciais Complexas: A pessoa fica fora
de si por alguns minutos, sem no entanto cair ou
debater-se, e ao final da crise não se lembra muito
bem do que aconteceu;
6. CAUSAS E FATORES
4. Crises Parciais Generalizadas Secundárias: Tem
DESENCADEANTES DAS CRISES
início de modo parcial, mas depois se expande, EPILÉPTICAS
envolvendo a maior parte de cérebro, provocando
a popular convulsão (tônico-clônica);
É recorrente a curiosidade para se saber as causas
5. Crises Generalizadas: Ocorrem quando a de epilepsias e quais os fatores desencadeantes das crises
atividade elétrica anormal do cérebro envolve os epilépticas.
dois hemisférios cerebrais (lados) de uma só vez;
Segundo a literatura atualizada e pesquisas na internet,
6. Crises de Ausência: A pessoa perde a consciência as principais causas de epilepsias (conhecidas) estão ligadas
por alguns segundos; depois continua às seguintes condições ou situações:
normalmente suas atividades (5-20);
• Traumas na cabeça, especialmente por acidentes
7. Crises Mioclônicas: Duram segundos, (automóveis, quedas, etc.), ou mesmo lesões
assemelhando-se a “puxões” ou “sustos”, geralmente causadas por atos violentos, inclusive em práticas
nos braços e pernas (0,5-1,0); esportivas, em que quanto mais severos os golpes
8. Crises Atônicas: Têm como parte integrante uma ou tramautismos do crânio, mais há chances de um
perda repentina do tônus muscular (relaxamento quadro epiléptico aparecer;
súbito dos músculos) resultando em queda (1-2); • Tumores cerebrais e outros traumas neurológicos;
9. Crises Clônicas: Têm como parte integrante • Meningites, encefalites virais, lúpus eritematoso,
contrações musculares repentinas e rítmicas, doenças neurológicas crônicas e infecções que
causando solavancos ou repuxos dos membros do afetem o SNC (Sistema Nervoso Central) como
corpo (5-10); no caso da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência
10. Crises Tônico-clônicas: Conhecida popularmente Adquirida);
como “ataque”, caracterizam-se por queda ao • Lesões ocorridas no período gestacional, pré, peri
solo, quando a pessoa “se debate” durante alguns e pós natais, que possam afetar o desenvolvimento
minutos, por vezes perdendo urina ou saliva. do cerébro de fetos durante a gravidez;
Passada a convulsão, a pessoa pode dormir e ao
despertar ficar confusa e com dor de cabeça (1-5). • Ingestão de ovos do verme solitária.
(neurocisticercose)
20 17
18. Entretanto, convém destacar que nas epilepsias Durante uma crise epiléptica, as células do cérebro
idiopáticas a causa é desconhecida (do grego idios, que (neurônios) funcionam de modo excessivo e desordenado.
significa próprio e pathos,que significa sofrimento).
Em princípio não existe uma classificação estanque
Com o avanço atual da medicina é possível afirmar para cada tipo de crise epiléptica.
que as crises epileptícas em seres humanos geralmente são
Assim, a terminologia da epilepsia subordina-se à
desencadeadas por alguns eventos, tais como:
observação e ao método utilizados pelos especialistas.
• febre;
Entretanto, a descrição da crise envolve com frequência
• exaustão física; termos básicos relacionados à causa da epilepsia, o tipo
da crise epiléptica e a idade em que começa o evento
• privação de sono;
epiléptico.
• suspensão abrupta de medicação anticonvulsiva;
Para melhor compreensão do tema abordado,
• respiração forçada (hiperventilação); adotaremos o modelo proposto pela Liga Internacional de
• ingestão de bebidas alcóolicas ou estimulantes; Epilepsia, que prescreve:
• uso de drogas euforizantes;
• uso de medicamentos com ação convulsivante (ex.: - SIMPLES
isoniazida); PARCIAIS - COMPLEXA
- GENERALIZADA SECUNDÁRIA
• emoções fortes e distúrbios psíquicos intensos;
TIPOS DE CRISES
• distúrbios hormonais; EPILÉPTICAS
-AUSÊNCIA (PEQUENO MAL)
• luz, sons e outros ruídos em epilepsias reflexas (ex.:
- MIOCLÔNICA (SOLAVANCOS)
televisão, luz de boite – estroboscópica). GENERALIZADAS - ATÔNICA (QUEDA)
- CLÔNICA (ENRIJECIMENTO)
- TÔNICO-CLÔNICA (GRANDE MAL)
Epilepsia não é sinal de fracasso na vida!
1. Crises Parciais: Ocorrem quando a atividade
anormal do cérebro envolve uma parte do cérebro
7. TIPOS DE CRISES EPILÉPTICAS (hemisfério cerebral);
2. Crises Parciais Simples: Durante essas crises
Uma crise epiléptica é apenas um sinal de que algo de a pessoa não perde a consciência, pode ter
errado está acontecendo com o funcionamento do cérebro. contrações em um lado do corpo, perceber luzes
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