Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 80-81
Memorial do convento - Personagens
1.
2. É uma personagem
principal, dado que possui um
papel central na história e
contribui para o
desenvolvimento da mesma.
Quanto à composição, é uma
personagem modelada, dado que
o seu comportamento altera-se ao
longo da história.
Pode ser considerada uma personagem-tipo dado que
representa um estatuto social: o povo.
3. Caracterização física:
- Os seus olhos mudam de cor;
- É alta e magra;
- Tem cabelo claro.
Caracterização psicológica:
- Tem vinte e oito anos;
- É filha única;
- Consegue ver por dentro das coisas e das pessoas quando
está em jejum;
- É corajosa: vai sozinha à procura de Baltasar; mata o frade
que a tenta violar;
- É uma mulher forte: assiste à condenação da sua mãe sem
derramar uma lágrima, contudo quando chega a casa não
aguenta mais;
- Extremamente apaixonada por Baltasar (procura-o durante
nove anos);
- É religiosa, acredita em Deus.
4. Blimunda surge, pela primeira vez, nesta história quando
é mencionada pela sua mãe, Sebastiana, que estava a
ser condenada no auto-de-fé a que Baltasar estava a
assistir. A sua mãe procura-a, com o olhar, pela multidão
para lhe transmitir que devia procurar conhecer o
homem que estava a seu lado, Baltasar.
Neste mesmo episódio, o nome de Blimunda é
mencionado onze vezes. Estando tal número associado
a conhecimentos mais profundos, ao ideal, às
revelações, à junção de Deus com o Mundo, são
facilmente notáveis as semelhanças entre o seu
significado e a personalidade de Blimunda: vê por
dentro, logo tem um maior conhecimento, tem
revelações e é muito ligada a Deus.
5. É feito também um ênfase nos olhos de
Blimunda, dando a entender que estes veriam mais do
que as pessoas normais: “olha só, olha com esses teus
olhos que tudo são capazes de ver”.
6. Blimunda atrai Baltasar devido à singularidade dos seus
traços físicos: os seus olhos mudam de cor e é alta e
esguia. Estes traços são tão singulares pois não era
habitual vê-los: as mulheres tinham olhos de uma só cor
e, geralmente, eram de baixa altura. Baltasar chega
mesmo a confessar : “Não tenho forças que me levem
daqui, deitaste-me um encanto”.
Blimunda causa também um certo fascínio a
Scarlatti, que a compara à deusa Vénus.
7. Também os pais de Baltasar estranharam os traços
físicos de Blimunda, nomeadamente o seu cabelo claro e
os seus olhos de cor inconstante. Provoca também uma
certa curiosidade à mãe de Baltasar, dado que, primeiro
que tudo, não entra imediatamente na casa de
Baltasar, fazendo com que a mesma se interrogasse
acerca de quem seria tal mulher. Por outro lado, Marta
Maria, mãe de Baltasar, impede que Blimunda comece
imediatamente à procura de trabalho, pois pretende que
ela fique em casa consigo, para conhecê-la melhor.
8. Devido à sua ligação com Baltasar Sete-Sóis, é
apelidada de Blimunda Sete-Luas, pelo padre
Bartolomeu Lourenço. Este apelido pode ter os seguintes
significados: o número sete está associado à
totalidade, à perfeição, o que, de certo modo, se
adequa dado que o Baltasar e Blimunda, como formam
um par romântico, completam-se; por outro lado, a lua
pode simbolizar a faceta submissa de Blimunda, dado
que a lua reflete a luz do Sol (que neste caso seria
Baltasar) e as mudanças no seu comportamento. A Lua
pode também ser associada ao princípio feminino e
passivo e ao sonho, ao inconsciente e ao facto de ser
o complementar do Sol (ele e Baltasar completavam-
se).
9. Ao longo de toda a obra, vive um amor pleno com
Baltasar, apesar de todas as dificuldades pelas quais
ambos passaram. Contudo, nem com a morte de
Baltasar este amor acaba, dado que Blimunda recolhe
a vontade de Baltasar. Deste modo, ficarão juntos para
sempre, tendo esta história de amor o seu final
estranhamente feliz.
10. A mulher do povo, retratada com realismo:
- Quando vai para Mafra com Baltasar, consegue reunir todos
os seus pertences numa única trouxa - à semelhança do
povo, não tinha muitos bens materiais.
- Não se importa de trabalhar no campo.
A mulher de excecional intuição e excecionais capacidades
de “compreensão da complexidade do mundo”:
- Blimunda vê uma nuvem fechada na óstia e interroga-se
acerca do que é a religião.
- Baltasar comenta a possível semelhança entre as nuvens
que se encontram no céu e as nuvens fechadas que Blimunda
vê, ao que esta diz que tal semelhança não existe.
11. A visionária, guardadora de vontades, habitante do
fantástico:
- Blimunda não come para conseguir ver as vontades
quando sai de casa para as apanhar.
- Consegue apanhar muitas vontades ao visitar a casa
dos doentes.
- Descobre um local onde existia água para os habitantes
de uma aldeia que, na altura, estavam a passar por uma
seca.
12. Como tinha poderes sobrenaturais, era, à partida e de
entre Baltasar e o padre, a que mais probabilidades tinha
de ser condenada pelo Santo Ofício, tal como a sua mãe.
Contudo, tal não acontece, o que pode ser visto
como, por um lado, a vitória do amor (as vontades de
Baltasar e Blimunda ficam juntas para sempre), e, por
outro lado, como a vitória daquela que via por dentro, o
que lhe permitiu ter uma vida mais “clara”.
13. É uma personagem
principal, dado que
possui um papel central
na história e contribui
para o desenvolvimento
da mesma.
É uma personagem
plana.
É, também, uma
personagem-tipo dado
que representa um
estatuto social: o povo.
14. É apresentado na história quando a mãe de Blimunda
diz a esta para perguntar o nome ao rapaz que estava
ao seu lado, Baltasar.
15. Baltasar acaba por ser uma das personagens
principais mais simples de toda a história, pois este é um
soldado que perdeu a mão na guerra, acabando por ser a
crítica do narrador à desumanidade existente na
guerra, pois assim que Baltasar perdeu a mão foi
mandado embora. Não tem uma atitude ou feitio muito
complicados.
É um homem pragmático, simples e apaixonado por
Blimunda. Quando faz algo gosta que fique tudo perfeito
e está sempre disposto a ajudar, sendo bastante humilde
e honesto.
16. Ao longo da história, Baltasar acaba por ser quem
constrói a passarola, para realizar o sonho do Padre
Bartolomeu, e ajuda na construção do Convento.
Baltasar questionava muito os dogmas e lutava por
realizar sonhos, assim como o fez quando se tratou de
construir a passarola, pois apesar do sonho não ser
seu, ele teimou em fazer tudo perfeito, chegando até a
desmanchar o que já havia feito para construir de novo e
com mais rigor.
17. Baltasar é conhecido por Sete Sóis, pois este apenas
consegue ver à luz, ou seja só consegue ver o normal e
o que é visível, ao contrário de Blimunda.
18. É uma pessoa muito apaixonada, neste caso por
Blimunda, pois estava disposto a correr todos os riscos
que fossem necessários para estar com
Blimunda, mesmo sabendo que esta tinha poderes que
podiam ser mal interpretados aos olhos dos outros e até
quando ela tinha de ir colher as vontades, na altura de
uma grande doença, Baltasar foi com ela correndo o
risco de adoecer também.
19. Baltasar tem um fim bastante trágico pois acaba
queimado, condenado pelo Santo Ofício. Apesar de
tudo, ele e Blimunda continuaram juntos para
sempre, pois quando Blimunda o encontra (depois de
procurá-lo durante 9 anos), esta acaba por só o ver já
quase todo queimado pelas chamas mas ainda a tempo
de recolher a sua vontade e a juntar à dela, pois o lugar
da vontade de Baltasar era na Terra, dado que era aí
que estava Blimunda.
20. É uma das personagens principais, dado que contribui
bastante para o desenvolvimento da ação.
É também uma personagem modelada, visto que é uma
personagem dinâmica, complexa e com densidade
psicológica. Também o seu comportamento se altera ao
longo da ação.
É conhecido como “O
Voador”, por afirmar que
tinha voado.
21. Caracterização física:
- mais baixo do que Baltasar, contudo com um aspeto
mais novo.
Caracterização psicológica:
- tem vinte e seis anos;
- dono de uma enorme capacidade de memorização;
- ambicioso.
22. Nasceu no Brasil, contudo veio ainda novo para
Portugal.
Aos 15 anos, já tinha bastantes
estudos, principalmente na área da Filosofia.
Aos 24 anos, já tinha feito um balão que chegou
mesmo a voar.
23. Membro da corte
O rei dá-lhe proteção e apoio em relação à construção da
passarola; ouve as confissões do rei.
Orador
Dá sermões na igreja.
Bacharel e doutor em cânones
Tem dúvidas teológicas, apesar de ser padre. Por
exemplo, interroga-se acerca da existência da mão esquerda de
Deus, acabando por concluir que Deus é maneta.
24. Cientista
Interessa-se pela ciência. Este interesse é, em
parte, provocado pela necessidade de adquirir
conhecimentos de modo a fazer a passarola voar. É tão
interessado que chega a viajar para a Holanda de modo
a adquirir mais conhecimentos acerca do éter, que iria
fazer a passarola voar.
Ambicionava voar. Esta ambição, por si só e naquele
tempo, é herética, contudo, ao vir de um padre, torna-se
ainda mais grave, dado que este toma conhecimento
que as vontades humanas eram um dos elementos
necessários para a passarola voar. Ora, não só este
padre se aventura por campos desconhecidos e
facilmente considerados heréticos, como também utiliza
vontades humanas para atingir o seu objetivo
25. O amigo
Sente grande afeto por Baltasar e
Blimunda, pois, para além de lhes dar abrigo, ainda
afirma que os casou (para estes não serem mal
vistos), mesmo não sendo verdade
26. A designação Bartolomeu Lourenço é utilizada em
momentos de menor ficcionalização, enquanto a
designação Bartolomeu de Gusmão é utilizada em
momentos de maior ficcionalização.
27. Esta personagem é baseada
numa figura real, o Padre
Bartolomeu Lourenço de Gusmão.
Ambos nasceram no
Brasil, eram interessados pela
ciência, possuíam uma grande
memória, dedicavam-se ao invento
de engenhos (ambos diziam ter
inventado uma máquina que
voava), estudaram na Faculdade
de Cânones da Universidade de
Coimbra, pediram a proteção do
rei D. João V em relação à sua
máquina de voar e escreviam
sermões.
28. É uma personagem secundária e
plana.
A sua primeira referência, dá-se
quando é chamado para dar
aulas de piano à filha dos reis.
Embora contratado pelo rei, é
também um representante de
contra-poder devido à sua
liberdade de espírito e pelo seu
poder libertador e subversivo da
sua música.
29. O primeiro contacto entre Domenico e o Padre
Bartolomeu deu-se no dia em que a princesa teve uma
lição com Domenico, à qual estaria a realeza e o padre a
assistirem.
Depois da lição, o músico ficou a tocar e o padre
Bartolomeu ficou impressionadíssimo com a música e
acabaram, então, por falar um com o outro, chegando até
a irem ao Terreiro do Paço onde depois acabaram por
seguir cada um o seu caminho. Dias depois foi Domenico
quem foi falar com o Padre que se encontrava na capela.
30. O Padre Bartolomeu acabou por levar Domenico até à
sua invenção, a passarola, mas este, ao chegar ao
local, permaneceu bastante calmo e sereno sem mostrar
grande excitação, e após ver a máquina assim
permaneceu, sempre muito calmo mas um tanto curioso
com o que via, especialmente por ver que as asas eram
fixas e este achava que com asas fixas a máquina nunca
voaria.
A amizade deste com o padre Bartolomeu, originada
pela compreensão e pela partilha das mesmas ideias e
sonhos, representa a articulação entre a cultura e o
humano, entre o saber e o sonho, entre o conhecimento e
o desejo.
31. O facto de este estar envolvido, indirectamente, na
construção da passarola serve para unir a ciência e a
arte mostrando que ambas revelam um espírito de
inovação, tolerância e abertura para o modernismo.
32. Domenico ia tocar para a abegoaria algumas vezes
enquanto a passarola era construída e quando Blimunda
ficou doente, todos os dias Domenico tocava para
ela, acabando por curar a frágil e quase sem forças
Blimunda.
Isto serve para mostrar que os sonhos aliados à
música permitem a cura e ajuda na conclusão da
passarola, simbolizando o ultrapassar, por parte do
homem, de uma materialidade excessiva e o atingir da
plenitude da vida.
33. Quando a passarola descolou, Domenico viu-a a
levantar voo pois dirigia-se naquele momento para a
quinta, e ao ver que não iria com eles o que este decidiu
fazer foi mandar o cravo pelo poço abaixo para que não
houvessem provas de que ele estaria envolvido em tal obra
e não podendo assim ser condenado ao santo ofício.
O facto de não ter ido com eles na passarola deixou o
músico bastante triste, ao ponto de, antes de mandar o
cravo pelo poço abaixo, se ter sentado a tocar mas quase
nada tocou, foi mais um passar de dedos.
34. Passado um bom tempo, o músico vai ao encontro de
Blimunda e Baltasar sem que ninguém saiba disso, pois
este pediu ao rei para ir ver como iam as obras do
convento para assim ter uma desculpa para poder ir a
Mafra, a fim de os informar que o Padre Bartolomeu
havia morrido em Espanha, devido à loucura.
Isto mostra que Domenico era alguém fiel e que não
teria ficado tão chateado como era suposto com o facto
de o terem deixado em terra em vez de o levarem com
ele na passarola no momento da partida.
35. A última referência que se faz ao músico é ao serviço
da corte real, quando este é chamado para distrair a
rainha e sua filha após a conversa sobre o sofrimento a
que as mulheres acabam sempre por ser sujeitas
devido aos homens.
A música de Domenico, funciona, neste caso, como
uma espécie de calmante, transmitindo plena harmonia
e serenidade, daí o próprio músico ser uma pessoa
serena e calma.
36. Fontes webgráficas
http://www.slideshare.net/Mariazinha/categorias-da-narrativa-412346
http://moodle.eshn.net/mod/forum/discuss.php?d=442
http://www.numerologo.com.br/simbologia.htm#s11
http://pt.wikipedia.org/wiki/Memorial_do_Convento
Fontes bibliográficas
PINTO, Elisa Costa (2011), Plural, 6ª edição, Lisboa Editora, Lisboa
SARAMAGO, José (2010), Memorial do Convento, 47º edição, Caminho, Alfragide