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         PIOR


  Era uma vez um viajante que se perdeu no deserto.
Não sei se já andaram no deserto, mas se não andaram,
imaginem.
  É fácil uma pessoa perder-se no deserto. Não há sinais
de trânsito nem setas a apontar. Não há ninguém a quem
perguntar o caminho. Nem sequer há caminho.
  Só areia, areia, areia, a perder a vista. Uma maçada.
  Pois este viajante, que se tinha perdido no deserto,
desesperado, pôs-se a gritar:
  – Acudam-me, acudam-me, senão eu morro de sede, de
fome, de calor…
  Um escorpião do deserto condoeu-se da aflição do
viajante e disse-lhe:
  – Foge senão eu pico-te.
  Os escorpiões são venenosos, não sei se sabem.

                            1
O homem, ainda mais assustado, correu, à frente do
escorpião.
   – Segue adiante ou eu mordo-te – gritava-lhe o escorpião
de tenazes ameaçadoras, sempre atrás dele. – Agora,
inflecte para a esquerda… Agora corta à direita…
   O desesperado viajante, a puxar pelas últimas forças,
corria a bom correr guiado pelas ordens do escorpião, que
não lhe largava a sombra.
   Assim chegou a um oásis, com tamareiras e um poço de
água fresca. Estava salvo.
   Olhou para trás e viu que o escorpião estacara. Devia
agradecer-lhe. Em vez disso pegou numa grande pedra e
atirou-lha, gritando:
   – Maldito escorpião.
   Felizmente que o escorpião se desviou a tempo, caso
contrário esta história teria um fim bastante desanimador.


  FIM




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02.06 podia ser pior

  • 1. PODIA SER PIOR Era uma vez um viajante que se perdeu no deserto. Não sei se já andaram no deserto, mas se não andaram, imaginem. É fácil uma pessoa perder-se no deserto. Não há sinais de trânsito nem setas a apontar. Não há ninguém a quem perguntar o caminho. Nem sequer há caminho. Só areia, areia, areia, a perder a vista. Uma maçada. Pois este viajante, que se tinha perdido no deserto, desesperado, pôs-se a gritar: – Acudam-me, acudam-me, senão eu morro de sede, de fome, de calor… Um escorpião do deserto condoeu-se da aflição do viajante e disse-lhe: – Foge senão eu pico-te. Os escorpiões são venenosos, não sei se sabem. 1
  • 2. O homem, ainda mais assustado, correu, à frente do escorpião. – Segue adiante ou eu mordo-te – gritava-lhe o escorpião de tenazes ameaçadoras, sempre atrás dele. – Agora, inflecte para a esquerda… Agora corta à direita… O desesperado viajante, a puxar pelas últimas forças, corria a bom correr guiado pelas ordens do escorpião, que não lhe largava a sombra. Assim chegou a um oásis, com tamareiras e um poço de água fresca. Estava salvo. Olhou para trás e viu que o escorpião estacara. Devia agradecer-lhe. Em vez disso pegou numa grande pedra e atirou-lha, gritando: – Maldito escorpião. Felizmente que o escorpião se desviou a tempo, caso contrário esta história teria um fim bastante desanimador. FIM 2